Olhe para os céus!!!
por Alexandre César
(Postado originalmente em 05/01/2019)
A encarnação clássica do Filho de Krypton
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O jovem Reeves, em início de carreira |
Hoje, caso ainda estivesse nesta dimensão, estaria aniversariando George Keefer Brewer, mais conhecido pelo pseudônimo de George Reeves (⭐ 05/01/1914 – ✝ 16/ 06/ 1959) ator americano famoso na sua época por interpretar aquele que é "mais rápido que uma bala e que não era nem um pássaro e nem um avião": Super-Homem, numa série de TV que fêz história nos anos 1950. Até o surgimento de Christopher Reeve ou Henry Cavill, ele era a face que sempre nos vinha à mente quando pensávamos no “Homem de Aço”.
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Em "...E O Vento Levou" (1939) Com Fred Crane como os irmãos Tarleton, ambos cortejando Scarlett O´Hara (Vivien Leigh) |
Nascido em Iowa, ao ser adotado pelo padrasto, passou a assinar George Bessolo. Criado na Califórnia, George começou a lutar boxe na escola, esporte que lhe deu um excelente porte físico. Foi também no colégio que começou a atuar em produções amadoras no Playhose Famed, onde foi descoberto por um caça-talentos (junto com seu colega de classe Victor Mature (que se eternizaria em épicos como Sansão e Dalila, O Manto Sagrado e Demetrius e os Gladiadores).

George estreou no cinema em um sondie (curtas-metragens musicais, espécie de vídeo clipes da época) chamado Ride, Cowboy, Ride (1939), produzido pela Warner Bros. No curta, George Reeves aparecia cantando, outro talento que desenvolveu na escola.

Bom ator, após fazer pequenos papéis não creditados em alguns filmes do estúdio, recebeu sua primeira grande chance ao ser escalado para interpretar Brent Tarleton, um dos gêmeos que cortejam Scarlet O’Harra em ...E o Vento Levou (Gone With the Wind, 1939) de Victor Fleming, fazendo papel de irmão*1 gêmeo do ator Fred Crane. Ambos ficaram amigos, e Fred foi padrinho do casamento de Reeves com a atriz Ellanora Needles.

Como Sir Galahad em "Cavaleiros do Rei Arthur" (1949)
Depois de ...E o Vento Levou, continuou fazendo pequenos papéis, alguns deles não creditados. Começou a fazer sucesso após protagonizar A Legião Branca (So Proudly We Hail!, 1943) de Mark Sandrich, quando Reeves teve de interromper a sua carreira por conta do serviço militar, na Segunda Guerra Mundial, que só retomaria após dar baixa no exército, retornando a Hollywood mais tarde, mas não conseguindo recuperar o sucesso. Fez alguns papéis em filmes de baixo orçamento, como em Jim da Selvas (Jungle Jim, 1949) e Cavaleiros do Rei Arthur (The Adventures of Sir Galahad, 1949), de Derwin Abrahams e Spencer Gordon Bennet e o vilão de Sorveteiro em Apuros*2 (1950) de Lloyd Bacon, quando partiu para Nova York para tentar a carreira na televisão.

Em 1951 assinou contrato com a a RKO para atuar em Super-Homem (Superman and the Mole-Man,1951), o primeiro filme baseado no personagem da então National Periodical Comics (Kirk Allyn já havia feito Superman nas telas, mas em forma de seriado). O filme agradou, e acabou gerando uma série de televisão que durou de 1952 a 1958. E foi como o herói dos quadrinhos que Reeves enfim encontrou o estrelato, e que lhe daria a independência financeira, mas do qual se ressentiria por ter lhe fechado as portas a outros papéis (teve um pequeno papel em A Um Passo da Eternidade (1953 de Fred Zinemman), que foi cortado na edição final por que todos na platéia-teste diziam “- É O SUPER-HOMEM!”), deixando-o rotulado como o super herói kryptoniano até a sua morte misteriosa, aparentemente suicídio*3, aos 45 anos.

Com Claudette Colbert em "A Legião Branca" (1943)
George estreou no cinema em um sondie (curtas-metragens musicais, espécie de vídeo clipes da época) chamado Ride, Cowboy, Ride (1939), produzido pela Warner Bros. No curta, George Reeves aparecia cantando, outro talento que desenvolveu na escola.

Em "Jim das Selvas" (1948) com o ex-Tarzã John Weissmuller
Bom ator, após fazer pequenos papéis não creditados em alguns filmes do estúdio, recebeu sua primeira grande chance ao ser escalado para interpretar Brent Tarleton, um dos gêmeos que cortejam Scarlet O’Harra em ...E o Vento Levou (Gone With the Wind, 1939) de Victor Fleming, fazendo papel de irmão*1 gêmeo do ator Fred Crane. Ambos ficaram amigos, e Fred foi padrinho do casamento de Reeves com a atriz Ellanora Needles.

Como Sir Galahad em "Cavaleiros do Rei Arthur" (1949)
Depois de ...E o Vento Levou, continuou fazendo pequenos papéis, alguns deles não creditados. Começou a fazer sucesso após protagonizar A Legião Branca (So Proudly We Hail!, 1943) de Mark Sandrich, quando Reeves teve de interromper a sua carreira por conta do serviço militar, na Segunda Guerra Mundial, que só retomaria após dar baixa no exército, retornando a Hollywood mais tarde, mas não conseguindo recuperar o sucesso. Fez alguns papéis em filmes de baixo orçamento, como em Jim da Selvas (Jungle Jim, 1949) e Cavaleiros do Rei Arthur (The Adventures of Sir Galahad, 1949), de Derwin Abrahams e Spencer Gordon Bennet e o vilão de Sorveteiro em Apuros*2 (1950) de Lloyd Bacon, quando partiu para Nova York para tentar a carreira na televisão.

