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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Agradando à gregos e troianos - Crítica - Filmes: Wonka (2023)

 


Para pais, filhos e agregados

por Alexandre César 

Cativante filme de origem do chocolateiro



Surgido nas páginas do clássico infantil de Roald Dahl A Fantástica Fábrica de Chocolate, Willy Wonka marcou o imaginário do grande público graças à adaptação do livro para o cinema realizada em 1971 por Mel Stuart (Enquanto viverem as ilusões). Gene Wilder (O Jovem Frankenstein) interpretou o excêntrico e genial chocolateiro de forma irônica e lúdica, alternando um certo olhar maníaco. Mas, o filme deixava uma grande lacuna sobre o seu passado.


Gene Wilder, na versão de 1971, é o referencial deste prequel


Coube a Tim Burton começar a resgatar na versão de 2005, o lado mais soturno do personagem. Na performance zombeteira de Johnny Depp, descobrimos parte de seu passado, como sua difícil relação com seu pai, um severo dentista viúvo (Christopher Lee) que odiava doces (daí vindo o conflito...). O filme acertou em muitos pontos, mas a caracterização de Wonka foi rotulada como sendo a de um 'Michael Jackson'de cabelo channel'...

Agora, é  a vez de Paul King (As Aventuras de Paddington) com Wonka (2023) nos dar mais um pequeno pedaço de como o jovem Willy (Timothée Chalamet* de Duna, partes I II) se tornou ’Wonka’, num filme que, se por um lado, afasta qualquer alusão ao lado sombrio do personagem, por outro, se mostra um espetáculo cativante, revelando-se o filme-família deste final de ano.


O sonhador Willy Wonka (Timothée Chalamet) busca realizar seus sonhos, inspirado no amor de sua finada mãe (Sally Hawkins)


O roteiro escrito por King e Simon Farnaby (Ghosts) mostra espetacular equilíbrio em dar espaço à vários (e marcantes personagens), em agradar à todas as faixas de público - sem deixar de tratar nenhuma delas com inteligência - e na apresentação de números musicais que, graças à edição de Mark Everson (Johny English 3.0) têm a duração certa para não  ficarem chatos, intercalando humor, emotividade e sutis críticas sociais. A maneira como o chocolate é alternado como alegoria de dinheiro de corrupção, droga viciante (os rivais de Wonka são um cartel) e fator libertário é uma aula de como se escrever um roteiro.

Chalamet funciona,  como um jovem idealista e um tanto ingênuo - prato feito para os oportunistas de plantão. Ele é amparado pelo ótimo, inspirado e cativante  elenco, não importando quão pequeno seja o personagem. Destacam-se  a sempre ótima Olivia Colman (Invasão Secreta) como Mrs.Scrubitt e Tom Davis (The Curse) como Bleacher, uma dupla de Vigaristas, que aprisiona o protagonista, e o explora, junto com a órfã Noodle (Calah Lane de Reunião de Família) entre outros. 


O cartel de fabricantes de chocolate: Fickelgruber (Mathew Baynton), Slugworth (Paterson Joseph) e Prodnose (Matt Lucas) são a pedra maior no sapato de Willy Wonka

Ainda temos os hilários Chefe de Polícia (Keegan-Michael Key de Reboot) o Padre Julius (Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean)  em ótimas interpretações, e do lado da trupe de Willy Wonka temos os explorados Abacus Crunch (Jim Carter de A Grande Mentira), um contador; Piper Benz (Natasha Rothwell de Mulher-Maravilha 1984), uma encanadora; Larry Chucklesworth (Rich Fulcher de Ainda Acordados) um humorista sem graça; e a 'muda' Lottie Bell (Rakhee Thakrar de Sex Education), uma telefonista. Mas o grande destaque mesmo se dá na figura de Hugh Grant (Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes) como Umpa-Lumpa, caracterizado como os homenzinhos da versão de 1971, roubando a cena com ótimo timing cômico, tornando Chalamet mero coadjuvante, quando está em cena.


Mrs.Scrubitt (Olivia Colman) é uma megera trambiqueira digna das animações da Disney


Um dado diferencial neste filme é que se na versão de Burton, a ênfase dada como formadora de caráter do protagonista, era na figura paterna, nesta  se resgata a relação de Willy com a sua mãe (Sally Hawkins de A Forma da Água) sendo um elemento crucial em sua fé nos bons sentimentos.


Com sua fleuma, Oompa Loompa (Hugh Grant) é o grande destaque, graças a seu timing cômico


Visualmente o filme (todo rodado na Inglaterra) é belíssimo, com a fotografia de Chung-hoon Chung (Obi-Wan Kenobi) valorizando os inspirados figurinos de Lindy Hemming ( Mulher-Maravilha 1984) e o belo design de produção de Nathan Crowley (O Rei doShow). Sua direção de arte ( com um ‘pé’ em Charles Dickens) cria (junto com os efeitos visuais) um mundo fabuloso que resgata o lúdico dos grandes clássicos da Disney, como Mary Poppins e 101 Dálmatas. O filme é sublinhado pela inspirada música de Joby Talbot (Alice in Wunderland) que embala bem a trama, de forma que quando rola o clássico tema “Pure imagination” de Leslie Bricusse e Anthony Newley, é difícil não se flcar com os olhos marejados.


