De Nantes para o infinito!!!
por Ronald Lima
(Originalmente postado em 17/ 10/ 2019)
O mais popular autor francês e um dos pais da FC
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Foto tirada por seu amigo fotógrafo,
balonista e pesquisador Félix Nadar
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Não
dá para falar em cultura pop, aventura e ficção científica sem falar no
escritor francês Júlio Verne (✰ 1828 ✛ 1905). Quando ele tinha 11 anos,
fugiu de casa e conseguiu uma vaga de aprendiz de marinheiro em um navio
com destino a Índia. Seu pai o interceptou em sua primeira parada no
meio caminho. Ele confessou que queria se encontrar com sua prima, por
quem se apaixonara e que estava vivendo na então colônia inglesa.
Impossível ser mais romântico ou aventureiro.
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Dois volumes de suas "Histórias Extraórdinárias": "Capitão Hateras" e "20.000 Léguas Submarinas". Até hoje Verne é o mais conhecido escritor da França
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Verne
se tornou advogado e trabalhou como corretor da bolsa de valores, mas
após conhecer o escritor de livros infantis e também editor Pierre-Jules
Hetzel acabou canalizando na Literatura sua ânsia para aventura,
extrapolação científica e viagens a lugares extravagantes. Escreveu mais
de 100 livros, a maioria deles lançadas através de uma série criada
especialmente para ele chamada "Viagens Extraordinárias".
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Acima e abaixo, duas concepções do "Albatroz", veículo de "Robur, o Conquistador"
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Seu primeiro romance é um dos mais populares de sua obra: "Cinco Semanas Num Balão" (Cinq semaines en ballon), em que o britânico Dr. Samuel Fergusson tenta atravessar o continente africano em um balão.
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Incrível ilustração de Émile-Antoine Bayard
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Como estão sendo comemorados os 50 anos do Homem na Lua será sobre essa obra de Verne "Da Terra à Lua" (De la Terre à la Lune)
o motivo dessa singela nota. Afinal Júlio Verne “previu” muita coisa...
Previu mesmo? Acredito ter sido muito mais que previsão e sim
inspiração a todo o evento em todas as gerações seguintes. Verne em sua
paixão por ciência descreve todo o processo de uma ida a Lua baseado em
intensa pesquisa. Influenciado pelas conquistas científicas e técnicas
da época, decide criar uma literatura adaptada à idade científica,
vertendo todos estes conhecimentos em relatos épicos, enaltecendo o
gênio e a fortaleza do homem em sua luta por dominar e transformar a
natureza, a 1ª Guerra Mundial iria enterrar todo esse idealismo. Hetzel
apresentou Verne a Félix Nadar, um fotógrafo interessado em navegação
aérea e balonismo, de quem se tornou grande amigo e que introduziu Verne
ao seu círculo de amigos cientistas, de cujas conversações o autor
provavelmente tirou muitas de suas idéias. Toda narrativa da Viagem a
Lua por Verne estão na verdade em dois contos, o segundo conto narra o
retorno a Terra de Barbicane, Nicholl e Michel Ardan (Até o nome dos 3
cosmonautas são parecidos com esses 3 personagens do Verne, aí sim uma
grande coincidência). A narrativa do retorno foi publicada 5 anos
depois!!
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Outra bela ilustração de Émile-Antoine Bayard - O resgate após o
incrível retorno para casa. Episódio narrado 5 anos depois no conto"Viagem
ao Redor da Lua"
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Neil Armstrong, comandante da Apollo 11 chegou a declarar: "-
Cem anos atrás, Júlio Verne escreveu um livro sobre uma viagem à Lua.
Sua nave, Columbia, partiu da Flórida e pousou no Oceano Pacífico após
completar uma viagem à Lua. Parece apropriado para nós dividir com vocês
algumas das reflexões da tripulação conforme a Columbia dos dias de
hoje (1969) completa seu reencontro com o Planeta Terra no mesmo Oceano
Pacífico amanhã".
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Os veículos de Verne inspiraram várias concepções, das mais fiéis como o "O Terror" (acima)
de "O Senhor Mundo" ao "Nautilus" (abaixo) do filme
"20.000 Léguas Submarinas" que reconfigurou o conceito de forma criativa.
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As
citações de Júlio Verne passam, a meu ver, de previsões para
coincidências instigantes. Ele estimava que a missão custaria o
equivalente a $12.1 bilhões de dólares em valores atuais, valor que
estava incrivelmente próximo dos 14.4 bilhões que custou a Apollo 8, o
primeiro veículo tripulado a circunavegar a Lua. O lançamento ocorreu de
onde o autor havia indicado, no Estado norte-americano da Flórida na
cidade de Tampa, pela proximidade desse Estado e cidade com a Linha do
Equador, o que facilitaria no impulso. Verne calculou o trajeto em 83
horas e 20 minutos o que dá quase 4 dias, a Apolo 11 chegou a Lua em... 4
dias. A falta de gravidade também é narrada no livro. Os amigos
cientistas do Verne e o próprio eram muito bons mesmo!! No conto “Viagem ao Redor da Lua” os
3 tripulantes observam (e deduzem) haver água no lado escuro da Lua....
Há um pouco de vegetação ali, o que demonstra que todo o livro é
resultado de muita pesquisa e também imaginação portanto sujeito a
alguns equívocos. Água no lado escuro de fato tem. Quanto a
vegetação.... Errar é humano
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Uma ilustração de "Viagem ao Centro da Terra". Do pólo, ao
fundo do mar, ou às profundezas, a imaginação de Verne tudo ousava, fiel à
ciência da época...
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Homens
da ciência também foram estimulados pelas obras de Verne, como o russo
Konstantin Edwardovitch Tsiolkovski (1857-1935), primeiro cientista a
estudar a importância dos foguetes para a Astronáutica; o engenheiro
norte-americano Robert Hutchings Goddard (1882-1945), pai da moderna
tecnologia dos foguetes; o engenheiro alemão Hermann Oberth (1894-1989)
um dos precursores da ciência espacial; e o engenheiro alemão Wernher
Von Braun (1912-1977), que dirigiu os primeiros lançamentos de satélites
e foguetes norte-americanos, Von Braum é conhecido também por criar o
Míssil Intercontinental V2.
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Hermann
Oberth e Wernher Von Braum: Dois pioneiros da astronáutica e, desde a
infância, ávidos fãs de "Viagem ao Redor da Lua" e de outras obras de
Verne...
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Júlio
Verne inspirou gerações e gerações com seus fatos científicos
orquestrados sob sua maestria narrativa de pura aventura. O poeta
francês Guillaume Apollinaire (1880-1918) costumava dizer que a grande
virtude do estilo de Verne era a ausência de adjetivo. Seu editor e
depois amigo, Hetzel o aconselhou após ler seu esboço para um 1º conto a
ser publicado: “-
Como narração histórica está bom. Mas quem quer História? Volte para
casa e escreva de novo. Escreva aventuras emocionantes.”
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Embora não reconhecido na maior parte do tempo pela elite cultural, sempre
se dizia que alguém era muito criativo tinha "Imaginação de Júlio
Verne!"
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