domingo, 3 de janeiro de 2021

A elegância de um chapéu coco - Clássicos da TV: Os Vingadores (The Avengers) 1961-1969


 

Por Alexandre César


Antes do grupo de super-herois da Marvel, os ingleses já tinham sua equipe de Vingadores para salvar o mundo
 
 
A gênese: "Police Surgeon" a série cancelada estrelada por Ian Hendry



Imagine uma série que é cancelada e, para tapar o buraco na programação, a produtora cria uma outra com o mesmo ator. Uma série com uma dinâmica diferente, que, com a mudança de parte do elenco e equipe, aos poucos vai se transformando em algo bem diverso do produto original. Criado pelo roteirista Sidney Newman (1917-1997) e posteriormente desenvolvido por Brian Clemens (1931-2015) e Phillip Levene (1926-1973) entre outros, a série Os Vingadores (The Avengers) - que não tem qualquer relação com a equipe de super-heróis da Marvel - surgiu como um seriado policial de baixo custo produzido pela Associated British Corporation. Ela substituiu o cancelado Police Surgeon, uma série da produtora estrelada por Ian Hendry (1931-1984), como Dr. Geoffrey Brent, que teve lançados para a TV britânica apenas uma temporada de 13 episódios de meia hora, de 10 de setembro a 3 de dezembro de 1960. 
 

O InÍcio: O agente John Steed (Patrick McNee) e o Dr. David Keel (Ian Hendry) usando impermeáveis como detetives particulares noir
 
Por conta de sua elogiada performance, foi oferecido a Hendry o papel de um dos protagonistas de uma nova série, na qual faria o viúvo Dr. David Keel que, com sua enfermeira Carol Wilson (Ingrid Hafner - 1936-1994), atuava com o charmoso agente secreto John Steed 1(Patrick Mcnee - 1922-2015). Eles caçariam agentes inimigos e gênios do crime numa Londres enevoada. John Steed, originalmente o 2⁰ personagem em importância, iria tornar-se o único fixo de toda a série.
 
Dr. Keel e sua enfermeira Carol Wilson (Ingrid Hafner) eram o núcleo principal da série  


Ao longo das temporadas de The Avengers  passaram vários rostos que posteriormente se tornaram consagrados, como Donald Sutherland, Charlotte Rampling, Edward Fox, Brian Blessed, Peter Vaughan, Joss Ackland, o Monthy Python John Clesse e astros dos filmes da Hammer Studios , como Peter Cushing, Christopher Lee, Michael Gough, Barbara Shelley, Kate O'Mara, Melissa Stribling, Anoushka Empel, além de artistas dos filmes de James Bond 2*.
 
 
"Hammer Faces": Michael Gough (Esq.) e Christopher Lee (centro) fizeram cada um 2 episódios. Peter Cushing (Dir.) fez um na série clássica e um na série derivada "The New Avengers". Sempre fazendo personagens distintos em cada participação

 
 
Como ocorre em várias séries, Os Vingadores, ao longo de suas temporadas, teve a colaboração de vários diretores (ao total, 40). Alguns seguido carreira apenas na TV, como John Llewellyn Moxey (Pânico e Morte na Cidade, o piloto da série Kolchak e Os Demônios da Noite), dirigindo episódios de séries e telefilmes, e outros alternando com o cinema. Destes, alguns foram responsáveis por clássicos da cultura pop (uma boa parte na Hammer Films), como Don Chaffey (Jasão e o Velo de Ouro; Mil Séculos Antes de Cristo), John Hough (A Casa da Noite Eterna; As Filhas de Drácula), Don Sharp (O Beijo do Vampiro; Rasputin, O Monge Louco), Leslie Norman (O Continente Esquecido; O Drama de Dunquerque),Charles Crichton (Um Peixe Chamado Wanda; O Homem de Alcatraz), Robert Day (Ela), Peter Duffel (A Casa que Pingava Sangue), James Hill (Capitão Nemo e a Cidade Flutuante; A História de Elsa) Roy Ward Barker (Carmilla, a Vampira de Karnstein; Uma Sepultura na Eternidade), Gordon Flemyng (Doctor Who e a Guerra dos Daleks) e Robert Fuest (a cinesérie Dr.Phibes). Este último foi designer de produção de 10 episódios da série entre 1961-62.
 