A pequena órfã Noodle (Calah Lane) compartilha com Willy sonhos de liberdade. A direção de arte e os efeitos visuais criam um mundo esplendoroso e colorido

 Ao final, Wonka supera as expectativas de ser apenas mais um filme-família de ocasião, e deixa abertas as portas para uma continuação, que deverá mostrar como foi a construção da Fábrica de Chocolate e a consolidação do Império de Willy. Talvez aí,  possamos ver mais facetas de seu protagonista, que aqui  embora cativante, ainda ficou um tanto quanto ‘chapa-branca’...

Esperemos que seja um sucesso, pois a Warner precisa urgentemente...


O universo do filme pode ser chamado de 'comestível' na melhor definição



Notas:




*Tom Holland (Homem-Aranha: Sem volta para Casa) junto com Timothée Chalamet  foram os dois finalistas de uma longa seleção para o papel, sendo Chalamet o vencedor.


"- Agora, quem sabe no próximo filme, eu não possa me mostrar mais malvadinho? "



sábado, 9 de dezembro de 2023

O Último Gigante - In Memorian: Kirk Douglas

 

Poderosamente cativante

por Alexandre César 
(Postado originalmente em 09/ 12/ 2020)

A última lenda da Hollywood Clássica


"O Invencível" (1949) Sua primeira indicação ao Oscar num filme em que sua experiência de boxeador o ajudou a compor o personagem...


- As pessoas vivem falando sobre os velhos tempos. Elas dizem que os filmes antigos eram melhores, que os velhos atores eram muito melhores. Mas eu não penso assim. Tudo o que eu posso dizer sobre os velhos tempos é que eles passaram.”

Kirk Douglas

Com Richard Benedict no ainda atual "A Montanha dos Sete Abutres" (1951) drama sobre a manipulação da imprensa quanto aos fatos para conseguir audiência.


Dono de um “Olhar Penetrante” capaz de intimidar Dwayne Jhonson quando furioso e de um sorriso largo, luminoso que aliado a uma covinha indecente no queixo dava um tom cafajeste que cativava a plateia como poucos, capaz de ir do drama existencial mais denso passando para a comédia sutil e a mais escapista aventura rocambolesca. Boxeador, veterano de guerra, ator, cineasta, filantropo, ícone de uma época já quase esquecida, Issur Danielovitch, ou melhor, Kirk Douglas (Cidade de Amsterdam do Estado de Nova York, 9 de dezembro de 1916 – Beverly Hills, 5 de fevereiro de 2020) foi uma das últimas estrelas vivas da “Era de Ouro” do cinema Norte-americano. Douglas é amplamente considerado um dos melhores atores da história do cinema, sendo pai dos atores Michael Douglas e Eric Douglas e do produtor Joel Douglas.

 

Com Lana Turner em "Assim Estava Escrito" (1952) drama sobre os bastidores de Hollywood e sua segunda indicação.


O jovem Issur Danielovitch nasceu na localidade de Amsterdam, no estado de Nova York, filho de Bryna ("Bertha") Sanglel e Herschel ("Harry") Danielovitch, um homem de negócios. Seus pais eram imigrantes judeus originários da localidade de Chavusy (Mahilou/Mogilev), do então Império Russo, hoje Bielorrússia. No lar a família comunicava-se em iídiche. O seu tio paterno, que tinha anteriormente emigrado. usava o sobrenome "Demsky”, que a família de Douglas logo adotou após terem se estabelecido nos Estados Unidos. Entretanto, os seus pais acabaram por adotar legalmente os nomes Harry e Bertha.

 

Com Silvana Mangano em "Ulysses" (1954) divertida aventura épica baseada em Homero e na mitologia grega

Com Walt Disney durante as filmagens de "20.000 Léguas Submarinas"(1954)

Na St. Lawrance University, Douglas (ainda conhecido como “Izzy Demsky”) fez parte da liga de boxe. Para tentar conseguir uma bolsa de estudos, entrou para um grupo de atuação onde logo seus talentos se tornaram conhecidos - recebeu a bolsa junto com uma jovem atriz: Lauren Bacall.

 

No pungente drama de guerra "Glória Feita de Sangue" (1957) que alavancou a carreira do jovem diretor Stanley Kubrick


Trocou legalmente o nome de "Izzy Demsky" para "Kirk Douglas" antes de ingressar na Marinha dos Estados Unidos no início da Segunda Guerra Mundial em 1941 servindo até o seu fim, em 1945. Depois da guerra, voltou para Nova York e começou a atuar na rádio e em comerciais de televisão, enquanto tentava entrar para a Broadway

 

Como o torturado Vincent Van Gogh em "Sede de Viver" (1956) sua terceira indicação. Anthony Quinn levou a de Ator coadjuvante como Paul Gauguin


Douglas recebeu a ajuda da atriz e colega Lauren Bacall ao obter seu primeiro papel no filme O Tempo Não Apaga (1946) de Lewis Milestone, estrelado por Barbara Stanwyck. O resto foi decorrência e depois, história...


