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sábado, 31 de outubro de 2020

Artesão monstruoso - In Memorian: Jack P. Pierce

 


 A “beleza” está nos olhos...

por Alexandre César

(Originalmente postado em 06/ 03/ 2019)


O artesanato obsessivo de um incrível rabugento

 #HorrorDaUniversal

Jack P. Pierce: Com ele não tinha essa de "Medalha! Medalha! Medalha!"


Apesar do aspecto de vilão a lá Dick Vigarista (ou o Amigo da Onça..), o ilustre senhor da foto acima não era um ator, apesar de ser uma estrela de primeira grandeza em seu campo de atuação, criando belamente o feio, o deformado, o marcante no ciclo de filmes de horror dos anos 30, 40. Seu nome era Jack P. Pierce.

Nascido Janus Piccoula ( ⭐ Valdetsyou, Grécia, 05 de maio de 1889 — ✝ Los Angeles, 19 de maio de 1968) ele foi um maquiador de efeitos especiais de cinema, do Cinema de Horror da Universal, chamado por alguns de “Cinema de Sangue”, sendo um dos melhores maquiadores de monstruosidades depois de Lon Chaney Senior. 

 

Conrad Veidt como "O Homem que Ri" (1928). Familiar não???


Ele criou maquiagens icônicas para os personagens de Boris Karloff como Frankenstein (1931), além de outros monstros criados para a Universal Studios. Pierce tinha a reputação de ser grosseiro no set, mas criou um bom relacionamento com Karloff. Muitas máscaras criadas por ele eram feitas de algodão, cola, colódio (solução viscosa de nitrocelulose em álcool e éter, usado em fotografia, em couro artificial e como cobertura protetora de feridas, queimaduras etc.) e maquiagem para teatro na cor verde (que criava o look pálido nos filmes P&B). Quase todos os personagens do ciclo (Drácula, White Zombie, Múmia etc...) passaram de alguma forma pelas mãos criativas de Pierce, que também maquiou Lon Chaney Jr. para O Lobisomen (1941). Pierce inspirou vários nomes que viriam a ser importantes na indústria da maquiagem de efeitos como Rick Baker e Tom Savini.  

 

“The Monkey Talks” (1928). Caracterização notável para a época.


Olhando para os pioneiros do cinema do século 20, poucos tiveram uma importância individual mais significante no ramo da maquiagem artística quanto Jack Pierce, nos anos 1930 e 1940 na Universal Studios durante o seu período dos clássicos do horror. A história de Pierce tem iguais partes de triunfo e tragédia. Após imigrar da Grécia para os Estados Unidos na virada do século, ele tentou ser jogador de baseball, sem sucesso, num time semi-profissional na Califórnia após conseguir alguma notoriedade em partidas em Chicago.  

 

Antiga tabela de tons de maquiagem para filmagem em Preto e branco e a cores.


Em seguida começou a trabalhar na emergente indústria cinematográfica nos anos de 1910s e 1920s, colocando a sua mão numa série de trabalhos, de gerente de espetáculos, a dublê, à assistente de cameraman. Nesta época a Universal era um pequeno estúdio iniciante em San Fernando Valley, sendo conhecido como "Universal City" em 1915, após três anos de atividade. O nome foi idéia do proprietário e antigo dono de armarinho Carl Laemmle. A Universal foi a casa de muitos filmes curtos silenciosos nos anos de 1910, vários deles incluíam os talentos de um ator desconhecido chamado Lon Chaney, que ganhava a vida criando as suas próprias e únicas maquiagens, transformando a sua face inteira numa lenda neste processo.

 

Retocando Otto Maties em "Surrender" (1927) de Edward Sloman.

 

Uma criação digna de nota é Uma criação digna de nota é O Homem Que Ri (1928) de Paul Leni não apenas pelo mérito do filme por si mesmo e pela fantástica performance de seu astro Conrad Veidt, mas também o personagem que inspirou Jerry Robinson (via Bob Kane) como inspiração para a criação do maior rival do Batman, O Coringa!

 

"Drácula" (1931). Pierce esquematizou um padrão de maquiagem que Lugosi recusou, apesar de aceitar algumas sugestões.


Jack Pierce foi provavelmente o primeiro “Fazedor de Monstros” de que se tem notícia, indiscutivelmente por criar os mais famosos designs de monstros… como “O Monstro” interpretado por Boris Karloff no filme Frankenstein (1931) da Universal Studios. Sempre notamos as semelhanças do seu Monstro de Frankenstein nos posters, lancheiras, jogos, bonecos, kits para montar, stickers, e todo produto licenciado imaginável a levar a sua imagem, ao longo de nosso crescimento. Todo aquele que pudesse ser chamado de “Monster Kid” (fã de monstros e colecionador de memorabilia) se maravilhava em aprender tudo sobre o criador de um dos mais famosos monstros de todos.

 

Karloff posando para um modelo de estudo para planejar a maquiagem.

 

Pierce eventualmente se desviou da atuação para a maquiagem, trabalhando na Vitagraph e na e na Fox Studios original nos anos 1920. Desde 1928, depois de Chaney ter partido para o estrelato freelancer, A Universal tornou Pierce chefe do departamento de maquiagem, onde ele trabalhou nos últimos filmes silenciosos feitos no estúdio.  

Karloff chegava a comer e dormir maquiado para não prejudicar o cronograma das filmagens.


Sua sorte foi alicerçada quando Carl Laemmle fêz o seu filho, Carl Laemmle Jr., chefe de produção no seu 21 ̊aniversário. Chamado de "Junior" por seus amigos e colegas, Laemmle Jr. decidiu produzir versões filmadas de novelas clássicas de horror, encorajado pelo grande sucesso de Chaney com O Corcunda de Notre Dame (1923) e O Fantasma da Ópera (1925) da Universal no meio dos anos 20. Os gostos pessoais de Laemmle' Jr. não poderiam ter sido mais fortuitos para Pierce: De 1930-1947 ele criou alguns dos mais distinguíveis personagens das telas do cinema. Somente após a intempestiva morte do Pai da Maquiagem Prostética, Lon Chaney Senior (de câncer na garganta) que a posição de Jack Pierce na maquiagem foi firmemente ancorada na Universal.  

 

Karloff em sua carreira monstruosa foi de uma paciência que poucos tiveram com o perfeccionista Pierce.

Chaney havia sido originalmente contratado para interpretar o personagem título em Drácula, mas ele morreu antes da produção iniciar. Foi quando Jack Pierce, agora full-time na Universal Studios, experimentou o seu primeiro gosto de Hollywood, desapontando-se em seguida quando, após após conceber um sutil mas muito particular estilo para a caracterização do vampiro e das suas vítimas femininas o astro Bela Lugosi insistiu em fazer a sua própria maquiagem… a maquiagem que ele havia aperfeiçoado em suas muitas apresentações no palco como Drácula (legitimamente teatral). 

Para "A Múmia"(1932) Karloff apareceu em poucas cenas como "Im-Ho-Tep" ...


Sugere-se que Pierce deu contribuições remanescentes para a maquiagem incluindo a “ponta de renda de viúva” no meio dos cabelos que Lugosi usou não só no Drácula de 1931, mas também em White Zombie (1932) de Victor Hugo Halperin.

 

...aparecendo a maior parte do tempo como "Ardath Bey", o príncipe disfarçado.

 

Imediatamente seguindo o sucesso de Drácula, Laemmle Jr. quis prosseguir no rumo do sucesso, levando-o à produção de Frankenstein (1931). Embora muitos argumentem que tenha sido o diretor James Whale, ou o ator Boris Karloff ou Leammle Jr. mesmo terem contribuído para a maquiagem, a força principal à frente do look do personagem inquestionavelmente pertence à Jack Pierce.  

 

Elsa Lanchester, a "noiva". O cabelo era dela, com uma armação dentro, para lembrar a Rainha Nefertiti do Egito.