Primeira temporada (1961/62 - 26 episódios): 
 
O extrovertido Steed e o contido Dr. Keel, tinham uma dinâmica de "yin & yang" 

 
As primeiras aventuras do Dr. David Keel, John Steed e da enfermeira Carol Wilson (Ingrid Hafner) logo caíram no gosto dos telespectadores, mesclando intriga e aventura dentro do espírito da Guerra Fria, alternando um tom sério com uma finesse sofisticada. Com o sucesso do programa, Hendry e Hafner decidiram dar voos mais altos no cinema, deixando a série (e Steed) para trás. A maioria dos episódios desta temporada se perderam, sobrando apenas trechos dispersos. Mais adiante, Hendry apareceria no episódio 7 da série derivada The News Avengers como outra personagem. O tema musical do seriado, de Johnny Dankworth, tem claramente inspiração jazzística e seus créditos de abertura e encerramento tem uma ambientação noir
 
Veja no link: 
 
Segunda temporada (1962/63 - 26 episódios): 
 

 
Começou com Steed dividindo a ação com o Dr. Martin King (Jon Rollason -1931-016), que não ficou muito tempo, dando espaço para a cantora de jazz Venus Smith (Julie Stevens). Ela se tornou a primeira parceira de Steed e, na verdade, a pior de todas, por ser basicamente uma donzela em apuros que sempre tinha de ser salva. Então os roteiristas decidiram criar um outro tipo de parceira. Uma que, segundo eles, fosse escrita como se fosse um ‘homem’ (só que não...). Surgia Catherine 'Cathy' Gale (Honor Blackman - 1925-2020), que permaneceu nas temporadas 2 & 3 da série e tornou-se a primeira personagem feminina forte e independente da TV inglesa. 
 
A nova parceira Katherine "Cathy' Gale (Honor Blackman) não negava fogo ao encarar o perigo

 
 Veja no link: 
 
 
Terceira temporada (1963/64 - 26 episódios): 
 
A dinâmica entre Steed e 'Cathy' Gale se firma como a de dois iguais  

 
Aqui firmou-se ‘Cathy' Gale como uma mulher que agia como igual junto a Steed, resolvendo qualquer situação - fosse lutando, investigando ou perseguindo malfeitores na sua motocicleta trajando suas icônicos vestes de couro preto (criados por Frederick Starke). Ao final da temporada Honor Blackman sai da série para ir viver Pussy' Galore’ em 007 contra Goldfinger *3 (1964). O tema de Johnny Dankworth segue firme e seus designs de abertura e encerramento dos episódios remetem ao trabalho de Saul Bass, que criou a abertura de muitos filmes de Alfred Hitchcock.
 
Quarta temporada (1965/66 - 26 episódios): 
 
Emma Peel (Diana Rigg) foi um fator crucial para a grande guinada da série
 
 
Nesta temporada temos o tema musical marcante de Laurie Johnson (Os Primeiros Homens na Lua) e ocorre a grande virada da série, que lhe garantiu destaque no imaginário pop até hoje. O seu tom se torna mais camp e surge Diana Rigg (1938-2020) como Emma Peel, a mais lembrada das parceiras de John Steed. Seu visual descolado, com trajes criados por John Bates e calçados de Edward Rayne, complementam a sua ironia. Ela tem uma reação as situações semelhantes a Steed, revelando a ótima química entre os personagens*4 que extrapolou as gravações. Os dois atores mantiveram uma amizade que seguiria por toda a vida. 
 
Steed e seu gosto por carros vintage, em especial os Bentley


Nesta época se cristaliza o gosto de Steed por carros vintage. Aqui foi por um Vaulxhall 30/98 1924. Depois ele passa a dirigir Bentleys (primeiro um de 4½ e depois um de 3 Litros), que contrastavam com o então atual Lotus Elan S2 1964 branco de Emma. Destaque nesta temporada para o episódio de número 21 (“Um toque de enxofre”)escrito por Brian Clemens e dirigido por James Hill. Nele a dupla, investigando as atividades do libertino John Cartney (Peter Wyngarde - 1927-2018), se infiltra no Helfire Club, um grupo cujos membros se trajam no estilo do séc. XVIII. No clube, Peel é nomeada a Rainha dos Pecados. Este episódio é clara inspiração para Chris Claremont e John Byrne na criação de um trecho significativo da popular Saga da Fênix Negra, clássico imortal dos X-Men nos quadrinhos. As vestes da Rainha dos Pecados (criado pela própria Diana Rigg) é a base para o uniforme da Rainha Negra na versão dos quadrinhos do Helfire Club (o nome é o mesmo) e Wyngarde é o sobrenome usado pelo vilão que leva a Fênix para o grupo: Jason Wyngarde, o disfarce do Mestre Mental. 
 