Como Doc Holliday em "Sem Lei e Sem Alma" (1957) de John Sturges, com o amigo Burt Lancaster como Wyatt Earp


Como o bárbaro Einar em "Vikings, Os Conquistadores" (1958) repetindo a parceria com o diretor Richard Fleischer


Ao longo de sua vasta filmografia Kirk Douglas recebeu apenas três indicações ao Oscar em em O Invencível (1949) de Mark Robson, Assim Estava Escrito (1952) de Vincent Minelli e Sede de Viver (1956) de Vincent Minnelli e George Cukor (não creditado). Neste último interpretou o pintor Vincent Van Gogh.

 

Duelo de interpretações: novamente com Anthonny Quinn e com o diretor John Sturges no Western "Duelo de Titâs" (1959)



Nas décadas de 1950 e 60 protagonizou vários filmes clássicos, como o repórter oportunista e manipulador de A Montanha dos Sete Abutres (1951) de Billy Wilder, o herói mitológico Ulysses (1954) de Mario Camerini, com Silvana Mangano, 20.000 Léguas Submarinas (1954) de Richard Fleischer, produção dos Estúdios Disney com a sua interpretação do marinheiro Ned Land em contraponto à magnífica atuação de James Mason como Capitão Nemo, O íntegro Coronel Dax do drama de guerra Glória Feita de Sangue (1957) de Stanley Kubrick e ainda o selvagem Einar em Vikings, Os Conquistadores (1958) de Richard Fleischer, com Tony Curtis, Janet Leigh e Ernest Borgnine

 

Com Woody Strode em "Spartacus" (1960) repetindo a parceria com Stanley Kubrick e desafiando a "Lista Negra" ao contratar e creditar o roteirista Dalton Trumbo, proscrito por suas posições políticas

Interpretou o herói épico Spartacus (1960) no qual também foi o produtor, ficando a direção a cargo de Stanley Kubrick, após Douglas ter demitido o veterano Anthony Mann a meio das filmagens, tendo interpretações memoráveis de Laurence Olivier, Peter Ustinov, Chales Laughton e Jean Simons. Douglas resolveu produzir o filme baseado no livro de Howard Fast (trazendo o banido pelo Macarthismo Dalton Trumbo para o roteiro) por ter perdido o papel de Ben-Hur (1959) para o colega Charlton Heston.


De novo com o amigo Burt Lancaster no tenso suspense político "Sete Dias de Maio", (1964) com roteiro de Rod Serling (Além da Imaginação").


Com Ann-Margret e um Arnold Schwarzenneger "Pré-Conan" em "Cactus Jack, o Vilão" (1979) clássico cartunesco da Sessão da Tarde


 Fez ainda nesta década entre vários outros filmes, a comédia criminal A Lista de Adrian Messenger (1963) de John Huston e o thriler político Sete Dias de Maio (1964) de John Frankenheimer, com Burt Lancaster e Fredric Marsh, foi um dos rostos do elenco estelar de Paris Está em Chamas?(1966) de René Clément ou o western Gigantes em Luta (1967) de Burt Kennedy com John Wayne, entre muitos outros filmes.

 

Papa-Anjo: Com a novinha Farrah Fawcett em "Saturno 3" (1980) Ficção científica de visual sofisticado

Douglas comprou os direitos de Um Estranho no Ninho na década de 1960, cuja peça de Dale Wasserman (baseada no livro de Ken Kesey) já havia interpretado e queria fazê-la nas telas, mas o tempo passou e como ficou velho para o papel de R.P. McMurphy, acabou por ceder os direitos ao seu filho Michael, que produziu o filme com reconhecido sucesso, dirigido por Milos Forman em 1975, que ganhou os Oscars de melhor filme (para os produtores Saul Zaentz e Michael Douglas), diretor (Mlos Forman), roteiro adaptado (Lawrence Hauben e Bo Goldman), ator (Jack Nicholson) e atriz (Louise Fletcher).

 

Como o comandante de um porta-aviões moderno que viaja no tempo em "O Nimitz Retorna ao Inferno" (1980)

 

Marcou ainda presença no imaginário pop em filmes como em filmes como O Farol do Fim do Mundo (1971) de Kevin Billington, baseado num conto de Jules Verne com Yul Brynner e Samantha Eggar, o “Bezão” apocalíptico Exterminação 2000 (1977) de Alberto de Martino, o horror A Fúria (1978) de Brian De Palma, com John Cassavetes e Amy Irving, a comédia Cactus Jack, o Vilão (1979) de Hal Needhan, com Arnold Schwarzennegger e Ann-Margret (parodiando o desenho Bom-Bom & Mau-Mau), na ficção científica com Saturno 3 (1980) de Stanly Donnen, com Farrah Fawcet e Harvey Keitel, e O Nimitz Volta ao Inferno (1980) de Don Taylor, com Martin Sheen e Katharine Ross,e o divertido Os Últimos Durões (1986) de Jeff Kanew com Burt Lancaster e Charles Durning, além de participações em filmes para a TV e séries como Contos da Cripta, O Toque de Um Anjo e Os Simpsons.

