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domingo, 16 de outubro de 2022

Construção de mundo suplantando os personagens - Crítica - Séries: O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder- 1ª Temporada

 

Lançando a pedra fundamental

por Alexandre César

Adaptação baseada em Tolkien alterna o profundo e o raso





Valinor, a terra dos elfos é apresentada no início, em sua beleza bucólica



“Não ria! Mas certa vez (há muito tempo minha crista caiu) tive a intenção de produzir um corpo de lendas mais ou menos interligadas, que abrangesse desde o amplo e o cosmogônico até o nível do conto de fadas romântico – o maior apoiado no menor em contato com a terra, o menor sorvendo esplendor do vasto pano de fundo – cuja dedicatória pudesse ser simplesmente: à Inglaterra; ao meu país. Deveria possuir o tom e a qualidade que eu desejava, sereno e claro, com a fragrância do nosso “ar” (o clima e o solo do Noroeste, isto é, da Grã-Bretanha e das regiões européias mais próximas: não a Itália ou o Egeu, muito menos o Oriente); possuiria (se eu conseguisse) a beleza graciosa e fugidia que alguns chamam céltica (apesar de raramente encontrada nas antigüidades célticas genuínas), mas deveria, ao mesmo tempo, ser “elevado”, purgado do tosco, digno de uma mente mais adulta, de uma terra há muito impregnada de poesia. Eu delinearia alguns dos grandes contos na sua plenitude, e deixaria muitos apenas situados no esquema, apenas esboçados. Os ciclos deveriam ligar-se a um todo majestoso, e ainda assim deixar espaço para outras mentes e mãos, munidas de tinta, música, drama. Absurdo.”


(John Ronald Ruel. Tolkien em carta a Milton Waldman, explicando com riqueza de detalhes o significado que pretendeu conferir à sua obra extraída de The Letters of J. R. R. Tolkien de Humphrey Carpenter e Christopher Tolkien)
  

Galadriel (Morfydd Clark) perdeu muitos entes queridos na guerra secular, travada pelos elfos e humanos contra Morgoth, o Senhor das Trevas



Desde as primeiras publicações de seus escritos, com O Hobbit (1937) lançando as bases de sua mitologia sobre a Terra-Média, até a publicação em julho de 1954 de sua obra máxima, a trilogia O Senhor dos Anéis, os escritos de Tolkien se caracterizavam por um avassalador senso de construção de mundo. Calcado em seus conhecimentos de mitologia, e em sua experiência acadêmica como linguista, o autor investiu sua vida no embasamento daquele que seria um dos pilares do imaginário fantástico, criando um legião de fãs devotos e, de um apego canino à obra, inspirando autores como George R.R. Martin (a série As Crônicas de Gelo e Fogo, que se tornou Game of Thrones) e Philip Pullman (a série Fronteiras do Universo) cineastas como George Lucas (Star Wars) o jogo Dungeons & Dragons (e outros jogos de tabuleiro), músicas de bandas diversas como Led Zepelin, Rush, Camel, Styx e Pink Floyd, adaptações para o rádio, e quadrinhos, etc...

 

Derrotado Morgoth, seu tenente Sauron, ascende como novo Senhor do Mal...

...sendo caçado obsessivamente por Galadriel por séculos a fio numa busca sem fim
 


Tolkien, tal qual seu colega acadêmico C.S. Lewis (As Crônicas de Nárnia) não via com bons olhos a idéia de adaptar para o cinema sua obra, por temer uma superficialização de temas que lhe eram tão caros, por questões de necessidades de condensar a narrativa em menos e duas horas para tornar a trama palatável ao espectador comum, dando algum crédito à animação*1.

 

Grão-Rei Gil-Galad (Benjamin Walker), Galadriel e Elrond (Robert Aramayo) representam a elite dos elfos, cada qual com sua característica dominante


 
A primeira tentativa de adaptação para a grande tela coube ao animador Ralph Bakshi (Fritz, The Cat) em 1978, que produziu a primeira versão animada que seguia o enredo de A Sociedade do Anel e de As Duas Torres, que seria dividido em duas partes*2. O desenho tinha muitos cortes e a qualidade da animação não era muito boa, mas serviu para dar uma maior visibilidade aos livros. mas, mesmo entre os fãs, nunca houve uma grande aceitação da animação. 

