O Assombroso Multiverso!!!

Dr. Estranho de Sam Raimi traz o terror ao UCM.

As Muitas Faces da Lua

Spector, Grant, Cavaleiro da Lua, as múltiplas personalidades do avatar de Konshu.

Adeus, Mestre.

George Perez e sua fantástica trajetória.

Eu sou as sombras.

The Batman, de Matt Reeves, recria o universo sombrio do Homem-Morcego.

Ser legal não está com nada...Ou está?

Lobo, Tubarão, Aranha, Cobra, Piranha...Que medo!!! Mas eles querem mudar isso.

domingo, 27 de setembro de 2020

Sobre legado e feridas não cicatrizadas - Cobra Kai (1ª e 2ª Temporadas)

por Alexandre César


  

Drama oitentista envolvente e cativante


A batalha continua...  

 

Johnny Lawrence (William Zabcka de A Ressaca) viveu os últimos trinta e quatro anos à sombra de sua derrota no torneio de karatê para Daniel Larusso (Ralph Machio de Vidas sem Rumo) e que inclusive lhe roubou a namorada Ali (Elisabeth Shue de The Boys) tendo desde então vivido de fracasso em fracasso na sua vida pessoal e profissional (?) vendo à distância seu antigo desafeto seguir adiante, crescer e prosperar, enquanto ele permanecia engessado nos anos 80. Uma escalada de incidentes casuais vão levando-o à enfrentar seus fantasmas, entre eles Sid Weinberg (Edward Asner de Mary Tyler Moore) seu padrasto abusivo, assumir seus erros e reabrir o dojo de seu antigo mestre, mas dando o seu toque pessoal, galgando neste processo, uma jornada de redenção pessoal cheia de tropeços, mas que resgatará a sua dignidade perdida.

 
Figura paterna substituta: Johnny Lawrence (William Zabcka) 
acolhe Miguel (Xolo Maridueña) e o treina para se defender...   
 
Em 1984 Karatê Kid:A Hora da Verdade de John G. Avilsen (Rock, Um Lutador) imortalizou no imaginário popular a dupla Daniel-Sam & Mestre Myagi (Pat Morita) e tornou icônico o modus operandi de myagi ao ensinar o jovem carente a atravás da arte marcial a trazer equilíbrio à sua vida e, neste processo derrubar seus oponentes de forma rápida eficiente e elegante usando o golpe da garça entre outros, mostrando que só tolos valentões procuram a luta pela luta por fama e vaidade, enquanto um real campeão só procura “lutar o bom combate”. O sucesso do filme abriu caminho para outras continuações, em 1986 e 1989 que rapidamente caíram no lugar comum de repetir o esquema Daniel Larusso-se-desorienta-e-se-dá-mal-sendo-resgatado-por-Myagi-que-o-treina-e-ele-dá-a-volta-por-cima sempre dando algum acréscimo à metodologia do mestre japonês para não dizer que não tem algo diferente. Com o esgotamento da fórmula veio um desenho meia-boca para a TV em 1989, uma tentativa de apostar na diversidade (Karatê Kid 4: A Nova Aventura de 1994) com Miyagi treinando uma nova discípula (Hilary Swank) e, até um reboot com Jackie Chan e Jaden Smith em 2010 (que pela lógica deveria ser Kung Fu Kid) mas parecia que definitivamente o clássico juvenil oitentista ficaria no passado... ou não???
 
Daniel Larusso (Ralph Machio) cresceu e prosperou, junto à sua esposa Amanda (Courtney Henggeler), o seu porto seguro...