 

Despedida: Última parceria com o amigão Burt Lancaster na comédia "Os Últimos Durões" (1986)


No episódio "Yellow" de "Contos da Cripta" (1991), uma paródia de "Glória Feita de Sangue"


Nos últimos anos, Kirk Douglas ainda provaria ser na vida um “autêntico durão” ao escapar com o corpo todo queimado de um acidente de helicóptero (no qual os dois outros tripulantes morreram) e ainda sofreria um derrame em 1996, que afetou parcialmente sua capacidade de fala. Tratando-se com uma fonoaudióloga, ele conseguiu discursar como agradecimento à premiação do Oscar honorário de 1996 o qual recebeu pelas mãos de Steven Spielberg por "50 anos de modelo moral e criativo para a comunidade cinematográfica.". De uma lenda para outra (e uma desculpa da Academia de Artes e Ciências de Hollywood por nunca tê-lo distinguido com nenhum prêmio...).

 

Em 1994 no episódio "Bar Mitzvah" de "O Toque de Um Anjo"

Demonstrando ainda grande vigor, ele ainda em 2011, entregou à atriz Melissa Leo o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme de melhor atriz coadjuvante pelo filme O Vencedor tendo sido uma das aparições mais marcantes da 83ª edição da festa da premiação.

 

Em 1996, a Academia lhe deu um Oscar pelo conjunto de sua obra (na verdade um pedido de desculpas disfarçado)


Douglas morreu em sua casa, em Beverly Hills, Califórnia, nos Estados Unidos, em 5 de fevereiro de 2020, aos 103 anos. Nada mal para o filho de um simples trapeiro* que se mostrou uma lenda nas telas e fora delas...

 

Com Anne Buydens, sua segunda esposa e companheira de caminhada num casamento de 65 anos


Em 2009 com a nora Catherine Zeta-Jones e o filho Michael, ator e produtor consagrado


*: O Filho do Trapeiro é o título de sua auto-biografia, escrita sem a ajuda de ghost-writers, indo fundo nas suas lembranças de uma infância pobre, de pais analfabetos, e a sua luta regada a uma desesperada vontade de sair da miséria para conquistar uma vida melhor, e que felizmente não o fizeram esquecer de suas origens.

 

As várias faces de uma lenda


 

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Bang bang à Italiana com muito spaghetti - In Memorian: Ennio Morricone

 


O Bom, o Mau, o Feio.... E a MÚSICA.

por Ronald Lima
(Postado originalmente em 10/ 11/ 2018)

Uma das maiores estrelas das trilhas musicais


 

Na passagem do cinema clássico para o cinema moderno, ocorrida entre os anos 1950 e 1960 o compositor italiano Ennio Morricone ( Roma, 10 de novembro de 1928  — , Universidade Campus Biomédico. Selcetta, Itália,  06 de julho de 2020) desempenha nessa transição um papel efetivo. Introduzindo elementos da música pop e da musica concreta em seus arranjos e composições. Vamos nos deter aqui nos processos iniciais de criação de suas músicas e para o gênero western, Ennio Morricone é prolífico, foram 108 produções nos anos 60, 141 durante os anos 70, 65 durante os anos 80, 55 produções nos anos 90 e 32 produções após o ano 2000. Morricone desenvolveu seu pensamento musical em diversos outros gêneros cinematográficos que trabalhou: drama, comédia, terror, bélico, denúncia social, thrillers, erótico, policial, gângster, histórico, muita coisa não? Tentar dividir tudo isso em 3 incluindo sua atuação mais recente como orquestrador e regente, profissão em que ele sempre se considerou e não como “músico de trilhas sonoras”.

Clique nos links que irá lhe proporcionar uma imersão melhor nesses métodos de criação.

Filho de um trompetista que ganhava a vida tocando jazz em clubes noturnos da capital italiana, e logo demonstrou interesse e talento musical.

 

Ennio Morricone a esquerda e seu trompete em estúdio em 1965


Aos seis anos, já tocava trompete, porém Morricone revela que seu pai forçou bastante esse contato musical quando percebeu uma aptidão nata no filho. Na adolescência estudava durante o dia no Conservatório de Santa Cecília em Roma e a noite junto com o pai tocava em boates, e desenvolveu um gosto musical bastante eclético com esse convívio entre o acadêmico e o popular. Depois de completar os estudos, desejou estudar mais a fundo o fenômeno da música concreta*1, que se tornava popular entre os jovens compositores e tornar-se ele mesmo, quem sabe, um professor.

(https://www.youtube.com/watch?v=c4ea0sBrw6M. - Uma pequena aula prática sobre Música Concreta)

 

"Cinema Paradiso" (1988), "Era uma Vez no Oeste" (1968), "Por Um Punhado de Dólares" (1964) "A Missão" (1986). Tantas e tão variadas trilhas ao longo de uma longa carreira...