 

Galadriel e Elrond têm uma longa história de uma amizade sólida e de objetivos comuns


Mais feliz foi o neozelandês Peter Jackson que em 1999, resolveu adaptar a trilogia, convencendo a New Line Cinema, na época um estúdio de porte médio, a financiar a filmagem (nas belas locações da Nova Zelândia) dos três filmes simultaneamente, o que se mostrou uma ótima decisão, pois sabendo o que adaptar para um bom épico de fantasia e aventura, mas com ótimo elenco e direção afiada, a trilogia (lançada entre 2001 a 2003) mudou paradigmas e rendeu recordes de bilheteria (cerca de 3 bilhões de dólares no total, entre cinema, DVDs e derivados), além de ter acumulado dezessete Oscars, sendo 4 para o primeiro, 2 para o segundo e 11 para o terceiro (igualando Ben-Hur e Titanic) e de quebra tornou a New Line Cinema, num estúdio de primeira grandeza, bem como catapultou a carreira de seu elenco, e de Peter Jackson, e da sua produtora Wingnut Films colocando a Nova Zelândia no mapa cinematográfico (e incrementando o turismo local), além de tornar, a WETA Workshop e a WETA Digital em dois grandes pólos locais de criação e execução de efeitos visuais e material cenográfico de altíssimo nível, rivalizando com empresas de grande porte hollywoodiano, gerando divisas para o país. 

 

Galadriel é despachada por Gil-Gallad, de volta para Valinor, para curar suas feridas emocionais...
... o que ela desobedece, atirando-se às águas e mais adinte unindo-se ao náufrago Halbrand (Charlie Vickers), de origem nebulosa



Posteriormente Jackson retomaria ao universo de Tolkien, adaptando para o formato de trilogia O Hobbit (lançados entre 2012 e 2014) desta vez com menos controle criativo, mas ainda, bem acima da média das produções concorrentes. Ironicamente, apesar das ótimas críticas da trilogia O Senhor dos Anéis, o filho do autor, Christopher Tolkien se opôs a várias decisões de Peter Jackson, pois segundo ele “ Eles evisceraram o livro, tornando-o uma franquia de ação para jovens de 15 a 25 anos...” não poupando críticas à “abordagem hollywoodiana” de Jackson, pois para ele “Tolkien se tornou um monstro, devorado por sua própria popularidade e absorvido pelo absurdo de nosso tempo”, acrescentando que “O abismo entre a beleza e a seriedade e o que ele se tornou, acabou comigo. A comercialização reduziu a uma estética e filosofia vazias. Para mim, só há uma solução: virar a cara” recusando se encontrar com Jackson para algum entendimento para se adaptar O Hobbit, o que demoveu de Jackson a vontade de adaptar O Silmarilion, outra obra fundamental de Tolkien. 

 

O acrobático Arondir (Ismael Cruz Corodova) é um elfo silvestre que pressente a volta do mal no seu território


Os anos passaram e após muitas lutas nos tribunais entre A Warner Bros e o Tolkien Estate (entidade formada por membros da família do autor britânico, como Baillie Tolkien, Simon Tolkien, Michael George Tolkien e pelo advogado Steven Andrew Maier, que detém os direitos sobre o licenciamento de obras baseadas no autor) em 2020, após o falecimento de Christopher Tolkien, as partes entraram em um acordo*3, o que permitiu mais tarde uma nova negociação, agora com a Amazon Prime Video, que comprou por 250 milhões de dólares os direitos das obras, tendo ganho a guerra à HBO e à Netflix, cujas propostas não interessaram ao Tolkien Estate*4 . A série que a Amazon se propõe a transformar a história de J.R.R. Tolkien numa série de televisão e streaming, com um orçamento de 500 milhões de dólares para as duas primeiras temporadas, sendo um orçamento superior ao de muitos filmes, o que faz com desta produção, a mais cara da história das séries televisivas. 