O Monstro no filme clássico de 1931 de James Whale, Frankenstein foi a chave em estabelecer Pierce como chefe de maquiagem que encontrou o seu maior successo. Whale supostamente esboçou vários desenhos a em alguns guardanapos e apresentou estas idéias para Jack Pierce para inspirá-lo. Esta se tornou uma das mais fenomenais colaborações e no monstro mais facilmente reconhecível de todos. Pierce projetou a maquiagem para se ajustar perfeitamente com a própria anatomia magra de Karloff, até incorporando as suas bochechas ocas, resultante da remoção de uma prótese dental parcial (o popular “roach”)! O topo plano da sua cabeça é por si só uma história interessante… sendo uma suposição de Pierce que o Dr. Frankenstein sendo um físico apressado, simplesmente cortaria o crânio através do topo e puxaria a pele em volta do crânio como uma aba de barraca.  

Pierce usava algodão, cola, colódio (solução viscosa de nitrocelulose em álcool e éter) na hora da caracterização, usando secador de cabelo para secagem

 

A maioria dos historiadores cinematográficos argumentam que isto pode ter sido interferência do estúdio, achando que não fazia sentido que um cirurgião sendo capaz de reconectar nervos, prover o fornecimento de sangue, etc... e um lenço de papel lhe diria para simplesmente puxar a pele de volta sobre o crânio descarnado. E prendendo-o no lugar para arrancar! Não, não faz mesmo muito sentido, pois o que mais parece é que Pierce tinha um design específico em mente durante a criação do visual icônico do monstro de Karloff, com braços estendidos e tudo.

 

"O Filho de Frankenstein" (1939). Tornando Lugosi em Ygor, o corcunda de pescoço torto, dando-lhe a visibilidade de que estava carente.


Toda a manhã Karloff sentava-se para quatro desconfortáveis horas, sofrendo os altos níveis de toxidade da maquiagem, que Pierce e seus assistentes aplicavam em sua cabeça, o acúmulo de níveis de preenchimento facial e as modificações do figurino que o fariam o mais memorável monstro do cinema. Então, Karloff teria de atuar o dia inteiro apenas para suportar algumas horas no processo de remoção. Foi documentado que Karloff se alimentava e inclusive dormia com a maquiagem do monstro apenas para evitar ter de suportar a sua aplicação no dia seguinte. Ele ainda suportou as cicatrizes dos parafusos do pescoço até o dia em que ele passou deste mundo para o próximo! Para Karloff (aos 43 anos de idade) e Pierce (aos 42 anos) foi uma realização notável garantindo as suas lendas mesmo se se eles tivessem parado ali a sua única colaboração artista-intérprete.

 

Karloff e Pierce no set de "A Múmia " (1932) para uma tomada extra

 

Muitos atores e atrizes sofreram o mesmo destino em nome da arte. Alguns não eram tão tolerantes à obsessiva atenção de Pierce aos detalhes como Karloff era.

Promovendo a sua reputação, apesar dos pesares, Pierce e Karloff uniram-se no ano seguinte para criar A Múmia (1932). Apesar de a criatura ser vista apenas por poucos segundos, foi uma outra realização inesquecível no cinema de horror quando "Im-Ho-Tep" voltou à vida e desfilou através de uma desenterrada tumba egípcia. Karloff passa a maior parte do filme como "Ardath Bey", outra criação de Pierce, o príncipe condenado à procura de sua noiva perdida.

 

"O Lobisomem" (1941). Pierce e Chaney Jr. não se davam muito bem, chegando quase a sair no braço.


Os Laemmles também tentaram dar um novo tratamento cinemático para o O Fantasma da Ópera e O Corcunda de Notre Dame para a audiência dessa época. Lon Chaney havia morrido em 1930, e muitos dos seu esforços pararam. Uma versão de O Lobisomem com Karloff havia sido planejada, mas isto, também, havia descarrilhado em problemas de produção. Se você não estabelece completamente o projeto original, porquê tentar uma sequência? A Universal fêz exatamente isso, iniciando uma tendência que resultou em numerosos derivados de Drácula, Frankenstein e Múmia, que se tornaram suas franquias.

 

"A Alma de Frankenstein" (1942) Lugosi retorna ao personagem (e à maquiagem...) de Ygor, e Chaney Jr. faz o monstro.


A primeira prancha de concepção foi provavelmente a última usada do período Laemmle dos filmes de horror, A Noiva de Frankenstein (1935). Renovando a sua primeira concepção do Monstro, Pierce também criou a famosa maquiagem e desenvolveu o electric hairstyle para a noiva de Elsa Lanchester. Mais uma vez, Pierce criou um personagem de filme icônico, ainda que só apareceu brevemente ao final do filme. Então, numa esmagadora instância de arte comercial, os Laemmles venderam o estúdio em 1937, inaugurando uma era de “cabeças” de estúdio alternando-se na Universal pelos próximos 10 anos.

 

"Frankenstein encontra o Lobisomem" (1943). Chaney volta como o lobisomem, e Pierce tornou Lugosi no monstro cujo papel outrora recusara.

 

Certamente, sequências não ficaram muito atrás e Pierce duplicaria as suas maquiagens, DO ZERO, todo dia de filmagem! Pierce nunca usou moldes, muito para o desgosto de suas “vítimas” (os atores). Ele criaria cada sobrancelha, cada cicatriz, e cada ponto de sutura repetidamente levando mais de 5 horas para a aplicação da maquiagem sozinho.  

 

Acquaneta caracterizada como a personagem-título de "A Mulher-Fera" (1943) filme "B".


Nas muitas idas e vindas de executivos na Universal no final dos anos 1930 e início dos anos 1940, Pierce conseguiu manter o seu nível de alta qualidade na maquiagem de personagens em várias sequências e filmes “B”. Para Lugosi, com quem Pierce havia discutido vários anos antes em Drácula, Pierce criou "Ygor" em O Filho de Frankenstein (1939) de Rowland V. Lee. Concebido como um homem que não poderia mais ser enforcado (pois já o havia sido, mas não morrido, torcendo o pescoço...). O desgraçado, barbudo, de dentes retorcidos tornou-se o mais original personagem de Lugosi em anos e colocou-o de novo no mapa. Lugosi posteriormente intuiu que Pierce teve a sua vingança (por ele ter recusado o projeto da maquiagem criada para Drácula) quando mais tarde concebeu e aplicou uma maquiagem tão torturante quanto a de Ygor. A vingança é doce...

 

A partir de"A Casa de Frankenstein" o grandão Gleen Strange (por indicação do próprio Karloff) passou a fazer o monstro. Pierce continuou firme.

Dois anos de novo Pierce superou todas as expectativas em Dois anos de novo Pierce superou todas as expectativas em O Lobisomem (1941) com Lon Chaney Jr. No papel-título. Embora os dois nunca tenham se dado bem (Chaney não gostava de vestir a maquiagem ou de passar pelo seu longo período de aplicação e remoção) e quase chegou a brigar com ele e acusando-o de queimá-lo propositalmente com o ferro de ondulação que usava para aquecer e enrolar o pelo de iaque (usado na caracterização do licantropo) Pierce superou-se de novo com a sua concepção do lobisomem, utilizando o design que ele havia criado para Karloff uma década atrás. 

Confronto de titâs. O versátil Chaney Jr. foi a múmia por três vezes, encarando Pierce na hora da caracterização.


Originalmente concebido como um filme “B”, O Lobisomem tornou-se um verdadeiro clássico do horror, e a versão de Pierce do personagem tem sido o modelo de numerosos lobisomens desde que surgiu nas telas. Pierce havia aqui, relutantemente começado a usar pontas de nariz de borracha de látex para diminuir um pouco o árduo processo de aplicação, mas mesmo na época quando a maioria dos maquiadores estavam começando a abandonar os métodos fora do “kit de fazer monstros”, Pierce foi inflexível. Ele agarrou-se aos velhos ofícios do método de fazer arte.