 

Mas o casamento com Maria Travia, e o nascimento de seu 1º filho, Marco, o fizeram cair na realidade e procurar um emprego e deixar os estudos, foi contratado como arranjador de estúdio da emissora de televisão italiana RTI e ocasionalmente como um compositor ghost writer*2. Como free-lancer*3 Morricone escreveu peças orquestrais e de câmara*4 e começou a compor para filmes em 1959, quase sempre de forma não-creditada. O exercício repetido de organizar centenas de peças curtas para produções mais baratas e populares, sem perceber, lhe serviria de base para toda sua carreira. Ennio conheceu Maria Travia em 1950 e essa o acompanhou durante toda sua vida. Tiveram 4 filhos, 3 meninos e uma menina: Marco, Alessandra, Andrea e Giovanni . Andrea Morricone iria trabalhar futuramente com o pai em Cinema Paradiso em 1988.

 

Nos imensos estúdios da Cinecittá um bairro inteiro poderia caber facilmente


 

O cinema italiano ferveu entre os anos 50 e 70, desejosos em mostrar uma Itália antenada com o Mundo Moderno e disposta a superar os horrores da Guerra e do Fascismo com uma narrativa realista e lírica ao mesmo tempo. A produção resultava em mais de 100 longas metragens lançados por ano, muitos de custo baixo e gosto popular é verdade. É lembrar que a famosa casa do cinema italiano, a Cinecittá em Roma, fora fundada por Benito Mussolini,  e assim algo melhor precisava ser realizado ali. A Cinecittá é de fato como uma pequena cidade com enormes estúdios e teatros construídos entre 1936 e 37 na periferia de Roma na época. Serviu inclusive como estúdio para grandes produções norte americanas, entres tantas merece destaque Ben Hur de 1959. 

 

E na área externa um imenso hipódromo também encontra lugar. Filmagens de Ben Hur 1958/59.


A produção do cinema italiano nesse período foi tão intensa que atraiu atores de várias partes do Mundo. Do cinema italiano desses anos surgem nomes que até hoje nos transmite encanto, arrojo e inovação com atrizes, atores e principalmente diretores ainda fortes na história do cinema mundial, nomes como: Sophia Loren, Claudia Cardinale, Gina Lollobrigida e Marcelo Mastroianni e diretores tais como Vittorio de Sica (Ladrões de Bicicleta), Federico Fellini (A Doce Vida), Pier Paolo Pasolini (Mamma Roma), Franco Zeffirelli (Romeu e Julieta), Luchino Visconti (Morte em Veneza), Michelangelo Antonioni (As Amigas), Roberto Rossellini (Roma, Cidade Aberta) e e Sergio Leone (os 3 filmes que irão compor a A Trilogia dos Dólares). Esse último citado em especial pois seria através dele que Ennio Morricone entraria nessa constelação de nomes do cinema italiano e depois mundial.

“Depois da guerra, a indústria de filmes era muito forte aqui na Itália, e o neo-realismo no cinema italiano era realmente maravilhoso, porém esses filmes neo-realistas não tinham uma grande música. Eu precisava de dinheiro e achei que seria uma coisa boa escrever para filmes."

                                                                                                        Ennio Morricone

 

Clint Eastwood e Sergio Leone durante as gravações de Per un Pugno di Dollari.


Em seu dia-a-dia compondo para todo tipo de produção que surgisse, Ennio conhece o diretor Luciano Salce que trabalhava para TV e teatro e tinha grandes contatos por conta disso. Surge através dessa amizade em 1960 uma chance para trabalhar em uma grande produção, porém prematuramente cortada pois o produtor Dino de Laurentiis não queria arriscar colocar a produção musical do filme Le Pillole di Ercole nas mãos de um desconhecido arranjador de estúdio e mesmo com um início dessa produção concluído Morricone sequer recebeu um pagamento pois todo seu trabalho foi descartado. Luciano Salce consegue obter a direção para um filme Il Federale e convida Morricone para compor a trilha, e seria o primeiro contato com um grande público e, segundo o próprio, essa resposta de público se tornou a principal razão de seu trabalho. Salce consegue em 1964 colocar Ennio em contato com o diretor Sergio Leone, o que seria de fato sua 1ª oportunidade para algo maior e um pouco de reconhecimento quando reencontrou aquele que seria seu parceiro mais famoso. Reencontrou porque os dois haviam estudado juntos no ginásio (embora Leone não lembrasse disso), e se reuniram profissionalmente pela primeira vez quando o cineasta montava a equipe que realizaria a pós-produção de Por um Punhado de Dólares (A Fistful of Dollars). Leone lhe pediu então algumas ideias para a trilha. O trabalho de Ennio não chegou a impressionar de início pois lembrava os westerns norte americanos grandiloquentes ou melodiosos demais.

https://www.youtube.com/watch?v=1uuAjwvtxEM&list=RD9m_MnpciQe4&index=2. “

Rio Bravo” de 1959.

