quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Equívoco histórico - Crítica - Filmes: King´s Man: A Origem (2021)

 

Não abuse demais com a História.

 por Ronald Lima


A Origem da Sociedade The King's Man


Tendo surgido em 2014, Kingsman: Serviço Secreto  de Matthew Vaughn (X-Men: Primeira Classe) transpunha o escracho e a ironia dos quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons, que zoava com os estereótipos dos filmes de espionagem tipo James Bond (notadamente a fase de Roger Moore) nos apresentando uma agênciaa de espionagem britânica não-governamental: A Kingsman, cujos membros usavam codinomes inspirados nos Cavaleiros da Távola Redonda. Tanto no original quanto em sua sequência Kingsman: O Círculo Dourado (2017) Vaughn acompanhou os passos de Eggsy, um jovem da classe operária que ingressa na organização e se transforma gradativamente num refinado cavalheiro defensor do 'Mundo Livre', com direito à toda sorte de humor negro, sequências de luta bem splatter.

Orlando,Duque de Oxford (Ralph Fiennes) vê seu filho Conrad (Harris Dickinson) galgando os primeiros passos na vida adulta


Agora, em King´s Man: A Origem (2021) o terceiro filme da franquia, Vaughn procura nos dar uma origem épica ao grupo, explicando como a organização se formou, dando-lhe um 'contexto histórico' (pero no mucho)...

O roteiro de Karl Gajdusek (Oblivion) e Matthew Vaughn (baseado em seu argumento) se inicia na Guerra dos Bôers em 1902, onde o Império Britânico passou um aperto contra colonos Holandeses na África do Sul (Esses colonos não contaram com a ajuda de seu país natal). É nesse contexto que passamos a conhecer o pacifista Orlando Oxford, Duque de Oxford (Ralph Fiennes de 007: Sem Tempo Para Morrer mostrando ser um bom herói de ação de terceira idade). Orlando é representante da Cruz Vermelha, junto com sua esposa Emily. (Alexandra Maria Lara de Tempestade: Planeta em Fúria). O casal tem um único filho, Conrad, os 3 são protegidos pelo fiel guarda-costas Shola (Djimon Hounsou de Amistad). Orlando e Emily vão inspecionar o acampamento de seu amigo Lorde Kitchener (Charles Dance de Godzilla II: Rei dos Monstros) famoso pela frase “O Seu País Precisa de Você!” (e idealizador do conceito de campos de concentração) junto com seu auxiliar Maximillian Morton (Matthew Goode de Watchmen: O Filme). Um ataque inesperado deixa Orlando manco, viúvo, e traumatizado quanto aos cuidados com seu rebento, sendo esse o fator definidor do filme.
 

Durante a "Guerra dos Boeres", Oxford visita o seu amigo Lorde Kitchener (Charles Dance) que junto com seu ajudante de ordens  Maximillian Morton (Matthew Goode), testemunham uma tragédia pessoal que ditará os rumos da vida do Duque

 
Assim, o roteiro salta até momentos antes da Grande Guerra de 1914 a 1918, quando Conrad (Harris Dickinson de Malévola: Dona do Mal) é agora um rapaz com enorme desejo de ganhar o mundo e se tornar soldado, saindo da asa do pai super protetor, Orlando conta com outros dois importantes protagonistas na proteção ao filho, Shola, ainda fiel ao seu mestre, e a governanta Polly Watkins (Gemma Arterton de João e Maria: Caçadores de Bruxas).Orlando finalmente chega a conclusão de que o filho agora é um homem, e precisa  de um terno... 
E tudo começa


 
O filme faz uso de uma interpretação muito própria de todo esse pano de fundo histórico ora encaixando personagens em situações reais de eventos ora criando eventos paralelos e personagens para construir essa sociedade que justamente passa a ter sua sede localizada em uma alfaiataria chique em Savile Row de Londres, Westminster, adotando de nome "Kingsman".