Rainha dos Pecados (cena colorizada) & Rainha Negra (quadrinho dos X-Men)


  
Veja no link: 
 
Quinta temporada (1967 -16 episódios): 
 
"O Último dos Sete": No mesmo episódio, Brian Blessed (Esq.), Charlotte Rampling (Dir.)...

...Donald Sutherland (Esq.) e John Hollis (o "Lobot" de Star Wars à direita)

 
Foi a primeira temporada a cores e estava dentro do espírito da época (afinal, já rolava o seriado do Batman nas TVs). O Desenho de Produção de Robert Jones assumia o colorido para criar ambientes dignos de histórias em quadrinhos, acompanhando os roteiros “qualquer coisa” que não se levavam a sério. Com a cor, percebíamos o verde vivo dos Bentleys de Steed (um Speed Six 1926 e depois um Racing de 3 Litros) em contraponto ao Lotus Powder Elan S3 1966 azul de Emma. Surgem brincadeiras metalinguísticas com a expressão "- Ms. Peel, we are nedeed!". No quesito finesse há um grande ganho, com os principais acessórios de Steed fornecidos por Pierre Cardin, cujos ternos de corte impecável lhe davam uma elegância ímpar, e Peel tem seus figurinos criados por Alun Hughes
 
"O Vingador Alado": Influência das HQs.

 
Destaque para o sexto episódio - “O Vingador Alado” -, escrito por Richard Harris e dirigido por Peter Duffel e Gordon Flemyng (Doctor Who e a Guerra dos Daleks) com referências metalinguísticas aos quadrinhos, apresentando painéis desenhados pelo quadrinista Frank Bellamy (Dan Dare, Thunderbirds), com direito à onomatopeias no estilo do consagrado seriado do Batman. Outro episódio que merece menção é o último da temporada - “Afinal quem sou eu?” -, escrito por Phillip Levene e dirigido por John Llewellyn Moxey,  em que Basil (Freddie Jones - 1927-2019) e Lola (Patricia Haines - 1932-1977), um casal de agentes inimigos, troca de corpos com Steed e Peel através de um dispositivo de transferência mental. É incrível o trabalho dos atores ao trocar de personagens de maneira que continuemos a enxergá-los, mesmo que com outra aparência.
 
Sexta temporada (1967/68 - 8 episódios):
 
Foi a mais curta da série. Na realidade vários episódios foram feitos para a temporada anterior e remanejados para esta, dando uma maior margem de tempo para produção que estava passando por mudanças. Destaque para o último episódio - “Uma missão altamente improvável”-, escrito por Phillip Levene e dirigido por Robert Day, em que uma máquina de encolhimento reduz os protagonistas a dimensões liliputianas. Eles interagem com adereços de tamanho gigantesco, lembrando o futuro seriado Terra de Gigantes, de Irwin Allen. A abertura da série permaneceu a mesma.
 
 
"Uma missão altamente improvável":  O pequeno John Steed

 
 
Sétima temporada (1968/69 - 33 episódios): 
 
 
‘Mother' (Patrick Newell), chefe de Steed se torna fixo na série...

 
 
... bem como sua guarda-costas Rhonda (Rhonda Parker)!!!

