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domingo, 28 de julho de 2019

Novo começo... - Crítica - Filmes: Toy Story 4

 


Amizade, lealdade, e o ter de dizer adeus...


por Alexandre César 

(Originalmente postado em 20/ 06/ 2019)


Pixar surpreende com sequência que abre novos rumos


 

Finais e novos começos...
 
"Toy Story 3 (2010 de Lee Unkrich) terminou a história de Woody e Buzz com Andy tão perfeitamente que por muito tempo, nunca falamos em fazer outro filme de Toy Story. Mas quando Andrew (Stanton), Pete (Docter), Lee (Unkrich) e eu surgiram com essa nova ideia, eu não conseguia parar de pensar nisso. Era tão motivante para mim, eu sabia que precisávamos fazer esse filme - e eu queria dirigi-lo eu mesmo."  - John Lasseter em 2014. 
 


Woddy e Garfinho: Os brinquedos da Bonnie...


Algumas coisas mudaram desde essa declaração, e como em todo projeto vivo, dinâmico e tocado por pessoas talentosas, quando uma vez iniciado a sua evolução natural irá ditando as mudanças, seja pela entrada e saída das pessoas que irão levá-lo a cabo, seja pela própria mensagem final do projeto. Esta alquimia chamada “Arte” ao final se revela tão rara quanto um raio cair mais de uma vez no mesmo lugar.

E raios não caem mais de uma vez num mesmo lugar! Ou não?!? 


Os desgarrados do grupo.


Buzz Lghtyear, apesar de ter menos tempo em cena, ouve a sua "voz interior"


 

Dirigido por Josh Cooley (George and A.J. de 2009, O Primeiro Encontro da Riley de 2015), Toy Story 4 (2019) mostra que em se tratando da Pixar Animation Studios um raio pode cair um número exponencial de vezes no mesmo lugar e, sempre nos surpreender em cada uma delas. Por sua capacidade de ousar e correr riscos podemos dizer sem medo que o mais fraco filme do estúdio ainda sim coloca no bolso um grande número de blockbusters feitos na base do seguro (mas previsível) “mais-do-mesmo”. A sorte favorece o audaz... 



Betty e Woody: Amor interrompido.

 

Com o roteiro de Andrew Stanton ( John Carter: Entre Dois Mundos, Wall-E  Procurando Nemo ) e Stephany Folson (Star Wars: Resistance), a partir da história de Josh Cooley, Andrew Stanton, Stephany Folson, John Lasseter, Valerie LaPointe, Rashida Jones, Will McCormack e Martin Hynes retomamos o universo narrativo de Woody, Buzz Lightyear, Jessie, Rex,e Cia. Numa nova etapa de suas vidas, agora como os brinquedos da Bonnie, que está crscendo e antrando no jardim de infância e entrando na fase de socialização com outras crianças. O que temíamos acabar em apenas um a continuação caça-níqueis sem razão de ser revala-se um bem construído exercício sobre apego, lealdade ao grupo, e a si mesmo, crescimento e... a necessidade de dizer adeus, abraçando a certeza de um final nada mais é do que apenas um novo começo para uma nova história. felizmente a Pixar é a Pixar.



Empoderadas: A nova Betty e Isa Risadinha, a amiga e confidente.
 

Numa viagem de férias, quando Bonnie adiciona um relutante (e sem-noção) e hilário novo brinquedo feito de sucata reciclada: O Garfinho ao seu quarto, sendo apadrinhado por Woody que sempre viu o seu lugar no mundo e a sua prioridade como cuidar de sua criança, seja ela Andy ou Bonnie, e tudo o que se relaciona a elas, tem nesta aventura na estrada ao lado de velhos e novos amigos a noção do quão grande o mundo pode ser de fato para um brinquedo, reencontrando a sua antiga paixão, a boneca de porcelana Betty, ( que estava ausente no filme anterior e aqui, tal ausência é explicada) que agora não pertence a nenhuma criança, sendo um “brinquedo perdido”, mas agora, ela mudou, estando empoderada, não pertence a ninguém e veste uma calça jeans no lugar do antigo vestido cor-de-rosa, numa alegoria da mulher divorciada e bem-resolvida que sabe que a sua vida não é definida por ser vinculada a de outra pessoa, ganhando assim um protagonismo maior que o de Buzz (uma reação ao movimento #MeToo e podemos dizer, uma “resposta” da Pixar contra as acusações de assédio ao fundador do estúdio, John Lasseter). 
 
 


Aloprados: Patinho e Coelhinho, a "dupla qualquer-coisa"...

 
 
Ao longo da película surgem novos personagens como a dupla Coelhinho e Patinho, dois aloprados de pelúcia, Duke Caboon, um motoqueiro acrobata, a pequena Isa Risadinha, e como antagonista temos A boneca vintage Gabby Gabby e os Bensons, seus sinistros bonecos de ventrílocos capangas, que remetem aos filmes de terror na linha de Annabelle. Mas o roteiro foge aos maniqueísmos fáceis, e se ela a princípio é uma vilã, logo entendemos os fatos que a levaram a agir daquela forma, e acenando para a possibilidade de um novo começo a partir da coragem de se romper com antigos padrões que não levavam a lugar nenhum. É necessário abrir mão do passado, para se abraçar o futuro.



Duke Kaboon, o brinquedo acrobata, com uma trágica história de rejeição...

 

A montagem de Axel Geddes (Wall-E, Procurando Nemo, Monstros S.A., Procurando Dory) é precisa nos cortes de forma orgânica, deixando a trama fluir, embalada pela música de Randy Newman (Cinesérie Toy StoryWi Fi Ralph: Quebrando a Internet, A Princesa e o Sapo) continua cativante, sublinhando os momentos mais intimistas e nas sequências de ação. 



- Cuidado com o gato!!!

 

O Desenho de Produção de Bob Pauley (O Estranho Mundo de Jack, Toy Story, Vida de Inseto, Divertidamente) e a Direção de Arte de Laura Phillips (Os Incríveis, Wall-E, Valente, Carros 3) enchem os nossos olhos com um mundo pleno de detalhes e cores em vários níveis, mostrando o quanto Toy Story não só continua como força total, mas também atua com força própria, criando ambientes visualmente ricos e envolventes. 
 
 


Um mundo amplo e colorido, pleno de possibilidades...

 
No final saímos com um sorriso nos lábios e enxugando algumas lágrimas no canto dos olhos certos de termos tido um novo e revitalizante encontro com esses personagens tão queridos que conquistaram merecidamente um lugar em nossos corações, encontro esse que poderá ser o último ou não, pois embora amigos se despeçam e muitas vezes percam contato, ainda sim as lembranças e suas histórias continuarão ecoando ao longo de nossas vidas pois Woody, Buzz, Bethy, Jessie e Garfinho entre outros tantos personagens nos provam que a vida permanece como sendo a maior de todas as aventuras "ao infinito e além"
 


Perigo Real e Imediato: Gabby Gabby e Benson, as ameaçadoras referências à "Anabelle" e Cia

 
Obs: A dublagem em português continua impecável, sendo inclusive reconhecida pela Disney como a melhor de todas.



 

"Adeus, ou até logo. Nos vemos no streaming!!!"