quarta-feira, 12 de outubro de 2022

E assim, se passaram 60 anos... - Resenha - Filmes: - 007 Contra o Satânico Doutor No (1962)

 


Meu nome é Bond...


por Alexandre César

A datada e divertida primeira aventura do super-espião
 
 

Logo na abertura, a cargo de Maurice Binder, vemos que não será mais um filme qualquer


Em 05 de outubro de 1962, estreava nos cinemas ingleses 007 contra o Satânico Dr. No *1 (Dr. No) dirigido por Terence Young, lançando aquela que seria a mais longa e bem-sucedida franquia da cultura pop, atravessando gerações. Se hoje é comum vermos os heróis da Marvel, Star Wars e etc... bombando nas telas, as aventuras de Bond, James Bond, o agente secreto de Sua Majestade, tem o mérito de embalarem as fantasias de boa parte do fandom, passando de pai para filho e... para neto (ou até bisneto...), numa mostra de vigor e capacidade de adaptação poucas vezes atingidos na história da Sétima Arte. Se isto não é exemplo da tão falada resiliência, não sei como definir.
 
 
"M" (Bernard Lee, de costas) instrui James Bond (Sean Connery, ao centro ) sobre a sua missão, e lhe ordena a trocar sua pistola Bereta pela Whalter PPK
A secretária de "M"  Mis. Moneypenny (Lois Maxwell) e seu eterno flerte (não consumado) com James Bond

Baseado no romance de Ian Fleming, O espião do serviço secreto britânico (muitos anos depois se assumiria que ele é um agente do MI-6*2) com permissão para matar (daí o 00) havia surgido na década de 1950 numa bem sucedida série de livros, tendo se iniciado em Cassino Royale, e ao contrário dos espiões angustiados e torturados de John le Carré*3, Bond é quase um bon vivant que gosta de fazer jogos mentais com seus algozes, em aventuras com muitas mulheres e manobras arriscadas (Fleming revelou numa entrevista que criou o personagem “como a fuga da rotina de um bom casamento estável”). A popularidade dos livros inclusive foi aditivada no mercado americano por John F. Kennedy (um dos mais populares presidentes da época) haver citado numa entrevista que Dr. No era na ocasião, seu livro de cabeceira. O cinema era inevitável... 
 
 
Parceiros no crime: Os produtores Albert R. Brocoli e Harry Saltzman


 
O filme, produzido por Albert R. “Cubby” Broccoli e Harry Saltzman pela United Artists, não era a primeira opção dos produtores, mas foi escolhido para ser o primeiro livro a ser adaptado para o cinema, pois eles não possuíam os direitos do livro Cassino Royale, e Thunderball (Chantagem Atômica) fazia parte de uma disputa judicial entre Ian Fleming e Kevin McClory, e Goldfinger teria sido consideravelmente mais caro, ficando, então 007 Contra O Satânico Dr. No como a melhor escolha em vista o orçamento limitado disponível. 
 

Antes de partir para a Jamaica, Bond tem de lidar com uma intrusão em seu apartamento
Logo Bond tem de lidar com ameaças, colocando sua licença para matar à prova


O roteiro de Richard Maibaum, Johanna Harwood e Berkely Mather estabelece que Bond está no Serviço Secreto há cerca de dez anos, e vemos o momento em quele troca (à contragosto) a sua pistola Bereta, pela Walter PPK, característica à seção 00, e nos apresenta elementos que se cristalizariam por moldar toda a franquia, numa fórmula que se repetiu por toda a série, como a frase "My name is Bond, James Bond*4", as locações exóticas, os personagens M (Bernard Lee), chefe de Bond e sua secretária Mis. Moneypenny (Lois Maxwell), que sempre flerta com ele; Felix Leiter (Jack Lord que brilharia como Steve McGarreth em Hawaii 5.0), o colega da CIA; o vilão megalomaníaco e caricato; a organização malévola cujos planos ameaçam o “Mundo Livre”; as belas e objetificadas mulheres, como Sylvia Trench ( Eunice Gayson, a primeira Bond Girl*5); Zena Marshall, Marguerite Lewars e Honey Ryder (Ursula Andress, que ganhou o Globo de Ouro de revelação pelo filme) que não resistem à Bond, cuja caracterização como um espião britânico difere de tudo já visto no cinema, sendo inteligente, audacioso, destemido, galanteador e, frio... tal objetificação feminina reflete o retrato social da época e o papel da mulher na sociedade da época, coisa que em sua trajetória, a série foi retrabalhando à medida que os anos passavam e Bond teve que se reinventar. 

