"Zoiuda" encantadora
por Alexandre César
Robert Rodriguez traz a melhor adaptação de um mangá/anime
Cerca de 300 anos após “A Queda” - um confronto global que envolveu a Terra contra a RUM (Repúblicas Unidas de Marte) - Zalen, a única cidade terrestre remanescente quase intacta, continua flutuando acima da superfície - embora o seu pináculo central continue destroçado pelo conflito. A cidade flutuante, ancorada por colossais amarras, mantém uma relação simbiótica com o que restou da Cidade do Aço, localizada logo abaixo: uma metrópole devastada pelo conflito e cuja área central é um lixão onde é despejado constantemente todo e qualquer refugo tecnológico da metrópole aérea. Os habitantes do lixão peneiram para encontrar qualquer item aproveitável para fazer componentes protéticos mecânicos ou qualquer gambiarra que lhes ajude no dia a dia.
![]() |
Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz) dá o nome de sua falecida filha, Alita, à recém-chegada
|
![]() |
A direção de arte foge do lugar comum cyberunk ao estilo "Blade Runner",criando um mundo real e palpável
|
![]() |
Romance fofo: Alita e Hugo (Keean Johnson), o jovem trabalhador que tem um segredo. Mas o amor faz milagres...
|
Embora parta de uma premissa para lá de genérica - que já vimos em centenas de filmes, séries, quadrinhos, animações, games etc - Alita – Anjo de Combate (2019) surpreende com um frescor e domínio narrativo inesperado, fruto da conjunção de três nomes: Robert Rodriguez (Sin City, de 2005) na direção e da dupla James Cameron e Jon Landau (Titanic, de 1997 e Avatar, de 2009) na produção. E se revela, até o momento, a melhor adaptação de um mangá/anime (quadrinho/ animação japonesa) feito em Hollywood. Ele é baseado em Battle Angel Alita, de Yukito Kishiro, um mangá recomendado com muita atenção por Guillermo del Toro para o colega James Cameron, que se encantou com o conceito - embora o projeto d transformá-lo em filme tenha sido adiado vezes sucessivas devido ao trabalho de Cameron no filme Avatar e suas sequências.
![]() |
Neste mundo distópico, a alta tecnologia convive com a estratificação social
|
Em 2015 Robert Rodriguez embarcou no projeto, trabalhando inicialmente em cima do roteiro de Cameron e Laeta Kalogridis. Rodriguez condensou num resultado feliz as 186 páginas de roteiro de Cameron e combinou com as 600 páginas de anotações no que seria o roteiro de filmagem, satisfazendo Cameron, que lhe ofereceu a direção do filme. Percebe-se não temos aqui “um filme imitando um anime”, mas um filme que tem pique narrativo e jeito de anime. E não só na parte visual, mas na estruturação do roteiro, resultando num filme que é realmente feito para jovens, por alguém que consegue pensar como jovem e não um velho se fingindo de jovem, mas não se arriscando por medo de ousar e “quebrar a cara”. Rodriguez soube dosar o ar juvenil na narrativa (afinal a cinesérie Pequenos Espiões - com filmes lançados em 2001, 2002, 2003 e 2011-, além de As Aventuras de Shark Boy & Lava Girl, de 2005, serviram de laboratório para que ele entendesse o cinema infanto-juvenil) e usou bem seu amplo domínio de utilização da tecnologia disponível (aprendido nos anos iniciais da carreira, como realizador de clássicos B e Trash) para contar uma história da melhor forma possível.
![]() |
Alita: Uma adolescente com o coração na mão (mesmo!)
|
![]() |
Chiren (Jennifer Connely), a fria ex-mulher do Dr. Dyson. Personagem que pedia um maior desenvolvimento de seu arco
|
![]() | |
Grewishka (Jack Earle Haley) a face feia do perigo... |
![]() |
Zapan (Ed Skrein): o seboso ciborgue caçador de recompensas
|
![]() | |
O jovem casal sonha e faz planos... |
![]() |
Vector (Mahershala Ali) líder do submundo e Chiren (ao fundo) obedecem ao misterioso "Nova", o real vilão.
|
0 comentários:
Postar um comentário