"O hábito faz o monge": A sede, numa alfaiataria chique em Savile Row, Londres


Os quadrinhos e os filmes anteriores enxergam a História pelo viés "centro do mundo britânico" Não há de fato nenhum problema em se utilizar de eventos históricos para criar um roteiro e até mesmo altera-los mas sinceramente, ver a defesa da Inglaterra como baluarte da liberdade e tudo em volta como a mais vil das maldades e da tirania é exagerar, ah sim... Quando o oponente não é mal pra dedéu é de uma tolice só, essa tolice vale para aliados inclusive. Tudo bem que há muita crítica as ações de guerra e pomposos discursos de cunho pacifista, mas a reação dos envolvidos demonstra o oposto, portanto... Não convincenteÉ um filme que parece querer nos empurrar a ideia de que tanto os excelentes ternos de linho britânicos quanto o imperialismo e a aristocracia daquele país estão entre as melhores coisas que o planeta concebeu. Na verdade essa leitura vale como resumo para todos os valores ocidentais: O cumprimento das obrigações impostas ao indivíduo pela sua posição frente ao mundo. Tudo que é oposto é colocado em um pensamento raso que deseja apenas destruir o que há de "civilizado" (chega a parecer olavista...).


Orlando orienta Conrad que ser adulto tanto é saber ser cortês e elegante, quanto saber se defender de forma agressiva 

 
Porém como um filme de aventura King´s Man: A Origem funciona e assim vou dividir essa crítica em duas, a análise do filme e depois uma outra com vários spoilers porque sem relatar o que está em cada cena ficará difícil mostrar as incoerências no roteiro e principalmente essa ideia de fundo de que o 'Mundo Livre' é defendido por uma Inglaterra Santa que procura a Paz mas não irá se furtar em usar de todos os recursos para manter essa Paz. Uma Paz que a favoreça é claro... à uma balança comercial e geo-política favorável aos seus interesses.

Vamos todos aqui usar algum objeto em comum porque assim fica mais fácil para alguém mais atento perceber que somos uma cabala do mal.


A escalada de eventos, vai particularmente colocando tudo em rumo de colisão, as relações de poder, e as alianças entre os primos Rei George da Inglaterra / o Kaiser Guilherme II da Alemanha/ e o Tsar Nicholau Romanoff da Rússia (Tom Hollander de Bohemian Rhapsody)fomentada por uma "Cabala do Mal" de inimigos da Inglaterra, chefiados por um líder misterioso, tendo como membros Grigori Rasputin (Rhys Ifans o Lagarto de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa) um dos grandes adversários do filme, um verdadeiro "rockstar", temos também Erik Jan Hanussen (Daniel Brühl. O Zemo de Falcão e o Soldado Invernal) uma "iminência parda" da corte do Kaiser Guilherme II, a espiã Mata Hari (Valerie Pachner de Uma Vida Oculta) e Gravilo Princip (Joel Basman de Caçadores de Obras Primas), Gravilo Princip foi autor do atentado que deu início aos eventos que culminaram na Grande Guerra. 

Meu primo perfilou os soldadinhos dele daquele lado? Pois então eu quero os meus soldadinhos desse outro lado aqui.


Ao longo do filme outros personagens históricos somam-se ao grupo num "samba do crioulo doido" que reduz toda e qualquer linha de pensamento e atuação contrária aos interesses imperialistas britânicos nessa "Organização do Mal", o roteiro faz equiparação sem fundamento entre comunismo, nazismo e luta anti-colonial como se fossem uma coisa só (dá para entender porque temos aqui e afora tanto débil mental que insiste em dizer que "nazismo é de esquerda"). Só faltava na mesa algum personagem chinês, que sabe o Fu-Manchu?  Sim, é uma figura da literatura... Mas não seria de estranhar. É de imaginar como esse líder conseguiu unir tão diferentes pessoas e propósitos, Rasputin é o único a questionar, ele tem bom destaque no filme, grande personagem... Opa! Esqueci a motivação, O líder é mau!! Muito mau! Ele é vingativo e cruel, ele tem o discurso anti-colonial, e se aumentar sua voz de revolta contra a opressora Inglaterra dará margem para pensar demais então a solução é deixa-lo histriônico. Esse líder é chamado por todos de pastor (pastor de cabras ok?). Pronto, foi simples assim, temos nesse desejo de vingança a incrível capacidade de jogar esse "grupo das sombras" em cada corte da Europa para manipular as rivalidades infantis que existe entre os primos das casas reais e por o continente inteiro em uma Guerra, Curiosamente a França fica de fora por completo, não aparece um soldadinho francês que seja o filme inteiro, sobre a França temos as trincheiras apenas. O uso de drogas como poder manipulador também é colocado de modo maniqueísta. A Inglaterra entrou em guerra contra a China para manter o comércio de ópio vindo de suas plantações no Afeganistão, os ingleses ocuparam Hong Kong criando um polo desse comércio e banco exclusivo para controlar tudo isso, banco ainda em atuação agora com outras atribuições. Detalhe, a base secreta fica justamente em algum país da Ásia Central (sim base secreta), escolha você algum aí afinal nesses países só tem "terroristas" e "plantações de maconha" certo? Olha a volta que o roteiro nos força a raciocinar.

