A hecatombe da vez, (e contra os BRICS)
Dean Devlin estréia na direção emulando Roland Emerich
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Jake (Gerard Butler): charme cafajeste
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Egresso da arte de roteirizar blockbusters como Independence Day (1996) e Godzilla (1998), feitos em parceria com o diretor Roland Emerich, Dean Devlin resolveu fechar o circuito encarando o desafio da direção com Tempestade - Planeta em Fúria, seguindo os passos do amigo Rolland em seus filmes catástrofes. O filme tem uma história de aventura e ficção científica de cunho apocalíptico, inspirada nas atuais consequências do caos climatológico que a humanidade enfrenta por sua própria culpa e ambição.
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Uma localidade iraniana aparece congelada, no deserto! |
No filme, após o agravamento da questão climática em 2019, as nações se unem e colocam para funcionar um programa de controle climático em escala global que mantêm toda a biosfera tranquila e serena, até tudo começar a dar errado e... o filme propriamente dito começar. Para salvar o mundo, Jake (Gerard Butler com seu charme cafajeste), cientista e mentor original do projeto (além de herói de ação da vez), que, na melhor tradição de Charlton Heston, sabe o que tem de ser feito, mas não se dá muito bem com burocratas e políticos. Com isso acaba demitido por seu irmão Max (Jim Sturges), mais comportado no trato com os meandros do poder. Apesar das diferenças (e da demissão...), ambos são encarregados de descobrir e consertar um problema que surge no programa da rede de satélites, contando para isso com a ajuda de Ute Fassbinder (Ana Maria Lara, a Deusa Ex Machina do filme), astronauta no comando da Estação Espacial Internacional. Eles tentam encontrar uma solução para a situação catastrófica, enquanto na terra a agente do serviço secreto Sara Wilson (Abbie Cornish, fofa) ajuda Max a descobrir se existe uma conspiração por trás das falhas do programa.
Como elementos importantes da trama, temos personagens interpretados por grandes atores, escalados para com seu talento dar alguma dignidade ao filme e abrilhantá-lo: o Presidente americano Andrew Palma, interpretado por Andy Garcia, que consegue parecer agora um Don Corleone de verdade, mais até do que quando esteve em O Poderoso Chefão III, de 1991 (o momento para continuar a saga é agora Francis Ford Coppola! Aproveita que o cara está vivo...), e o Secretário de Estado Leonard Dekon (Ed Harris, ótimo como sempre).
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Tragédia temporal em Acapulco, digo "Rio de Janeiro"... |
O roteiro, assinado por Devlin (que também assina a produção, entre outros) e Paul Guyot, apesar de não apresentar nenhuma novidade na maior parte do tempo, cria algumas cenas interessantes e curiosas, como o fato da maior parte dos países castigados pela catástrofe serem membros do BRICS, sigla que representa uma organização composta por cinco países - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que formam grandes mercados emergentes (prestem atenção na cena do Brasil, que é hilária pela sua Copacabana com jeito de Porto Rico, Acapulco ou sei lá o quê), e marcar a questão de ser necessário uma união real de todas as nações, e não das nações ricas ditando e o resto do mundo acatando. Vemos uma ótima valorização dos automóveis elétricos e dos táxis remotos, que se mostram senhoras ferramentas de sobrevivência. Temos inclusive na fala de um personagem, uma senhora e divertida indireta à Donald Trump e suas declarações infelizes.
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Rede de satélites de controle de clima: quase uma Esfera Dyson |
O filme satisfaz, apesar de ser estranho em algumas coisas, coisas como o Cabo Canaveral se converter em uma gigantesca rodoviária espacial e a rede de satélites ser tão ampla e detalhada que ela parece um esqueleto de uma Esfera de Dyson* , o que demonstra um investimento colossal para sua construção. Ora, se as dificuldades começaram em 2019, seria necessário pelo menos uns três anos para se estabelecer um projeto, desenvolver a tecnologia e construir uma rede daquela dimensão e com o custo proporcional. Não dá para imaginar que a história se passe já em 2025 ou 2030. Coisas de Hollywood.
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A convenção presidencial vira um alvo |
Tempestade - Planeta em Fúria é legal, mas podia ser mais. Que ele tenha melhor sorte na próxima.
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A Rede de satélites, obviamente entra em colapso |
Notas:
* Freeman Dyson foi um cientista que propôs a teoria de que a melhor maneira de se aproveitar a energia de uma estrela seria criando uma cobertura para captação em toda a sua volta, aproveitando a sua emissão de energia de forma total.
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"- Tenho de parar de meter-me nestas enrascadas!!!" |
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