Chegando com pouco alarde em 2018, originalmente produzido ela Sony Pictures Television e veiculado no YouTube e agora assumido pela Netflix (que disponibilizou as duas temporadas já preparando uma terceira) e, surpreendendo à tudo e a todos, Cobra Kai revisita a mitologia do filme de 1984 de forma espetacular e empolgante, trazendo Daniel Larusso de volta à baila, agora cinquentão e próspero pai de família, com Amanda (Courtney Henggeler de The Big Bang Theory) uma esposa maravilhosa e seus filhos Samantha (Mary Mouser de Room 104) uma adolescente meiga e o caçula Anthony (Griffin Santopietro de Lá Vêm os Pais) viciado em videogames e ainda revemos a sua mãe Lucille LaRusso (Randee Heller de A Sogra) que alterna discussões com a nora e juras de amor incondicionais à ela. Comercial de margarina... mas aqui, a grande virada é vermos Daniel ter a sua posição de protagonista ser superada pelo seu antigo oponente, o verdadeiro foco da série (numa performance estupenda de seu intérprete que aqui agarra o papel da sua vida com unhas e dentes) nos levando a torcer por Johnny Lawrence, pois todos nós gostamos de uma história de redenção e aqui, o ex-garoto valentão e analógico, na melhor tradição de Rocky Balboa vai num crescendo de retomada do controle de sua vida, e nos levando com ele nesse processo, deixando Daniel Larusso com o seu dojo zen no caminho...
 
 
Lawrence, entre Hawk (Jacob Bertrand) 
e o neurótico Demetri (Gianni Decenzo)... 

 

Hawk apesar da grande transformação,
reinventa-se mas cai no abismo do radicalismo...

 
Invertendo os papéis, Lawrence acaba sendo o mentor e figura paterna substituta de Miguel Diaz (Xolo Maridueña de Parenthood: Uma História de Família) garoto equatoriano, sofredor de bullying por parte de valentões do colégio de classe mais abastada (e crush de Samantha LaRusso) ensinando-lhe karatê apesar dos temores de sua mãe Carmen (Vanessa Rubio de O Mundo Sombrio de Sabrina), que não quer o filho metido em brigas, opinião bem diferente da sua avó Rosa Diaz (Rose Bianco de Power). Assim, neste processo, Lawrence vai tornando uma trupe de nerds marginalizados na nova geração do Cobra Kai (apesar de seus métodos “inusitados” de treinamento).
 
Solidão: Daniel sente a falta de seu falecido mestre...

Do heterogêneo grupo do Cobra Kai se destacam Aisha (a iniciante Nicole Brown), a garota negra e gordinha que se revela uma oponente e tanto, Hawk (Jacob Bertrand de Jogador Nº1) o nerd magrelo de lábio leporino que se transfigura num “quebrador”, que infelizmente acaba virando um valentão, indo contra seu antigo amigo, o neurótico Demetri (Gianni Decenzo de Fartcopter) que não para de falar um segundo (ele acaba saindo para ir treinar com LaRusso, acentuando a rivalidade entre os dois), o gordinho Raymond, o “Stinger”(Paul Walter Hauser de Eu,Tonya) que embora não seja de fato um lutador desenvolve grande malandragem e senso de oportunismo e a bela e perigosa Tory (Peyton List de Acampados) que começa a namorar Miguel, mas cujo ciúme a coloca em rota de colisão com Samantha, culminando numa briga entre as equipes digna das lutas de saloon dos filmes de farwest em versão anabolizada. A ação é bem acrobática, o que levou muitos a observarem que o que é mostrado é coreografia, e não karatê, mas tudo bem pois é empolgante, estando de parabéns a edição de Zack Arnold (Burn Notice), Nicholas Monsour (Nós), Jeff Seibenick (O Mandaloriano), Spencer Houck (Cost of Living), Jordan Goldman (Homeland), Bartholomew Burcham (The Gifted) e Ivan Victor (Atlanta) que mantém o pique narrativo tanto nas cenas de ação quanto nos momentos mais serenos.
 
Miguel e amigos sofrem bullying pelos valentões da escola...

 
Miguel, ao derrotar os valentões num vídeo, viraliza na internet tornando-se um grande atrativo para a comunidade jovem, e aqui a série se mostra uma alegoria interessante com o momento político atual, de retomada da extrema direita em todo o mundo, pois LaRusso ao prosperar, se tornou um burguês, exemplo da ideologia meritocrática, cercado daqueles que o desprezavam em seus tempos de juventude, enquanto Lawrence com seu jeito bronco e apesar de politicamente incorreto, tornou-se um elemento de maior identificação dos jovens losers pois como aconteceu no mundo real, as esquerdas e as forças progressistas ao se estabilizarem, tornaram-se reféns das boas maneiras e do status quo, perdendo a credibilidade daqueles revoltados com a ordem vigente, e nisto o Cobra Kai cresce ao acolhê-los e empoderá-los com a ação e a vantagem numérica como método dando-lhes a noção de fazer parte de algo maior que eles próprios (o fascínio do fascismo é sempre pela grandiosidade do espetáculo....) e aí Lawrence cai na armadilha de dar uma segunda chance a John Kreese (Martin Kove de Rambo II: A Missão) seu antigo e abusivo sensei, que rapidamente vai infiltrando sua ideologia beligerante e militarista plena da ideia de que “a guerra cria homens melhores, mais fortes, mais duros!”coisa bastante familiar a nós atualmente...
 
