"Símio não matará símio...?"
por Alexandre César
(Originalmente postado em 30/ 08/ 2018)
O remake de Tim Burton e os Novos Filmes
#PlanetaDosMacacos55Anos
Obs: Spoilers
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Charlton Heston no original de 1968. O princípio de tudo |
Como vimos na 1 ᵃ parte, após uma sólida performance nos cinemas, a franquia O Planeta dos Macacos, após uma fraca adaptação para a TV, com atores e uma série em animação, entrou em declínio decorrente da superexposição. Ela, porém, não foi completamente esquecida, graças às reprises dos filmes e da série na TV, ao videocassete, as histórias em quadrinhos, brinquedos e outros itens colecionáveis, tornando-se definitivamente parte de nosso imaginário popular. Era necessário, porém, um descanso, um período de hibernação para que o público, depois de um tempo, sentisse saudades.
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A "reimaginação" de 2001 de Tim Burton. Prometia, mas... |
Nas primeiras tentativas de retomar o conceito houve divergências de roteiristas e diretores com executivos do estúdio. Eram propostas envolvendo gente do calibre de Peter Jackson e Fran Walsh, Adam Rifkin, Oliver Stone, Tom Cruise, Sam Raimi, James Cameron, Arnold Schwarzenegger, Philip Noyce, Chris Columbus, Chuck Russell e tantos outros. O projeto então acabou indo parar nas mãos improváveis de Tim Burton, que lançou Planeta dos Macacos (2001).
Planeta dos Macacos, de Tim Burton (2001)
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Cartaz do remake de Burton: expectativa náo cumprida |
A expectativa pelo nome do diretor envolvido e as primeiras impressões apresentadas por seu cartaz de divulgação - tendo um fundo negro e tons azulados, com aqueles gorilas em perspectiva, usando espadas e a cavalo - dava-nos a impressão de que veríamos algo mitológico, como as aventuras em quadrinhos da Marvel dos anos 70. Não necessariamente teríamos um “novo Taylor” ou “novos Zira e Cornelius”, até porque o conceito da franquia não precisa estar restrito a um núcleo de personagens específicos. Mas, com a experiência de Burton, imaginava-se a elaboração de um filme com conceitos e personagens mais arquetípicos.
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Gen. Thade (Tim Roth), o melhor ator do filme, enquanto esgana Leo Davison (Mark Wahlberg) |
O filme se revelou até uma boa aventura genérica, com boas cenas de ação, mas cuja história foi decepcionante se comparada ao conceito e ao clássico do qual se propunha ser um remake ou, como foi chamado na época, "reimaginação".
A história básica é esta: No ano de 2029, a bordo da Oberon, estação espacial americana, o astronauta Leo Davidson (Mark Wahlberg, um protagonista burocrático, sem carisma) trabalha treinando primatas para missões espaciais. Seu parceiro é um chimpanzé chamado Péricles. Uma forte tempestade eletromagnética aproxima-se da estação e uma pequena nave espacial pilotada por Péricles é usada para sondá-la, mas desaparece em seu interior. Contra as ordens de seu comandante, Leo sai em outra pequena nave em busca de Péricles. Ao entrar na tempestade, ele perde contato com a Oberon.
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Leo Davison (Mark Wahlberg) e Daeena (Estella Warren). O burocrático e a bidimensional. Mas ela ainda leva vantagem... |
Ele fica em animação suspensa e cai em um planeta desconhecido no ano 3002. Leo descobre que tal mundo é dominado por macacos humanoides que vivem em uma comunidade bem estruturada, falam a linguagem humana e que caçam e escravizam os seres humanos que lá existem. O astronauta é capturado com outros humanos nativos. Todos são levados a uma cidade para serem vendidos por Limbo (Paul Giamatti, bom alívio cômico), um orangotango comerciante de escravos.
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Limbo (Paul Giamatti): orangotango picareta inspirado no comediante W. C. Fields |
Leo conhece Ari (Helena Bonham Carter, boa no papel) uma chimpanzé que protesta contra o tratamento horrível que os humanos recebem. Ari decide comprar Leo e Daena (Estella Warren, bela e bidimensional como a Nova da trilogia original, mas que perde na comparação) para que eles trabalhem como empregados na casa de seu pai, o senador Sandar (David Warner, competente como sempre).