 
O agente da CIA Felix Leiter (Jack Lord de óculos) e Quarrel (John Kitzmuller) inicialmente se "estranham" com James Bond mas logo entram em acordo


No filme, ambientado numa Jamaica recheada dos estereótipos, europeus da época, um agente do MI-6 e sua assistente são mortos por “falsos cegos”, e logo James Bond é despachado para investigar o desaparecimento. Logo ao desembarcar é recebido no aeroporto e levado por um motorista à sua espera (na verdade um capanga que se disfarçou de motorista). Após uma cena de luta fraca (porém bem coreografada) o falso motorista se suicida, para não revelar seu mandante. Na Embaixada, Bond se apresenta e, após algumas investigações, descobre que um pescador, Quarrel (John Kitzmuller), ajudava tanto agente morto, quanto ao agente da CIA, Felix Leiter. Leiter revela estar investigando interferências no sistema de orientação dos foguetes de Cabo Canaveral, que apontam a origem destas interferências serem oriundas de uma ilha vizinha
de propriedade de um misterioso Dr. Julius No, que tinha apenas uma mina de Bauxita. Bond se prepara para invadir a ilha e enfrentar o que der e vier... 
 
 

No 39° minuto surge o primeiro "cenário de filme de James Bond" com direito à voz ameaçadora do Dr. No

Uma aranha é introduzida para eliminar Bond, numa cena tensa, mas mal-finalizada

 
Inicialmente Ian Fleming queria que Roger Moore interpretasse Bond, mas o ator não aceitou o papel, pois já estava comprometido com a série de TV O Santo (mas anos depois teria uma segunda e, bem sucedida chance). Outros nomes cogitados foram o de Max Von Sydow, Cary Grant, David Niven, Trevor Howard e Rex Harrison, mas coube ao jovem Sean Connery a incumbência de personificar o agente, após ter seu nome sugerido pela esposa do produtor Albert R. “Cubby” Broccoli, que o tinha visto atuar em A Lenda dos Anões Mágicos (Darby O’Gill And The Little People) uma produção da Disney de 1959. Broccoli ficou particularmente impressionado com a briga que Connery tem com um valentão da vila no clímax do filme. Ao final, à despeito das objeções de Fleming*6 Connery (que mesmo aos 32 anos, usou uma peruca nas filmagens) se mostrou uma escolha acertada, imprimindo grande virilidade e um senso de humor sutil ao papel, não deixando dúvidas quanto a ser apenas uma boa estampa*7
 
 
Bond e Quarrel decidem invadir a ilha do misterioso Dr. No


Aqui vale ressaltar a forma como a direção de Young vai nos apresentando gradativamente o vilão, sendo um trunfo o suspense feito em torno do personagem, com doses certas de suspense e mistério ao revelar inicialmente sua voz, na cena (com o primeiro “cenário de James Bond”) em que ele questiona um de seus seguidores sobre o porquê Bond ainda vive; e mais adiante, surgir como uma sombra, e avaliar seu oponente desacordado, e no momento certo, ele finalmente aparece, na performance contida, mas marcante de Joseph Wiseman cuja presença marcante, não nos decepciona, com suas mãos artificiais, toda a sua malícia e frieza, sendo um vilão que certamente amaríamos odiar. 
 
