O Assombroso Multiverso!!!

Dr. Estranho de Sam Raimi traz o terror ao UCM.

As Muitas Faces da Lua

Spector, Grant, Cavaleiro da Lua, as múltiplas personalidades do avatar de Konshu.

Adeus, Mestre.

George Perez e sua fantástica trajetória.

Eu sou as sombras.

The Batman, de Matt Reeves, recria o universo sombrio do Homem-Morcego.

Ser legal não está com nada...Ou está?

Lobo, Tubarão, Aranha, Cobra, Piranha...Que medo!!! Mas eles querem mudar isso.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

O "Pai" de Fox Mulder - Clássicos da TV: Kolchak - 50 Anos

 


O "Don Quixote" do fantástico


por Alexandre César


O pioneirismo de Dan Curtis e Darren McGavin
 
 

O Princípio: Pânico e Morte na Cidade (1972) 
 
 
Em Las Vegas, o corpo de uma jovem é encontrado sem sangue. Era só o início


“Capítulo Um: Esta é a história por detrás de uma das maiores perseguições da história. Talvez tenham lido sobre ela ou o que eles tenham deixado ler. Provavelmente como notícia secundária da última página. No entanto, o que aconteceu naquela cidade entre 16 e 28 de maio deste ano foi tão incrível que até este dia os fatos têm sido suprimidos num esforço massivo para salvar algumas carreiras políticas do desastre e os agentes da lei do embaraço. Esta vai ser a última vez que eu discuto estes eventos com alguém. Por isso quando tiver acabado este conto bizarro, julguem vocês a sua veracidade e depois tentem dizer a vocês mesmos, onde quer que estejam: poderia ter acontecido aqui”.


(Introdução de Carl Kolchak em Pânico e Morte na Cidade)
 
 

Carl Kolchak (Darren McGavin, para quem todos olham) confronta as autoridades sobre os estranhos crimes


Las Vegas, 1972. O jornalista Carl Kolchak (Darren McGavin - 1922 / 2006) se depara com uma série de assassinatos misteriosos, cujas vítimas são mulheres e que apresentam uma sinistra característica comum: falta de sangue nos corpos e dois pequenos orifícios no pescoço. Ele começa a coletar dados de seus informantes na noite - com direito a roubo de sangue dos estoques dos hospitais e testemunho de confrontos corpo-a-corpo das autoridades com um suspeito de força sobre-humana. 

As autoridades tentam manter sigilo sobre o que estava acontecendo para evitar pânico e por sentirem-se desmoralizadas pelo criminoso - que parece ser à prova de balas! Kolchak, após suas investigações, não demora a chegar à conclusão de que o assassino não era um louco fanático pelo Conde Drácula e sim um vampiro de verdade, imigrante do leste europeu. Para continuar apurando sua matéria, o repórter bate de frente com as autoridades locais - entre elas o xerife (Claude Akins de Sherife Lobo), o chefe de polícia (Charles McGraw) e o prefeito (Kent Smith) - e, inclusive, com Tony Vincenzo (Simon Oakland), o editor-chefe do seu jornal. Estando só e apenas contando com sua namorada, Gail Foster (Carol Linley, de O Destino do Poseidon), Kolchak decide continuar a investigar por conta própria aquela que poderia ser a reportagem da sua vida, obviamente correndo um enorme risco pessoal... 
 
 
Kolchak tem sua namorada Gail Foster (Carol Linley): seu porto seguro em meio as hostilidades à sua volta


Dirigido por John Llewellyn Moxey (Horror Hotel), produzido por Dan Curtis (Dark Shadows) e escrito por Richard Matheson, a partir de livro até então inédito de Jeffrey Grant Rice, Pânico e Morte na Cidade (The Night Stalker) foi exibido pela primeira vez no dia 11 de janeiro de 1972 e converteu-se num estrondoso sucesso, tornando-se o longa-metragem criado para a TV de maior audiência da história até então.  Com seu sucesso, o filme gerou uma continuação e teve uma série derivada:  The Night Stalker (no Brasil conhecida como Kolchak e os Demônios da Noite), o que o classifica como um dos melhores pilotos de seriados já feitos. 
 