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Coronel Attar (Michael Clarke Duncan): gorila dedicado |
Leo escapa de sua jaula e liberta outros seres humanos. Ari percebe a fuga, mas ele consegue convencê-la a ajudá-lo em sua causa. O astronauta inicia uma rebelião humana contra os macacos, antagonizando o cruel General Thade (o ótimo Tim Roth, a melhor coisa do filme), um chimpanzé colérico - um curioso dado em relação aos filmes originais da franquia. Está cientificamente provado que chimpanzés são mais violentos do que gorilas. Seu outro inimigo é o coronel Attar (Michael Clarke Duncan, muito bom), um gorila fiel as suas responsabilidades. Ambos saem com o Exército Macaco em seu encalço. Não concordando com a opressão imposta aos homens, Leo torna-se uma ameaça potencial ao estatuto dos primatas e dá início a uma revolução social no planeta.
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Leo e Ari (Helena Bonham Carter): a nova versão do beijo que marcou o primeiro filme |
Apesar de execrado pela crítica, o filme teve um bom retorno de bilheteria, atestando a competência de Burton em lidar com um trabalho de encomenda e seus ótimos valores de produção. Destaca-se a ótima caracterização dos símios, a cargo de Rick Baker, que já havia ganho um Oscar por sua associação com Burton em por sua associação com Burton em Ed Wood (1994), onde transformou Martin Landau em Bela Lugosi. Para surpresa de todos, porém, seu trabalho sequer foi indicado. Outros pontos positivos eram os figurinos de Colleen Atwood, a música de Danny Elfman e os efeitos visuais da Industrial Light and Magic.
O filme teve indicações para o BAFTA, mas só ganhou o Framboesa de Ouro nas categorias de pior remake ou sequência, pior ator codjuvante (Charlton Heston como Zaius, pai de Thade) e pior atriz coadjuvante (Estella Warren).
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Charlton Heston: Ganhou o Framboesa de Ouro |
A Fox, pelo sucesso de bilheteria, estava interessada em fazer uma continuação - até porque o gancho final muquirana foi imposto ao filme para isso. Wahlberg e Bohan Carter também queriam, desde que com Burton estivesse novamente na direção. Mas este disse preferir “saltar da janela”, a trabalhar sem Burton (que a esta altura já tinha declinado...) pondo termo a esta possibilidade de prosseguir daquele ponto e iniciando um novo período de hibernação dos símios.
Planeta dos Macacos: A Origem (2011)
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"Planeta dos Macacos: A Origem": o título do remake já prometia ser o início de uma longa série de filmes |
Lançado em 5 de agosto de 2011, Planeta dos Macacos: A Origem, de Rupert Wyatt, é um reboot da série de filmes dos anos 60/70, funcionando como pontapé inicial de toda a história, reiniciando a franquia. Seu enredo é similar ao quarto filme da série original - A Conquista do Planeta dos Macacos (1972, de J. Lee Thompson), sem ser uma refilmagem direta, já que muda alguns elementos-chave que o tornam impossível de se encaixar na continuidade da primeira franquia. Escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver, o novo filme deixa de lado o conceito de viagem no tempo do primeiro filme da série original - que era situado no futuro onde os símios já dominavam a Terra - e se passa nos dias de hoje. Umas das teorias dos fãs é de que a atual série teria seu desfecho em um longa-metragem que remetesse ao início da primeira série.
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Os novos filmes da franquia partem do quarto filme da cinessérie original |
Em A Conquista do Planeta dos Macacos, a história se passava algumas décadas adiante do ano em que o filme foi lançado, com os símios servindo de animais de estimação, substituindo cães e gatos (extintos por uma praga), e atuando como assistentes pessoais, até que os contínuos maus tratos aos quais eram submetidos levaram o macaco César - filho dos cientistas Zira e Cornelius, macacos vindos do futuro - a liderar uma revolta (veja mais sobre este filme e os outros da cinessérie original na 1 ᵃ parte.