 

Arondir cuida de Bronwyn (Nazanin Boniadi) uma curandeira (e seu "crush") e de seu filho Theo (Tyroe Muhafidin) além dos aldeões da região



Criada por John D. Payne e Patrick McKay baseada em O Senhor dos Anéis e nos apêndices de J. R. R. Tolkien com consultoria de Simon Tolkien*5, O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder se propõe como uma grande prequel dos livros (e visualmente, dos filmes) narrando os desdobramentos do final da Primeira Era da Terra Média, quando elfos saíram de Valinor, sua terra, e uniram-se aos humanos para combaterem Morgoth, senhor do mal, destruindo-o, à grande custo, mas abrindo caminho para seu discípulo Sauron tomar o lugar de perigo real e imediato, se posicionando como o grande mal de fato, e que futuramente desembocará nos eventos já conhecidos dos fãs, sejam eles dos livros, ou dos filmes.

 

Os orcs, são particularmente horrendos, fruto de um ótimo trabalho de maquiagem protética

Os orcs são liderados por Adar (Joseph Mawle) um elfo corrompido, transformado no primeiro Uruk-Tai

Visualmente, A série é uma experiência encantadora graças à fotografia de Aaron Morton (Sombra e Ossos), Alex Disenhof (Watchmen) e Oscar Faura (Jurassic World: Reino Ameaçado) que valoriza as belas locações da Nova Zelândia, e que mantém a mente do espectador, receptiva aos prazeres da alta fantasia, cujos valores de produção são acima da média, justificando seu altíssimo orçamento, embora em alguns momentos, seu impacto se dilua face às limitações narrativas da direção e do roteiro, que resgata o tom mais contemplativo do texto de Tolkien, afastando boa parcela do grande público, em comparação com a dinâmica e o tom narrativo mais familiar de, por exemplo, Casa do Dragão, cujo mix de direção-roteiro-interpretações-valores de produção é impecável (ainda que com um orçamento comparativamente menor) mas cuja caracterização mais pé-no-chão tornou-se mais relacionável do que os galantes heróis e os caricatos vilões tolkienianos


Sadoc Burrows (Lenny Henry ao centro) chefe dos Pés-peludos (proto-hobbits errantes) "lê" as indicações nos céus e nas estrela de que algo de mal está para acontecer


Podemos avaliar que a tônica da temporada foi a construção de mundo, feita de forma desigual, dividindo a narrativa em quatro núcleos, que se alternam, e se fundem na conclusão da temporada, com exceção do último que sempre se mantém à parte e só deve se comunicar com os demais nas próximas temporadas (estão programadas cinco até este momento) ou talvez apenas na última. 

 

Popi Proudfellow (Megan Richards) e sua amiga Nori Brandyfoot (Markella Kavenagh) ao presenciarem a queda de uma estrela cadente, encontram em seu interior...

 

Os dois primeiros episódios (A Sombra do Passado e À Deriva) são impecáveis nesta construção, havendo daí, grande oscilação. Os showrunners conseguiram uma boa modernização de arquétipos, com a construção de um elenco diverso designado a papéis (tradicionalmente masculinos e brancos), bem como na contestação de narrativas como a do rei predestinado que ganha a adoração do seu povo, aqui substituído pela liderança pragmática (e, frequentemente, feminina) que os fez sobreviver e triunfar em batalha. Mas, infelizmente, apesar dos esforços da edição de Stefan Grube (Star Wars: A Ascensão Skywalker), Cheryl Potter (Expresso do Amanhã), Jochen FitzHerbert (Inside), Jaume Martí (Todos Mentem) e Bernat Vilaplana (Penny Dreadful), a narrativa da obra nunca encontrou um bom ritmo ou desenvolvimentos adequados, sendo a temporada toda uma longa introdução, em alguns momentos andando em círculos, e em outras situações, resolvendo importantes acontecimentos de forma súbita, com segmentos desnecessários, conveniências ruins, além de desdobramentos bastantes previsíveis, dificultando capturar a essência de aventura e o encantamento de uma jornada do universo da Terra-Média, num deleite aos olhos que nos faz relevar muuitas coisas... 