 
Robby Keene (Tanner Buchanan) disputa a atenção 
de Samantha LaRusso (Mary Mouser)

Como nada é tão difícil que não possa piorar, Lawrence ainda tem sérios problemas de relacionamento com Robby Keene (Tanner Buchanan de Desginated Survivor) seu filho revoltado, fruto de seu relacionamento com Shannon (Diora Baird de Busca Incansável) mãe periguete e alcóolatra, que para alfinetar o pai acaba indo trabalhar (e treinar karatê) com Daniel LaRusso, disputando com Miguel o coração de Samantha.
 
Vitória: No final da primeira temporada 
o Cobra Kai ganha o campeonato local...

Apesar das suas grandes diferenças, Daniel LaRusso e Jonhhy Lawrence até conseguem chegar a um acordo de convívio, mas as circunstâncias, e os jovens (verdadeiros barris de pólvora) sempre acabam colocando os dois em rumo de colisão, mas nada comparado às duas equipes que na fervura dos hormônios só espera um riscar de fósforo para explodir.
 
Fatalite: Lawrence cai na roubada de dar uma chance  à 
John Kreese (Martin Kove) o seu abusivo sensei...

Visualmente a nostalgia impera na série, indo da música de Leo Birenberg (Pretty People) e Zach Robinson (Homem-Formiga) recheada de hits dos anos 80 e 90, que trabalha junto com os enquadramentos da fotografia de Cameron Duncan (Preacher), Paul Varrier (The Walking Dead) e D. Gregor Hagey (The Dark Stranger) parecendo um clip da época deliciosamente cafona num bom número de vezes, da mesma forma que o desenho de produção de Ryan Berg (Die Hart) e Moore Brian (A Barraca do Beijo 2) a direção de arte de Eric Berg (Better Things) e a decoração de sets de Liz Chatov resgata o Dojo Myiagicom as suas cercas bonsais, os troféus de competições de Daniel LaRusso e a coleção de carros do antigo mestre, em contraste com as instalações espartanas do Cobra Kai além de mostrar o contraste social na casa dos LaRusso com a casinha caindo asos pedaços de Johnny Lawrence, refletindo o seu estado quebrado tanto psicológico quanto financeiro e emocional. Já os figurinos de Frank Helmer (A Rainha do Sul) deixa claro a diferença entre os abastados, elegantes e bem sucedidos LaRusso e clientela e os ferrado do Cobra Kai, bem classe trabalhadora ou remediada. Karl Marx em videoclip...
 
Daniel reabre o seu Dojo Myiagi e passa a treinar Robby...

Ao final Cobra Kai surpreende por ser um novelão, mas sabendo ser um ótimo novelão, com um ótimo cliffhanger no encerramento de sua 2ªtemporada (digno do final de O Império Contra-Ataca, que termina com tudo dando errado) sendo Lawrence expulso do Cobra Kai por Kreese, que fêz um novo acordo com Armand Zakarian (Ken Davitian de Borat) o dono do shopping onde o Dojo se encontra, e assim vemos que o fascismo usa aqueles que inicialmente começam o movimento por um autêntico sentimento de mudança, para implantar o seu modus operandi de confrontação cuspindo fora aqueles que não lhe são mais úteis...
 
 
Paixão louca: Tory (Peyton List) passa a namorar Miguel de forma passional...

Confronto: A ciumenta Tory antagoniza Samantha por causa de Miguel...

Com a próxima temporada já confirmada, só podemos esperar pelo próximo movimento de Johnny Lawrence, o “herói quebrado”, que provavelmente resgatará a escalada de renascimento que outrora foi de Daniel-san e possivelmente no processo consertará a si mesmo e a seu antigo oponente, que na verdade, nunca foi seu inimigo de fato.
 