 

Perfeccionismo: Ao longo de sua carreira, Pierce se agarrou aos métodos tradicionais da caracterização, evitando padronizar partes moldadas


Em 1943 dá prosseguimento a sua “vingança” de Lugosi, ao maquiá-lo como o Monstro em Frankenstein encontra o Lobisomem (1943) de Roy William Neill, com Chaney Jr. repetindo o papel que o consagrara, e neste mesmo ano Pierce surgiu com a sua última maquiagem original em O Fantasma da Ópera (1943) de Arthur Lubin. Estrelada por Claude Rains (que se tornou o único monstro de Jack Pierce filmado em cores). Embora o seu tratamento original da maquiagem de Rains – revelada ao final do filme – foi cortado por requisição dos produtores (a concepção original de Pierce foi considerada muito hedionda!), permanece como outro marco do cinema de horror

 

Uma das raras ocasiões em que o trabalho de Pierce foi reconhecido, recebendo em 1933 um prêmio das mãos de Boris Karloff.

O reinado de Jack Pierce na  Universal terminou um pouco depois da Segunda Guerra Mundial quando o estúdio fundiu-se com a International Pictures e realocou muitos dos seus chefes de departamentos. Ele tinha sido Supervisor de Maquiagem por 19 anos e trabalhou para o estúdio por 30 anos, mas a sua rigidez inabalável no apego aos velhos métodos de fazer arte (mais artesanais) foi o que lhe causou a sua demissão da Universal Studios. Após criar tantos ícones horror, Pierce foi demitido sem cerimônia em 1946 e substituído por Bud Westmore (irmão mais novo dos possuidores do grupo Max Factor) como chefe do departamento de maquiagem na Universal Studios, que embora tivesse menos experiência, era jovem, fotogênico e sociável, ao contrário de Pierce. 

 

Strange e Chaney Jr. -" Vamos dar uma lição no Pierce???"


Pierce ocasionalmente pegou trabalho em algumas produções de porte como A Vida Secreta de Walter Mitty (1947) de Norman Z. McLeod e Joana D´Arc (1948) de Vitor Fleming, mas terminou a sua carreira trabalhando em filmes independentes de baixo orçamento e projetos de televisão durante os últimos 20 anos de sua vida. O seu último projeto creditado foi trabalhar como chefe do departamento de maquiagem do show de TV Mister Ed (1958) de 1961-1964 graças ao diretor/produtor Arthur Lubin, colega dos tempos dos filmes do horror. Coisa impensável para os dias atuais, ele morreu em virtual obscuridade, vítima de falência renal aos setenta e oito anos em 1968. Embora tenha mantido a amizade com Boris Karloff, Inclusive aparecendo no episódio do programa This is Your Life apresentando o astro, sua personalidade austera (alguns diriam amarga) fêz poucos amigos em Hollywood.

 

No episódio do programa "This is Your Life" dedicado ao amigo de longa data Boris Karloff.


Isto é, exceto para aqueles que viriam depois dele. Sem Jack Pierce para inspirá-los, os “Monster Kids” dos anos 1960 e 70 talvez não tivessem atingido o seu pleno potencial. Suas criações são icônicas, inventivas, e francamente assustadoras. Principalmente por serem tão realísticas. Você pode perguntar a qualquer artista de efeitos especiais de maquiagem quais os seus inspiradores e muitos deles dirão que Jack Pierce está entre os três principais. Entre estes discípulos, o sete vezes premiado com o Oscar Rick Baker.  Hoje, Pierce tem o seu trabalho visto como uma força relevante nos anais do ofício do cinema, sendo honrado com tributos em DVDs dos filmes clássicos em que trabalhou, e premiado postumamente com um prêmio pelo conjunto da sua obra pela associação dos artistas de maquiagem e de estilistas de cabelo de Hollywood, havendo uma proposta de conceder-lhe uma estrela no Hollywood Boulevard.

 

Até o bigodinho do jovem Vincent Price passou pelas mãos de Pierce.

Em Maio de 2013, a Cinema Makeup School, em Los Angeles, dedicou uma galeria em memória a ele.

As contribuições de Jack Pierce ao cinema resistiram à passagem do tempo e continuam a inspirar gerações de artistas de efeitos especiais de maquiagem. Para muitos, Jack Pierce terá sempre um lugar especial em seus corações, independentemente de sua reputação. Entre as muitas coisas que se aprendem com a trajetória do “meigo” Sr. Pierce… destaca-se especialmente o como tratar o talento. Ou como não fazê-lo!



Karloff e Lugosi, após passarem pelas mãos de Pierce como o monstro e Ygor em "O Filho de Frankenstein" (1939).


 

As Musas do Horror 30 / 40

 


Um olhar e um grito de mulher

por Alexandre César


As diferentes faces do feminino no sobrenatural


#HorrorDaUniversal

 
O ciclo de filmes de horror da Universal abrange obras que imortalizaram a carreira de astros que se tornaram icônicos no imaginário pop coletivo, e também de algumas estrelas, que de forma indelével carregaram o legado de sua participação por suas vidas, fosse no teatro, no cinema e na televisão. Focaremos nossa matéria em quatro delas: Gloria Holden, Gloria Stuart, Elsa Lanchester e Julie Adams, imortalizadas por seus papéis nos filmes A Filha de Drácula (1936), O Homem Invisível (1933), A Noiva de Frankenstein (1935) e O Monstro da Lagoa Negra (1954), além de outras fora do eixo Universal, mas importantes para o imaginário pop.

Gloria Holden

 

Gloria Holden. Musa das trevas.


Gloria Anna Holden ( 5 de Setembro de 1903
22 de Março de 1991) foi uma atriz anglo-americana mais conhecida pelo seu papel em A Filha de Drácula.
Nascida na Inglaterra, Gloria Holden imigrou para os Estados Unidos ainda criança com seus pais, Charles Laurence Sutherland e Eska (née Bergmann). Sua mãe era alemã. Ela frequentou a escola em Wayne, Pennsylvania, e posteriormente estudou na Academia Americana de Artes Dramáticas de Nova York.Seus primeiros papéis no palco incluíam pequenas participações em peçascomo Such as The Royal Family, Children of Darkness, e That Ferguson Family.

 

Como a esposa de Paul Muni em "A Vida de Emile Zola (1937)


 
Substituiu Lilly Cahill em As Husbands Go no John Golden Theatre na Broadway, em junho de 1931. Em agosto de 1932, Holden era parte do elenco fixo de Manhattan Melody no Longacre Theatre, seguindo-se o principal papel feminino de Survivor (1933), ficando entre os membros do elenco de Memory (1933).

 

A Condessa Marya Zaleska, personagem icônico

 
Ela é melhor lembrada pelos cinéfilos por dois papéis na sua longa carreira, o de Mme. Zola em A Vida de Emile Zola (1937) de William Dieterle, e sua "exótica" caracterização da bela Condessa Marya Zaleskado, papel-título de A Filha de Drácula (1936) de Lambert Hillyer.

 

Lilli (Nam Grey) a jovem vítima da Condessa (Holden). As insinuações de lesbianismo para as época eram muito ousadas

 

 
Sua performance mais tarde influenciou a novelista de horror Anne Rice, sendo A Filha de Drácula diretamente mencionada no livro de Rice A Rainha dos Condenados. Em julho de 1937, Holden foi contratada para interpretar o personagem de Marian Morgan em The Man Without a Country (1937) de Crane Wilbur. O curta em Technicolor, co-estrelado por John Litel foi indicado para o Oscar de melhor curta-metragem à cores.
Holden interpretou a personagem Julie La Verne na adaptação radiofônica de 1940 de O Barco das Ilusões da Lux Radio Theatre, baseada na versão filmada de 1936 de James Whale.

 

Ao natural: Beleza cativante

 

 
Existe uma história de como o ator William Holden obteve o seu nome artístico (em homenagem à Gloria Holden) e se baseia num depoimento de George Ross para a revista Billboard. George Ross declarou: "William Holden, que estava cotado para o papel principal de Conflito de Duas Almas (1939) de Roubem Mamoulian, tinha o nome de Bill Beadle. E aqui está como ele obteve o seu nome artístico.” No escritório da Columbia havia um diretor-assistente e scout chamado Harold Winston. "A bem pouco tempo ele havia se divorciado da atriz, Gloria Holden, mas ainda era apaixonado por ela mesmo após o rompimento matrimonial. Winston foi um dos que descobriram o recém-chegado e o renomeou—para honrar a sua ex-esposa!”... A vampirinha continuava mantendo os mortais enfeitiçados mesmo após a sua passagem...