Na ilha, Bond encontra a bela Honey Ryder (Ursula Andress) que colhe conchas, apesar do perigo dos capangas de Dr. No
O "dragão" (na realidade um blindado com lança-chamas) elimina Quarrel

 
Sua origem, fiel ao livro, era a de um filho bastardo de um rico alemão com uma chinesa, de educação refinada e mente brilhante voltada para o mal, com suas mãos mecânicas, que se tornou o primeiro grande vilão de Bond, e um modelo para todos os megalomaníacos caricatos com objetivos absurdos que se seguiriam como Goldfinger, Blofeld, e que mais tarde, trariam o acréscimo dos capangas quase indestrutíveis como Odjob, Jaws, etc... e de quebra temos também a primeira citação à ESPECTRE, acrónimo para “SPecial Executive for Counter-intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion” que traduzindo para português vira “Agência Especial de Contra-Informação, Terrorismo, Vingança e Extorsão”. Que daria muitas dores de cabeça à Bond e ao “Mundo Livre” nos filmes posteriores. 
 
 
Honey Ryder e James Bond são recolhidos pelos auxiliares do Dr. No, que checam a radiação de seus corpos


Ao criar o vilão Dr. Julius No, Ian Fleming se baseou no Dr. Fu Manchu de Sax Rohmer, vilão estereotipado que encarnava o “perigo amarelo”*8 e queria que seu primo, o ator Christopher Lee (o célebre Drácula dos filmes da Hammer), fosse o intérprete do Dr. No. Lee terminou não pegando o papel, mas encarnou outro vilão da série, em 007 Contra O Homem Com A Pistola De Ouro (1974) de Guy Hamilton, como o pistoleiro Francisco Scaramanga. Curiosamente, Lee interpretou o Dr. Fu Manchu em A Face de Fu Manchu (1965) de Don Sharp, numa série de 5 filmes. Fleming ainda convidou o ator Noel Coward para o papel do Dr. No, ao que o ator respondeu dizendo: “- Dr. No? No! No! No!”. Mas tão marcante quanto a ação bem dinâmica, a vodca (mexida, não batida), as belas Bond Girls e o tema marcante de Monty Norman*9, ou sua abertura psicodélica, cuja sequência inicial elaborada, do ponto de vista do cano de uma arma (criadas pelo designer Maurice Binder), outro elemento marcante que virou referência não só para a série, mas para o gênero da espionagem como um todo, surgiu aqui: as bases super- secretas de seus vilões megalomaníacos (feitos com um orçamento mínimo pelo designer de produção Ken Adam), que sempre teve um pé no brutalismo estrutural e outro no Sci-Fi de cunho mais High Tech, mesclando suas paredes rochosas com janelas submarinas e equipamentos científicos e instalações sofisticadas (com uma réplica de um quadro pintado pelo Duque de Wellington que fora roubado em 1960 e nunca mais encontrado), tal qual uma Bat-Caverna do Batman de Adam West contrastando com o caráter exótico das locações no Caribe, captadas pela boa fotografia de Ted Moore, que seria visitado pelo agente repetidas vezes em filmes subsequentes. 
 
Vemos as sofisticadas instalações do Dr. No, mesclando brutalismo e Sci-Fi
O contraste da elegância desses cenários, agrega valor à narrativa

Agora falando das limitações do filme, algumas cenas são curiosas e datadas, como quando Bond chega ao hotel e ele toma algumas providências para verificar se está sendo observado ou se alguém vai invadir seu quarto, (colando um fio de cabelo com sua saliva na porta do armário), chegando à comicidade a forma como ele faz isso, mas para falar a verdade é uma das únicas vezes que vemos o agente e preocupar com isso (nas encarnações seguintes Bond parece não dar a mínima para sua própria segurança). Outra é a cena da tarântula que é colocada em sua cama para picá-lo durante o sono, quando um transpirante Bond com a sua presença pula, e bate nela, com o sapato, cheio de raiva, medo e pantomima, atrás da cama, sendo bastante tosca (só não é mais graças ao arranjo musical da cena), ainda mais quando se descobre que, tanto Connery, quanto seu dublê Bob Simmons, tinham medo de aranhas! *10. Outra cena ridícula é a do “Dragão” que circula à noite na ilha do Dr. No, e acaba flambando Quarrel, revelando-se logo um veículo blindado com lança-chamas com faróis imitando olhos e uma boca dentada pintada na sua lataria. Algo que nem Os Trapalhões fariam (ou não?), mas tanto Quarrel (existiram uns três ao longo da série, que sempre morriam ao final...) quanto Honey Ryder... acreditam que é um Dragão! Tempos mais inocentes... 
 
