171, entre outros números...
por Alexandre César
(Originalmente postado em 21/ 11/ 2019)
Hellen Mirren e Ian McKellen em trama instigante
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Abra bem os seus olhos...
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2009. A bela viúva Betty McLeish (Helen Mirren, Oscar por A Rainha e de A Maldição da Casa Winchester e Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw) procura conhecer alguém num site de relacionamentos, e depara com o encantador Roy Courtnay (Ian McKellen das trilogias O Senhor dos Anéis e O Hobbit) que rapidamente ocupa espaço em sua vida, e apesar das reservas de seu neto Stephen (Russell Tovey de Quantico)
ela investe nesse relacionamento, e como poderia ser diferente? Roy é
charmoso, elegante, bem falante e divertido, e demonstra bastante apreço
pela doce viúva, não fosse um pequeno detalhe: Roy é um golpista
safado, que vive de ludibriar os outros, e que se fosse pego nos países
islâmicos, não teria uma, mas as duas mãos cortadas. Embora planeje
convencer a viúva a entrar num negócio fajuto, visando limpar seus
substanciais fundos até deixá-la sem nada Roy começa a lutar com a ideia
de estar realmente se afeiçoando a Betty, colocando-o num impasse.

Roy Courtnay (Ian McKellen) e Betty McLeish (Helen Mirren): Relacionamento em tempos de internet
Dirigido por Bill Condon (Oscar pelo roteiro de Deuses e Monstros que dirigiu com McKellen indicado como melhor ator) A Grande Mentira (2019)
equilibra bem humor, drama e tensão numa história de golpes,
expectativas e surpresas. McKellen, com a competência de sempre, nos
mostra a forma como Roy, junto com seu parceiro de golpes Vincent (Jim
Carter de Downton Abbey)
cativa as suas vítimas, homens de negócios em busca de investimentos de
lucro rápido (não importando se lícitos ou não...) na melhor tradição
de “ladrão-que-rouba-ladrão”,e embora
seja um personagem cativante rapidamente nos mostra que ele não exita
no uso da violência para assegurar os seus ganhos ou para manter os seus
disfarces, de forma rápida, contundente, e até letal, pois só porque é
um velhinho simpático, não podemos esquecer que criminosos também
envelhecem (e se estiverem na política, envelhecem e se aposentam muuito bem).

O neto de Betty Stephen (Russell Tovey) sente que Roy não é esse "Príncipe" que sua avó diz...
O roteiro de Jeffrey Hatcher (Sr. Sherlock Holmes)
a partir do aclamado livro de Nicholas Searle (não publicado no Brasil)
trabalha as circunstâncias do encontro entre esses dois idosos, com
situações até previsíveis, dada a premissa simples da história, mas
surpreendendo nas reviravoltas e nas motivações de seus personagens, bem
como nas suas origens, mostrando o quanto um fugitivo pode se viciar na
adrenalina de estar sempre fingindo ser quem não é, ou como
adolescentes despeitados podem ser destrutivos em momentos históricos
perigosos ou como pessoas esquecidas podem voltar do passado para
ajustar contas. A vida sempre surpreende...

Roy tem como aliado Vincent (Jim Carter) em seus golpes na área financeira
A elegante fotografia de Tobias A. Schliessler (A Bela e a Fera) e a montagem de Virginia Katz (Sr. Sherlock Holmes) habituais colaboradores de Condon situam bem a trama e sua atmosfera, entre a casa de Betty num condomínio e os Nightclubs e
apartamentos alugados que Roy usa para seus golpes, havendo uma mudança
interessante na palheta de cores quando os protagonistas viajam para
Berlim, e em alguns momentos ficando com um ritmo narrativo que remete à
O Mistério de Berlim de Steven Soderbergh (2006) quando são revelados dados do passado de Roy.

Reflexos: Roy esconde segredos sobre as suas origens...
O desenho de produção de John Stevenson (Burton e Taylor)
capta o estilo cotidiano da casa rural e Betty, a falsa imponência dos
escritórios de araque usados para golpes na área financeira e a passagem
do tempo nos ambientes berlinenses da época e dos anos do antes e do
pós-Segunda Grande Guerra de forma sutil, da mesma forma que os
figurinos de Keith Madden (Patrick Melrose e Sr. Sherlock Holmes )
caracterizam as personalidades de seus personagens, seja na delicadeza
dos vestidos de Betty seja na simplicidade dos trajes de Roy quando quer
parecer “um bom velhinho” inofensivo
que usa boina e guarda-chuva ou na imponência dos seus bem cortados
ternos quando quer se passar por um poderoso banqueiro, como um
camaleão, tudo com sutil elegância, se bem que, Mirren e McKellen são
elegantes até mesmo como mendigos, não conseguem evitar...

Velho mas não indefeso: Roy mostra quando necssário ser perigoso e mortal
Condon, conduz a trama de forma eficiente, embalado pela trilha sutil de Carter Burwell (Três Anúncios para um Crime, Carol)
que sublinha a ação seus intérpretes, sem chamar atenção para si,
permitindo que “duelem” seja no gestual, ou num olhar, revelando
certezas e dúvidas, mostrando que nem sempre o mais competente enganador
é aquele que se orgulha de seus logros (“-Você não está nisso pelo dinheiro Roy!” lhe diz o seu amigo Vincent em certa altura “- É pela adrenalina do jogo!!!” ) e se julga verdadeiramente senhor de seus atos...

