terça-feira, 15 de setembro de 2020

Crítica - Filmes: Pokémon: Detetive Pikachu (2019)

 

“ Desafios vou encontrar E os enfrentarei... 

Lutando pelo meu lugar Todo dia estarei!”

por Ronald Lima
(Postado originalmente em 11/05/2019)

O universo game/ anime perfeitamente materializado

 
Obs: Spoilers
 
Imagine um mundo onde desde a origem dos tempos o homem teve a companhia de seres incríveis, ora animais de estimação, ora parceiros de trabalho, muitas vezes fofinhos, a maior parte do tempo seres incríveis e poderosos, transitando entre o mítico e o divertido. 
 
Dirigido por Rob Letterman, baseado no game lançado em 2016, que por sua vez é inspirado no famoso anime de 1997 que se tornou uma febre mundial encantando crianças, jovens e adultos, Pokémon: Detetive Pikachu (2019) é a perfeita tradução visual e podemos dizer espiritual das aventuras do game e, deste rico universo que, desde os já longevos tempos das aventuras de Ash e Cia. em sua busca de se tornar um mestre Pokémon em sua jornada neste mundo fantástico. 
O revolucionário e pequenino Game Boy da Nintendo.
 Local de onde Pikachu e sua turma vieram ao Mundo.
 
 
O nome Pokémon é uma abreviação para Pocket Monsters . Satoshi Tajiri concebeu a ideia de um game para um novo conceito de console recém lançado no Japão em 1989/ 1990, o pequeno console Game Boy da Nintendo. Tajiri baseou sua criação na lembrança do que mais gostava de fazer quando criança, sendo um garoto do campo, ele capturava pequenos besouros e insetos em potes de vidro para ficar ali observado-os e depois solta-los.
 
É fácil perceber aí plot dos Pokémons e as Pokebolas de seus Treinadores. O grande diferencial do Game Boy para outros consoles concorrentes e igualmente diminutos é que ele permitia cartuchos para diversos jogos. O sucesso dos Pokémons foi grande no Game Boy passando logo para o o poderoso console Nintendo 64, local de domínio de um outro personagem que está ainda devendo na Grande Tela, Super Mário.
 
 
O 1º encontro de Pikachu com Ash não foi dos mais amigáveis.

 A cada lançamento novos Pokémons são criados para background dos games, toda geração nova também é apresentada no Anime e em outras mídias. O game está na 7ª versão e aqui no Brasil você pode jogar no Playstation e nos Game Boys também é claro. Realidade Aumentada é a interação do Mundo Real com a Realidade do Game, esse novo conceito para Games foi também implementado nos jogos Pokémon em Pokémon GO para smartphones, lançado em vários Países, o rápido sucesso dessa forma de jogar Pokémon mostra a força que essas criaturas ainda exercem, tanto nas novas gerações como na turma anterior, ambos se divertiram em finalmente conseguir capturar seu Pokémon de modo muito semelhante ao Anime e aos Games. 
 
Para a grande maioria do público brasileiro o 1º contato com Pokémons veio com o Anime de 1997 que pode ser resumido pela frase “Pikachu eu escolho você!” Frase dita pelo treinador ao lançar uma Pokebola em direção ao Pokémon adversário. Vale lembrar que Pikachu é um dos poucos Pokémon que mesmo sendo capturado consegue sair da Pokebola (Há outros...).


São 22 temporadas e 21 Longas Todos eles baseados em cenários, personagens e roteiros antes vivenciados nos games. No Anime conhecemos o aprendiz de treinador Ash Ketshum e dois amigos seus Misty e Brock além da Famosa Equipe Rocket que Também desejam capturar todos os Pokémon possíveis mas de modo nada honesto. A Equipe Rocket é formada pela voluntariosa Jessie e o aparvalhado James e até então o único Pokémon falante, o Meowth
Detetive Pikachu é um spin-off de todo esse histórico, o game foi lançado em março de 2016 e apesar da boa aceitação recebeu algumas críticas por conta do roteiro parecer mais apropriado a um filme do que a um game.... Então. Chegaram a chamar Danny DeVito para dublar Pikachu no game, ele porém recusou, que pena.
 