Uma xícara de chá? Um par de pistolas quem sabe? 

A equipe The King's Man é organizada de modo muito elegante e inteligente em visual oposto ao grupo maligno (sempre envolto nas trevas e conflituoso). Há uma importante protagonista nessa proto King's Man que é a personagem Polly (Gemma Arterton), ótima personagem por sinal, ela lidera uma incrível rede de serviçais em inúmeras cortes, gabinetes e repartições pelo mundo, com isso o grupo consegue um grande panorama dos bastidores. Uma boa sacada. O início da equipe de fato é em uma sala secreta do Castelo de Oxford com uma porta disfarçada cujo mecanismo para abrir lhe fará lembrar da mansão Waine do seriado Batman 66... Cadê os postes de bombeiro da Batcaverna? Faltou...

"Para o Batmóvel!!"


A franquia The King's Man tem uma ação muito hiper violenta e frenética mas nesse Origem tudo vai sendo contido nas intermináveis desculpas para Orlando evitar que o estimado Conrad siga para o combate. As maquinações malignas começam a se encaixar. A ação explode em quatro momentos:

O atentado contra o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, é legal, muito interessante ver automóveis da 1ª década do séc. XX em correrias e fugas desenfreadas em meio a explosões.

"Eu disse Batmóvel... !


Duas sequências de luta selvagem são ótimas. Orlando, Shola e Conrad enfrentam um Rasputin que esbanja personalidade e super poderes, o uso de uma câmera hiper cinética junto a todos os efeitos e ensaios de coreografias que a produção conseguiu pagar é um ponto alto do filme, infelizmente há uma situação que estraga essa confronto, é grotesco como  colocam um ato homossexual sendo bestial e vulgar mas é assim The King's Man? Para quem acompanhou os outros dois filmes essa falta de tempero está aqui presente e quebra a tentativa de um texto mais sóbrio. A tentativa de deter Rasputin é uma leitura própria do que de fato ocorreu quando a nobreza russa procurou livrar-se do monge, também houve uma aproximação de cunho e provocação sexual junto a um pedido de cura para o nobre Felix Ysupov. O filme simplesmente os substituiu pela equipe King's Man. O mesmo para o atentado do Arquiduque, por sinal região e conflito de pouco interesse para os britânicos na época. 

"Berebekan Katabanda, Berebekan Katabanda, Berebekan Katabanda, Kikera! 


O cinema ao montar cenários da guerra de trincheiras se aprimora a cada dia e desperta interesse em querer se aprofundar nesse conflito que fechou o séc. XIX e lançou o Mundo no séc. XX. Nesse 3º filme da franquia ocorre um conflito entre uma patrulha escocesa e outra alemã na chamada Terra de Ninguém (terreno inóspito não ocupado que ficou entre as duas linhas beligerantes). Essa luta tem uma grande carga de violência pois é realizada mão a mão, faca a faca, homem contra homem combinada ali no momento em total silêncio para que nenhuma frente perceba e interrompa o cruel duelo com metralhadoras e bombas, tudo tem que ser resolvido ali em carne viva, pode não gostar do filme pela leitura tendenciosa dos inimigos da Inglaterra mas essa luta eu colocaria em destaque em uma galeria de filmes de guerra, é muito forte, a crueza da guerra, muito simbólica. Aqui o diretor acertou no toque épico da origem do grupo.

Ótima sequência!!