 
O chefe de polícia Charles Masterson (Charles McGraw,) e o prefeito Tom Paine (Kent Smith) - ambos de pé - não querem pânico nas ruas



Coroando o filme, temos Barry Atwater, como o vampiro Janos Skorzeny. Numa performance convincente, sem dizer uma única palavra e utilizando apenas expressões faciais (tal qual as primeiras e clássicas caracterizações do Drácula de Christopher Lee)  e a composição da maquiagem de Jerry Cash, cria uma sinistra criatura da noite, sedenta por sangue, com os olhos vermelhos e pele pálida. A casa escura e sinistra em que ele vive apresentou easter-eggs de outras séries. 
 
 
O repórter chega a testemunhar um confronto das forças policiais com o suspeito...

...que além de super-forte se mostra à prova de balas!!!

 
O roteiro original de Richard Matheson descrevia Carl Kolchak vestido com uma bermuda e uma camisa Aloha, mas Darren McGavin discordou ("Isso não soa como ninguém que eu conheço"), optando por usar um figurino diferente. Enquanto lia sobre o personagem, McGavin notou que Kolchak havia sido demitido anos antes de um jornal de Nova York e pensou: "É isso! Ele não comprou um terno novo desde então!" Por isso Kolchak usa um terno dos anos 1950. Complementando a composição do personagem, ele tem o hábito de calçar tênis - numa época em que eles eram usados só por atletas, adolescentes e universitários - usa um chapéu fora de moda e sua pequena e inseparável câmera fotográfica. 
 

O agente do FBI (Ralph Meeker), o chefe de polícia e o xerife (de costas), muito a contragosto, acatam as sugestões de Kolchak sobre como lidar com o assassino

 
Nesse primeiro filme (rodado em 12 dias, aos custo de US$ 450.000 dólares) se nota, logo de cara, algumas características que iriam povoar a série posterior: o uso de efeitos especiais discretos (típicos de uma produção de baixo orçamento); o argumento central sempre apresentando uma origem que desafiava a lógica ou as leis da física para o fato ou a figura que conduz os eventos; Kolchak, cheio de lábia, aparecendo nas cenas de crime ou de última hora nas coletivas de imprensa, onde faz aquelas perguntas que ninguém tinha coragem de fazer. Após deixar as autoridades fulminando-o com um olhar irado (e com um suspiro de resignação) ele saía investigando e descobrindo a realidade dos fatos (por mais absurdos que fossem). E, ao final, o repórter acaba sempre sendo censurado, taxado de jornalista de reputação duvidosa. A verdade terminava ficando lá fora, longe do alcance das pessoas, e sobrando a Kolchak apenas as suas anotações e lembranças dos casos. 
 
 
Seguindo uma dica, Kolchak encontra o covil de Janos Skorzeny (Barry Atwater), a  terrível criatura da noite

 
Uma curiosidade foi que, durante as filmagens em Las Vegas, o produtor Dan Curtis constatou, surpreso, que, como vemos no filme, os jogadores do cassino estavam alheios a qualquer evento que acontecesse ao seu redor, tendo olhos apenas para os jogos de azar a que estavam dedicados. Então, como uma piada, ele convidou o ator Barry Atwater (Janos Skorzeny) a caminhar pelo cassino Saara completamente trajado e maquiado como seu personagem aterrador para ver se alguém o notava. Ele fez isso por mais de 40 minutos e ninguém lhe deu uma segunda olhada, tal a obsessão de todos os presentes por “ganhar uma bolada”. Só podemos especular sobre o que não deve estar caminhando por aí, se beneficiando pelo anonimato das ruas das grandes cidades... 
 
 
Por muito pouco, Kolchak não encerra sua carreira...
 



A S
equência: A Noite do Estrangulador (1973)
 
 
Nas escuras noites de Seattle, a cada 21 anos uma sombra espreita nas sombras...
 
 
... e mais uma bela mulher encontra seu trágico destino


“Esta é a história por trás da mais incrível série de assassinatos que já ocorreu na cidade de Seattle, Washington. Você nunca leu sobre eles em seus jornais locais ou ouviu falar deles em sua estação de rádio ou televisão local. Por quê? Porque os fatos foram diluídos, dilacerados e remontados... em uma palavra, falsificados". 
 (Introdução de Carl Kolchak em A Noite do Estrangulador)
 
 
Kolchak propõe a confecção de um retrato falado do estrangulador baseado nas testemunhas... 