 

O visual da "Condessa" inspirou Anne Rice


 
Gloria Holden casou-se três vezes. Ela se casou com Harry D. Reynolds em 1921, ainda adolescente, e tiveram um filho, Lawrence Marvin Reynolds (15 de setembro de 1922, Wayne, Pennsylvania – 15 de augosto de 1997, Houston, Texas), também ator, mais conhecido como Glen Corbett. Ele se casou com a também atriz Adrienne Ellis, com quem teve duas crianças, até que o seu casamento terminasse em divórcio. Corbett é mais conhecido por seus papéis como Mack Miller em O Faísca (1950) de Tay Garnett; estrelado por Marilyn Monroe e Mickey Rooney, e como Barney Stetson em The Violent Years (1956) de William Morgan.

 

A condessa também se interessa pelo Dr. Garth (Otto Kruger), sempre protegida pelo fiel Sandor (Irving Pichel)

 
Holden divorciou-se de Reynolds mais tarde, casando-se com Harold A. Winston em 17 de dezembro de 1932 divorciando-se dele em 2 de dezembro de 1937. Em 1944, casou-se com seu terceiro marido, William Hoyt, com quem permaneceu casada até a sua morte. Eles tiveram um filho, William Christopher Hoyt, nascido em 1944 e morto num acidente automobilístico em 1970, creditado como homicídio. Ela morreu em 22 de Março de 1991 de vitimada por um infarto do miocárdio.

 

Elsa Lanchester

 

Como Mary Shelley no prólogo de "A Noiva de Frankenstein" (1935)


Elsa Sullivan Lanchester ( Londres, 28 de outubro de 1902
Los Angeles, 26 de dezembro de 1986) Seus pais, James "Shamus" Sullivan (1872–1945) e Edith "Biddy" Lanchester (1871–1966) eram socialistas, considerados boêmios que viviam uma relação aberta. O irmão mais velho de Elsa, Waldo Sullivan Lanchester, era um marionetista, com sua própria empresa de marionetes com sede em Malvern, Worcestershire e mais tarde em Stratford-upon-Avon.

 

Como Ana de Cleves e Charles Laughton como Henrique VIII em "Os Amores de Henrique VIII" (1933) Casal nas telas e na vida

 
Elsa estudou dança em Paris sob a tutela de Isadora Duncan, de quem ela não gostava. Quando a escola foi interrompida devido ao início da Primeira Guerra Mundial, ela voltou ao Reino Unido. Naquele momento (tinha cerca de doze anos de idade), ela começou a ensinar dança no estilo de Duncan dando aulas para crianças no distrito de South London onde morava, ganhando um dinheiro extra que era muito bem-vindo em sua casa.
Por volta desta época, depois da Primeira Guerra Mundial, ela começou no Children's Theatre, e mais tarde no Cave of Harmony, uma boate em que se apresentou revivendo velhas músicas e baladas vitorianas, apresentando-se também em outra boate intitulada Riverside Nights. Ela tornou-se suficientemente famosa para a Columbia convidá-la ao estúdio de gravação para fazer discos de 78 rpm de quatro das músicas que ela cantava nestas boates (gravados em 1926 e em 1930).

 

"A Noiva..." aqui no prólogo vemos Percy Shelley (Douglas Walton) e Lord Byron (Gavin Gordon)...

 
Dos cabarés e boates passou a um trabalho mais sério no palco e numa peça de Arnold Bennett chamado Sr. Prohack (1927) Lanchester conheceu outro membro do elenco, Charles Laughton. Eles se casaram dois anos depois em 1929 e continuaram a atuar juntos de vez em quando, tanto no palco como na tela. Ela atuou como sua filha na peça Payment Deferred (1931), embora não na versão filmada de Hollywood. Lanchester e Laughton apareceram no Old Vic na temporada de 1933-34, interpretando Shakespeare, Chekov e Wilde. Em 1936 ela era Peter Pan e Laughton Capitão Gancho na peça de J. M. Barrie no London Palladium. Sua última aparição no palco foi na peça The Party de Jane Arden (1958) no New Theatre, em Londres.


... e aqui vemos o Dr. Frankenstein (Colin Clive) e o Prof. Pretorius (Ernest Thesiger) dando a mesma atenção à noiva da criatura

 
Lanchester fez sua estréia no filme The Scarlet Woman (1925) e em 1928 apareceu em três curtas mudos, escritos por H. G. Wells e dirigidos por Ivor Montagu (Bluebottles, Daydreams e The Tonic), nos quais Laughton faz pequenas aparições. Eles também apareceram juntos no "filme revue" Comets (1930), com elenco de palco britânico de teatro, musical e show de variedades, em que eles cantavam o dueto 'The Ballad of Frankie and Johnnie'. Lanchester apareceu em vários outros filmes sonoros britânicos anteriores, incluindo Potiphar's Wife (1931), um filme estrelado por Laurence Olivier.



Com o maridão Charles Laughton em "Testemunha de Acusação" (1957). Indicações ao Oscar a ambos e Globo de Ouro de melhor coadjuvante para ela

 
Ela apareceu novamente nas telas com Laughton como uma Ana de Cleves altamente cômica, em Os Amores de Henrique VIII (1933) de Alexander Korda. Laughton agora estava fazendo filmes em Hollywood, então Lanchester se juntou a ele, fazendo pequenas aparições em David Copperfield (1935) de George Cukor e Oh, Marieta! (1935) de W. S. Dyke e Robert Z. Leonard. Essas e suas aparições em filmes britânicos ajudaram-na a ganhar o papel-título no filme A Noiva de Frankenstein (1935). Ela e Laughton voltaram para a Grã-Bretanha para atuarem juntos novamente em Rembrandt (1936) de Alexander Korda e mais tarde em Vessel of Wrath (1938) de Erich Pomer.

 

Com W.C.Fields, num pequeno papel como a empregada da família em "David Copperfield" (1935)

 
Ambos voltaram para Hollywood, onde ele fez O Corcunda de Notre Dame (1939) de William Dieterle, apesar de Lanchester não aparecer em nenhum outro filme até O Mistério de Uma Mulher (1941) de Charles Vidor. Ela e Laughton atuaram como marido e mulher (seus personagens foram chamados de Charles e Elsa Smith) em Tales of Manhattan (1942) de Julien Duvivier e ambos apareceram novamente no elenco de estrelas, principalmente britânico, de Para Sempre e Um Dia (1943 - vários diretores). Ela recebeu o maior cachê em Passport to Destiny (1944) de Ray McCarey pela única vez na sua carreira em Hollywood.

 

Como Katie Nanna, a babá que se demite em "Mary Poppins" (1964)

 
Lanchester desempenhou papéis coadjuvantes em Silêncio nas Trevas de Robert Siodmak e O Fio da Navalha de Edmund Goulding (ambos de 1946). Ela apareceu como governanta em Um Anjo Caiu do Céu (1947) de Henry Koster com David Niven como o bispo, Loretta Young como sua esposa, e Cary Grant como um anjo. Lanchester desempenhou um papel cômico como artista no thriller, The Big Clock (1948) de John Farrow, em que Laughton estrelou como um megalomaníaco magnata da imprensa. Ela fez uma participação como pintora especializada em cenas de natividade no filme Falam os Sinos (1949) de Henry Koster, pelo qual foi nomeada para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (1949).

 

Sentada, com Danny Kaye na comédia "O Inspetor Geral" (1949).



Durante o final da década de 1940 e 1950, fêz pequenos, mas variados papéis coadjuvantes em vários filmes, enquanto aparecia simultaneamente no palco do Turnabout Theatre em Hollywood. Ela lançou três discos LP na década de 1950. Com músicas vagamente sensuais e de duplo sentido. Laughton forneceu introduções faladas para cada número, colaborou em músicas e escreveu o encarte do álbum.