Trégua: Tanto Daniel LaRusso quanto Johnny Lawrence
 são capazes de entrar em acordo...

...mas os seus discípulos sempre entram em atrito...
 
A batalha ainda não está perdida...
 
"-Temos que parar de nos encontrar assim!!!" 

 
 
 
 
 
 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Crítica - Filmes: Pokémon: Detetive Pikachu (2019)

 

“ Desafios vou encontrar E os enfrentarei... 

Lutando pelo meu lugar Todo dia estarei!”

por Ronald Lima
(Postado originalmente em 11/05/2019)

O universo game/ anime perfeitamente materializado

 
Obs: Spoilers
 
Imagine um mundo onde desde a origem dos tempos o homem teve a companhia de seres incríveis, ora animais de estimação, ora parceiros de trabalho, muitas vezes fofinhos, a maior parte do tempo seres incríveis e poderosos, transitando entre o mítico e o divertido. 
 
Dirigido por Rob Letterman, baseado no game lançado em 2016, que por sua vez é inspirado no famoso anime de 1997 que se tornou uma febre mundial encantando crianças, jovens e adultos, Pokémon: Detetive Pikachu (2019) é a perfeita tradução visual e podemos dizer espiritual das aventuras do game e, deste rico universo que, desde os já longevos tempos das aventuras de Ash e Cia. em sua busca de se tornar um mestre Pokémon em sua jornada neste mundo fantástico. 
O revolucionário e pequenino Game Boy da Nintendo.
 Local de onde Pikachu e sua turma vieram ao Mundo.
 
 
O nome Pokémon é uma abreviação para Pocket Monsters . Satoshi Tajiri concebeu a ideia de um game para um novo conceito de console recém lançado no Japão em 1989/ 1990, o pequeno console Game Boy da Nintendo. Tajiri baseou sua criação na lembrança do que mais gostava de fazer quando criança, sendo um garoto do campo, ele capturava pequenos besouros e insetos em potes de vidro para ficar ali observado-os e depois solta-los.
 
É fácil perceber aí plot dos Pokémons e as Pokebolas de seus Treinadores. O grande diferencial do Game Boy para outros consoles concorrentes e igualmente diminutos é que ele permitia cartuchos para diversos jogos. O sucesso dos Pokémons foi grande no Game Boy passando logo para o o poderoso console Nintendo 64, local de domínio de um outro personagem que está ainda devendo na Grande Tela, Super Mário.
 
 
O 1º encontro de Pikachu com Ash não foi dos mais amigáveis.

 A cada lançamento novos Pokémons são criados para background dos games, toda geração nova também é apresentada no Anime e em outras mídias. O game está na 7ª versão e aqui no Brasil você pode jogar no Playstation e nos Game Boys também é claro. Realidade Aumentada é a interação do Mundo Real com a Realidade do Game, esse novo conceito para Games foi também implementado nos jogos Pokémon em Pokémon GO para smartphones, lançado em vários Países, o rápido sucesso dessa forma de jogar Pokémon mostra a força que essas criaturas ainda exercem, tanto nas novas gerações como na turma anterior, ambos se divertiram em finalmente conseguir capturar seu Pokémon de modo muito semelhante ao Anime e aos Games. 
 
Para a grande maioria do público brasileiro o 1º contato com Pokémons veio com o Anime de 1997 que pode ser resumido pela frase “Pikachu eu escolho você!” Frase dita pelo treinador ao lançar uma Pokebola em direção ao Pokémon adversário. Vale lembrar que Pikachu é um dos poucos Pokémon que mesmo sendo capturado consegue sair da Pokebola (Há outros...).


São 22 temporadas e 21 Longas Todos eles baseados em cenários, personagens e roteiros antes vivenciados nos games. No Anime conhecemos o aprendiz de treinador Ash Ketshum e dois amigos seus Misty e Brock além da Famosa Equipe Rocket que Também desejam capturar todos os Pokémon possíveis mas de modo nada honesto. A Equipe Rocket é formada pela voluntariosa Jessie e o aparvalhado James e até então o único Pokémon falante, o Meowth
Detetive Pikachu é um spin-off de todo esse histórico, o game foi lançado em março de 2016 e apesar da boa aceitação recebeu algumas críticas por conta do roteiro parecer mais apropriado a um filme do que a um game.... Então. Chegaram a chamar Danny DeVito para dublar Pikachu no game, ele porém recusou, que pena.
 