... revelando um aspecto preocupante do assassino


Escrito novamente de forma inteligente e vibrante (com a mesma pitada de humor autoconsciente) por Richard Matheson, e agora dirigido pelo próprio produtor Dan Curtis, A Noite do Estrangulador (The Night Strangler -1973) traz novamente Darren McGavin no papel que ele nasceu para interpretar: o às vezes insuportável, embora cativante, repórter Carl Kolchak, com seu chapéu de palha, antiquado terno de lã e uma sutil peruca cobrindo a testa alongada que aparecia toda vez que ele tirava o chapéu nas primeiras tomadas. Também temos de volta Simon Oakland, retornando em seu trabalho como o permanentemente irritado editor-chefe Tony Vincenzo. Las Vegas foi trocada por Seattle, como o cenário da nova onda de crimes, praticada por um assassino que, após estrangular suas vítimas, retirava uma quantidade razoável de sangue de seus corpos. O objetivo do roteiro era dar ao público o mesmo tipo de trilha de eventos do filme anterior, refazendo a fórmula inovadora para a época (mistura de noir com horror). estabelecida no sucesso televisivo do ano anterior, The Night Stalker

 
 
As belas dançarinas Charisma Beauty (Nina Wayne) e Louise Harper (Jo Ann Pflug) se encontram no grupo de risco das vítimas do estrangulador

 
Assistindo aos dois filmes, um após o outro, fica óbvio que tudo em The Night Strangler - desde o monólogo introdutório, definindo o cenário para o que estamos prestes a ver, passando pela primeira vítima, uma jovem de boa aparência e com um pouco de má reputação, escolhendo um beco escuro para caminhar tarde da noite - foi construído para espelhar quase exatamente o primeiro filme. Está lá a mesma progressão dos eventos, em que acompanhamos a percepção fragmentada de Kolchak da história com que se deparou, o confronto do suspeito com força sobre humana com a polícia testemunhado pelo repórter... Até o desmascaramento final da criatura remete a The Night StalkerOnde esta segunda aventura de Kolchak se diferencia é no aumento do orçamento, graças ao sucesso do filme anterior. 

 
Uma tour pela antiga Seattle subterrânea é particularmente estimulante, graças ao maior orçamento do novo filme

 
Com um visual de alto contraste de luz, em contraponto a iluminação suave de The Night Stalker, e com impressionantes efeitos de neblina realizados na região subterrânea há muito abandonada de Seattle (se aquelas áreas de visitação ainda são daquele jeito, seria bem legal de visitar!), The Night Strangler tem um escopo teatral legítimo, que o original, por mais divertido que fosse, não chegava perto. 
 
 
Como toda a autoridade, o Capitão de Polícia (Scott Brady) adoraria estrangular Kolchak...

Investigando na velha Seattle, Kolchak encontra um lugar bem "exótico" em sua morbidez

 
É claro que é necessária uma certa suspensão de descrença ao vermos Kolchak e Vincenzo chegando à uma Seatle chuvosa, depois dele ser expulso de Las Vegas, para quase imediatamente tropeçar em uma nova série de assassinatos que levam a outro 'monstro' que poderá finalmente lhe trazer a consagração profissional (e quem sabe, o tão sonhado Prêmio Pulitzer) que todo repórter almeja.
 
 
Ao final de sua investigação ele acaba encontrando o sinistro Dr. Richard Malcolm (Richard Anderson)

 
Temos no filme algumas participações de veteranos do cinema e da TV: Margareth Hamilton (a Bruxa Má do Oeste, de O Mágico de Oz) como a historiadora Prof. Crabwel; Al Lewis (o Vovô de Os Monstros) como um mendigo bêbado; John Carradine (veterano dos filmes de horror da Universal) como o editor do jornal de Kolchak; e Richard Anderson, que interpretou macabro Dr. Richard Malcolm, o vilão. Um carniceiro vivo que alcançou a possibilidade da imortalidade bebendo a cada vinte e um anos um elixir que tem como ingrediente principal o sangue humano. Ele substitui o vampiro do primeiro filme, num resultado menos impressionante. A maquiagem final, refletindo o envelhecimento instantâneo do médico, também é pouco convincente, resultando numa aventura que não supera o filme original, mas lhe honra o legado.