 

O Estranho (Daniel Weyman) um gigane, meio confuso, mas que revela poderes incríveis...
...sendo caçado por um grupo sinistro de mulheres misteriosas


Esta primeira temporada, acompanha a jornada de amadurecimento de Galadriel (Morfydd Clark de His Dark Materials: Fronteiras do Universo) que, de guerreira élfica, ao final se torna aquela mulher sábia e diplomática dos livros e filmes*6. Ela se apega à lembrança de seu irmão Finrod (Will Fletcher de The Road Dance), morto na guerra contra Sauron. Após séculos de luta, ela é despachada pelo Grão-Rei Gil-Galad (Benjamin Walker de Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros) soberano (meio blasé) dos elfos de volta às terras élficas, mas ela retorna à nado e encontra entre náufragos, Halbrand (Charlie Vickers de Medici: Mestres de Florença) herdeiro do trono das terras do sul, um outsider (como Aragorn). Os dois são salvos e levados para Numenor, por Elendil (Loloyd Owen de Cleaning Up), Capitão do exército numenoriano e pai de Isildur (Maxim Baldry de Years and Years), futuro rei que cortará o dedo de Sauron. Lá Galadriel, após várias discussões, convence a Rainha Regente Miriel (Cynthia Addai-Robinson de Spartacus), soberana de Numenor a montar uma expedição às Terras do Sul, e combater o mal. Entre os soldados, temos Valandil (Alex Tarrant de Vegas) e Ontamo (Anthony Crum de The Wild: Vidas Selvagens) amigos de Isildur que basicamente não têm peso real na narrativa.

 

Resgatados, Galadriel e Halbrand chegam a Númenor, poderoso reino e potência naval



Elrond (Robert Aramayo de King´s Man: A Origem) meio-elfo (amigo de Galadriel) e seu amigo, o Príncipe Durin IV (Owain Arthur de O Grande Ivan) dos anãos, que compartilham grande amizade (apesar de rusgas iniciais) descobrem o Mithril: metal precioso (fêz a cota de malha de Frodo) levantando grande oposição do Rei Durin III (Peter Mullan de Westworld), pai de Durin IV. A Princesa Disa (Sophia Nomvete de Swashbuckle) esposa de Durin IV, apoia o marido. Elrond e Durin IV unem esforços ao Lorde Celebrimbor (Charles Edwards de The Crown) elfo-artesão que ambiciona criar algo superior usando o Mithril, que ajude os elfos a não definhar na Terra-Média

 

Galadriel, convence a Rainha Regente Miriel (Cynthia Addai-Robinson) sobre a gravidade da situação. A soberana lhe revela um grave segredo e uma relíquia perigosa



Arondir (Ismael Cruz Corodova de O Mandaloriano) elfo silvestre (cuja performance acrobática como diria a música, o faz “tranquilo e infalível como Bruce Lee”), que pressente o grande mal que se avizinha nas Terras do Sul. Ele zela por Bronwyn (Nazanin Boniadi de O Escândalo) uma curandeira e seu interesse amoroso, e por Theo (Tyroe Muhafidin de Two Sands) filho de Bronwyn. Arondir encara a hostilidade dos habitantes, como Waldreg (Geoff Morrell de Harrow) velho implicante e mesquinho, e descobre uma infiltração de orcs, chefiados por Adar (Joseph Mawle de Game of Thrones) elfo caído e o primeiro Uruk-Tai, um dos grandes vilões da temporada com um plano que muda por completo o panorama da Terra-Média. A caracterização dos orcs e demais povos, é competentemente assustadora, graças ao trabalho de hair e make-up designer de Jane O´Kane (Megatubarão) Clare Ramsey (Lovecraft Country) e Irina Strukova (Britannia) e ao design e execução de criaturas e armamento por Weta Workshop Limited que honram o legado das trilogias de Peter Jackson.