 
O trabalho de set design de Ken Adam se faz presente, virando referencial para o gênero
 
 
Outro elemento forçado é numa ilha tão policiada quanto a do Dr.No, a presença de Honey (com seu icônico biquíni*11) colhendo tranquilamente conchas para vender ali, mesmo revelando suspeitar de que o vilão é o responsável pelo sumiço de seu pai (nos filmes os pais existem para morrer...) fora o seu rápido apego a Bond (deve ser carência e solidão) , coisa seria uma marca da série. 
 
 
Finalmente vemos a face do Dr. Julius No (Joseph Wiseman) gênio do mal, com suas mãos mecânicas, fruto de seu trabalho com substâncias radioativas

Honey e Bond sentem que suas vidas estão por um fio

 
Mas noves fora, tudo dá certo no final (e graças à edição de Peter Hunt),  Bond detona o vilão, e a base do vilão, ao sabotar seu reator nuclear (explodindo uma maquete muquirana...) e o Programa Espacial ianque está a salvo, com Felix Leiter e a Marinha de Sua Majestade, rebocando a lancha de Bond, até que perto da costa ele solta a corda, para poder ficar mais à vontade com Honey Ryder no embalo da maré. O descanso do guerreiro... 
 
 
Dr. No propoe que Bond se una a SPECTRE, o que ele recusa, selando seu destino


 
Ao final, o mérito maior é de Terence Young, com sua direção clara e técnica, e sabendo lidar com as limitações orçamentárias, fazendo “o barato parecer caro”, merece a maioria dos créditos, por ter junto com a técnica narrativa, trazido o humor sutil, que viraria marca registrada da série, e cuja intenção foi, de ordem prática: tornar o conteúdo do filme (largamente, sexo e violência) mais palatável e assim acalmar os censores, criando uma atmosfera lúdica em torno do agente que predominaria por quase toda a franquia. 
 
 
Enquanto Bond apanha de seus capangas, o gênio do mal se prepara para sabotar o próximo lançamento americano de Cabo Canaveral


O filme foi lançado nos Estados Unidos em maio de 1963, tendo inclusive uma versão em quadrinhos*12, e à partir do seu sucesso inesperado, surgiu um filão que gerou muitas imitações, sendo as principais na época os americanos Matt Helm (Dean Martim) e Derek Flint (James Coburn) agentes americanos que tal qual Bond, enfrentavam inimigos lombrosianos, e ganhavam lindas mulheres, entre uma humilhação e outra que faziam aos soviéticos e chineses, fora ainda outros imitadores menores, inclusive na TV, como os seriados Agentes da U.N.C.L.E., Sou Espião, Serviço Secreto (e a sátira Agente 86) mas, nada chegava aos pés de James Bond, logo saindo de cena, enquanto o original, continuou e ao seu modo, cresceu e apareceu, tornando-se ícone incontestável, gerando até agora 24 sequências oficiais e 2 filmes não oficiais, sendo que James Bond é um dos personagens mais conhecidos da cultura pop, junto com Batman, Superman, Darth Vader, e agora, Homem de Ferro ou qualquer outro personagem da Marvel
 
Mas Bond se liberta, e sabota as instalações, tendo um duelo mortal com No...
...que sucumbe na água pesada de resfriamento de seu reator nuclear

 
Qual será o futuro, biotipo, etnia ou gênero que o destino reserva ao agente, só o futuro dirá, pois como já foi dito no último filme, 007: Sem Tempo Para Morrer (2021) de Cary Joji Fukunaga, que encerra a fase de Daniel Craig, “- 007 é apenas um número!” o que poderia abrir um precedente caso ao se rebotar a série, se optasse por um outro personagem que não James Bond pegasse o registro de 007, ou tal qual em A Identidade Bourne (2003) “James Bond” fosse um codinome que todo agente da seção adotasse ao receber o registro 007. Aí tal qual Doctor Who, poderíamos ter vários intérpretes (mas não necessariamente, o mesmo personagem). Seria uma boa solução? Só se fosse muito bem feita, mas a questão é o quanto que tal decisão seria considerada uma afronta ao legado do personagem. 
 
