segunda-feira, 11 de março de 2019

"Amado mestre..." - Crítica - Filmes: O Melhor Professor da minha Vida (2017)

 

Au maître avec affection

por Alexandre César

(Originalmente postado em 07 / 10/ 2017)


Filme francês mostra as agruras e alegrias do magistério

 

François Foucault (Denis Podalydès) tinha uma pacata vida de professor


Tudo parecia promissor para François Foucault (Denis Podalydès), um bem-sucedido professor de Literatura de 40 anos do Liceu Henri IV, renomado colégio de Paris. Seguro de si, ele joga seu charme para uma bela funcionária do Ministério da Cultura emitindo sua opinião sobre a situação nacional da educação, na qual professores despreparados são lançados para lecionar na periferia, gerando assim baixos índices escolares. Por sua ótima explanação do tema, ao invés da aventura romântica que desejava, ele acaba recebendo um convite para lecionar numa escola da periferia durante um ano, com alunos bem mais desafiantes do que ele havia tido até então.  

 

Mas como a vida é "Uma Caixinha de Surpresas", uma paquera acaba levando-o ao maior desafio de sua vida como educador

Dirigido por Olivier Ayache-Vidal, O Melhor Professor da Minha Vida explora bem, de forma espirituosa e incisiva, o contraste que François encontra em sua nova função. Acostumado a alunos de classe média para cima, na sua maioria brancos franceses, o rígido François se vê obrigado a lidar com uma esmagadora maioria de adolescentes pobres, negros, muçulmanos ou do leste europeu, de vivências difíceis e carências de todo tipo.  

 

Seydou (Abdoulaye Diallo) o aluno-problema que levará François à repensar a sua postura

Mas, como desafios existem para serem aceitos, ele não recua e, tal qual no clássico Ao Mestre com Carinho (de 1967, dirigido por James Clavell e com Sidney Poitier no elenco), nosso herói vai enfrentando as dificuldades ao longo do ano de forma gradativa, deixando a sua rigidez de lado e estabelecendo uma relação estudante-professor, construindo pontes entre ele e seus alunos, permitindo estes se afeiçoem a ele. Situações difíceis e cômicas não faltam, como biscoitos "temperados" e travessuras numa excursão ao Palácio de Versalhes.

 

Ah! O amor... Seydou e sua "crush" Maya (Tabono Tandia) acabam fazendo besteiras num passeio da escola

Aos poucos a média dos alunos melhora. François inclusive se dispõe num comitê educacional a tomar partido por Seydou (Abdoulaye Diallo), um aluno originalmente difícil mas que começa a se recuperar. O seu exemplo acaba incomodando professores que estão a mais tempo naquele colégio, suscitando questões sobre o ato de educar. Seria despejar matérias para satisfazer um regulamento burocrático ou preparar os alunos para a vida, apresentando conceitos básicos de cidadania e senso crítico ao indivíduo.


François esboça um romance com sua colega de trabalho Caroline (Léa Drucker), mas fica só no esboço...

Ao final vemos que François conquistou o seu lugar ao lado de Mark Thackeray (Ao Mestre com Carinho), Pat Conroy (Jon Voight em Conrack, dirigido por Martin Ritt) e tantos professores e heróis anônimos que tomam para si o grande, inglório e desvalorizado desafio da educação. Um filme que merece ser visto nestes tempos em que se monetariza a educação, a cultura e outros valores humanos em nome de interesses mesquinhos.  


"-Ser ou não ser... professor! AHH!!!"


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