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Will Rodman (James Franco) e seu pai Charles (John Lithgow) |
Já no filme de 2011, temos Will Rodman (James Franco de Artista do Desastre), um cientista morador de San Francisco, EUA, que procura uma cura para o mal de Alzheimer, pois seu pai Charles (John Lithgow, soberbo) possui essa doença. Ele desenvolve um vírus chamado ALZ-112 que parece funcionar, mas seu efeito é de curto prazo - depois de algum tempo o corpo produz anticorpos que eliminam o efeito do vírus. Sua ação, porém, é totalmente diversa em símios, causando uma neurogênese, aumentando o QI destes. Rodman descobre que a mutação estabelecida pelo ALZ-112 em símios é hereditária. Ele leva o filho de uma de suas chimpanzés para casa e, a pedido de seu pai, o chama de César.
Após cinco anos de uma aparente estabilidade, César (Andy Serkis, ótimo) começa a se questionar se ele é um membro da família ou apenas um animal de estimação. Em uma confusão na vizinhança, César procura defender Charles, que parecia em perigo, e ataca o vizinho deles. O chimpanzé acaba sendo mandado a um abrigo para macacos chefiado por John Landon (Brian Cox, competente) e seu cruel filho Dodge (Tom Felton, muito bom). Lá, num clima de filme ambientado em presídio, ele faz amizade com Maurice (Karin Konoval), um orangotango que usa a linguagem de sinais, e o gorila Buck (Richard Ridings). No abrigo ele conhece os maus tratos e o comportamento de muitos humanos perante os macacos e decide virar a mesa.
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César (Andy Serkis à frente) e seus parceiros de abrigo no início do conflito com os humanos |
Rodman, ainda na busca de uma cura para a doença de seu pai, desenvolve uma nova versão do seu vírus - o ALZ-113. Este torna os símios mais inteligentes, só que tem o efeito contrário no seres humanos. César foge do abrigo, encontra e rouba o composto do vírus, distribuindo-o para seus semelhantes. Os símios escapam e se encaminham para o Parque das Sequoias, atravessando a Golden Gate, onde acontece a luta principal do filme entre humanos e macacos. Ao final, Rodman alcança César, já no parque das sequoias, e fica estupefato, pois, ao abraçá-lo, o símio consegue falar ("César está em casa"). Enquanto isso, a nova versão do vírus se espalha pelo mundo, começando assim a contagem regressiva para o domínio dos símios sobre os homens em nosso planeta.
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Final pungente: "César está em casa" |
Durante o filme, é constantemente mencionada uma expedição à Marte, que se perdeu no espaço. É presumível que seja essa expedição que finalizará a atual série de filmes, fazendo conexão com o filme original dos anos 60 (apesar de que, naquele caso, se tratava de uma expedição à Alpha Centauri), A notícia da perda de contato com a nave - ainda não sabemos se ela se chama Icarus ou não - aparece interrompendo na TV a exibição de Agonia e Êxtase (1965, de Carol Reed), com Charlton Heston como Michelângelo, no exato momento em que o personagem tem a inspiração para o afresco A Criação do Mundo da Capela Sistina.
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Andy Serkis: César pela técnica de captura de performance. Revolução na caracterização |
Tendo tido pouca divulgação durante a sua produção, o filme foi uma agradabilíssima surpresa ao chegar as telas, mostrando um fôlego renovado na franquia. Se o filme original inovou na tecnologia, com John Chambers, desenvolvendo um processo de maquiagem revolucionário para a época, aqui o foco foi na captura de performance, com a Weta Digital levando a outro patamar esta tecnologia - que já estava muito boa em Avatar (2009, de James Cameron). Andy Serkis, que já havia brilhado como o Golum na trilogia na trilogia O Senhor dos Anéis ( 2001 – 2003) e como King Kong (2005) - ambos sob a batuta de Peter Jackson -, põe por terra qualquer argumento de que o trabalho de interpretação associado a esta técnica é dramaticamente menor. Serkis ganhou o Saturn Awards de melhor ator, enquanto a produção também levava os prêmios de melhor filme de ficção científica e melhores efeitos visuais, além de várias indicações ao Oscar. A música de Patrick Doyle trabalha eficientemente sublinhando tanto os momentos intimistas como os mais intensos.