Ao final, Roy atinge o seu objetivo... ou não?
A Grande Mentira vale
a ida ao cinema se você acha que vale ver o desenrolar de uma trama
baseada apenas em boas interpretações, uma história bem amarrada e uma
boa condução narrativa, no melhor estilo inglês, com um humor sutil,
momentos de ação inesperados e doses dramáticas na medida que a história
pede, de forma equilibrada, coisa rara nestes tempos de Tiro, Porrada & Bomba...
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Roy Courtnay (Ian McKellen) e Betty McLeish (Helen Mirren): Relacionamento em tempos de internet
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Dirigido por Bill Condon (Oscar pelo roteiro de Deuses e Monstros que dirigiu com McKellen indicado como melhor ator) A Grande Mentira (2019)
equilibra bem humor, drama e tensão numa história de golpes,
expectativas e surpresas. McKellen, com a competência de sempre, nos
mostra a forma como Roy, junto com seu parceiro de golpes Vincent (Jim
Carter de Downton Abbey)
cativa as suas vítimas, homens de negócios em busca de investimentos de
lucro rápido (não importando se lícitos ou não...) na melhor tradição
de “ladrão-que-rouba-ladrão”,e embora
seja um personagem cativante rapidamente nos mostra que ele não exita
no uso da violência para assegurar os seus ganhos ou para manter os seus
disfarces, de forma rápida, contundente, e até letal, pois só porque é
um velhinho simpático, não podemos esquecer que criminosos também
envelhecem (e se estiverem na política, envelhecem e se aposentam muuito bem).
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O neto de Betty Stephen (Russell Tovey) sente que Roy não é esse "Príncipe" que sua avó diz...
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O roteiro de Jeffrey Hatcher (Sr. Sherlock Holmes)
a partir do aclamado livro de Nicholas Searle (não publicado no Brasil)
trabalha as circunstâncias do encontro entre esses dois idosos, com
situações até previsíveis, dada a premissa simples da história, mas
surpreendendo nas reviravoltas e nas motivações de seus personagens, bem
como nas suas origens, mostrando o quanto um fugitivo pode se viciar na
adrenalina de estar sempre fingindo ser quem não é, ou como
adolescentes despeitados podem ser destrutivos em momentos históricos
perigosos ou como pessoas esquecidas podem voltar do passado para
ajustar contas. A vida sempre surpreende...
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Roy tem como aliado Vincent (Jim Carter) em seus golpes na área financeira
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A elegante fotografia de Tobias A. Schliessler (A Bela e a Fera) e a montagem de Virginia Katz (Sr. Sherlock Holmes) habituais colaboradores de Condon situam bem a trama e sua atmosfera, entre a casa de Betty num condomínio e os Nightclubs e
apartamentos alugados que Roy usa para seus golpes, havendo uma mudança
interessante na palheta de cores quando os protagonistas viajam para
Berlim, e em alguns momentos ficando com um ritmo narrativo que remete à
O Mistério de Berlim de Steven Soderbergh (2006) quando são revelados dados do passado de Roy.
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Reflexos: Roy esconde segredos sobre as suas origens...
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O desenho de produção de John Stevenson (Burton e Taylor)
capta o estilo cotidiano da casa rural e Betty, a falsa imponência dos
escritórios de araque usados para golpes na área financeira e a passagem
do tempo nos ambientes berlinenses da época e dos anos do antes e do
pós-Segunda Grande Guerra de forma sutil, da mesma forma que os
figurinos de Keith Madden (Patrick Melrose e Sr. Sherlock Holmes )
caracterizam as personalidades de seus personagens, seja na delicadeza
dos vestidos de Betty seja na simplicidade dos trajes de Roy quando quer
parecer “um bom velhinho” inofensivo
que usa boina e guarda-chuva ou na imponência dos seus bem cortados
ternos quando quer se passar por um poderoso banqueiro, como um
camaleão, tudo com sutil elegância, se bem que, Mirren e McKellen são
elegantes até mesmo como mendigos, não conseguem evitar...
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Velho mas não indefeso: Roy mostra quando necssário ser perigoso e mortal
|
Condon, conduz a trama de forma eficiente, embalado pela trilha sutil de Carter Burwell (Três Anúncios para um Crime, Carol)
que sublinha a ação seus intérpretes, sem chamar atenção para si,
permitindo que “duelem” seja no gestual, ou num olhar, revelando
certezas e dúvidas, mostrando que nem sempre o mais competente enganador
é aquele que se orgulha de seus logros (“-Você não está nisso pelo dinheiro Roy!” lhe diz o seu amigo Vincent em certa altura “- É pela adrenalina do jogo!!!” ) e se julga verdadeiramente senhor de seus atos...
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Ao final, Roy atinge o seu objetivo... ou não?
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A Grande Mentira vale
a ida ao cinema se você acha que vale ver o desenrolar de uma trama
baseada apenas em boas interpretações, uma história bem amarrada e uma
boa condução narrativa, no melhor estilo inglês, com um humor sutil,
momentos de ação inesperados e doses dramáticas na medida que a história
pede, de forma equilibrada, coisa rara nestes tempos de Tiro, Porrada & Bomba...
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