 
E assim, lá se vai uma maquete, até que bem explodida...


Esta é uma jogada tão arriscada quanto aquela feita no Cassino Royale, e que talvez nem Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan ou Daniel Craig ou o próprio James Bond literário talvez ousasse fazer. Mas se não se ousasse correr um risco tão grande, não seria Bond, James Bond... 
 

Felix Leiter chega com a Marinha de Sua Majestade para rebocar Bond
Ao final, James Bond e Honey Ryder agora podem curtir o momento, pois o mal foi derrotado




Notas:

 


*1: Na época de seu lançamento nos cinemas brasileiros (7 de setembro de 1963), ainda não trazia no título o código do personagem ("007"), até então desconhecido: era apenas O Satânico Dr. No
 

*2: MI 6 é O departamento de espionagem e contra-informação britânico, com atuação fora de seu território nacional (como a CIA americana) e responde ao seu Ministério das Relações Exteriores. Já para atividades dentro das fronteiras britânicas, eles contam com o MI 5 (similar ao FBI) que responde ao seu Ministério do Interior. 
 

 *3: John Le Carré (19/ 10/ 193112/ 12/ 2020) autor de obras como O Espião que Veio do Frio se caracterizava por novelas de espionagem de teor realista, com personagens sempre em situações de dilema moral e de stress, por não saberem em quem poder confiar. Em várias de suas obras, ambientadas no período da Guerra Fria, se destaca a eterna rivalidade entre o britânico George Smiley, o agente chefe de divisão do MI 6 e "Karla", o seu equivalente soviético, num longo e paciente “jogo de xadrez” nas suas operações. 
 
 

*4: A introdução de James Bond é uma homenagem a uma técnica usada no filme Juarez (1939) de William Dieterle e estrelado por Paul Muni. A técnica é uma série de closes do personagem sem revelar o rosto, cruzando com os demais personagens da cena e da mesa de jogo. Finalmente, o rosto da pessoa é revelado quando ele declara seu nome.




*5: Inicialmente Sylvia Trench seria uma personagem recorrente na série 007, sempre se envolvendo romanticamente com James Bond. Ela também apareceu em Moscou Contra 007 (sendo a primeira e única Bond Girl a aparecer em dois filmes da série interpretando a mesma personagem), mas não foi incluída em nenhum dos filmes seguintes. O papel de Trench foi inicialmente oferecido a Lois Maxwell. 
 
 

*6: Ian Fleming originalmente não gostou da escolha de Sean Connery como James Bond. Bond era inglês e Connery era escocês, Bond era de uma classe alta e Connery vinha de uma classe trabalhadora, Bond era refinado e educado e Connery era muito rude. Depois de ver este filme, Fleming ficou mais tranquilo e disse que o ator era perfeito. No romance A Serviço Secreto de Sua Majestade, lançado em 1963, Ian alterou detalhes dos personagens. Bond passou a ter ascendência escocesa e a namorada de Bond, Theresa "Tracy" Vicenzo, foi descrita com os detalhes físicos da atriz Ursula Andress, que encantou Ian Fleming, a ponto dele ainda mencionar o nome da atriz, descrevendo-a como “uma linda estrela do cinema”
 

*7: Ainda assim, para fins publicitários, houve um concurso para encontrar “o homem perfeito para interpretar James Bond”. Seis finalistas foram escolhidos e testados por Albert R. Broccoli, Harry Saltzman e Ian Fleming. Além de Connery, um modelo de 28 anos chamado Peter Anthony tinha presença no papel, mas faltava completamente a técnica de atuação para interpretá-lo.