Planeta dos Macacos: O Confronto (2014)
A performance nas bilheterias e junto a crítica foi positiva, cimentando o caminho para uma nova saga símia no cinema. Sua continuação - Planeta dos Macacos: O Confronto (2014, de Matt Reeves de O Batman), escrito por Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver - se inicia com uma colagem de reportagens mostrando o colapso da civilização humana na esteira do vírus ALZ-113. Dez anos após o início da epidemia, César (Serkis) lidera e governa uma nova geração de aproximadamente 8 mil símios, incluindo alguns de seus antigos companheiros. Surge uma pequena equipe de batedores dos sobreviventes de San Francisco liderados por Malcolm (Jason Clarke) e sua esposa Elmira (Keri Russel, a eterna Felicity). Após um mal-entendido, César leva os macacos e os batedores ao encontro dos humanos que ainda restam na cidade de San Francisco e proíbe os seres humanos de entrar na floresta do antigo Parque das Sequoias.
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Elmira (Keri Russel), Malcolm (Jason Clarke) e Alexander (Kodi Smit-McPhee): Família em risco |
O objetivo dos batedores ao entrar na floresta era acessar e colocar em funcionamento um gerador hidroelétrico localizado na barragem de um rio no seu interior. Malcolm convence o líder do agrupamento humano, Dreyfus (Gary Oldman, sempre competente), a dar-lhe três dias para fazer as pazes com os macacos, obter acesso ao gerador, fazê-lo funcionar e começar a gerar a energia da qual o grupo tanto precisa. Mas, desconfiado dos macacos, Dreyfus começa a armar os sobreviventes da epidemia em San Francisco. Enquanto isso, o bonobo Koba (Toby Kebbell) primeiro tenente do exército dos símios e ex-cobaia dos humanos no passado, incentiva César a exterminar os sobreviventes enquanto estão fracos e desesperados. Mas César, vendo uma chance para a paz, compromete-se a dar o acesso à barragem. Malcolm, sua esposa e seu filho Alexander (Kodi Smit-McPhee de Ataque dos Cães) trabalham no gerador e começam a formar um vínculo com os macacos, apesar da tensão e da desconfiança mútua.
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Koba e César: A mão estendida à concórdia |
Koba confronta César e se indispõe com ele sobre sua tolerância para com os humanos, arquitetando planos para usurpá-lo da liderança símia. Ele convence Olhos Azuis (Nick Thurston), o filho de César, a acreditar que Malcolm e os outros humanos são perigosos.
Após matar guardas humanos e roubar uma arma, Koba espalha fogo nas habitações dos macacos na mesma noite em que os geradores começam a funcionar e a energia é restaurada em San Francisco. Na confusão ele atira em César - que, aparentemente, cai de uma laje para a morte - e põe a culpa deste atentado nos humanos e insufla um frenesi de ódio entre os símios.
Comandados por Koba, os macacos pilham o arsenal dos humanos, invadem San Francisco, matam quase todos os guardas e aprisiona os sobreviventes que encontram. Enquanto isso, Malcolm e sua família encontram César ferido e o levam para a cidade, em busca de suprimentos médicos para operá-lo.
No meio do caos, Olhos Azuis e os macacos mais jovens descobrem o verdadeiro caráter de Koba. Malcolm consegue operar César, que se recupera, com a ajuda de seu filho, Olhos Azuis, e confronta Koba no topo do arranha-céu da fortaleza humana, que o bonobo escolhera para ser a sua sede do poder. Louco de ódio, Koba dispara contra outros macacos, mas acaba nocauteado por César, que o declara um "não macaco" e o derruba para a morte.
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Real caráter: Koba (Toby Kebbell) mostra a que veio |
Malcolm descobre que Dreyfus conseguiu comunicar-se com outros seres humanos e reforços militares estavam a caminho. Vendo que a guerra já começou, tanto César como Malcolm lamentam a oportunidade perdida, preparando o terreno para a possível conclusão da saga no filme seguinte.
Com o mesmo aprumo nos valores de produção do filme anterior, e tendo também um grande retorno nas bilheterias e críticas favoráveis, Planeta dos Macacos: O Confronto sedimentou o rumo tomado pela franquia. Andy Serkis firmou sua posição como um dos melhores atores do ramo de captura de performance. A direção firme de Reeves e a música de Michael Giacchino acompanham o crescimento da tensão em cada cena. O trabalho de CGI recebeu várias indicações na categoria melhores efeitos visuais (Oscar, BAFTA, Saturn awards) entre outros.