Apesar do estilo Sherlock. Pikachu está bem mais na linha dos detetives Noir

“E você não tem um Pokémon?"

Mencionei todo esse histórico para na verdade lhe passar uma vontade em assistir a Detetive Pikachu, mas não se preocupe caso não saiba o nome dos mais de 800 Pokémons até o momento criados ou ter assistido a um episódio aqui e ali do Anime ou sequer ter jogado a 1ª geração do game quanto mais a atual 7ª geração (oitava se contar o já mencionado Pokémon Go). Tudo que precisa saber está contido no próprio roteiro do filme; agora é claro, para quem acompanhou alguma coisa, ou tudo, sentirá um sabor melhor em reconhecer várias referências e citações aos games e a episódios e momentos do anime.

O diretor Rob Letterman (“Monstros vs. Alienígenas”) fez uma mistura de animação e ação ao vivo em CGI. Você pode ver as criaturas se misturando bem com pessoas em cenários reais - Letterman procurou manter os Pokémon em uma textura real, então não estranhe muito se no game e anime o Pikachu é mais “liso” pois se de verdade ele fosse representado em um live action ele realmente teria pêlos como um roedor. Todos os Pokémons estão muito realistas e ainda assim iguais, se algum lhe parecerá como um brinquedo é porque de fato ele é assim nas outras mídias. A cena com os Bulbasauros ficou ótima.
 
 
As ovelhas elétricas não seriam Pokémons?
 
 
Ryme City é um grande diferencial em Detetive Pikachu em relação a todo cânone Pokémon, no game é uma grande cidade, mas até mesmo as grandes cidades em Pokémon parecem um tanto provincianas, porém a Ryme City desse filme é uma Grande Metrópole criada pelo multimilionário Howard Clifford, o ator Bill Nighy (O Davi Jones em Piratas do Caribe: No Fim do Mundo e tantos outros filmes). Howard após uma experiência pessoal quase mística com Pokémon decidiu criar um lugar onde essas criaturas e humanos possam conviver sem competições. Na verdade Ryme City possui duas faces, uma Metrópole vibrante e próspera porém a noite adquire cores que farão lembrar a Los Angeles de Blade Runner, e não só as cores...
 
O roteiro não é muito inovador, e até um tanto confuso ao tentar lhe encaminhar em uma trama cheia de idas e voltas mas ninguém poderá reclamar tanto pois segue bem próximo do que prescreve o Game de Detetive Pikachu. Seguiram demais né?
 
A aventura começa direto com uma boa cena de ação apresentando um personagem de impacto, é o gatilho para toda a trama seguinte. Em seguida o ritmo entra em calma para uma típica cidade e o cenário bucólico do anime Pokémon e direito a uma clássica captura usando uma Pokebola. Karan Soni interpreta um amigo de infância de Tim (o único pelo visto), o pouco tempo em tela é suficiente para homenagear ou representar Ash Ketshum com boné e tudo, Karan Soni é Dopinder, o motorista de táxi em Deadpool. Tim se nega a seguir seu sonho em tornar-se um Treinador Pokémon, tudo por revolta contra seu pai que lhe deu pouca atenção quando criança, esse preferiu se dedicar ao máximo a carreira de policial detetive e negligenciou o filho. Tim pode não estar procurando por seu próprio Pokémon, mas há alguns Pokémon procurando por ele.
 
 
Vários Pokémon ao lado de seus amigos humanos, ajudando um ao outro em tarefas diárias
 
 
Após Tim receber uma notícia inesperada sobre seu pai decide seguir para Ryme City e a partir daí o filme passa a contar com ações mais frenéticas e intensas e tenta equilibrar com diálogos, afinal o interesse maior é ouvir o que Pikachu tem para dizer. A história é basicamente conduzida por 3 personagens: Pikachu com a voz do ator Ryan Reynolds (Deadpool 1 e 2), o corretor de imóveis e treinador frustrado de Pokémons Tim Goodman (Justice Smith - Cidades de Papel, onde seu personagem canta a música tema de Pokémon ) a 3ª pessoa é a estagiária de jornalismo bem no estilo Lois Lane ou Chloe Sullivan de Smallville“Chloe eu escolho você” pelo biotipo igual a essa personagem chamada Lucy Stevens ( Kathryn Newton de 3 Anúncios para um Crime), o Pokémon de Lucy é um Psyduck (legal né?). Ryan Reynolds dá a Pikachu um toque suave de malandragem sem agredir.
 