 

Como a tia de Annette Funicello em "Eu, Ela e o Pijama" (1964)

 
Na tela, ela apareceu ao lado de Danny Kaye em O Inspetor Geral (1949) de Henry Koster, foi uma senhoria chantagista em A Noite de 23 de Maio (1950) de John Sturges, a companheira de viagem de Shelley Winters em Frenchie (1950) de Louis King, sua breve ponta como a Mulher Barbada em O Rei do Circo (1954) de Joseph Pevney, prestes a ser barbeada por Jerry Lewis.
Ela teve memorável papel novamente com o marido em Testemunha de Acusação (1957) de Billy Wilder, uma versão cinematográfica da peça de 1953 de Agatha Christie, recebendo ambos indicações ao Oscar - ela pela segunda vez como Melhor Atriz Coadjuvante e Laughton também pela segunda vez, como Melhor Ator. Nenhum ganhou. No entanto, ela ganhou o Globo de Ouro de Melhor atriz Coadjuvante com o filme.


Com Lucille Ball em "Here´s Lucy", no episódio "Lucy goes to prison"(1973)


Lanchester fez uma bruxa em Sortilégio do Amor (1958) de Richard Quine e apareceu em filmes da Disney como Mary Poppins (1964), Aquele Gato Danado! (1965) e O Fantasma do Barba Negra (1968) todos de Robert Stevenson. Ela apareceu no dia 9 de abril de 1959 no programa
The Ford Show da NBC, estrelado por Tennessee Ernie Ford. Ela atuou em dois episódios do The Wonderful World of Disney também da NBC. Além disso, ela teve papéis convidados memoráveis em um episódio de I Love Lucy em 1956 e em episódios do The Eleventh Hour da NBC (1964) e O Agente da U.N.C.L.E. (1965).

 

Com Stelle Winwood em "Assassinato por Morte" (1976). Inspirada na "Ms.Marple" de Agatha Christie


Em 1965-66 na televisão ela aparecia regularmente na sitcom de John Forsythe, The John Forsythe Show, na NBC como Miss Culver, diretora de uma academia privada de meninas em São Francisco. Ela continuou o trabalho na televisão no início da década de 1970, aparecendo como um personagem recorrente em Nanny and the Professor, estrelado por Richard Long e Juliet Mills.
Lanchester continuou a fazer aparições ocasionais em filmes, cantando com Elvis Presley em Meu Tesouro é Você (1967) de John Rich, a mãe na versão original de Calafrio (1971), de Daniel Mann com Bruce Davison e Ernest Borgnine, que faturou bem nas bilheterias.

 

Elsa e Laughton. casados de 1929 até a morte dele em 1962. União sólida

 
Ela também foi Jessica Marbles, uma detetive baseada em Jane Marple de Agatha Christie, na paródia de mistério e assassinato de 1976, Assassinato por Morte de Robert Moore. Ela fez seu último filme em 1980 como Sophie em Die Laughing de Jeff Werner.
Lanchester era assumidamente ateísta, tendo em 1938, Lanchester publicado um livro sobre seu relacionamento com Laughton, Charles Laughton and I. Em março de 1983, lançou uma autobiografia, intitulada Elsa Lanchester Herself. No livro ela alega que ela e Charles Laughton nunca tiveram filhos porque Laughton era homossexual.
Meses depois de lançar sua autobiografia, sua saúde definhou, sofrendo em 30 meses dois derrames, ficando totalmente incapacitada na cama e exigindo cuidados constantes. Em março de 1986, o Motion Picture and Television Fund recorreu para se tornar administrador de Lanchester e de sua propriedade, que foi avaliada em US $ 900.000. Elsa Lanchester morreu em Woodland Hills, Califórnia, em 26 de dezembro de 1986, aos 84 anos, no Motion Picture Hospital, de broncopneumonia. Seu corpo foi cremado em 5 de janeiro de 1987, na Chapel of the Pines em Los Angeles e suas cinzas espalhadas pelo Oceano Pacífico.



Gloria Stuart


Gloria Stewart. Em sua época comparada à Carol Lombard


Gloria Frances Stewart ( Santa Mônica, 4 de julho de 1910
Los Angeles, 26 de setembro de 2010) foi uma atriz americana de cinema, teatro e televisão, famosa principalmente por sua atuação no filme Titanic (1997), que fez com que se tornasse a pessoa mais idosa (ela tinha 86 anos) a receber uma indicação ao prêmio máximo do cinema americano - o Oscar -, na categoria de melhor atriz coadjuvante/secundária. Depois de atuar em grupos de teatro universitários e outras produções amadoras, assinou um contrato com os estúdios da Universal em 1932. Devido a sua boa atuação, interpretou grande quantidade de papéis e foi uma das atrizes favoritas do diretor de cinema James Whale, aparecendo em filmes como A Casa Sinistra de 1932, e O Homem Invisível de 1933, com Claude Rains.


Com Claude Rains em "O Homem Invisível" (1933). Atuação intensa em adaptação de obra de H.G.Wells

 
Pouco depois, mudou de companhia e assinou contrato com a 20th Century Fox. No final da década de 1930, havia protagonizado mais de 40 títulos, sem obter fama significativa. Alguns de seus companheiros de trabalho nessa década foram atores como Lionel Barrymore, Kay Francis, Claude Rains, Raymond Massey, Paul Lukas, John Boles, John Beal e Shirley Temple. Na década de 1940 fez ainda alguns filmes, mas mudou o rumo de sua carreira para a pintura. Como pintora, seu trabalho foi exibido em locais ao largo dos Estados Unidos e da Europa.

 

Com Boris Karloff em "A Casa Sinistra" (1932). produção de Val Lewton, principal concorrente da Universal de Carl Leamme


Depois de 30 anos sem trabalhar como atriz, voltou a interpretar em um filme para televisão, em 1975, The Legend of Lizzie Borden e, continuando como atriz nos anos seguintes. Quarenta anos depois de seu primeiro trabalho como atriz, participou do filme My Favorite Year (1982). Nessa época, superou um câncer de mama.


Na época do lançamento de "Titanic". Após longa ausência, a volta às telas num sucesso global


Sem dúvidas, a atriz faria mais sucesso do que nunca no ano de 1997, ao interpretar a idosa de 101 anos Rose DeWitt Bukater no filme Titanic (1997) de James Cameron. Por este papel, foi indicada ao prêmio Oscar, aos 86 anos, sendo a pessoa mais idosa indicada a esse prêmio. A partir deste momento, Stuart trabalhou sempre que sua saúde lhe permitiu. Apareceu nos filmes The Million Dollar Hotel (2000), Wim Wenders e Land of plenty (2004).
Faleceu na noite de domingo do dia 26 de setembro de 2010, aos 100 anos de idade.



Julie Adams


No papel que definiu a sua carreira em "O Monstro da Lagoa Negra"(1954)


Nascida Betty May Adams ( 17 de outubro de 1926
03 de fevereiro 2019) é uma atriz egressa da televisão. Estrelou um grande número de filmes nos anos 1950s, incluindo E o Sangue Semeou a Terra e O Monstro da Lagoa Negra. Ela é mais conhecida Pelos papéis de Paula Denning na soap-opera Capitol e como Eve Simpson em Assassinato Por Escrito.
Nascida em Waterloo, Iowa. Sua família se movia muito até se estabelecer em Blytheville, Arkansas. Adams trabalhou como secretária de meio expediente quando começou a sua carreira em filmes- B de westerns. Em 1946, aos 19, foi coroada "Miss Little Rock" e mudou-se para Hollywood, Califórnia perseguindo a sua carreira de atriz.


Com Piper Laurie e Tyrone Power no western "Seu Único Desejo" (1955)


Usou o seu nome real até 1949, quando começou na Universal Pictures, o mesmo estúdio onde conheceu estrelas como James Best, Piper Laurie, Rock Hudson e Tony Curtis. Ela se tornou "Julia" e eventualmente "Julie". In 1954.
Seu primeiro papel foi uma pequena participação em Brasa Viva (1949) de John Farrow, seguido pelo papel principal no western The Dalton Gang (1949) de Ford Beebe. Adams foi escalada como a bela banhista Kay Lawrence no filme clássico da ficção-científica O Monstro da Lagoa Negra (1954) de Jack Arnold.

