Desaparecidas na Zona Proibida
por Alexandre César
(Originalmente postado em 05/ 09/ 2018)
Linda Harrison, Natalie Trundy e Estela Warren
#PlanetaDosMacacos55Anos
Belas, esforçadas, mas nem todas lembradas do grande público. Seja por suas participações na franquia Planeta dos Macacos ou nos nichos a que estavam anteriormente vinculadas. Falaremos aqui de três musas do universo símio que marcaram o seu lugar no imaginário popular: duas delas da série clássica e a última da reimaginação de Tim Burton de 2000 que, apesar de ser bem sucedida comercialmente, não conseguiu reativar a franquia para um novo público e ganhar os antigos fãs (essa reativação só veria a acorrer depois, mas isso é outra história). Para maiores detalhes sobre a série clássica de filmes, veja aqui. E sobre a reimaginação de Tim Burton, olhe aqui.
Linda Harrison (⭐ 26 de julho de 1945, Maryland) é a terceira de cinco filhas de um enfermeiro e uma esteticista. Participou durante a sua formação de muitos concursos de beleza e atividades de balé e atletismo, tornando-se uma dançarina acrobática. Depois de mudar-se para a Califórnia, participou de programas de TV locais, fez testes para diversos papéis para atuar e começou um curso de secretária escolar. Em Nova York, dividiu um apartamento com a irmã e alcançou sucesso como modelo, mas preferiu retornar para Maryland. Posteriormente chegou a ser finalista no concurso de Miss América de 1965, mas não ganhou, o que a deixou arrasada.
"The Fat Spy" (1966): Filme "Z" que parodiava os "filmes de praia"
Nesta época participou de Nesta época participou de The Fat Spy (1966, de Joseph Cates), um filme “Z”. Depois desse papel conseguiu um teste na . Depois desse papel conseguiu um teste na 20th Century Fox, com o qual conseguiu um contrato padrão de 60 dias. Na produtora fez diversas figurações, entre eles, o seriado Batman e no filme Um Biruta em Órbita (1966, de Gordon Douglas) estrelado por Jerry Lewis. Nesse ínterim, estudava arte dramática visando melhorar seu desempenho diante das câmeras.
Pioneira: Como o reflexo melhorado de Diana Prince (Ellie Wood Walker) no piloto não aprovado de "Wonder Woman"
Ao fim desse contrato conheceu, numa festa do lançamento do filme Agonia e Êxtase (1965, de Carol Reed), o lendário produtor cinematográfico Richard D. Zanuck , que se encantou com a sua beleza. Em 1969 ela veio a se tornar a sua segunda esposa.
Com Walther Matthau em "Diário de Um Homem Casado" (1967)
Zanuck lhe abriu portas, conseguindo que ela fizesse o teste de desenvolvimento de maquiagem de Planeta dos Macacos desenvolvido por John Chambers . No teste, Linda serviu de base para a maquiagem da cientista símia Zira, mas a personagem ficou com a carismática Kim Hunter.
Com Charlton Heston, como Nova em "Planeta dos Macacos" (1968): Linda trabalhando com o seu ídolo
Participou dos pilotos dos seriados Participou dos pilotos dos seriados Felony Squad e e Wonder Woman: Who's Afraid of Diana Prince? (1967). Este último seria o primeiro seriado da Mulher-Maravilha, produzido por William Dozier (responsável pela clássica série do Batman). No piloto, ela aparecia no espelho como um reflexo imaginário da heroína (interpretada por Ellie Wood Walker). Mas o seriado não vingou na época - isso só ocorreria nos anos 70, com outro produtor e outro elenco. Em seguida ela fez um pequeno papel em Diário de Um Homem Casado (1967, de Gene Kelly), com Walter Matthau.
Finalmente, em O Planeta dos Macacos (1968, de Franklin J. Schaffner), ela atuou como Nova, a parceira muda de Taylor (Charlton Heston) e entrou para o imaginário da cultura pop da época por sua performance - fruto da boa direção de atores de Schaffner, que soube aproveitar a sua beleza e o seu olhar de cachorrinho sem-dono, a despeito de suas limitações dramáticas. O elenco no geral, e Heston em particular, a orientaram para melhorar a sua interpretação. O fato é que Nova só rivaliza no imaginário stonepunk clássico entre os nerds com Rachel Welch em sua atuação no filme Mil Séculos Antes de Cristo (1966, de Don Chaffey). As outras mulheres-das-cavernas cinematográficas não tem seus nomes lembrados e pouco delas lembramos além da beleza. Mas Nova, apesar das limitações de Harrison, é um personagem marcante. Tanto que ela chega a ser citada no mais recente filme da retomada da franquia - Planeta dos Macacos: A Guerra (2017, de Matt Reeves).