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"A Batalha do Planeta dos Macacos": o mais fraco dos filmes |
Se o primeiro filme da retomada da franquia tinha como guia o quarto filme da primeira série de longa-metragens, este segundo é inspirado no quinto filme e último lançado nos anos 70 - claramente o mais fraco da série original. A nova versão, porém, tem um roteiro tenso, batalhas convincentes e um final pessimista - enquanto o filme no qual ele levemente se baseia - A Batalha do Planeta dos Macacos (1973, de J. Lee Thompson) - concluía a série de forma positiva e com mais conversas do que batalhas, apesar de seu nome sugerir o contrário. Ainda assim, o confronto final entre César e seu antagonista, exemplificando um verdadeiro conflito de ideologias e a questão “símio não mata símio”, é o ponto alto dos dois filmes.
Planeta dos Macacos: A Guerra (2017)
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"Planeta dos Macacos: A Guerra": seria o final da saga? |
Dirigido novamente por Matt Reeves, escrito por Mark Bomback e Reeves, Planeta dos Macacos: A Guerra (2017) foi o encerramento do arco de César (Serkis, se despedindo do personagem), investindo no drama pessoal de seus personagens.
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O "Coronel" (Woody Harrelson) com um dos traidores dos símios |
O filme se passa dois anos após o ataque de Koba aos humanos sobreviventes do vírus que matou 98% da população mundial e aumentou drasticamente o intelecto dos símios. Ainda liderados por César, o clã de macacos que surgiu nas proximidades da velha San Francisco é forçado a lutar contra o Alpha-Omega, uma facção militar do que restou das forças armadas norte-americanas. Comandada por um misterioso e impiedoso coronel (Woody Harrelson, em modo Apocalipse Now) que subordina macacos anteriormente leais a Koba, pejorativamente chamados de "jumentos".
Um ataque do Alpha-Omega numa colônia de símios é repelido por César, que ainda deseja negociar a paz entre as eles e os humanos. Ele liberta soldados prisioneiros, esperando que sua atitude de misericórdia demonstre ao coronel que seus macacos não são selvagens. Seu filho mais velho, Olhos Azuis (Max Lloyd-Jones) relata que ele e um grupo de batedores encontraram um local após um deserto que seria ideal a eles se instalarem longe da perseguição dos homens. Embora concordando, César sente que precisam se preparar antes.
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Maurice (KKonoval), Rocket (Terry Notary) e Luca (Michael Adamthwaite): amigos fiéis na "jornada do herói" traçada por César |
O
Coronel, porém, só tem em mente a derrocada total dos símios. Ele
lidera um ataque noturno surpresa ao lar dos macacos e consegue fugir
após causar severas baixas - entre eles, a esposa de César. No dia
seguinte, o clã prepara-se para migrar para o lar seguro. Enquanto o
eles partem, César deixa seu filho mais novo, Cornelius, aos cuidados da
esposa de Olhos Azuis e sai em busca de vingança. Ele é acompanhado
pelo orangotango Maurice (Karin Konoval) o gorila Luca (Michael Adamthwaite), e Rocket (Terry Notary) - um chimpanzé. Eles entram numa vila onde encontram uma menina muda (Amiah Miller).
Maurice a adota e torna-se seu amigo e protetor. Mais tarde ele dá um
nome a garota: Nova. Em seu caminho, o grupo encontra um chimpanzé
solitário que chama a si mesmo de “macaco mau” (Steve Zahn).
Após uma baixa no grupo, César decide prosseguir sozinho e descobre que o Alpha-Omega capturou sua tribo forçando-a a trabalhar na construção de uma muralha, sem água ou alimentos. César é capturado, tenta fazer os outros símios pararem da trabalhar até serem devidamente alimentados e descobre que outros militares estão contra o coronel por ele matar seus próprios homens. O Coronel revela que a gripe símia sofreu mutação e o humano contaminado regride para um estado primitivo a ponto de perder o dom da fala. Ele ordenou a seus homens que matem qualquer infectado ou quem recuse fazê-lo, declarando estar numa guerra santa pela sobrevivência da humanidade. Um sobrevivente destas ações avisou a milícia do norte, que partiu para retirar o coronel de seu comando.