 

Com Glenn Ford em "Sangue por Sangue" (1953). Ela era figurinha fácil em westerns


Adams coestrelou nos anos 1950, filmes com alguns dos grandes astros de Hollywood como James Stewart no clássico de 1952 E o Sangue Semeou a Terra de Anthony Mann, com Rock Hudson em Bando de Renegados (1953) de Raoul Walsh e Seu Único Desejo(1955) de Jerry Hooper, com Tyrone Power em O Aventureiro do Mississipi (1953) de Rudolph Maté, com Glenn Ford em Sangue por Sangue (1953) de Budd Boetticher, com Charlton Heston em A Guerra Íntima do Major Benson (1955) de Jerry Hopper, com Rory Calhoun, ( futuro astro do seriado The Texan), no filme The Looters, (1955) de Abner Biberman, com Tony Curtis em Dominado Pelo Crime (1955) de Joseph Pevney, com Dan Duryea em Assassinato na 10ª Avenida (1957) de Arnold Laven, 4 Garotas... 4 Destinos (1957) de Jack Sher, comédia romântica com um elenco internacional e com Joel McCrea em Vésperas da Morte (1959) de Joseph M. Newman.
Apareceu com Elvis Presley na comédia musical Cavaleiro Romântico (1965) de Norman Taurog .

 

Sua autobiografia, lançada em 2011


Na televisão em 1962, Adams fêz Mary Simpson, enfermeira e par romântico do Sherife Andy Taylor no The Andy Griffith Show. Ela fêz quatro participações no seriado Perry Mason; sendo a mais memorável foi num episódio de 1963 como Janice Barton, a única cliente de Perry condenada nos nove anos da série. Apareceu em The Rifleman como um dúbio e astuto interesse romântico do personagem de Chuck Connors. Apareceu em cinco episódios de 77 Sunset Strip, três vezes em Alfred Hitchcock Presents, e duas em Maverick.
Outras participações em séries de TV se seguiram incluindo, O Casal McMillan, Police Woman, As Ruas de San Francisco, O Incrível Hulk, Cannon, Quincy, M.E., e Cagney & Lacey. Adams co-estrelou com James Stewart in The Jimmy Stewart Show na NBC de 1971-1972. Stewart fazia um professor, e ela fazia a sua esposa. Foi escalada como a personagem recorrente Eve Simpson em dez episódios da série
Assassinato Por Escrito da CBS.
Adams foi casada com o roteirista Leonard B. Stern de 1950/51 até 1953. Casou-se então com o ator-diretor Ray Danton de 1954/55 até o seu divórcio em 1981. Tiveram dois filhos: Steven Danton (nascido em 1956), um diretor-assistente, e Mitchell Danton (nascido em 1962), um editor.

 

Como interesse romântico em "The Andy Griffith Show" (1962)


Adams (junto com seu filho, Mitchell) é a autora de um livro sobre a sua vida e carreira, The Lucky Southern Star: Reflections From The Black Lagoon, publicado em 2011. Um apequena tiragem foi impressa (100 cópias) – com uma entrevista em DVD – Uma versão em audiobook foi feita posteriormente. Seu filho Mitch assina como produtor.

 

Numa entrevista nos anos 2000


Adams nos últimos anos se dedicou mais às participações em convenções onde trava contato com os fãs. Em 1999, Adams recebeu um Golden Boot award por seu trabalho em Westerns. Ela foi indicada para o Arkansas Entertainers Hall of Fame in 2000. Na CineCon de 2011, Julie foi homenageada com o Prêmio Film Career Achievement. Em 2012, ela ganhou o Prêmio Rondo do Monster Kid Hall of Fame no seu festival anual em Louisville, Kentucky. A Academy of Motion Picture Arts and Sciences selecionou O Monstro da Lagoa Negra como um dos 13 maiores clássicos do horror já feitos, e em outubro de 2012, na celebração do 100˚ aniversário da Universal Pictures. O filme foi exibido no formato 3D em 16 de outubro no Samuel Goldwyn Theater em Beverly Hills, California. Após a exibição, Adams apareceu no palco para uma sessão de debates, onde compartilhou as suas memórias do filme, bem como de outros projetos em que esteve envolvida. Em agosto de 2012, foi a convidada de honra na Los Angeles Comic Book and Science Fiction Convention no Shrine Auditorium e também no Cine Con Classic Film Festival no Loews Hollywood Hotel entre outras convenções desde então. Faleceu aos 92 anos em Los Angeles, Califórnia, segundo o seu filho Mitchell.

 
Cabe aqui um adendo falando de cinco menções honrosas, uma trabalhando nos bastidores da Universal mostrando a dura realidade no mundo do cinema, onde as mulheres sempre enfrentaram grandes obstáculos, e quatro intérpretes de estúdios concorrentes, mas que participaram de obras marcantes do gênero.

 

Millicent Patrick

 

Millicent Patrick, "Mulher da Renascença" de múltiplos talentos, não devidamente valorizada em sua época


Millicent Patrick (nascida Mildred Elizabeth Fulvia di Rossi, após seu casamento com Milicent Trent) ( 11 de novembro de 1915
✝  24 de fevereiro de 1998, Los Angeles, Califórnia) era filha de Camille Charles “CC” Rossi, um arquiteto e engenheiro que supervisionou a construção do Castelo de William Randolph Hearst em San Simeon, Califórnia. Foi uma artista de muitos talentos, tendo sido atriz, make-up designer, designer de efeitos especiais, ilustradora de livros infantis e animadora.

Retocando o traje na locação. A quantidade de profissionais envolvidos na criação é tão grande que muitas vezes é difícil de se atribuir a autoria...

 

Patrick foi creditada como a primeira animadora da Walt Disney Studios, e criadora da máscara do icônico traje do Gill Man, o Homem-Guelra para o filme (Jack Kevan criou o traje para o corpo) O Monstro da Lagoa Negra (1954) de Jack Arnold. Sua paixão pelo desenho e ilustração, fizeram-na explorar os seus talentos como ilustradora em uma área diferente da indústria cinematográfica se tornando uma ilustradora de maquiagem, trabalhando com Bud Westmore na Universal Studios.


Contra Todas as Bandeiras (1952). A concepção visual dos piratas é de sua autoria


O historiador David Schow num artigo de 2011 da Tor.com diz que o trabalho de Milicent era basicamente juntar todas as idéias acordadas por muitas pessoas do departamento de maquiagem e transformá-las em um design coerente, que fizesse sentido. Alguém na Universal entretanto, percebeu que como eles tinham uma mulher linda e talentosa trabalhando no departamento de maquiagem, seria uma ótima idéia fazê-la encabeçar uma turnê promovendo o filme, vendendo-a como “A Bela Que Criou a Fera”, um ótimo gancho publicitário que a imprensa amou embora ela mesma nunca tentou roubar os créditos pelo design do Gill Man, pelo contrário, ela sempre deu créditos a Bud Westmore quando podia, mas ao retornar foi despedida por Westmore, que não gostou da idéia de uma mulher ser creditada como tendo criado o traje, disse que nunca mais iria trabalhar com ela despedindo-a. Continuou atuando em cinema e TV, a frente e nos bastidores,muitas vezes não creditada.

 

Como ilustradora, reunia as idéias da equipe num design coerente, para se passar para a etapa da modelagem


Ela também é creditada por ter contribuído para a caracterização dos piratas em Contra Todas as Bandeiras (1952) de George Sherman e Douglas Sirk, a maquiagem de Jack Palance in Sign of the Pagan (1954) de Douglas Sirk , no design de criaturas de A Ameaça Veio do Espaço (1953) de Jack Arnold, a máscara do monstro de Abbott e Costello Enfrentando o Médico e o Monstro (1953) de Charles Lamont, o mutante de Metaluna de Guerra Entre Planetas (1955) de Joseph M. Newman & Jack Arnold e fêz as máscaras dos monstros subterrâneos de O Templo do Pavor (1956) de Virgil W. Vogel.

"Abbott e Costello Enfrentando o Médico e o Monstro" (1953). Criação do visual do monstro

Existem poucos dados sobre os seus últimos anos. Sabe-se que ela morou junto com o ator George Tobias por quatro anos até a sua morte, e posteriormente casou-se duas vezes. Morreu aos 82 anos de causa não divulgada.