Apesar do estilo Sherlock. Pikachu está bem mais na linha dos detetives Noir

“E você não tem um Pokémon?"

Mencionei todo esse histórico para na verdade lhe passar uma vontade em assistir a Detetive Pikachu, mas não se preocupe caso não saiba o nome dos mais de 800 Pokémons até o momento criados ou ter assistido a um episódio aqui e ali do Anime ou sequer ter jogado a 1ª geração do game quanto mais a atual 7ª geração (oitava se contar o já mencionado Pokémon Go). Tudo que precisa saber está contido no próprio roteiro do filme; agora é claro, para quem acompanhou alguma coisa, ou tudo, sentirá um sabor melhor em reconhecer várias referências e citações aos games e a episódios e momentos do anime.

O diretor Rob Letterman (“Monstros vs. Alienígenas”) fez uma mistura de animação e ação ao vivo em CGI. Você pode ver as criaturas se misturando bem com pessoas em cenários reais - Letterman procurou manter os Pokémon em uma textura real, então não estranhe muito se no game e anime o Pikachu é mais “liso” pois se de verdade ele fosse representado em um live action ele realmente teria pêlos como um roedor. Todos os Pokémons estão muito realistas e ainda assim iguais, se algum lhe parecerá como um brinquedo é porque de fato ele é assim nas outras mídias. A cena com os Bulbasauros ficou ótima.
 
 
As ovelhas elétricas não seriam Pokémons?
 
 
Ryme City é um grande diferencial em Detetive Pikachu em relação a todo cânone Pokémon, no game é uma grande cidade, mas até mesmo as grandes cidades em Pokémon parecem um tanto provincianas, porém a Ryme City desse filme é uma Grande Metrópole criada pelo multimilionário Howard Clifford, o ator Bill Nighy (O Davi Jones em Piratas do Caribe: No Fim do Mundo e tantos outros filmes). Howard após uma experiência pessoal quase mística com Pokémon decidiu criar um lugar onde essas criaturas e humanos possam conviver sem competições. Na verdade Ryme City possui duas faces, uma Metrópole vibrante e próspera porém a noite adquire cores que farão lembrar a Los Angeles de Blade Runner, e não só as cores...
 
O roteiro não é muito inovador, e até um tanto confuso ao tentar lhe encaminhar em uma trama cheia de idas e voltas mas ninguém poderá reclamar tanto pois segue bem próximo do que prescreve o Game de Detetive Pikachu. Seguiram demais né?
 
A aventura começa direto com uma boa cena de ação apresentando um personagem de impacto, é o gatilho para toda a trama seguinte. Em seguida o ritmo entra em calma para uma típica cidade e o cenário bucólico do anime Pokémon e direito a uma clássica captura usando uma Pokebola. Karan Soni interpreta um amigo de infância de Tim (o único pelo visto), o pouco tempo em tela é suficiente para homenagear ou representar Ash Ketshum com boné e tudo, Karan Soni é Dopinder, o motorista de táxi em Deadpool. Tim se nega a seguir seu sonho em tornar-se um Treinador Pokémon, tudo por revolta contra seu pai que lhe deu pouca atenção quando criança, esse preferiu se dedicar ao máximo a carreira de policial detetive e negligenciou o filho. Tim pode não estar procurando por seu próprio Pokémon, mas há alguns Pokémon procurando por ele.
 
 
Vários Pokémon ao lado de seus amigos humanos, ajudando um ao outro em tarefas diárias
 
 
Após Tim receber uma notícia inesperada sobre seu pai decide seguir para Ryme City e a partir daí o filme passa a contar com ações mais frenéticas e intensas e tenta equilibrar com diálogos, afinal o interesse maior é ouvir o que Pikachu tem para dizer. A história é basicamente conduzida por 3 personagens: Pikachu com a voz do ator Ryan Reynolds (Deadpool 1 e 2), o corretor de imóveis e treinador frustrado de Pokémons Tim Goodman (Justice Smith - Cidades de Papel, onde seu personagem canta a música tema de Pokémon ) a 3ª pessoa é a estagiária de jornalismo bem no estilo Lois Lane ou Chloe Sullivan de Smallville“Chloe eu escolho você” pelo biotipo igual a essa personagem chamada Lucy Stevens ( Kathryn Newton de 3 Anúncios para um Crime), o Pokémon de Lucy é um Psyduck (legal né?). Ryan Reynolds dá a Pikachu um toque suave de malandragem sem agredir.
 