A morte de Nova em "De Volta ao Planeta dos Macacos" (1970): produção conturbada
Na sequência, Na sequência, De Volta ao Planeta dos Macacos (1970, de Ted Post), ela sentiu, como todos os envolvidos na produção, os problemas do orçamento menor, das brigas no estúdio e o desinteresse de Heston em retomar seu personagem. Logo após ela tornou-se membro regular do elenco da série de TV Bracken´s World (1969-70), com Dennis Cole.
Finda a série, as brigas na Fox culminaram com Darryl D. Zanuck (pai) despedindo Richard D. (filho), junto com o executivo David Brow. Juntos, a dupla fundou a Zanuck-Brow e produziram filmes, como e produziram filmes, como Tubarão (1975, de Steven Spielberg), Cocoon (1985, de Ron Howard), Conduzindo Miss Daisy (1990, de Bruce Beresford), Cocoon 2- O Regresso (1988), a reimaginação de Planeta dos Macacos (2001, de Tim Burton), entre outros. Em todos estes filmes Linda Harrison interpreta algum papel, com exceção de Tubarão - nesse ela perdeu o papel da esposa do chefe Brody (Roy Scheider), mas ganhou o de assistente de Gloria Swanson em Aeroporto 1975, de Jack Smight .
Linda, ao lado de Mark Whalberg, na "reimaginação" de 2001, dentro de uma carroça
Ainda participou de alguns seriados como, Barnaby Jones, Switch com o nome artístico de Augusta Summerland (sugestão de um guru com quem se consultava nos anos 70...) e começou a trabalhar na área de produção e direção em produções para a TV e vídeo.
Mutante, humana, chimpanzé: Natalie foi a face da pluralidade
Natalie Trundy (⭐ 5 de agosto de 1940, Boston – ✝ 5 de dezembro de 2019, Los Angeles, Califórnia) era provavelmente a mais talentosa das três atrizes deste texto, apresentando uma carreira mais sólida, embora curta. Filha de um pai italiano e uma mãe irlandesa, se apresentou na Broadway quando tinha doze anos, após se mudar com a família para Nova York. Fez o papel de Nancy, uma menina de 15 anos, na peça A Girl Can Tell (de F. Hugh Herbert) onde convencia a todos de ter a idade da personagem.
Com Dean Stokwell em "The Careless Years" (1957)
O colunista Erskine Johnson descreveu-a como “uma espécie de Shirley Temple da era eletrônica”. Natalie apareceu sem ser creditada em cerca de 200 apresentações ao vivo nos shows de TV em Nova York, nos primeiros dias da televisão.
Quando Trundy e a Televisão estavam amadurecidas, ela teve participações creditadas em séries como Thriller, Perry Mason, Além da Imaginação, Bonanza, The Alfred Hitchcock Hour, The Silent Force, Wagon Train e o telefilme A Great American Tragedy (1972, de J. Lee Thompson). Sua última aparição na telinha foi em 1978, na série Quincy M.E.
A mutante "Albina" de "De Volta ao Planeta dos Macacos" (1970). "- Vocês lembram da minha voz? Continua a mesma, mas..."
Quando estrelou o filme The Monte Carlo Story (1956, de Samuel A. Taylor), Natalie conheceu Arthur P. Jacobs, produtor de filmes e televisão que, impressionado, disse a sua mãe: “Quando ela crescer caso com ela!” - e cumpriu a promessa, anos depois! Também esteve atuando em The Careless Years (1957, de Arthur Hiller), Walk Like a Dragon (1960, de James Clavell) e As Férias de Papai (1962, de Henry Koster). Em maio de 1963, num acidente de carro, sofreu uma ruptura de disco na coluna, que interrompeu a sua carreira por um ano para se recuperar usando um colete.
Entre Kim Hunter e Roddy McDowall coma a humana Dra. Branton em "Fuga do Planeta dos Macacos" (1971)
Após a recuperação, quando morava em Londres, reencontrou Jacobs, que estava finalizando O Fabuloso Doutor Dolittle (1967, de Richard Fleischer) e tocando a produção de Planeta dos Macacos (1968, de Franklin J. Schaffner). Após uma intensa corte, eles se casaram. Natalie entrou para a franquia posteriormente, onde interpretou vários papéis: a mutante telepática Albina em De Volta ao Planeta dos Macacos (1970 , de Ted Post); a humana Drª. Stephanie ("Stevie") Branton em Fuga do Planeta dos Macacos (1971 , de Don Taylor); a chimpanzé Lisa, a companheira (posteriormente esposa) de César em A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e A Batalha do Planeta dos Macacos (1973) ambos dirigidos por J. Lee Thompson). Seu último filme foi Huckleberry Finn (1974 , de J. Lee Thompson), também da produtora do marido.