 

Elrond e seu amigo, o Príncipe Durin IV (Owain Arthur) dos anãos, se unem para explorar uma grande descoberta
Na série vemos Moria em seu apogeu, que futuramente, terá um triste destino

 No núcleo dos Pés-peludos (proto-hobbits), povo nômade, a jovem Nori Brandyfoot (Markella Kavenagh de A Verdadeira História de Ned Kelly) e sua amiga Popi Proudfellow (Megan Richards de Pan Tau) presenciam a queda de uma estrela, saindo O Estranho (Daniel Weyman de Águas do Norte) um gigante confuso, que se torna amigo de Nori, apesar do temor de sua mãe Marigold Brandyfoot (Sara Zwangobani de Doctor Doctor), seu pai Largo Brandyfoot (Dylan Smith de Maze Runner: A Cura Mortal), de Dilly Brandyfoot (Beau Cassidy de Nude Tuesday), sua irmã caçula e, de Sadoc Burrows (Lenny Henry de Sandman) chefe dos Pés-peludos. Ao final da temporada, Nori e o Estranho caminham, embalados pela bela música de Bear McCreary (Fundação) a partir dos temas de Howard Shore (Crimes do Futuro) para uma grande aventura, o que é a essência de O Senhor dos Anéis: A exploração, o senso de descobrimento e de se embarcar numa grande jornada... algo que o seriado mostrou dificuldade em adaptar, em sua plenitude. 

 

Elrond se une ao supremo artesão Lorde Celebrimbor (Charles Edwards) num projeto ambicioso

 

O núcleo mais fraco é o de Numenor, onde se nota uma grande barriga narrativa, sendo repetitivo, lento e cheio de cenas desnecessárias, seja no desenvolvimento dos personagens, até no design de produção e nos figurinos de Kate Hawley (O Chamado da Floresta), que aqui, carecem de um realismo táctil maior (herança das trilogias de Peter Jackson), coisa que é melhor resolvida nos outros arcos, havendo grande alternância no arco de Arondir, com ótimos momentos, seguidos de outros de menor força. No 6° episódio (Údun) finalmente a ação engrena quando o plano de Adar é finalmente posto à prova, de modo catastrófico. Do 7° (O Olho) ao 8° episódio (A Liga) acontecem os desenlaces, preparando o que se seguirá na temporada seguinte, havendo ao final uma grande reviravolta quanto à real identidade de um personagem, culminando na forja da primeira leva de anéis (os dos elfos), mostrando que a Terra-Média e seus habitantes, já convivem em graus variados com um grande mal que está se formando... 

 

Na batalha final, ocorre a união de personagens díspares como a Rainha Regente Mirie, Arondir e Halbrand, enfrentando um desafio comum

 

 O inspirado desenho de produção de Ransey Avery (Hotel Artemis) e Rick Heinrichs (Star Wars: Os Últimos Jedi) auxiliado pelas equipes de direção de arte chefiadas por Jules Cook (A Múmia), Mark Robins (Ataque dos Cães) John Dexter (Era Uma Vez Em... Hollywood!) e a decoração de sets de Megan Vertelle (Sweet Tooth) e Victor J. Zolfo (Contos do Loop) recria ambientes queridos dos fãs como as Khazad-dûm, ou Mordor, em momentos anteriores aos já conhecidos, nos permitindo acompanhar sua transformação, complementados pelos ótimos efeitos visuais de Industrial Light & Magic (ILM), Wëtã FX, Method Studios, Rodeo FX, Cause and FX, Atomic Arts LTD, Cantina Creative, supervisionados por Jason Smith (Kong: A Ilha da Caveira) tem grande importância na construção de mundo, em suas panorâmicas, ou revelando momentos-chave, como o surgimento da Montanha da Perdição de uma erupção vulcânica espetacular. 