 

O neo realismo italiano ainda influenciava nos anos 60 e inovar em todos os aspectos da produção de um filme era importante, nos cartazes inclusive. Arte de Michelangelo Papuzza


Leone desejava algo mais rude, pois sua ideia de cinema servia-se de ironia e certo humor negro, e era desse modo que encarava a vida dura do western, e não uma bravura indômita e redundante. A música tema deveria mostrar isso. Morricone viu nesse ideal a possibilidade de incorporar o conceito básico da música concreta onde qualquer som pode ser música, mas ele não pretendia romper completamente com a música que o público em geral estava acostumado a ouvir, e com receio de não surgir uma identificação com o filme, por outro lado Leone não aceitava que o western tivesse arranjos de cordas pois suavizavam a brutalidade do ambiente em que viviam os pistoleiros. Mas cordas combinam perfeitamente com vaqueiros, o que fazer? Morricone fez portanto uso de guitarras acústicas e não violões, e um coral masculino onde depois em estúdio equalizou as vozes, vale lembrar que a guitarra elétrica era um instrumento pop/ rock em nada considerada erudita e a música de cinema ainda se encontrava muito presa aos cânones clássicos. Na edição foi introduzido o que seria a maior inovação no cinema em relação a música até então: Sons e ruídos da narrativa do filme foram incorporados à música, chicotes, tiros, galopes e tudo quanto foi possível de barulho (barulho mesmo) que havia nas filmagens foi colocado para dar ambiente. 

O trabalho de estúdio não se restringiria mais a simples corte e edição, agora faz parte da obra também, de sobra Ennio preparou uma composição de 3 minutos em resumo para tocar nas rádios e ajudar na divulgação do filme (https://www.youtube.com/watch?v=sbEEKVFEeHI). 

A silhueta do cowboy em seu cavalo nessa apresentação em estilo cartoon certamente está associada a duas influências de Sergio Leone: Os quadrinhos de Tex Willer de Gian Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini publicada na Itália desde 1948, e a Eadweard Muybridge com o seu cavalo em movimento de 1878 (https://www.youtube.com/watch?v=yWyCrOgDOfk). 

A técnica usada pela equipe italiana em 1964 nessa introdução animada é a rotoscopia *5.

 

Tex - 30 de setembro de 1948


Por um Punhado de Dólares contém uma das primeiras experiências de fusão entre a música do período clássico do cinema e o que de mais moderno e tecnológico os anos 60 poderiam oferecer. O ecletismo e o sincretismo de Morricone nas composições permitiram que elas fossem também percebidas como música pop de fácil assimilação, mesmo utilizando de timbres incomuns elas são memorizáveis e evocativas, e contribuíram muito para o grande sucesso do filme.

 

"Por Um Punhado de Dólares" (1964) e "Por Uns Dólares A Mais" (1965) duas das trilhas de Ennio Morricone para o que seria a "Trilogia dos Dólares" de Sergio Leone


 

Esse sucesso obtido na Itália foi avassalador. Em 1967 estreou nos Estados Unidos com sucesso de público mas não da crítica por achar o filme violento e por isso, uma certa brincadeira de mau gosto com um gênero ainda tão caro ao norte americano, contudo a América do Norte não se aventurava em uma grande produção de western desde os finais dos anos 50 e o tema estava restrito somente aos seriados de TV e esses seguindo os cânones do faroeste estilo norte americano onde o “mocinho usa chapéu branco e o vilão um chapéu preto”.

No Festival de Cannes de 2014 comemorou-se o "50º aniversário de nascimento do Spaghetti Western". Quentin Tarantino o descreveu como "a maior conquista na história do Cinema". Por um Punhado de Dólares alcançou 98% de aprovação e foi colocado no 8º lugar entre os 100 maiores Westerns do Cinema.

 

Em 2007 um Oscar honorário pelo conjunto da obra


Voltando aos anos 60, a parceria entre Sergio Leone e Ennio Morricone estava de fato consolidada e novos rumos se apresentavam. Morricone ampliou o conceito de música concreta para acrescentar não somente ruídos como também música a esses sons extras, em um duelo dentro de uma igreja, explicitamente trechos da ampliou o conceito de música concreta para acrescentar não somente ruídos como também música a esses sons extras, em um duelo dentro de uma igreja, explicitamente trechos da Tocata e Fuga em Ré Menor de Bach fazem parte da trilha. A igreja estava semi destruída mas ainda era um lugar santo e com um sermão inclusive. https://www.youtube.com/watch?v=LjFVOuYShp0. Sergio e Morricone nomeiam esse recurso: nomeiam esse recurso: “alusionismo” que é na verdade uma intervenção na narrativa. Na concepção do alusionismo, Morricone também acrescenta trechos musicais do filme anterior, uma metalinguagem. Mas como ele prefere o termo criado, uma alusão*6 o que basicamente é a mesma coisa, quem somos nós para discordar. 