A 4ª ação não entrarei em detalhes porque rodopia a narrativa e joga Orlando à entrar para valer no confronto aos inimigos invisíveis fomentadores da guerra. Só que a partir desse momento a ação fica bastante mashup de todas as cenas de lutas, correrias e disparos que certamente você vê e viu em inúmeras produções por aí, afinal alguém realmente acredita que Ralph Fiennes irá cair de um penhasco? Ou se seu avião decola ou não?

Avada Kedrava!!



Música de Dominic Lewis (O Homem do Castelo Alto) e Mathew Margeson (Kingsman: O Círculo Dourado) que inclui um novo arranjo de "War Pigs" de Black Sabbath.
Fotografia de Ben Davis (Eternos) trabalha bem a palheta de cores, tendo ótimos momentos expressionistas no episódio que cobre a guerra de trincheiras, com cenas expressionistas dignas de filmes de horror, bem ajustada com a edição de  Jason Ballantine (IT - Capítulo 2) e Robert Hall (Mundo em Chamas) que trabalha os ritmos narrativos de forma dinâmica, e frenética nas cenas de combate.
 
A reconstituição de época que o desenho de produção de Darren Gilford (Kingsman: O Círculo Dourado) mescla o realismo da reconstituição fotográfica de época com ambientes bem característicos de histórias em quadrinhos, como a base da cabala dos vilões, num despenhadeiro num lugar remoto no leste europeu, sublinhado pela direção de arte das equipes de Doug J. Meerdink (O Segredo de Berlin) e Nick Gottschalk (Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras) e a decoração de sets de Dominic Capon (Venon: Tempo de Carnificina) que introduz gadgets de espionagem nos utensílios de uso cotidiano, no melhor estilo James West.
figurinos de Michele Clapton (The Crown) fazem uma boa mescla de trajes de época com elementos mais neutros  de aspecto atemporal.         e particularmente interessante a construção do look de Orlando Oxford, com chapéu côco, paletó, colete, bengala, que remete ao de John Steed, de Os Vingadores, seriado britânico dos anos 1960, justamente uma das fontes de inspiração de Kingsman.
 



 
Os efeitos visuais das empresas 4DMax, BUF, Framestore, NVIZ, RISE Visual Effects Studios, Rhythm & Hues Studios, Snow Business International, Visualskies e Weta Digital supervisionados por Angus Bickerton (Kingsman: O Círculo Dourado) tem um aspecto satisfatório no quesito de recriação de mundo e seu período histórico, além de introduzir adrenalina nas cenas de ação e destruição, que o gênero tanto pede.



AVISO - SPOILERS - SPOILERS - SPOILERS - SPOILERS - SPOILERS - AVISO
Muitos!!



Mata Hari seduz o presidente norte americano com o objetivo de evitar que essa nação entre na guerra, deixa pra lá a premissa da Mata Hari se envolver em uma ação lá nos E.U.A. Isso não ocorreu (nem tinha como). Mas por que cargas d'água ela permitiria ser filmada por alguém(?) do lado de fora mostrando-a lá dentro do gabinete presidencial de Woodrow Wilson? Criar prova contra ela própria? Seria para mostrar ao líder alguém pode responder. Não precisava porque os norte americanos também no filme relutaram muito em se envolver em uma guerra, no filme o motivo era Mata Hari (SIC!!) despejando ópio no presidente. A filmagem focando uma janela. Puxa vida!! Ninguém viu um pesado e complexo equipamento de filmagem de 1917 em pleno gramado da Casa Branca? Sem contar que essas filmadoras ainda não possuíam tecnologia dar close ou zoom. Essa situação com a Mata Hari é crucial para sequência final. Como dito acima após as cenas das trincheiras a ação passa a ser mais intensa e detalhes como esse acima simplesmente passam e todos acham que é assim mesmo. "Nós vamos para a guerra!'' Woodrow Wilson diz com entusiasmo (por ir a guerra?).

"Expelliarmus!"