 
O que tem pra me dizer Mr. Mime?
 
 
Como foi dito, Ryme City tem seus segredos e grandes problemas e o pai de Tim buscava algumas respostas para esses segredos, mas o que de fato aconteceu com ele? Um relutante Tim Goodman aceita seguir esse tortuoso caminho convencido por Pikachu de que há uma boa solução para tudo. Só que ambos não sabem exatamente qual. Heróis relutantes é arquétipo típico de Animes, aliás não só de Animes.
 
 
Epa! Quem são esses Pokémons!?
 
 
Detetive Pikachu como não podia deixar de ser, segue vários estereótipos e usa frases de muitos filmes sobre o tema detetive policial ou particulares, o que dá conversa extensa após a sessão de cinema para lembrar e situar as fontes dessas citações (O Silêncio dos Inocentes é uma delas). Apesar de usar um boné de caça estilo Sherlock Holmes, Pikachu está mais para os cínicos detetives Noir dos anos 50. Aos poucos Tim e Pikachu com a ajuda de Lucy vão juntando as peças.
 
O sonho de uma Pokémontopia do bilionário filantropo Howard Clifford pode estar em risco, afinal o ideal de harmonia é muito diferente da encontrada em quase todas as outras propriedades Pokémon, nas quais treinadores humanos treinam as criaturas para batalhas supervisionadas. Howard tem um filho e sua relação com ele é tão problemática como foi a relação de Tim e seu pai. Roger Clifford é interpretado pelo ator Chris Geere, presente em inúmeros seriados, para citar um mais conhecido por aqui ele é o professor Arvin Fenneman em Família Moderna.
 
 
Roger Clifford - "Tenho que pegar esse Pokémon!"
 
 
Infelizmente há alguns fatores ou a falta deles que fazem com que o filme deixe escapar entre os dedos boas oportunidades para entusiasmar o público, seja ele formado por fãs de longa data seja por eventuais que estão apenas curiosos. 3 situações no filme poderiam criar essa empatia, acertam em uma.
 
A primeira seria A oportunidade de ouro! Mostrar na grande tela um combate entre Charizard e Pikachu... Yeah! Há uma “luta”, ou “quase isso” mas de verdade não houve. Seria empolgante e traria o espectador de vez para dentro do roteiro na hora certa. Erraram aqui, e feio.
 
 
Um ótimo Charizard!
 
 
 Na segunda acertam em cheio quando um Pikachu sem esperanças começa a cantar a canção tema de Pokémon. A empatia é imediata mas boa parte do filme já estava corrido, foi legal mas chegou tarde. Para salvar o “Momento Anime Pokémon” tivemos depois e antes dessas oportunidades um interrogatório com Mr.Mime e um Psyduck em plena ação. Bem legal.... Mas a luta com Charizard seria uma boa lembrança fixa desse filme.
 
A terceira ocorre de certa forma ao longo de todo filme e culmina em um final que deixa dúvidas e frustração para quem pensar um pouquinho além do que ali ocorreu. Pikachu durante o o filme inteiro busca ter algum tipo de química e manter a dupla, mas o personagem de Smith não é afável como é Ash Ketchum, até aí tudo bem, eles vão construindo essa relação ao longo do roteiro, mas essa revelação no final do filme confunde o espectador mais atento, é um final bonito e agradável, vem logo na sequência da explicação bem plausível para o que de fato moveu toda a situação, mas... O que ocorre de fato não vou contar. Há como resolver isso em um possível Pikachu II. Caso haja esse novo projeto gostaria de ver a Squirtle Gang.
 
 
“ Desafios vou encontrar E os enfrentarei... Lutando pelo meu lugar Todo dia estarei!”

 

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