 

“Nesse momento brotara as sementes da minha vingança. Lhes disse: Não sei se realmente desejo fazer outro western. Porém, vou fazer somente para conseguir com que se sintam mal. Ele se chamará Per Qualche Dollaro in Più.” - “Por uns Dólares a Mais”

                                                                                                                         Sergio Leone

 

No filme Por uns Dólares a Mais, Sergio Leone também faz uso da alusão em várias imagens e cenas que remetem ao western de filmes norte americanos com saloons, bancos e carroças mas também com forcas, currais bastante tortos e duelos tensos, violentos em que o tempo parece parar e a música estimula a tensão que faz o espectador não saber quando de fato o último disparo será dado.

 

El Índio e seu relógio de bolso. O tema em suas mãos. Gian Maria Volonté interpreta o complexo bandoleiro.

  

É acrescentado ao assovio (7) do 1º filme, o uso de um instrumento peculiar da Sicília conhecido como marranzano, porém é um instrumento de origem bem primitiva e presente nas mais diversas culturas pelo Mundo afora, descoberto isso foi motivo mais que suficiente para ser utilizado na trilha do filme.

https://www.youtube.com/watch?v=gPr9EmGuIAA&t=2s - a Jaw Harp ou Marranzano ou Guimbarda ou Harpa de Boca ou...

As experiências não param. A música irá transmitir uma textura psicológica aos personagens e o vilão El Índio é escolhido para comunicar emoções ao público através de seu relógio de bolso (carrilhão). El Índio será interpretado pelo ator será interpretado pelo ator Gian Maria Volonté que chamou a atenção de Sergio Leone por sua interpretação em uma novela de rádio. Seu tema comunica várias emoções diferentes. Pode ser frio e cruel, pode ser triste ou inteligente e também triunfante, de acordo com a cena e ação do personagem, um grande trabalho de edição, função sempre valorizada por Ennio Morricone. O instrumento usado para o som do relógio de bolso é a celesta. (https://www.youtube.com/watch?v=faHXQugcz9A) - aqui a celesta.

O som semelhante a de uma caixinha de música vai sendo envolvido por outros instrumentos e o espectador não sabe ao certo se o bando de El Índio também ouvem seu tilintar ou somente o personagem a escuta ou os dois momentos e Morricone desejava criar justamente esse estranhamento.

(https://www.youtube.com/watch?v=9fEndGSMu_c) e aqui o tema de El Índio.

Ennio Morricone combinou música com o andamento da narrativa do personagem transmitindo personalidade a ambos.

 

"il maestro"


Morricone por essa obra recebeu as mais duras críticas como: “trair o som genuíno do western americano”, “inovações pegajosas e torpes” e foi considerado “um compositor destituído de qualquer talento” cuja maior contribuição à música de cinema “consiste em repetir até o limite do insuportável as mesmas melodias aplicadas no primeiro filme” e por ter utilizado Bach como apêndice para seu “experimento egocêntrico”. Pelo visto nenhum dos críticos imaginou que metalinguagem poderia ser usada em trilhas de filmes e não só isso, que um filme poderia ser baseado em uma narrativa do anterior como em um seriado, filmes seriados exibidos para cinema era considerado algo menor.

Sergio Leone e Ennio Morricone elaboraram um universo tão pessoal em torno de suas obras que culminou por transcender ao que seria um simples “cinema de gênero” no caso a temática Western. As inovações ali colocadas, não só as musicais, foram absorvidas por todos as demais temáticas além de renovar o próprio tema.

O sucesso de público foi mais uma vez arrasador, o filme mesmo com todas as experimentações inovadoras e estranhas atingia seu propósito que era falar ao espectador comum (afinal foi concebido para isso) ocorre a percepção de seriado por conta do personagem recorrente de Clint Eastwood. E Por um Punhado de Dólares também agrada ao mais exigente em uma 2ª leitura, mais refinada, por citar Johann Sebastian Bach e também na pregação dúbia sobre vantagens e desvantagens de uma vida de crimes feita por um bandoleiro desalmado de cima do púlpito de uma igreja em ruínas. O sucesso fez os mais críticos se calarem, e de fato, algo novo para o cinema surgiu desde o 1º filme da dupla e se consolidou. Faltava ler, entender e absorver; mudanças quando ocorrem são assim, somente percebidas depois.

 


Em Três Homens em Conflito ou se preferirem, ou se preferirem, O Bom, O Mau e O Feio serão utilizados mais instrumentos rústicos e exóticos na experiência musical iniciada em Por um Punhado de Dólares. Mais experientes, os dois dessa vez decidiram inverter o processo e realizar primeiro os temas antes do início das filmagens, para que a música ajudasse a inspirar as gravações. Leone tocou a música no set e coordenou os movimentos da câmera para combinar com a música. As composições contendo galopes, assobios e tiros, permeiam o filme como uma ideia já cristalizada. O tema principal tem como base um uivo semelhante a de um coiote, uma melodia de dois tons. O famoso “ua ua uaahh”, o cinema também cria onomatopeias. O som é trabalhado com um equalizador.