 
O que tem pra me dizer Mr. Mime?
 
 
Como foi dito, Ryme City tem seus segredos e grandes problemas e o pai de Tim buscava algumas respostas para esses segredos, mas o que de fato aconteceu com ele? Um relutante Tim Goodman aceita seguir esse tortuoso caminho convencido por Pikachu de que há uma boa solução para tudo. Só que ambos não sabem exatamente qual. Heróis relutantes é arquétipo típico de Animes, aliás não só de Animes.
 
 
Epa! Quem são esses Pokémons!?
 
 
Detetive Pikachu como não podia deixar de ser, segue vários estereótipos e usa frases de muitos filmes sobre o tema detetive policial ou particulares, o que dá conversa extensa após a sessão de cinema para lembrar e situar as fontes dessas citações (O Silêncio dos Inocentes é uma delas). Apesar de usar um boné de caça estilo Sherlock Holmes, Pikachu está mais para os cínicos detetives Noir dos anos 50. Aos poucos Tim e Pikachu com a ajuda de Lucy vão juntando as peças.
 
O sonho de uma Pokémontopia do bilionário filantropo Howard Clifford pode estar em risco, afinal o ideal de harmonia é muito diferente da encontrada em quase todas as outras propriedades Pokémon, nas quais treinadores humanos treinam as criaturas para batalhas supervisionadas. Howard tem um filho e sua relação com ele é tão problemática como foi a relação de Tim e seu pai. Roger Clifford é interpretado pelo ator Chris Geere, presente em inúmeros seriados, para citar um mais conhecido por aqui ele é o professor Arvin Fenneman em Família Moderna.
 
 
Roger Clifford - "Tenho que pegar esse Pokémon!"
 
 
Infelizmente há alguns fatores ou a falta deles que fazem com que o filme deixe escapar entre os dedos boas oportunidades para entusiasmar o público, seja ele formado por fãs de longa data seja por eventuais que estão apenas curiosos. 3 situações no filme poderiam criar essa empatia, acertam em uma.
 
A primeira seria A oportunidade de ouro! Mostrar na grande tela um combate entre Charizard e Pikachu... Yeah! Há uma “luta”, ou “quase isso” mas de verdade não houve. Seria empolgante e traria o espectador de vez para dentro do roteiro na hora certa. Erraram aqui, e feio.
 
 
Um ótimo Charizard!
 
 
 Na segunda acertam em cheio quando um Pikachu sem esperanças começa a cantar a canção tema de Pokémon. A empatia é imediata mas boa parte do filme já estava corrido, foi legal mas chegou tarde. Para salvar o “Momento Anime Pokémon” tivemos depois e antes dessas oportunidades um interrogatório com Mr.Mime e um Psyduck em plena ação. Bem legal.... Mas a luta com Charizard seria uma boa lembrança fixa desse filme.
 
A terceira ocorre de certa forma ao longo de todo filme e culmina em um final que deixa dúvidas e frustração para quem pensar um pouquinho além do que ali ocorreu. Pikachu durante o o filme inteiro busca ter algum tipo de química e manter a dupla, mas o personagem de Smith não é afável como é Ash Ketchum, até aí tudo bem, eles vão construindo essa relação ao longo do roteiro, mas essa revelação no final do filme confunde o espectador mais atento, é um final bonito e agradável, vem logo na sequência da explicação bem plausível para o que de fato moveu toda a situação, mas... O que ocorre de fato não vou contar. Há como resolver isso em um possível Pikachu II. Caso haja esse novo projeto gostaria de ver a Squirtle Gang.
 
 
“ Desafios vou encontrar E os enfrentarei... Lutando pelo meu lugar Todo dia estarei!”