Belo, Lúdico & Fake...
por Alexandre César
(publicado originalmente em 08/ 01/ 2018)
Hugh Jackman brilha em biografia fantasiosa
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Batman: o clássico seriado "Camp" dos anos 60 |
P. T. Barnum, o “Príncipe das Falcatruas”. Uma alcunha dessas seria digna de um dos vilões do seriado televisivo Batman, de 1966, onde a cor, a psicodelia e a fantasia cativaram aquela geração e além. Nada daquela indigesta e dolorosa “realidade”, onde sorrisos corteses na maioria das vezes escondem dor, amargura e interesses escusos. Lá, o herói é o herói e nada nos faz duvidar disso seja em sua aparência, seja em suas atitudes.
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Charity ( Michelle Williams): a Boa Fada do Sul |
Aqui, nosso herói ainda pobre, ganha o coração de sua amada de origem abastada Charity - Michelle Williams, e aqui parece uma versão humana de sua Glinda, a Boa Fada do Sul de Oz, Mágico e Poderoso (2013, dirigido por Sam Raimi), de tão doce, dedicada e fiel que é. Ela se casa com ele apesar da oposição dos pais. Após perder o emprego miserável e vivendo uma crise financeira, Barnum começa a usar de seu tino para os negócios e sua malandragem, forjada na necessidade de sobreviver, e cria o primeiro dos freak shows. Um espetáculo de gosto duvidoso, onde apresentava toda a sorte de pessoas disformes ou destoantes do convencional, além de fraudes descaradas (assumidas ou não). Que lhe rendeu uma fortuna, mas também a fama de embusteiro, pois, enquanto o povão ia a suas apresentações, a “elite respeitável” torcia o nariz, quando não o execrava publicamente.
Sua busca por respeitabilidade o leva a associar-se a Phillip Carlyle (Zac Efron, amadurecendo como ator), ator bem-nascido, de sucesso e respeitabilidade junto à crítica, mas rebelde, procurando algo à mais em sua vida estável, segura e enfadonha. Graças a esta associação, virá a aclamação de reis e rainhas, bem como da nata da sociedade, atingindo o seu ápice nas apresentações da diva lírica Jenny Lind (Rebecca Ferguson). Mas esta ânsia por reconhecimento poderia levar seu mundo a ruína por fazê-lo esquecer um detalhe importante: nem todo mundo tem a ambição de que precisa ser aceito por todos, apenas por quem lhe é realmente importante.
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Lettie Lutz (Keala Settle): presença de destaque |
Temos também no filme, após sua participação em Homem Aranha: De Volta Ao Lar (2017, dirigido por Jon Watts) a ex-atriz infantil da Disney Zendaya, como Anee Wheeler, a trapezista, que faz par romântico com Efron (como essa menina cresceu!!!). Mas quando abre a boca, quem se destaca é a mulher-barbada Lettie Lutz (Keala Settle), esta sim uma figura de inclusão!
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Hugh Jackman brilha, mostrando a sua entrega ao papel |
Porém, quem brilha de forma incontestável é Hugh Jackman, em ótima forma física e bela presença em cena. Dá gosto de ver como ele se entrega ao seu papel, mesmo mostrando alguns maneirismos dos tempos de Wolverine. Ironicamente é neste filme que podermos dizer que ele se tornou o chefe da sua própria “Escola de Superdotados”. A sua trupe de excluídos lembra um pouco os X-Men e a própria Jenny Lind nos remete à Fênix Negra por representar o fruto proibido da aceitação do diferente pelas elites. Percebemos a energia do ator no brilho de seus olhos, que passam um quê de inocência infantil e que pode ser traduzido numa frase: Ele está feliz. Jackman se jogou num projeto pelo qual tinha carinho e acertou. As canções funcionam muitíssimo bem em cena, apesar de algumas serem meio xaroposas, mas cumprem a sua função, devendo alguma delas figurar entre as mais pedidas no ano que se inicia. A indústria fonográfica agradece.
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A diva Jenny Lind (Rebecca Ferguson) é a tentação de nosso herói |
Ao final, para fechar com chave de ouro, somos brindados com uma de suas frases: “a melhor coisa da vida é distribuir alegria!”, deixando claro para o expectador – apesar de muitos não concordarem - a grande figura da inclusão que foi Barnum. Nada mal para alguém cuja frase mais famosa a ele atribuída seja: “Nasce um trouxa a cada minuto! ”
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