Anderson se tornaria familiar do público televisivo mais tarde ao interpretar Oscar Goldman, o oficial do governo e chefe do homem biônico Steve Austin (Lee Majors) da popular série de TV O Homem de Seis Milhões de Dólares (também conhecida como Cyborg) e de seu spin-off, A Mulher Biônica
 
 
Após a interferênca de Kolchak, o Dr. Richard Malcolm reverte à sua idade real, com muito rancor do repórter


 
Exibido em 16 de janeiro de 1973, esta continuação obteve grandes índices de audiência. Com isso, chegou a se iniciar a pré-produção de um terceiro filme: 'The Night Killers'. Um roteiro foi escrito, apresentando o editor Tony Vincenzo contratando Kolchak para trabalhar para ele em outra cidade: o cenário seria Honolulu, no Havaí. Enquanto está lá, Kolchak descobre o encobrimento de um evento envolvendo OVNIs, uma usina nuclear e pessoas importantes sendo assassinadas e substituídas por andróides. Porém, Darren McGavin discordou do roteiro. Isso, aliado a sérias divergências que o ator tinha com o produtor Dan Curtis, fez a emissora ABC optar por desenvolver a série de TV em vez de continuar os filmes, demitindo Curtis da produção. 
 
 

No final, como sempre, Kolchak termina expulso e de mãos abanando




A série: Kolchak e os Demônios da Noite (1974-1975)


 


A série Kolchak: The Night Stalker foi veiculada entre 1974 e 75. Teve apenas uma temporada, com episódios de sessenta minutos, produzida por Francy Productions Inc. e pela Universal Television para a emissora American Broadcasting Company (ABC). Com a saída de Curtis da produção, Darren McGavin tinha mais poder para dar o rumo que ele queria à Carl Kolchak. Nosso herói continuava o seu trabalho de repórter investigativo, testemunhando e documentando casos estranhos e misteriosos, envoltos em situações sobrenaturais com presença de vampiros, demônios, zumbis, alienígenas e lendas urbanas em geral, sempre envolvendo o sobrenatural ou a ficção-cientifica.

A estreia da série "oportunamente" aconteceu numa sexta-feira 13. Para cortar alguns custos, McGavin dispensou Richard Matheson, que havia ganho o prêmio Edgar Allan Poe do Mystery Writers of America pelo roteiro do primeiro filme de Kolchak. Foram contratados outros roteiristas para desenvolverem histórias semanais, mantendo um conceito bastante similar ao dos longas e o tom abusado do protagonista. As histórias agora eram ambientadas em Chicago e Carl Kolchak passou a trabalhar para o ficcional INSIndependent News Service (Serviço de Imprensa Independente). Mantendo o clima dos melhores filmes de terror, McGavin preferiu não mostrar explicitamente seus monstros semanais, deixando, em geral, que ele fosse visto em sua totalidade apenas no final do episódio, explorando a imaginação do espectador. 
 
 
O editor Tony Vicenzo (Simon Oakland) continuava vetando as matérias de Kolchak



Também oriundo dos filmes, Simon Oakland continuava a ser seu chefe no jornal, Tony Vincenzo. Ele representava o outro lado da moeda, sempre desacreditando as reportagens de Kolchak e impedindo de torná-las públicas. Completando o elenco principal da série temos Ron Updyke (Jack Grinnage), um repórter rival da INS, e Emily Cowles (Ruth McDevitt), uma anciã colunista, que era a única pessoas por quem Kolchak demonstrava simpatia. A série trazia ainda boas doses humor negro e o repórter sempre era abençoado pela sorte, ao tentar resolver seus casos. Ele nunca tinha um plano realmente coerente para derrotar o vilão da vez e 
(desde o primeiro filme) era ruim de briga como a desgraça. Mas nada como ter os roteiristas do seu lado para salvar o seu pescoço... 
 
 
"The Youth Killer": Helen Surtees (Cathy Lee Crosby) é uma mulher que sacrifica jovens aos deuses gregos  para manter a eterna juventude


A série, fugindo aos padrões da época, era recheada de violência (tendo episódios censurados no Brasil). A edição final, feita com muitos cortes curtos ao invés de longos closes, aliada a uma excepcional fotografia, típica dos melhores filmes do gênero, dava um verdadeiro clima de suspense aos episódios. Kolchak enfrentava toda semana uma infinidade de criaturas fora do comum e no final nunca tinha de fato uma prova inquestionável que pudesse amparar suas histórias, que acabavam sempre sendo vetadas.
 

"Mr. R.I.N.G." : Um autômato (Craig. R. Baxley) e a Dra. Leslie Dwyer (Corinne Camacho), numa trama de estilo Frankenstein


Ao longo dos vinte episódios da série, apareceram vários veteranos de Hollywood mas os baixos índices de audiência decretaram o final prematuro da série, relegando-a ao ostracismo, sendo 
ocasionalmente reexibida pelo canal Sci Fi dos Estados Unidos. 
 