 

"- Aqui suas recompensas muchachos. Terão mais em El Paso!"


https://www.youtube.com/watch?v=kccafOf4O6Q - O Tema de abertura de Três Homens em Conflito

Essa base será motivo recorrente ao ser usada para os três personagens principais como funcionou em El Índio. Será mais curta e são 3 personagens portanto será necessário 3 andamentos diferentes. O tema de El Índio teve mais nuances é verdade. Dois instrumentos musicais diferentes foram usados para cada um: flauta doce e a harpa de boca para o personagem de Clint Eastwood, a ocarina e guitarra elétrica para Lee Van Cleef e o grito equalizado para Eli Wallach e assim, pareceria que vozes soassem como instrumentos. A ocarina é mais um desses instrumentos rústicos e universais que soma à harpa de boca o inusitado:

https://www.youtube.com/watch?v=Nad5AJaIcBI - a ocarina.


 


O personagem de Clint Eastwood, por ser o mais ético e menos sanguinário dos três pistoleiros, só matando outra pessoa como último recurso, é o Bom, porém possui algumas características do Mau, por ser um pistoleiro caçador de recompensas, o anti-herói por total características. Lee Van Cleef (Matar ou Morrer) interpreta o pistoleiro "Angel Eyes" (também chamado de "Sentenza", na versão italiana), ele é o único completamente o Mau de fato pois o personagem não apresenta nenhuma virtude, um mercenário sem o menor escrúpulo. Eli Wallach (Sete Homens e Um Destino) faz o papel do rude e nada requintado Tuco, o Feio, onde sua ambição o coloca também como um sujeito nem um pouco correto. Sua ambição é retratada musicalmente com um tema específico: The Ecstasy of Gold.

 

Clint Eastwood em Rawhide - Série de Tv de 1959 a 1965 onde Clint interpretou o galante vaqueiro Rowdy Yates. Alguns adereços usados por Clint nos filmes de Sergio Leone vieram do seriado. O colt, o cinturão e as esporas. Lembram dos Irmãos Cara de Pau interpretando o tema de Rawhide?



https://www.youtube.com/watch?v=ubVc2MQwMkg - The Ecstasy of Gold.

“Uma idéia temática se transformou no som do coiote em “Il buono, Il brutto, Il cattivo”. Permeia o episódio da guerra, o episódio dos créditos iniciais. Há cinco ou seis trompetes que ressoam no tempo de poucos segundos fazendo uma algazarra incrível. Depois de escolhas similares fui acusado de não ter controlado bem a partitura, porque aquelas intervenções sonoras resultavam efetivamente “fora” da imagem. Posso entender o motivo das críticas, mas não é absolutamente verdade que isso significasse uma incapacidade de controle de minha parte."                                                                                                               Ennio Morricone

O “Yodel Cowboy” seria a ponte musical entre o uivo do coiote e a clássica temática country. https://www.youtube.com/watch?v=BrouFOHhiG8 - “iodeleiiil”

 

“No final do processo de composição, uma vez que todos os fragmentos estão colocados no lugar certo, é possível obter uma idéia da atmosfera sonora global do filme, uma idéia unificada pelo ponto de vista musical. Poderiam me perguntar se a música do filme tem, em minha opinião, uma coerência interna comparável, por exemplo, ao da forma sonata ou qualquer outra peça musical? Nunca encontrei uma resposta definitiva para responder a esta questão. No geral, parece que em muitos dos meus filmes existe uma coerência musical, mas, em alguns casos, é mais difícil de ser detectada.” 

                                                                                                         Ennio Morricone

 

Aqui Ennio Morricone conduz a Aqui Ennio Morricone conduz a The Munich Radio Orchestra no Tema de no Tema de 3 Homens em Conflito - O Bom, O Mau e o Feio. (https://www.youtube.com/watch?v=cZVBzQh1K7E)

Ennio Morricone morreu no dia 6 de julho de 2020 em Roma, aos 91 anos, devido a complicações recorrentes de uma queda em sua casa. 

Seu legado permanecerá sempre que existir o cinema, e quem amar o cinema, e a música.

 

Notas:

*1 - Música Concreta: A música concreta tem por característica a utilização de fragmentos de sons naturais ou industriais, as inovações da tecnologia nos estúdios de gravação permitiram melhor captação de sons.

*2 - Ghost-writer: Quando alguém é contratado para executar uma obra artística e não recebe os créditos de autoria - ficando estes com aquele que o contrata ou compra o trabalho.

*3 - Free-lancer: Captar um trabalho de forma autônoma.

*4: - Música de Câmara: Música erudita para poucos instrumentos portanto ocupariam pouco espaço nas câmaras de um palácio.

*5: - Rotoscopia: Técnica que consiste em redesenhar os quadros de um filme para realizar uma animação. Utiliza-se um aparelho complexo chamado rotoscópio. Atualmente as técnicas digitais se utilizam do mesmo nome para criar o mesmo efeito.

*6: - Alusão: Figura de linguagem caracterizada pelo uso de uma referência ou citação a um fato, obra ou pessoa.

*7: - O assovio na Trilogia dos Dólares foram todos executados por Allessandro Alessandroni - https://www.youtube.com/watch?v=CDwmIhmKTA8

“Com Ennio Morricone a música se torna mais um personagem”

 

Uma jornada pela música e pelo cinema numa carreira, e vida, únicas