 
No primeiro episódio desta última temporada (originalmente seria o último da anterior) - “Não se esqueça de mim” -, escrito por Brian Clemens e dirigido por James Hill, surge ‘Mother' (Patrick Newell - 1932-1988), chefe de Steed, e Rhonda (a australiana Rhonda Parker), sua cuidadora (e guarda-costas) gigante e muda. Ambos se tornam personagens recorrentes. Ao final do episódio temos a despedida de Peel da série. Ela recebe a notícia de que seu marido - dado como morto - ‘foi encontrado nas selvas da Amazônia’. Com isso, ela se despede e dá conselhos a Steed para sempre ‘manter em momentos de stress o seu chapéu coco sobre a cabeça e se precaver contra diabólicos gênios do crime’ *5. Assim, Diana Rigg sai da série com classe e de forma marcante *6Para sua sucessora, surge Tara King (a canadense Linda Thorson), que também participou desse primeiro episódio. A nova co-protagonista tinha figurinos de Harvey Gould, e posteriormente de Alun Hughes, enfatizando seu estilo mais sex simbol que Emma Peel. Como a atriz era mais nova, e mais voluptuosa, tem mais cenas em trajes pequenos, destacando suas pernas. Sua dinâmica contrastava a sua juventude (20 anos) com a maturidade (45 anos) de Steed. Ela tinha admiração por ele, que era uma lenda na organização, e havia nas entrelinhas um possível affair entre eles. 
 
Juventude: Tara King (Linda Thorson) e suas belas e torneadas pernas

 
A produtora tentou forçar uma volta aos tempos mais realistas do seriado (da época de ‘Cathy’ Gale), mas não teve muito sucesso, pois o non sense já tinha se tornando uma característica indissociável da série. Nesta temporada Mcnee assina os próprios figurinos, além de mudar de carro, passando a dirigir Rolls Royces (um Silver Ghost 40/50 1923 e depois um New Phanton Tourer MK1 1927), mantendo sua paixão por veículos antigos. O novo carro era amarelo, que contrasta e muito com os carros em tons vermelhos de Tara (inicialmente um Maroon AC 428 conversível, substituído por um Lotus Elan +2 e depois um Lotus Europa). 
 
Tara King e seus carros vermelhos (aqui, um Lotus Europa - 1968)
 

Destaques para dois episódios. Um é o de número 6 - “Palhaços” -, escrito por Dennis Spooner e dirigido por James Hill, que tem a participação de John Cleese. Nele vemos Steed lendo o álbum de quadrinhos “O Lótus Azul”, uma das aventuras franco-belgas de Tintin (e temos Tara num vestidinho deslumbrante...). O outro é o de número 25 - “Névoa" -, escrito por Jeremy Burmhan e dirigido por John Hough, onde, numa Londres à noite coberta de fog (na década de 60, antes das normas ambientais, era algo notório...), membros de uma comissão internacional de desarmamento são mortos por um imitador de ’Jack, o Estripador'. Esta é uma trama de ambientação vitoriana que emula os filmes da Hammer e de Sherlock Holmes.  
 
Névoa": Nigel Green é o presidente de um fã-clube de "Jack, o Estripador"

 
"Pandora": o sobrinho (Julian Glover) de um espião droga Tara para ela acreditar ser uma mulher em 1915 numa bela casa Art Nouveau

 
A partir do episódio 13, a supervisão de scripts passa a ser feita por Terry Nation (Doctor Who), e eles se tornam insólitos (muitas vezes com temas de ficção-científica). Algumas vezes parodiam clássicos do cinema, como: Matar ou Morrer (1952, de Fred Zinnemann), Relíquia Macabra (1941, de John Huston) e Horas de Desespero (1955, de Wiliam Wyler). A abertura e encerramento dos episódios na temporada foram diferentes nas versões veiculadas na TV inglesa e na norte-americana.
 
"Sonho de Morte" com Edward Fox  e "Palhaços" com um John Cleese pré-Monthy Python

 
De tirar o fôlego...

 
 
Veja nos links:
A sétima acabou sendo a última temporada da série. Atualmente toda a fase de Emma Peel e Tara King se encontra no Amazon Prime Video em som original com legendas, organizadas de forma cronológica. Mas elas não correspondem à ordenação em que elas foram veiculadas. O serviço de streaming colocou a quarta temporada, a mais antigo disponível, como se fosse a primeira.