Como Lisa, esposa de Caesar, em "A Batalha do Planeta dos Macacos" (1973)
Após a morte de Jacobs em 1973, Natalie assumiu o controle da sua companhia, a APJAC Productions, posteriormente vendendo para a 20th Century Fox os direitos da franquia símia, fazendo a sua independência financeira.
Na vida pessoal, além de Jacobs, foi casada mais quatro vezes, tendo tido dois filhos (em 1976 e 77) com seu terceiro marido Carmine Roberto Foggia. trabalhou vários anos como voluntária no hospital de Madre Teresa em Calcutá, viajando duas vezes ao anos para entregar doações e medicamentos para auxiliar os doentes e necessitados da obra. Morreu aos 79 anos de causas naturais.
Stewart, a finada tripulante da Icarus, não era Trundy
Durante anos circulou entre os fãs o rumor de que seria ela que teria interpretado o papel de Stewart – a astronauta da Durante anos circulou entre os fãs o rumor de que seria ela que teria interpretado o papel de Stewart – a astronauta da ANSA, membro da equipe de astronautas da Icarus comandada por Taylor (Charlton Heston) no primeiro filme da franquia O Planeta dos Macacos (1968). A astronauta aparece dormindo e morre em seguida. Entretanto esse rumor era falso. O papel de Stewart foi interpretado pela atriz Diane Stanley (⭐1946 - ✝1993) que, após o filme, desistiu da carreira e tornou-se dona de casa e mãe de família.
Como Daena na versão de 2001. Uma Nova com falas, o que lhe deu um "Framboesa de Ouro"
Estella Warren ( ⭐ 23 de dezembro de 1978 em Peterborough - Ontário) é modelo, atriz e nadadora canadense. Sua mãe era professora primária e seu pai era vendedor de carros usados.
Durante sua carreira de nadadora em 1990 ela foi membro da seleção nacional canadense de nado sincronizado e ganhou três títulos nacionais. A partir de 1994, paralelo a natação, ela foi modelo. Teve ensaios publicados nas revistas Sports Ilustrated e trabalhou para marcas como e trabalhou para marcas como Perry Ellis e e Victoria´s Secret.
Como modelo, antes do estrelato
De forma bem produtiva, ela começou a participar de filmes em 2001, atuando em Perfume (de Michael Rymer), Alta Velocidade (de Renny Harlin) , A Traição (de Jay Lowi) e na reimaginação de de Planeta dos Macacos (de Tim Burton). Este filme lhe deu maior visibilidade ao interpretar Daena, uma equivalente à Nova de Linda Hamilton. Em 2003 atuou em Kanguru Jack (de David McNally), Quebrando a Banca (de Wayne Kramer) e Eu Acuso (de John Ketcham). No ano de 2004 esteve em Perseguição (de Kristoffer Tabori) e Evil Remains (de James Merendino). Em 2005 foi a vez de Todo Mundo Vai Saber (de Charles Matthau). No ano de 2006 atuou em Pucked (de Walter Hiller) e Taphephobia (de Aaron Pope). Em 2010 atuou em Transparency (de Raul Inglis), Irreversi (de Michael Gleissner) e See You in September (de Tamara Tunie). No ano de 2013 esteve em Perigos da Mente (de Adam Neutzsky-Wulff ) e em 2014 atuou em Manson Girls (de Susanna Lo). Participou de três filmes em 2015: No Way Out (de Héctor Echavarría), Nocturna (de Buz Alexander) e Decommissioned (de Timothy Woodward Jr.) Em 2017 atuou em Just Within Reach (de Anna Bamberger).
Na TV atuou em alguns filmes - Blowing Smoke (2004, de James Orr), Lies and Crimes (2007, de Mario Azzopardi), Blue Seduction (2009, de Timothy Bond), A Bela e a Fera (2009, de David Lister) e Dangerous Intuition (2013, de Roger Christian) - e participou de episódios das séries That’s 70’s Show, Ghost Whisperer e Law & Order: Special Victims Unit, entre outras.
Estella apresenta um histórico de problemas pessoais. Em 2011 ela dirigiu embriagada, tentou fugir e reagiu à prisão. Ficou seis meses no rehab. Atacou o seu companheiro em maio de 2017 com “líquido de limpeza” numa discussão doméstica. Após restabelecida a ordem em casa declarou à imprensa:
"Levo as minhas ações e as suas consequências muito a sério. Não posso expressar quão grata estou por ninguém ter sido magoado. Estou concentrando todos os esforços na minha carreira, na minha família, e em ser uma boa influência para os outros".
E, por sua extensa filmografia, vemos o quanto ela é esforçada. Podemos falar de suas limitações enquanto atriz, mas não podemos negar a sua persistência, qualidade indispensável ao ofício. Se, como dizem, “a prática leva a perfeição”, ela está no caminho e talvez ainda venha a nos surpreender, se tiver a sorte de encontrar o projeto certo.
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