8:Perigo Amarelo” era como se chamava a crença de que as etnias orientais (fossem elas chinesas, japonesas, malaias, etc...) ameaçavam a civilização cristã-ocidental, justificando toda a sorte de manifestações xenófobas e racistas, sendo Fu-Manchu a encarnação máxima desta crença e inspirando outros similares como o Garra Amarela, também criação de Rhomer; o Imperador Ming de Flash Gordon; o Mandarim, de Homem de Ferro; o Dr. Zim de Jonnhy Quest entre muitos outros. 
 
 
Monty Norman X John Barry

*9: É um equívoco de longa data que John Barry tenha escrito "The James Bond Theme". Na verdade, ela originou-se de uma música, "Good Sign, Bad Sign", composta por Monty Norman, de um musical de 1959, chamado "The House of Mr. Biswas" que foi abandonado. Barry arranjou e orquestrou o tema de Norman, expandindo-o para produzir o tema como é conhecido em todo o mundo, o que levou a décadas de acusações e questões jurídicas, pois Barry implicava que ele teria composto a música a partir do zero, e Norman alegava o contrário, ganhando duas ações de difamação contra editores por alegar que Barry escreveu o tema. em 2001, e após um julgamento de cinco dias, o júri concluiu que Monty Norman havia de fato, composto o tema de James Bond, recebendo os royalties desde 1962.
 
 
Aqui Bob Simmons dá as caras como Bond


*10: Connery por sua fobia, ficou tão ansioso durante a cena em que a tarântula rasteja sobre ele na cama, que a produção teve que colocar um vidro fino sobre ele para que a aranha subisse. O vidro achatando sua pele, pode ser visto na versão final do filme. Terrence Young não gostou do resultado final e convocou o dublê Bob Simmons para novas cenas com close-ups, mas como ele também tinha medo de aranhas, ele relata que era a coisa mais aterrorizante que ele já havia filmado. De acordo com o livro de 1981 The James Bond Films de Steven Jay Rubin, esta tarântula foi nomeada "Rosie"
 
 


*11: A cor do biquíni de Honey Rider no filme na verdade é marfim, e não branco como se achava. Segundo Ursula Andress, a peça “era só um pano, quem iria querer? Eu estava prestes a jogá-lo fora, e um amigo meu disse para não fazer aquilo. Eu o mantive em uma caixa em Los Angeles durante anos.” Em 2001, o biquíni foi vendido em um leilão por £41.125 Libras, mais de vinte e sete vezes o seu salário para atuar no filme, que foi de £1.500 Libras.
 
 

*12: Na época do lançamento de Dr. No, em outubro de 1962, uma adaptação em quadrinhos do roteiro, escrita por Norman J. Nodel, foi publicada no Reino Unido como parte da série de antologia Classics Illustrated. Mais tarde, em janeiro de 1963, foi reimpresso nos Estados Unidos pela DC Comics como parte de sua série de antologia Showcase. Esta foi a primeira aparição de James Bond em quadrinhos americanos e é notável por ser um exemplo relativamente raro de um quadrinho britânico sendo reimpresso em um quadrinho americano bastante conhecido. Foi também um dos primeiros quadrinhos a ser censurado por motivos raciais (alguns tons de pele e diálogos foram alterados para o mercado americano). 
 
Antes do filme: Dr.No nas tiras de jornal em 1960, no traço de John McLusky

 
Vale mencionar que no período entre 1958 a 1960, as novelas originais de Ian Fleming foram adaptadas com grande fidelidade, para tiras de jornal (tendo inclusive sido publicadas no Brasil, nos jornais como O Globo e em encadernados pela EBAL). A adaptação de Dr. No foi escrita por Peter O´Donnell e desenhada por John McLusky , caracterizando o Dr. No de forma mais caricata ainda, como o típico chinês sinistro, e inclusive menciona o polvo gigante que ele tinha em sua ilha, eliminado do filme por questões orçamentárias e técnicas (seria um efeito especial muito caro para ter um mínimo de verossimilhança.

 




"Faço tudo isso em nome da Rainha..."


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