O personagem que arquiteta toda a ação que joga primos contra primos é um escocês que se auto denomina: o pastor (Matthew Goode). Um moinho de propriedade de sua família e fonte de renda foi confiscado pela Inglaterra sem nenhuma compensação e causou mortes e tristezas. É uma boa motivação que dirige o discurso anti-imperialista desse personagem contudo sem muita extensão, apenas o ódio é a característica, além da covardia, e isso é intencional para não complicar muito alguma explicação, nesse ponto acredito que os autores por serem ingleses preferiram colocar a Escócia ao invés da Irlanda. Há de fato uma tentativa de independência escocesa mas as lutas que os ingleses tiveram contra os irlandeses foi muitíssimo mais violenta. Então pela proximidade de território, pela crueza dos conflitos e com resolução ainda recente de tudo. Aqui pisaram no freio a meu ver. A construção de discurso fica patente caso tenham de fato preterido a Irlanda para não melindrar e escolher a Escócia.

O evento histórico da morte da família real russa é rapidamente mostrada para culpar o regime comunista pela execução dos monarcas e descendentes. Fica a pergunta: Por que a rede informal do King's Man que conseguiu evitar a manipulação de Rasputin contra a família real russa, não conseguiram nenhuma informação sobre a ida de Lênin e a implementação do regime comunista na Rússia Tzarista e evitar as mortes? Afinal os roteiristas mexeram com a História... Porque não? As mortes são displicentemente mencionadas por Oxford e o Rei da Inglaterra George V e a situação fica "pra depois"... Ralph Fiennes se desculpa pela Inglaterra todo o tempo. Que os russos façam seu King's Man e se acertem com a história é o que deve ter pensado os autores.

Rasputin faz um gesto Hipnótico



O desabafo de Conrad Oxford (Harris Dickson) junto a um colega de armas em meio ao terreno desolado da terra de ninguém e sua surpreendente, estúpida e injusta morte no filme poderia nos poupar das desculpas que a Santa Inglaterra parece querer se purgar diante do público. A guerra é estúpida.

O grupo por fim se reúne e temos ali a nomeação tendo por referência os cavaleiros da Távola Redonda. O propósito é estar mais coeso e preparado para um novo conflito porque Oxford ao fazer uma análise correta dos termos do Tratado de Rendição da Alemanha, o famoso Tratado de Versalhes, vê nas cláusulas humilhantes que isso jogaria a Alemanha em um novo conflito. Mais uma vez a França parece nem existir. Não seria o caso de Orlando Oxford buscar desbaratar as tentativas de surgir uma nova guerra na Europa ao invés de aguardar os eventos surgirem e aí tomar posição? Isso se de fato o espírito pacifista de sua esposa ainda arder dentro dele porque metade do filme ele reforça sua intenção de não lutar (lembro todo momento disso não é? Mas é tanto discurso que fica difícil não mencionar, desculpem-me). Cabe em suas lembranças inclusive uma crítica a violenta a ocupação inglesa na África quando ele em uniforme do Império Britânico participa de encarniçadas e brutais lutas contra nações africanas. Tente pelo menos Oxford... Não vai né?

A cena pós créditos é o ápice de um roteiro olavista que incomoda demais: O personagem Erik Jan Hanussen (Daniel Brühl) conversa com Lênin (August Diehl) sob o futuro das ações dessa famigerada "irmandade do mal". Erik induz uma união de objetivos e ações entre Lênin com ninguém mais ninguém menos que Adolf Hitler!! (David Kross), que pouco antes, em aparição rápida, o vemos no comando do submarino alemão que torpedeou o navio em que Lorde Kitchener estava embarcado, de fato Kitchener morreu quando seu navio naufragou mas ao chocar-se com uma mina alemã.  

A facilidade com que a equipe King's Man se deslocam pela Europa fica uma implicância minha a parte, afinal o continente inteiro está em Guerra... Deixa prá lá, Orlando Oxford é um nobre rico e pode disponibilizar vários recursos, não quero quebrar muito a dinâmica do filme. Mas é surpreendente conseguirem chegar a tempo inclusive em outros continentes.

Quentin Tarantino também se utiliza de devaneios históricos.

Montar um roteiro tendencioso é um perigo, não ter a profundidade dos eventos, não ter a França, tampouco a Bélgica (o verdadeiro motivo pelo qual a Inglaterra entrou na guerra). Tudo bem que não precisa dar aula, tranquilo, certo... Mas se não quer dar aula de História não a prejudique de modo tão intencional a ponto de parecer leviano. Por favor.



                                   "Dulce et decorum est pro patria mori"
                                     "É doce e nobre morrer pela pátria.

  

 

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