Depois da série
 
Em 1971 houve a produção de uma peça musical baseada no seriado escrita por Brian Clemens e Terence Feely. Dirigida por Leslie Phillips, ela foi apresentada no Birmingham Theatre. Como Patrick Mcnee achou por bem não embarcar no projeto, a solução foi recrutar atores que já haviam aparecido na série, ficando Simon Oates (1932-2009) no papel de John Steed (aqui redefinido como um garanhão), Sue Lloyd (1939- 2011) interpretou sua parceira Hannah Wilde (um mix de Emma Peel e Tara King) e Kate O´Mara (1939-2014) atuou como a vilã Madame Gerda, líder de um exército de feminazis. A produção era ambiciosa, com cenografia de complexa instalação criada Michael Young. Os figurinos eram de Berkeley Sutcliffe e Ronald Cobb, que criaram muitos trajes femininos de couro e plástico. Mas o que funcionava de forma sutil e irônica na tela pequena, parecia bobo no palco. Para complicar, dificuldades técnicas prejudicavam a troca dos 16 cenários, que excediam os limites da infraestrutura do teatro, feito para espetáculos mais simples. Tudo isso quebrava o ritmo narrativo. Isto, mais as péssimas críticas, fizeram com que o espetáculo tivesse vida curta, encerrando sua carreira três semanas após a sua estreia em Londres... parecia o fim, ou não?
 
 
A peça de teatro de 1971: Simon Oates (John Steed), Sue Lloyd (Hannah Wilde) e Kate O´Mara (Madame Gerda) com seu exército de guerreiras


Anos depois, em 1975, o sucesso da série na Europa levou a produção de um comercial de uma marca de champanhe com Mcnee e Thorson reprisando seus papéis. Durante a negociação, o produtor francês Rudolph Rofi se surpreendeu ao descobrir que o seriado fora cancelado. Meses depois ele voltou com a proposta da I.D.TV Paris, um grupo francês, para co-produzir um novo programa, animando os produtores ingleses. 
 
 
  "Os Novos Vingadores": Purdey (Joanna Lumley), Mike Gambit (Gareth Hunt) e John Steed

 
Assim surgiu The News Avengers (1976-1977), que trazia de volta o veterano John Steed (o mesmo Patrick Mcnee) agora mais autossuficiente, não respondendo à ninguém, dividindo o protagonismo com dois jovens novos agentes - Mike Gambit (Gareth Hunt - 1943-2007) e a bela Purdey (Joanna Lumley) - em aventuras divertidas, mas com um tom menos camp do que a sua série-matriz. Ela  mesclava espionagem, conspirações políticas, organizações nazistas, gênios do mal e elementos de ficção-científica, ainda mantendo o viés da série original. A produção apresentou momentos de grande tensão psicológica e ironia, com a maior parte da ação física a cargo dos novos, jovens e atléticos parceiros de Steed. Ao longo da série, Patrick Mcnee perdeu peso e se exercitou para ficar à altura deles. A co-produção permitiu que alguns episódios fossem rodados na França. A abertura tem tema de Laurie Johnson que reinventa o tema clássico da série original num tom bem anos 70, como se pode notar no link: 
 
 
Steed passou a ser autossuficiente, e mentor dos jovens agentes

 
 
Primeira temporada (1976 - 13 episódios): 
 
 
"The Eagle´s Nest": A estreia bem sucedida com direito à música de "A Ponte do Rio Kwai"

  
Destaque para o episódio 7 - “To Catch a Rat” -, escrito por Terence Felly e dirigido por James Hill. Ian Hendry, o Dr. David Keel da primeira temporada da série original, interpreta um agente desacreditado, lutando para resgatar sua honra perdida, num roteiro que remete à atmosfera dos primórdios de The Avengers.
 
 
"To Catch a Rat":  lan Hendry em tocante participação

 
 
Segunda Temporada (1977 - 13 episódios): 
 
 
"Angels of Death" com a bela Caroline Munro (à direita)

 
Na época dessa última temporada ocorreu a quebra do grupo francês I.D.TV Paris que co-produzia a série, sendo substituída por um grupo canadense. Com isso, os últimos quatro episódios da temporada foram ambientados e rodados no Canadá, onde a  serie passa a ser veiculada com o nome de “The News Avengers in Canada” *7. Finda a temporada, os problemas financeiros do grupo se avolumaram inviabilizando o prosseguimento do seriado.
 
"The New Avengers" gerou durante sua veiculação um bom número de colecionáveis

Quadrinhos: "The New Avengers": no traço de um iniciante John Bolton


The New Avengers chegou a ter um modesto universo expandido, com a novelização de vários episódios e algumas edições em quadrinhos pela editora inglesa Brown & Watson, desenhadas por John Bolton e Pierre Le Goff em 1977 e 78.