 
 
Como nos telefilmes, Carl Kolchak ia improvisando nos seus planos e contando com a sorte


No Brasil, Kolchak começou a ser apresentado em novembro de 1975 na TV Bandeirantes aos sábados às 22h30, ficando por lá até 1976, saindo por um longo período da televisão brasileira. A série só retornou à telinha por aqui em 1990, pela TV Record, sendo exibida diariamente às 22h30. Depois disso sumiu novamente do ar e nunca mais foi reapresentada. 
 
 
"Horror in the Heights": Harry Starman (Phil Silvers) pede ajuda à Kolchak sobre as mortes numa comunidade de idosos cometidas por um demônio hindu


O Legado: Arquivo X (1993-2002 / 2016-2018)

 
 
Se não tivesse existido Carl Kolchak, provavelmente não haveria Mulder & Scully


As aventuras de Kolchak serviram de fonte e inspiração para a cultuada e popular série de TV Arquivo X (The X-Files), criada por Chris Carter. Considerada um divisor de águas entre os seriados, ela durou entre 1993 e 2002, explorando em seus roteiros temas conspiratórios repletos de elementos de horror, mistério e ficção científica, com a verdade sobre casos bizarros sendo escondida da opinião pública. O agente do FBI Fox Mulder (David Duchovny) fazia um papel similar ao de Carl Kolchak, buscando revelar a verdade, por mais surreal que fosse. Representando o outro lado da moeda, tínhamos as autoridades e o homem apelidado de Canceroso (Wlliam B. Davis), sempre desacreditando as investigações de Mulder e de Dana Scully (Gillian Anderson), sua parceira inicialmente incrédula. 

Para não haver qualquer dúvida da relação de Kolchak com Arquivo X, basta lembrarmos de um dos "monstros da semana" mais lembrados da série: Eugene Tooms ( Doug Hutchison), um personagem que precisa matar um determinado número de pessoas de tempos em tempos para viver indefinidamente, tal como ocorria com o Dr. Richard Malcolm em The Night Strangler. Tooms surgiu ainda na primeira temporada de Arquivo X e é um dos três únicos "monstros da Semana" que aparecem em mais de um episódio da série. Darren McGavin participou dos episódios “Travelers” (5ᵃ temporada) e “Agua Mala” (6ᵃ temporada) como o ex-agente do FBI Arthur Dales, numa clara homenagem à série setentista. Dales foi, nos anos 50 do século passado, o primeiro homem da agência a investigar casos envolvendo o sobrenatural e o inexplicável, que ficaram conhecidos como "Arquivos X". McGavin faleceu pouco depois de sua última aparição no seriado. 

O ex-agente Artur Dales (Darren McGavin) com seu sucessor Fox Mulder (David Duchovny)



Frank Spotnitz, um dos roteiristas de Arquivo X tentou atualizar as aventuras de Carl Kolchak numa nova versão: Night Stalker (2005-2006), uma nova série, agora recontextualizada na Los Angeles atual. Apresentando Stuart Townsend como o repórter investigativo Carl Kolchak, que está atrás do assassino de sua esposa. Ele se une a repórter de matérias policiais Perri Reed (Gabrielle Union), o fotógrafo Jain McManus (Eric Jungman) e seu chefe Tony Vincenzo (Cotter Smith) para investigarem crimes estranhos que podem conter elementos sobrenaturais sombrios e podem ou não estar associados a morte da esposa do protagonista. Amargando baixa audiência e duras críticas, a série durou só uma temporada de 10 episódios. Parte do problema poderia estar no fato da série mais parecer uma cópia de Arquivo X do que um remake do seriado original. A dinâmica entre Kolchak e Reed é a mesma de Mulder e Scully. Além disso, Towensend parece um modelo de desfile comparado a versão desleixada, sem cara de galã e bem pouco preocupada com a moda criada por McGavin




Das outras séries também inspiradas nas aventuras de Kolchak, podemos citar:  

- Fringe (2008 - 2013), criada por J. J. Abrams, Alex KurtzmanRoberto Orci e Akiva Goldsman, com Anna TorvJoshua Jackson e John Noble

Sobrenatural (2005 - 2020), criada por Eric Kripke com Jansen Ackles e Jared Padalecki; 

- Buffy: A Caça-Vampiros (1997 - 2003), criada por Joss Whedon, com Sarah Michelle Gellar

Grimm (2011 - 2017), criada por Stephen Carpenter, com David Giuntoli. 