 

A direção de arte e os efeitos visuais são um deleite à parte na criação de elementos da iconografia do universo Tolkieniano...

...mantendo um pé nas obras literárias, e outro nos visuais das rilogias de Peter Jackson

 

Ao final, a direção (que poderia ter variado mais o tom dos intérpretes de cada raça) e a montagem inconstante ao longo da temporada, nos deixa a incômoda sensação (de forma similar com A Roda do Tempo), de que a Amazon Prime Video ainda não consegue acertar com as séries de fantasia, (apesar do grande esforço investido neste seriado). Mas apesar De tudo isso, O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder se firma ao trabalhar a sua narrativa, numa forma mais consciente de ser uma série de TV de moldura clássica, com um arco narrativo tradicional, do que o do mandato pré-definido de cinco temporadas, no formato de contar sua história, pois como diriam os hobbits, simplicidade não é inferioridade...


Ao final da temporada, a primeira leva de anéis (a dos reis elfos) é forjada


Notas

 

Nunca convide J.R.R.Tolkien e C.S.Lewis para uma reunião com Walt Disney


*1: Tanto Tolkien quanto Lewis, apesar de reconhecerem seu esmero técnico e valor estético, desprezavam Walt Disney, por considerar suas animações simplórias e piegas, tanto que os dois nunca se interessaram em ceder os direitos de adaptação de suas obras para ele por não gostar da idéia de verem suas obras reduzidas à parâmetros hollywoodianos. 


Capa do DVD da animação

*2: A outra parte, O Retorno do Rei, em 1980, acabou se tornando um especial animado para a TV pela produtora Rankin-Bass, que tinha produzido uma versão similar à O Hobbit em 1977.


O filho, Christopher Tolkien

*3: Quando os herdeiros venderam os direitos de O Senhor dos Anéis e O Hobbit aos executivos da Warner em 1969, também garantiram o direito "limitado" a comercializar objetos tangíveis, mas segundo os herdeiros, o estúdio "Nos últimos anos e, particularmente, depois do sucesso financeiro e de crítica sem precedentes dos filmes, atuaram cada vez com mais audácia numa série de usurpações de patentes", afirmado no documento, que pedia 80 milhões de dólares em danos. A demanda, apresentada em um tribunal federal de Los Angeles, alegava ainda que o uso dos personagens da Terra Média nos jogos de apostas "indignou os fãs devotos, provocando um dano irreparável no legado e na reputação" do autor da saga. 

 


4: a proposta da Netflix teria “assustado completamente” os responsáveis pela obra de Tolkien, sendo entendida como uma “abordagem da Marvel, já que consistia em séries separadas baseadas em diferentes personagens conhecidas dos filmes, como Gandalf ou Aragorn. Quanto à proposta da HBO, ela consistiria num ‘remake’ da trilogia de filmes de O Senhor dos Anéis, o que também não interessou aos herdeiros de Tolkien, por seguir uma via já conhecida do grande público, e cuja comparação seria inevitável.


J.R.R.Tolkien e seu neto Simon

5: Desde antes de seu falecimento em 2020, Christopher Tolkien já havia abandonado a posição de curador do espólio do pai, e por isso, não se envolveu na produção de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, cabendo esta tarefa a seu filho Simon Tolkien, que numa entrevista até foi respeitoso com os filmes de Peter Jackson, reconhecendo que seu avô dificilmente gostaria de qualquer tipo de adaptação que fosse feita à sua obra, por melhor que fosse o resultado. 

 



*6: O perfil de Galadriel enquanto guerreira encontra eco nos escritos de Tolkien em “Contos Inacabados”, ao descrever que Galadriel “era brilhante na mente e veloz na ação” e “apesar de ter lutado ferozmente contra Fëanor”, sendo descrito na sua Carta N° 348 que “Na época ela era de disposição amazona”

"♪♫ Pela montanha da Perdição afora eu vou bem sozinho, tomar o poder da Terra-Mediazinha...♪♫"