Fay Wray

Fay Wray: "Scream Queen" Pioneira


Falar de musas do cinema fantástico e não mencionar Fay Wray, a eterna noiva de King Kong, e primeira Scream Queen do cinema é um pecado digno de merecer ser lançado às chamas do Inferno, portanto não podemos deixar de mencionar esse ícone das telas e da nossa imaginação: ”a Bela que matou a Fera”...


Com Erich von Struheim em "A Marcha Nupcial" (1928)


Nascida Vina Fay Wray ( Cardston, Canadá, 15 de setembro de 1907  Nova Iorque, 8 de agosto de 2004). Mudou-se com os pais e os cinco irmãos para os Estados Unidos quando tinha três anos. Ainda na adolescência, em 1923, começou a participar como figurante de diversas produções. Cinco anos depois, ganhou seu primeiro papel de destaque, em A Marcha Nupcial (1928) de Erich von Stroheim.


"Zaroff, O Caçador" (1932) que ela filmou de noite, paralelo a "King Kong", que era filmado de dia nos mesmos cenários da selva...
 

Na década seguinte, a já experiente Fay Participou de muitos filmes, como A Legião dos Condenados (1928) de William A.Wellman, O Deus do Mar (1930) de George Abbot, Dirigível (1931) de Frank Capra, dentre eles, vários filmes de terror, como O Monstro (1932) de Michael Curtiz e O Vampiro (1933) de Frank R. Strayer, ambos com Lionel Atwil , ganhando o título “Rainha do Grito de Hollywood” décadas antes de Jamie Lee Curtis ser consagrada em Halloween (1978) de John Carpenter.

"King Kong" (1933). O papel da sua vida como a noiva do gorila

Em 1933, veio o papel que marcou sua carreira: Fay foi parar no topo do Empire State Building nas mãos de King Kong,, dirigido e produzido por Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, foi uma revolução tecnológica para a época graças à técnica do stop-motion de Willis o´Brien. Ela era Ann Darrow, uma atriz desempregada que era recrutada por Carl Denham (Robert Armstrong) para acompanhá-lo e a sua equipe numa expedição à Ilha da Caveira, onde o enorme gorila Kong é encontrado e capturado.

 

Para sempre na mão do símio vitaminado...

O gorila desenvolve uma afeição pela jovem, o que leva ao triste final, quando ele é abatido. O filme, foi rodado paralelamente a Zaroff, O Caçador de Vidas (1932) de Irving Pichel e Ernest B. Schoedsack, que aproveitava os cenários da selva de Kong, sendo filmado à noite, enquanto Kong era filmado de dia. Ambos os filmes eram produzidos pela RKO e tinham no elenco Wray e Armstrong.

Com Wallace Barry em "Viva Villa!" (1934)


Apesar de ter vivido diversos personagens e contracenado com ícones do cinema, como Gary Cooper e Spencer Tracy, a atriz ficou marcada como a eterna mocinha em perigo. “Costumava me ressentir de King Kong”, disse, em uma entrevista de 1963. “Mas não luto mais contra ele. Eu entendi que é um clássico e fico feliz de estar associada a ele”. Em sua autobiografia, ela confessou que, sempre quando chegava em Nova York e via a beleza imponente do Empire State, algo agradável acontecia: “Meu coração bate um pouco mais rápido”.


 

Ainda no início, em "O Monstro" (1932)


Após Kong atuou ainda em 1933 em Máscaras de Cera de Michael Curtiz, com com Lionel Atwil, Viva Villa! de Howard Hawks e Jack Conway, A Caprichosa de Phil Rosen (ambos de 1934) O Clarividente de Maurice Elvey com Claude Rains, Bulldog Jack de Walter Forde, com Jack Hulbert (ambos de 1935), Os 4 Filhos de Adão de Gregory Ratoff, com Ingrid Bergman, Melodia para Três de Erle C. Kenton, com Jean Hersholt (ambos de 1941) entre muitos outros.

"Máscaras de Cera" (1933). Sempre a "donzela em perigo"...


Depois de seu segundo casamento, em 1942, ela deixou a carreira artística, retomando-a em 1953. Pouco depois, ela passou a trabalhar apenas na televisão, fazendo participações em seriados. Em 1980, ela atuou ao lado de Henry Fonda em As Trombetas de Gideão de Robert L. Collins, longa televisivo que oficializou o fim de sua carreira. A atriz, afirmava que sempre iria ser lembrada pelo clímax do filme, quando o gorila gigante King Kong leva a personagem Ann Darrow (Wray) ao topo do Empire State de Nova York. "Eu olho para o edifício e sinto como se ele me pertencesse. Ou será que é o contrário?", afirmou a atriz em 1969.

 

Com Lionel Atwil em "O Vampiro" (1933). Ela fêz uma boa quantidade de filmes"B"

 

Questionada certa vez sobre os famosos e prolongados gritos que acompanham a seqüência, Wray disse que tinha em mente durante as filmagens que "a possibilidade de ser resgatada estava a quilômetros de distância".
Em outra entrevista, a atriz afirmou que "(King Kong) se tornou algo espiritual para muitas pessoas, o que também me inclui". Ela foi convidada para fazer uma pequena participação na refilmagem de 1976 de King Kong de John Guillermin (que teve Jessica Lange no papel interpretado originalmente por Wray), mas declinou da proposta por considerar o roteiro fraco. "Eles não deveriam ter tentado (fazer a refilmagem)".

 

Antes e depois. Ela faleceu antes de dar a sua contribuição à refilmagem de Peter Jackson

 

Fay Wray chegou s ser convidada para fazer uma narração para a refilmagem de King Kong de 2005 dirigida pelo neozelandês Peter Jackson, das trilogias O Senhor dos Anéis, e O Hobbit, mas faleceu antes de ter podido fazer essa colaboração, no seu apartamento em Manhattan.
Fay Wray deixou três filhos, uma longa obra no cinema e a inesquecível imagem da frágil dama nas mãos de Kong, o gorila apaixonado. 

Não só ele, mas milhões de espectadores.

 

Kathleen Burke


Kathleen Burke: Tipo exótico para os padrões hollywoodianos
 

Detentora de uma exótica e estranha beleza, Kathleen B. Burke ( 5 de setembro de 1913 9 de abril de 1980) foi uma atriz dos anos 1930, e modelo. Nascida em Indiana in 1913, Burke trabalhou como atendente dental em Chicago, antes de ganhar um show de talentos patrocinados pela Paramount Pictures para interpretar Lota a "Mulher-Pantera" em A Ilha das Almas Selvagens (1932) de Erle C. Kenton (filmado em dezembro de 1932), a primeira e melhor versão da obra de H.G. Wells A Ilha do Dr. Moreau. A competição, anunciada em julho de 1932, supostamente teria tido cerca de 60.000 concorrentes de todo o país. Burke foi anunciada como a vencedora em setembro 29. Mesmo sendo a melhor das três adaptações que o livro já recebeu, as mais famosas são de 1977 e 1996.


 

Lota a "Mulher-Pantera" de "A Ilha das Almas Selvagens" (1932). Personagem marcante


Este sucesso a levou a outras aparições nas telas pelos próximos seis anos, mais notavelmente como o principal papel feminino de Lanceiros da Índia (1935) de Henry Hathaway, com Gary Cooper, e Guerreiros da África de Charles Barton e Louis J. Gasnier com Cary Grant no mesmo ano. Participou de alguns filmes “B” como Nevada (1935) de Charles Barton com Buster Crabe (o Flash Gordon dos seriados) ou The Lion Man (1936) de John P. McCarthy.


Com Gary Cooper em "Lanceiros da Índia" (1935). Aventura colonial, onde o seu visual exótico foi valorizado

 

Ela casou-se com o dançarino Jose Fernandez em março de 1936 na época em que o seu contrato com a Paramount terminou. Seu último papel num filme foi em Rascals (1938) de H. Bruce Humberstone, uma comédia, e então ela retirou-se da atuação com a idade de 25 anos.
Ela e o marido mudaram-se para New York onde ela trabalhou com rádio teatro durante o ano de 1940. Mais tarde ela casou-se com Forrest Smith, mas pouco se sabe sobre a sua vida dos últimos quatro anos antes da sua morte. Ela morreu de falência respiratória decorrente de bronquite asmática em 9 de abril de 1980 aos 66 anos.