The Avengers - O Filme
 
 
O filme de 1998: Nem Ralph Fiennes, Uma Thurman e Sean Connery evitaram o fracasso nas bilheterias

 
 
Em 1998 os excêntricos personagens originais foram levados para a tela grande. Dirigido por Jeremiah M. Chechik, com roteiro de Don MacPherson e estrelado por Ralph Fiennes (que, anos depois, viria a se tornar o ‘M' dos filmes de James Bond) como John Steed e Uma Thurman (Kill Bill) como Emma Peel, Os Vingadores tinha ótimos valores de produção e Sean Connery (o 007 original) como Sir August de Wynter, o vilão (o único de sua carreira) que ameaçava o mundo com sua máquina de mudança climática. Tinha tudo para dar certo, só que não... Derrapando num roteiro que funcionaria melhor num episódio de 50 minutos do que num filme de uma hora e 45 min, diálogos que careciam da fina ironia da série e a falta de química entre os intérpretes aliada à uma direção frouxa, o filme ruiu nas bilheterias.
 
 
Joanna Lumley, Patrick Mcnee e Gareth Hunt (Os Novos Vingadores) num evento antes da morte de Hunt, em 2007

 
 
Diana Rigg, Honor Blackman, e Linda Thorson, com Patrick Macnee, num evento comemorativo da série, pouco antes da sua morte em 2015

 
Se visto com olhos atuais, Os Vingadores pode soar datado, com suas tramas de Guerra Fria, sua lógica “qualquer-coisa" e suas cenas de luta dignas de Os Trapalhões (além dos microfones aparecendo no topo da cena). Mas, ainda sim, a fina ironia de seus diálogos e as interpretações inspiradas de seus intérpretes permanecem um deleite de assistir, sendo testemunho de uma época em que um chapéu coco, acompanhado de guarda-chuva e sobretudo, soavam como o state of art da elegância e sofisticação.
 
 
John Steed & Emma Peel são icônicos até hoje!

 
Notas:
 
*1: Patrick Mcnee criou ele mesmo a persona e o visual de John Steed com chapéu coco, guarda-chuva (com uma fina espada embutida no cabo), paletó, gravata e colete no melhor estilo britânico. Era um amálgama do Pimpinela Escarlate (herói de romances de capa-e-espada) com o pai do ator (um treinador de cavalos de corrida e dândi ) e o seu oficial comandante dos tempos que serviu na Marinha. 
 
*2:Vários atores participaram, em algum momento de suas carreiras, das duas séries, o que poderia ser encarado como um “universo compartilhado” informal.
 
*3: No episódio 13 da quarta temporada - “Muitas Árvores de Natal” - Steed recebe um cartão de Natal de Gale, endereçado de Fort Knox, onde se dá o clímax do filme do 007 que a atriz participou.
 
*4: Numa entrevista, Diana Rigg disse que a natureza da relação de Emma Peel e John Steed seria a de grandes amigos, que ocasionalmente compartilhavam a cama...
 
*5: Em vários episódios fica evidente que o chapéu de Steed seria internamente de metal, para protegê-lo de golpes e poder ser usado como arma (O que provavelmente deve ter inspirado o ‘chapéu-bumerangue’ de borda afiada do capanga Odjobe de 007 contra Goldfinger). Mas isso, de acordo com as necessidades dos roteiristas, era um detalhe ignorado, já que várias vezes ele era amassado quando precisavam de um momento cômico.
 
*6: Nesta cena de despedida ela se encontra com o marido, que está de costas e nunca vemos o rosto. Mas toda a sua silhueta remete à de Steed (chapéu coco, guarda-chuva, sobretudo bem ajustado). Logo em seguida Diana Rigg faria 007 à Serviço de Sua Majestade (1969), interpretando a Contessa Teresa ‘Tracy' Di Vicenzo, a primeira mulher com quem Bond se casaria.
 
Veja o link:  
https://www.youtube.com/watch?v=lt_BCLtLZfw
 
*7: Brian Clemens detestou filmar no Canadá, considerando estes episódios os piores da série, pois segundo ele: ”- O Canadá é o pior lugar do mundo para filmar qualquer coisa, parecendo um grande vazio no meio do nada. Eu preferiria Los Angeles que pelo menos tem uma personalidade, enquanto no Canadá tudo parece uma ’Milton Keynes’ (uma cidade do sudeste da Inglaterra) com neve!”
 

"- Nada mal para quem, como eu, começou como um mero co-astro não???"



 

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