quinta-feira, 20 de julho de 2023

Um dos primeiros à ir... e voltar da Lua! - Pilares da Imaginação: Júlio Verne



De Nantes para o infinito!!!

por Ronald Lima
(Originalmente postado em 17/ 10/ 2019)

O mais popular autor francês e um dos pais da FC
 
Foto tirada por seu amigo fotógrafo, 
balonista e pesquisador Félix Nadar


 

Não dá para falar em cultura pop, aventura e ficção científica sem falar no escritor francês Júlio Verne (✰ 1828  ✛ 1905). Quando ele tinha 11 anos, fugiu de casa e conseguiu uma vaga de aprendiz de marinheiro em um navio com destino a Índia. Seu pai o interceptou em sua primeira parada no meio caminho. Ele confessou que queria se encontrar com sua prima, por quem se apaixonara e que estava vivendo na então colônia inglesa. Impossível ser mais romântico ou aventureiro.



Dois volumes de suas "Histórias Extraórdinárias": "Capitão Hateras" e "20.000 Léguas Submarinas". Até hoje Verne é o mais conhecido escritor da França



Verne se tornou advogado e trabalhou como corretor da bolsa de valores, mas após conhecer o escritor de livros infantis e também editor Pierre-Jules Hetzel acabou canalizando na Literatura sua ânsia para aventura, extrapolação científica e viagens a lugares extravagantes. Escreveu mais de 100 livros, a maioria deles lançadas através de uma série criada especialmente para ele chamada "Viagens Extraordinárias".
 
Acima e abaixo, duas concepções do "Albatroz", veículo de "Robur, o Conquistador"
 
 
 
Seu primeiro romance é um dos mais populares de sua obra: "Cinco Semanas Num Balão" (Cinq semaines en ballon), em que o britânico Dr. Samuel Fergusson tenta atravessar o continente africano em um balão. 
 
 
Incrível ilustração de Émile-Antoine Bayard
 
 
Como estão sendo comemorados os 50 anos do Homem na Lua será sobre essa obra de Verne "Da Terra à Lua" (De la Terre à la Lune) o motivo dessa singela nota. Afinal Júlio Verne “previu” muita coisa... Previu mesmo? Acredito ter sido muito mais que previsão e sim inspiração a todo o evento em todas as gerações seguintes. Verne em sua paixão por ciência descreve todo o processo de uma ida a Lua baseado em intensa pesquisa. Influenciado pelas conquistas científicas e técnicas da época, decide criar uma literatura adaptada à idade científica, vertendo todos estes conhecimentos em relatos épicos, enaltecendo o gênio e a fortaleza do homem em sua luta por dominar e transformar a natureza, a 1ª Guerra Mundial iria enterrar todo esse idealismo. Hetzel apresentou Verne a Félix Nadar, um fotógrafo interessado em navegação aérea e balonismo, de quem se tornou grande amigo e que introduziu Verne ao seu círculo de amigos cientistas, de cujas conversações o autor provavelmente tirou muitas de suas idéias. Toda narrativa da Viagem a Lua por Verne estão na verdade em dois contos, o segundo conto narra o retorno a Terra de Barbicane, Nicholl e Michel Ardan (Até o nome dos 3 cosmonautas são parecidos com esses 3 personagens do Verne, aí sim uma grande coincidência). A narrativa do retorno foi publicada 5 anos depois!!
 

Outra bela ilustração de Émile-Antoine Bayard - O resgate após o incrível retorno para casa. Episódio narrado 5 anos depois no conto"Viagem ao Redor da Lua"

 
 
Neil Armstrong, comandante da Apollo 11 chegou a declarar: "- Cem anos atrás, Júlio Verne escreveu um livro sobre uma viagem à Lua. Sua nave, Columbia, partiu da Flórida e pousou no Oceano Pacífico após completar uma viagem à Lua. Parece apropriado para nós dividir com vocês algumas das reflexões da tripulação conforme a Columbia dos dias de hoje (1969) completa seu reencontro com o Planeta Terra no mesmo Oceano Pacífico amanhã".
 
 

Os veículos de Verne inspiraram várias concepções, das mais fiéis como o "O Terror" (acima) de "O Senhor Mundo" ao "Nautilus" (abaixo) do filme "20.000 Léguas Submarinas" que reconfigurou o conceito de forma criativa.


 
 
As citações de Júlio Verne passam, a meu ver, de previsões para coincidências instigantes. Ele estimava que a missão custaria o equivalente a $12.1 bilhões de dólares em valores atuais, valor que estava incrivelmente próximo dos 14.4 bilhões que custou a Apollo 8, o primeiro veículo tripulado a circunavegar a Lua. O lançamento ocorreu de onde o autor havia indicado, no Estado norte-americano da Flórida na cidade de Tampa, pela proximidade desse Estado e cidade com a Linha do Equador, o que facilitaria no impulso. Verne calculou o trajeto em 83 horas e 20 minutos o que dá quase 4 dias, a Apolo 11 chegou a Lua em... 4 dias. A falta de gravidade também é narrada no livro. Os amigos cientistas do Verne e o próprio eram muito bons mesmo!! No conto “Viagem ao Redor da Lua” os 3 tripulantes observam (e deduzem) haver água no lado escuro da Lua.... Há um pouco de vegetação ali, o que demonstra que todo o livro é resultado de muita pesquisa e também imaginação portanto sujeito a alguns equívocos. Água no lado escuro de fato tem. Quanto a vegetação.... Errar é humano
 
 

Uma ilustração de "Viagem ao Centro da Terra". Do pólo, ao fundo do mar, ou às profundezas, a imaginação de Verne tudo ousava, fiel à ciência da época...

 
 
Homens da ciência também foram estimulados pelas obras de Verne, como o russo Konstantin Edwardovitch Tsiolkovski (1857-1935), primeiro cientista a estudar a importância dos foguetes para a Astronáutica; o engenheiro norte-americano Robert Hutchings Goddard (1882-1945), pai da moderna tecnologia dos foguetes; o engenheiro alemão Hermann Oberth (1894-1989) um dos precursores da ciência espacial; e o engenheiro alemão Wernher Von Braun (1912-1977), que dirigiu os primeiros lançamentos de satélites e foguetes norte-americanos, Von Braum é conhecido também por criar o Míssil Intercontinental V2.
 
 
Hermann Oberth e Wernher Von Braum: Dois pioneiros  da astronáutica e, desde a infância, ávidos fãs de "Viagem ao Redor da Lua" e de outras obras de Verne...
 
 
 Júlio Verne inspirou gerações e gerações com seus fatos científicos orquestrados sob sua maestria narrativa de pura aventura. O poeta francês Guillaume Apollinaire (1880-1918) costumava dizer que a grande virtude do estilo de Verne era a ausência de adjetivo. Seu editor e depois amigo, Hetzel o aconselhou após ler seu esboço para um 1º conto a ser publicado: “- Como narração histórica está bom. Mas quem quer História? Volte para casa e escreva de novo. Escreva aventuras emocionantes.”  
 
E assim ele o fez.
 
 

Embora não reconhecido na maior parte do tempo pela elite cultural, sempre se dizia que alguém era muito criativo tinha "Imaginação de Júlio Verne!"

 
 

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