 

Carol Borland

 

Todo visual de "vampira" atual passa em algum grau por ela

 

Carroll Borland ( 25 de fevereiro de 1914 3 de fevereiro de 1994), mais conhecida pelo nome artístico de Carol Borland, foi uma professora, escritora e atriz americana. Ela é mais lembrada por ter interpretado Luna, a filha do personagem de Bela Lugosi, Conde Mora, em A Marca do Vampiro (1935) de Tod Browning, refilmagem do seu filme mudo de 1927, London After Midnight (estrelado por Lon Chaney) produzido pela concorrente MGM, ela é lembrada pelo icônico look da vampira com os seus longos cabelos negros e seus trajes longos e vaporosos criados pelo estilista Adrian para este filme.

 

Ela imortalizou o figurino bolado por Adrian, fazendo escola

Os designs visuais tanto da personagem Lily da série televisiva Os Monstros quanto o de Vampira, vivida por Maila Nurmi foram baseados em sua aparência impactante. Foi insinuado que ela vestia a “maior peruca feita em Hollywood", mas os longos cabelos eram mesmo dela. O seu personagem não fala a maior parte do filme, e anda como que em estado de transe. Nascida em San Francisco, Califórnia. Ela era uma estudante de artes dramáticas na UC Berkeley na época em que havia conseguido o papel. Ela havia previamente aparecido na montagem teatral de Drácula com Lugosi, num papel menor como uma de suas vítimas.

Borland chamou a atenção de Lugosi – e parte do elenco – escrevendo para ele sugerindo que Drácula não deveria morrer no final do livro, mas tornar-se pó quando o sol estivesse nascendo. Entretanto, ela era conhecida por exagerar a proximidade da relação paternal de Lugosi com ela; no livro de Richard Bojarski The Films of Bela Lugosi, ela descreve o seu funeral como se estivesse estado lá, e reinvindica ter estado, apesar de na realidade ela não ter comparecido.

 

"A Marca do Vampiro" (1935). O filme teve cerca de 20 minutos cortados pelo estúdio, eliminando supostas insinuações de incesto entre o Conde Mora (Lugosi) e sua filha Luna (Borland)

 

Borland retirou-se da atuação em 1953, apesar de suas outras aparições nas telas terem se limitado a um curta metragem em 1933 e a uma não aparição não paga no seriado Flash Gordon de 1936, até Fred Olen Ray escalá-la in his films Scalps (1983) e Vale da Morte (1985).

Sua novela, Condessa Drácula, foi publicada pela Magicimage Filmbooks em março de 1994, um mês após a sua morte por pneumonia aos 80 anos.

 

Simone Simon

 

Simone Simon: A eterna "Mulher-pantera"

 
Nascida Simone Thérèse Fernande Simon ( Bethune, Marselha, 23 de abril de 1911
Paris, 22 de fevereiro de 2005) foi uma atriz francesa notória por protagonizar um dos principais filmes do cineasta francês Jacques Tourneur, intitulado Sangue de Pantera (1942).


Seu pai era engenheiro e foi piloto de avião na segunda guerra mundial. Foi perseguido por ser judeu e acabou morrendo em um campo de concentração. Em 1931 ela partiu para Paris, onde iniciou a carreira de cantora. Simone também chegou a posar para fotos e tinha talento para a escultura e estilismo. Seus planos para se tornar uma grande figurinista tiveram fim quando ela foi vista pelo diretor Victor Tourjansky, que lhe ofereceu um contrato no cinema. Sua estréia veio em Le chanteur inconnu (1931). Era um papel pequeno, mas seu rosto delicado logo chamaria a atenção do público. Nesse ano, Simone participou dos filmes: La petite chocolatiere e Mam'zelle Nitouche, de Marc Allégret; Durand contre Durand, de Léo Joannon; e Pour vivre heureux, de Claudio de La Torre.

 
 

Com James Stewart em "O Sétimo Céu" (1937)


Os dois primeiros filmes também foram a estréia no cinema de Allégret, que depois viria a descobrir a atriz Brigitte Bardot, um dos grandes sex symbols do século XX. Simone Simon foi precursora do ideal de mulher inocente e muito sensual que décadas mais tarde Bardot viria explorar. A atriz também brilhou em Lac aux dames (1934) e Les beaux jours (1935), também de Allégret
Em pouco tempo Simone era uma das atrizes francesas mais amadas de seu país. Em 1935 ela partia para a América, onde foi contratada por Darryl F. Zanuck. Salientando que ela não sabia falar inglês, e foram necessárias várias aulas antes dela estrelar algum filme. Além disso, o início não foi fácil. Simone se desentendeu com alguns diretores da 20th Century Fox e foi demitida após 12 dias.


 

Com Jean Gabin em "A Besta Humana" (1938). Filme que lhe rendeu visibilidade num momento difícil


Após adoecer, decidiu desistir do contrato e retornar à França. Lá estreou alguns filmes antes de retornar aos Estados Unidos. Seu primeiro trabalho nos EUA foi Girls' dormitory (1936), de Irving Cummings, seguido por outros quatro filmes nesse ano e no seguinte, mas sem muito destaque até que finalmente protagonizou Ladies in Love (1936) ao lado de Loretta Young, Constance Bennett e a estrela Janet Gaynor. Mas ela era apenas o quarto nome em um elenco feminino, mesmo assim deixaria uma péssima impressão por causa do estrelismo que já mostrava no início da carreira. Seu primeiro sucesso foi O Sétimo Céu (1937) de Henry King ao lado de James Stewart.

Com Kent Smith em "Sangue de Pantera" (1942).Filme que a imortalizou definitivamente


Jean Renoir salvou sua carreira ao lhe oferecer em 1938 um papel em A besta humana, que lhe valeu um convite do diretor e produtor William Dieterle para interpretar a heroína de O homem que vendeu a alma (1941).

Sua interpretação neste último filme lhe serviu, entre outras coisas, para que o produtor Val Lewton lhe oferecesse o papel mais importante de sua vida, em Sangue de pantera (1942), de Jacques Tourneur, que a marcou definitivamente nos EUA. Nele, Simone intepreta Irena Dubrovna, uma personagem sérvia que trabalha com desenho de moda que tem constantes alucinações/sonhos com grandes felinos e, quando mergulha em sentimentos fortes como ciúme, raiva e lascívia, libera uma espécie de "pantera" assassina que guarda dentro de si. Ela e o americano Oliver Reed (Kent Smith) se conhecem num zoológico, se apaixonam e casam-se. Mas logo começam a ter problemas por conta e sua natureza volátil. O filme se encerra com alguns versos dos Sonetos Sacros de John Donne (Foi refilmado em 1982, com o título A Marca da Pantera dirigido por Paul Schrader com Natassia Kinski e Malcolm McDowell).

Com a menina Ann Carter em "A Maldição do Sangue da Pantera" (1944). Sequência controversa

 
Antes de deixar Hollywood, Simone Simon rodou Mademoiselle Fifi (1944) de Robert Wise, Johnny doesn't live here anymore (1944) de Joe May, A Maldição do Sangue da Pantera (1944) de Robert Wise e Gunter von Fritsch (que pouco ou nada tinha a ver com a versão original) e Temptation harbour (1946) de Lance Confort.
Depois da II Guerra Mundial, voltou para a Europa, onde trabalhou em obras importantes, como Petrus (1946), de Allégret; La ronde (1950), de Max Ophuls; Olivia (1951), de Jacqueline Audry; e Le plaisir (1952), também de Ophuls.

 

Uma de suas últimas participações foi em "La Femme en Bleu" (1973) de Michel Deville

 
A última aparição em cena de Simone Simon foi em 1967, quando atuou em La courte paille, de Jean Meyer, num teatro de Paris.
ela retornou novamente à sua terra, onde terminou sua carreira por falta de bons papéis. Simone Simon jamais se casou, e em geral era bem discreta em sua vida pessoal. A atriz faleceu aos 94 anos em Paris, em 22 de fevereiro de 2005. 

 

Belas que são feras...