A virada: "Superman and the Mole-Man" (1951) pela RKO
Em 1951 assinou contrato com a a RKO para atuar em Super-Homem (Superman and the Mole-Man,1951), o primeiro filme baseado no personagem da então National Periodical Comics (Kirk Allyn já havia feito Superman nas telas, mas em forma de seriado). O filme agradou, e acabou gerando uma série de televisão que durou de 1952 a 1958. E foi como o herói dos quadrinhos que Reeves enfim encontrou o estrelato, e que lhe daria a independência financeira, mas do qual se ressentiria por ter lhe fechado as portas a outros papéis (teve um pequeno papel em A Um Passo da Eternidade (1953 de Fred Zinemman), que foi cortado na edição final por que todos na platéia-teste diziam “- É O SUPER-HOMEM!”), deixando-o rotulado como o super herói kryptoniano até a sua morte misteriosa, aparentemente suicídio*3, aos 45 anos.
Na vida pessoal, Reeves era um mulherengo e gostava de fumar. Porém, os estúdios aconselharam o ator a parar de fumar e a não fazer aparições públicas com suas namoradas em volta das crianças, para não prejudicar nem a imagem do ator, e nem a imagem do Superman, dando assim, uma imagem de "modelo de virtude e saúde" para a criançada americana. Compareceu em muitos eventos e shows
beneficentes como a fantasia, até que um dia um menino tentou atirar
nele com um revólver de verdade, para ver as balas ricochetearem como na
TV*4.
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Nas duas primeiras temporadas o traje do herói era em cores diferentes devido aos tons de cinza muito próximos do azul e vermelho nas telas em preto e branco |
Muito querido por seus colegas do seriado, ele pessoalmente, defendeu Noel Neilll quando esta substituiu Phyllis Coates no papel de Lois Lane, na Segunda temporada da série do Super-Homem, ao vê-la sendo maltratada pelo diretor. Também defendeu o ator Robert Shayne, que fazia o Inspetor de Polícia Henderson na série, que foi acusado de ser comunista durante o processo de caça às bruxas movido pelo Senado Americano da década de 1950, e estava com risco de perder seu emprego. O produtor da série, Whitney Ellsworth, também defendeu Shayne, junto com Reeves.
A popularidade de Reeves como o kryptoniano era tanta, que quando fêz uma participação em I Love Lucy no episódio “Lucy and Superman” (num dos primeiros cross-overs da tv) em janeiro de 1957 ele foi creditado como ... Superman, pois Lucile Ball não queria que seus filhos descobrissem que o Superman não existia, e inclusive, Keith Thibodeaux, o ator-mirim que fazia o filho de Lucy Ricardo, também acreditava que Reeves fosse realmente o Superman apesar de conviver diariamente com atores. Eram tempos mais inocentes...
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Em 1957 com Lucile Ball e Dezi Arnaz: "Você é casado com ela há mais de dez anos e é a mim que chamam de Homem de Aço!!!" |
A vida e a morte de George Reeves é tema de Hollywoodland - Bastidores da Fama (Hollywoodland de 2006) de Allen Coulter, com Ben Affleck no papel de George Reeves; Diane Lane*5 como Toni Mannix, a amante de Reeves*5; Bob Hoskins encarna o executivo da MGM E.J. Mannix, o marido traído de Toni; e Adrian Brody assume o detetive particular Louis Simo, que investiga a misteriosa morte do ator intérprete do Super-Homem.
Reeves fiará sempre na lembrança como aquela figura paterna boa-praça, sempre disposta a dar bons exemplos e, a sempre nos dar uma piscadela de cumplicidade camarada...
Notas:
*2: Nesta comédia, com roteiro de Frank Tashlin, um sorveteiro (Jack Carson) fã do Capitão Marvel (o que grita a palavra SHAZAM! para ganhar seus poderes), se envolve numa trama policial típica dos Filmes Noir.
*3: Em 16 de junho de 1959 o ator foi
encontrado morto em seu quarto. A polícia concluiu que foi suicídio,
alegando que ele ficará deprimido após o cancelamento da série de
televisão. Mas o caso gera controvérsias até hoje, devido a vários
fatores: Reeves estava dando uma festa, e estava com a casa cheia, e
foi encontrado nu com um tiro na cabeça. E seus convidados só chamaram a
polícia 45 minutos após encontrarem o corpo e peritos encontraram
outras marcas de bala no chão e sinais de luta no quarto. Além disto,
amigos pessoais do ator como Allan Ladd e Gig Young afirmaram duvidar que o colega pudesse cometer suicídio (embora ele já tivesse tentado se matar anteriormente), além da mãe de Reeves ter contratado um advogado para investigar o caso e, pouco depois ter desistido de seguir adiante.
*4: Depois deste incidente (que inspirou uma cena de Corpo Fechado,filme de 2000 de M. Night Shyamalan), ele só fez eventos como
George Reeves. Era comum também em suas apresentações ele apanhar das
crianças, que queriam testar sua força (e algumas batiam com muita força). Ele declarou certa vez que
“gostaria de ter fãs adultos”.
*5: que faria Martha Kent na trilogia de filmes de Zack Snyder, junto com Ben Affleck, que faria Bruce Wayne / Batman.
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