- Evil: Contatos Sobrenaturais (2019 - ainda no ar), criada por Robert e Michelle King, com Katja Herbers, Mike Cotter e Aasif Mandvi. 


Kolchak e os Demônios da Noite pode ter sido esquecido pelo público em geral, mas ganhou status de cult, inspirando novas gerações de criadores televisivos, que se apoiaram em suas aventuras para ousar vôos mais altos, sem esquecerem de referenciar aquele que foi o pioneiro, garantindo assim o seu lugar na cultura pop. 




 
Notas
 
 

1: Dark Shadows é uma telenovela sobrenatural, criada por Dan Curtis, veiculada entre 1966 a 1971 (no Brasil, conhecida como Sombras Tenebrosas) e protagonizada por Jonathan Frid, como o vampiro Barnabas Collins. A novela foi adaptada por Curtis para  o filme Nas Sombras da Noite (1970)  e sofreu um reboot em 1991 (aqui veiculada no canal MGM) com Ben Cross. Teve nova adaptação  como telefilme (2005), por P. J. Hogan, com Alec Newman e, mais recentemente para o cinema, por Tim Burton: Sombras da Noite (2012), com Johnny Depp e Michelle Pfeiffer


 
 

2: Richard Burton Matheson, (20/ 02/ 1926 – 23/06/ 2013) mais conhecido como Richard Matheson, além de escrever o roteiro de The Night Stalker e The Night Strangler , teve, dentre suas obras, o livro "Eu Sou a Lenda" (“I Am Legend”), que foi adaptado TRÊS VEZES para o cinema: Mortos que Matam (1964), A Última Esperança da Terra (1971) e Eu Sou a Lenda (2007). Outras obras do autor são: “Em Algum Lugar do Passado” (“Somewhere in Time”), que ganhou adaptação cinematográfica em 1980, e “Amor Além da Vida” (“What Dreams May Come”), transposto para o cinema em 1998. Foi roteirista de episódios de vários seriados, como: Além da Imaginação e Galeria do Terror, entre  muitos outros. 


 
 

3: Originalmente o autor tentava escrever um romance com um vampiro ambientado na Las Vegas contemporânea, mas seu manuscrito - “The Kolchak Papers” - não encontrou editoras interessadas. Graças à indicações de seu agente literário, ele acreditou que sua história funcionaria melhor como um roteiro de filme de TV, levando-o a vender sua história para a rede ABC





4: Numa clara homengam ao filme, Janos Skorzeny seria, anos depois, o nome do licantropo vivido por Chuck Connors no seriado O Lobisomem Ataca de Novo (1987-88), com efeitos de maquiagem do mestre Rick Baker




 
 

5: O ator Barry Atwater usou lentes de contato vermelhas para o seu papel como o vampiro Janos Skorzeny. Depois de usá-las por longos períodos, seus olhos ficaram muito sensíveis, e como resultado, não precisou delas para fazer seus olhos ficarem vermelhos em cenas posteriores. 






"The Devil´s Platform": (Tom Skerritt) como um político satanista

6: Astros veteranos, como Ken Lynch, Charles Kidman, Scatman Crothers, Dick Van Patten, Jan Murray, Larry Storch, Jeanne Cooper, Alice Ghostley, Victor Jory, Murray Matheson, Julie Adams (O Monstro da Lagoa Negra), John Dehner, Phil Silvers, Bernie Kopell (Agente 86), Marvin Miller, Jesse White, James Gregory, Hans Conreid, Mary Wickes, Henry Jones, Carolyn Jones (A Família Addams), Jackie Mason, Stella Stevens, Abraham Sofaer, David Doyle, Jim Backus, Kathleen Freeman, John Hoyt e Dwayne Hickman. Outros atores que deram a cara na série e posteriormente ficaram conhecidos, foram Eric Braeden, Tom Skerritt (Alien: O 8° Passageiro), Erik Estrada (C.H.I.P.s), Jamie Farr, Pat Harrington, Jr., Larry Linville e Richard Kiel (o Jaws dos filmes de James Bond).




"- Me diga,... tem alguma coisa horrível atrás de mim, não???"