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César: endurecido pela vida e pela responsabilidades, mas sem perder a esperança |
O grupo que César tinha deixado para trás em sua busca por vingança encontra o acampamento Alpha-Omega. César e Rocket bolam um plano de fuga para o clã, que começa a escapar enquanto a milícia do norte chega e começa a guerrear com os homens do Coronel. César é ferido, mas consegue provocar uma explosão que provoca outras nas instalações, numa reação em cadeia que provoca avalanches e atinge inclusive o exército do norte.
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Maurice adota a pequena Nova (Amiah Miller), uma menina muda, e torna-se seu protetor. |
Os
macacos e Nova sobrevivem a hecatombe e prosseguem em sua jornada em
busca do novo lar. Eles atravessam o deserto até encontrar um oásis onde
decidem se instalar. Enquanto desfrutam seu novo lar, Maurice descobre
que o ferimento que César sofrera era fatal. O orangotango promete dizer
a Cornelius quem fora seu pai e o que ele fez pela tribo. Cesár então,
silenciosamente, perece dos seus ferimentos, enquanto Maurice e os
outros macacos o observam.
Ao contrário dos outros longas-metragens da retomada da franquia, este possuiu um roteiro completamente original, sem conexão com o roteiro de nenhum dos filmes anteriores. O filme dividiu opiniões, mas, em sua maioria, acabou tendo críticas positivas. A fotografia de Michael Seresin aproveita bem o contraste das cores vivas dos pelos, vegetação, com a neve das paisagens frias, embalada pela música de Michael Giacchino, que continuou na mesma linha, por ser a continuação natural do filme anterior. O trabalho de CGI recebeu novamente várias indicações na categoria melhores efeitos visuais (Oscar, BAFTA, Saturn awards) entre outros tantos.
Devido ao bom retorno de bilheteria, ainda existem possibilidades para novos filmes, mesmo com a conclusão do arco de César. Afinal, a nave desaparecida a caminho de Marte que é mencionada em Planeta dos Macacos: A Origem pode muito bem ter entrado numa dobra temporal (ou outro recurso narrativo semelhante) para justificar o prosseguimento da história com outro foco. Sem contar os diversos Easter Eggs contidos no filme, que citam o filme original da franquia, em 1968 - um chimpanzé chamado Cornelius, a pequena Nova...
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Será que ainda veremos a Icarus e sua tripulação na série??? |
Até a pouco tempo não se tinha certeza sobre possíveis continuações da saga dos símios após este terceiro e derradeiro fechamento da saga de César, mas, e desde 14 de Dezembro de 2017 quando a Walt Disney Company adquiriu os direitos sobre a franquia - após a compra da 20th Century Fox, as chances aumentam, seja para o bem ou para o mal. Poderão dar prosseguimento a série até vermos definitivamente estabelecida a civilização dos macacos do filme original (quem sabe até com um George Taylor digital tendo as feições de Charlton Heston?). Ou talvez até - quem sabe? - vejamos um crossover de personagens desta franquia com outros como os do Universo Marvel, ou de Star Wars? A sorte está lançada.
Nota: Em 29 de setembro de 2022 foi anunciado o início da pré-produção de Reino do Planeta dos Macacos, que deverá ser dirigido por Wes Ball (Maze Runner: A Cura Mortal) com roteiro de Josh Friedman (Expresso do Amanhã, Fundação), com Owen Teague (It: A Coisa), Freya Allen (The Witcher) e Peter Macon (The Orville) entre outros.
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Logo, mais algumas faces serão adicionadas à esta legião |
O Coronel Thade de Tim Roth ainda vai ser redimido. :-)
ResponderExcluirAinda hoje, quando revejo o filme de 68 sinto o impacto que me causou quando vi na madrugada, depois do Jornal da Globo, nos anos 80. Imaginem o dia em que puderem adaptar elementos do livro que, ainda impacta os fãs ao ler e descobrir que é quase uma "ópera espacial".
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