Pé na estrada... e na lama!
Pé na estrada... e na lama!
por Alexandre César
(Originalmente postado em 03 / 08/ 2017)
A saga "heróica" de Gregory Heffley continua...
Baseado livremente na série de Best sellers de Jeff Kinney, que no Brasil já está no décimo volume, Diário de um Banana – Caindo na Estrada é o 4° filme da série levada aos cinemas e continua a saga de Gregory Heffley (Jason Drucker, substituindo Zachary Gordon dos filmes anteriores), o “banana” do título, e sua família.
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Gregory Heffley (Jason Drucker) enfrenta as vicissitudes da vida de ser um "pária social" |
Desta vez um incidente traumático o transforma em personagem de um meme constrangedor que lhe dá a alcunha de “mão de fralda”. Para superar esse constrangimento ele planeja ir a uma convenção de vídeo games, onde poderá encontrar o seu ídolo no gênero e resgatar sua dignidade perdida. Para alcançar esse objetivo ele aproveita os planos de sua mãe - Alicia Silverstone, a eterna “Patricinha de Beverly Hills”, aqui mostrando que os ídolos teens de ontem são os pais disfuncionais de hoje. Ela almeja viajar para participar do aniversário de 90 anos de sua bisavó. Para isso quer ir não de avião, mas de carro, para que a família possa “ter um tempo maior” de convivência. Acaba levando à tiracolo o pai (Tom Everett Scott) e os filhos, no que seria uma simples viagem de 48 horas ao volante. O que poderia dar errado? Para quem já viu clássicos da Sessão da Tarde, como os filmes das franquias Férias frustradas e O Pestinha ou, mais recentemente, o indie Pequena Miss Sunshine, não é difícil esperar uma sucessão de caos e “pagações de mico” federais.
Em mãos menos inspiradas a jornada da família Heffley seria apenas uma reciclagem de situações dos filmes anteriores citados - uma tola sucessão de momentos atrapalhados, escatológicos e descartáveis, como na maioria dos filmes do gênero. Mas neste caso o roteiro de Joe Stillman e Max Werner e a direção esperta de David Bowers driblam as armadilhas óbvias, fazendo um filme que reproduz a “jornada do herói”, definida pelo antropólogo Joseph Campbell, de forma divertida, tanto para as crianças e jovens quanto para os mais velhos. O filme ainda apresenta citações de clássicos do mestre Alfred Hitchcock num contexto bem amarrado à trama, sem que pareçam deslocadas.
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-"Pé na estrada Gregory!!!" |
Tudo que aparece em cena tem uma razão de ser e é importante para mostrar o desenvolvimento da trama e dos personagens, desde o uso de hits das Spice Girls até o comportamento do irmão mais velho (Charlie Wright). Tudo funciona de forma cadenciada para mostrar um grupo disperso, cada um em seu mundinho próprio, até, face às adversidades, aprenderem as suas lições e o quanto vale tornarem-se uma equipe, com todos em sintonia. Se continuar neste ritmo, a série cinematográfica seguirá tranquilamente um longo caminho. Pode mostrar “mais do mesmo”, mas inova ao incluir inteligência neste processo.
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