segunda-feira, 19 de abril de 2021

Pluralidade digital - Love, Death & Robots 1ª Temporada

 

O perigo da tela azul

 
por Alexandre César
(Originalmente postado em 02/11/2019)


 Antologia animada da Netflix surpreende 


"A Vantagem de Sonnie"
 
Uma vez na época da faculdade ouvi que a expressão “Vinho, Mulheres e Guerra” seria a versão medieval de “Sexo, Drogas & Rock´n Roll”. Coisa que me ficou na memória por um bom tempo. Agora, neste tempos distópicos de internet, onde tudo ou é on-line ou por streaming, surge agora na Netflix a série cujo título é a materialização deste conceito em versão sci-fi: Love, Death & Robots (2019), série que se compõe de uma antologia de curtas metragens nos variados estilos de animação e abordagem de temas de fantasia, horror e ficção-científica, às vezes na proposta lembrando um pouco Black Mirror, outra série de formato antológico também da grade de plataforma, mas enquanto esta tem uma assumida influência do clássico de Rod Serling Além da Imaginação, esta aqui tem uma pegada mais colorida e abrangente, indo graças à sua variedade de estilos visuais e narrativos do visual gamer num CGI 3D, foto-realista e se levando à sério, até ao tradicional 2D, indo do realista ao mais cartunesco possível, remetendo às clássicas revistas em quadrinhos Metal Hurlant , a sua versão americana, a Heavy Metal, e as revistas da Warren Publishing Company, que moldaram toda uma geração de artistas e profissionais das artes visuais e áudio-visuais.
 
 
"Proteção contra Alienígenas"
 
  Criada por David Fincher (Seven, Clube da Luta) e Tim Miller (diretor do primeiro Deadpool e do vindouro Terminator: Dark Fate), nesta 1ª Temporada temos vários formatos de episódios, de metragem variada, percorrendo vários conceitos que, se muitos deles já foram abordados anteriormente em inúmeros filmes, séries, contos, etc... aqui ganham em concisão e eficiência por justamente estarem numa narrativa de curta-metragem, não havendo espaço para encheção de linguiça e firulas narrativas desnecessárias. 15 anos após o lançamento de Animatrix (The Animatrix), lançada no agora longínquo ano 2003 em cima do tremendo sucesso da trilogia sci-fi Matrix, uma antologia de animação não era tão aguardada assim, onde percebe-se a grande liberdade que foi dada a cada equipe e estúdio responsável por episódio, tendo cada um deles cerca de 5 a 15 minutos de duração, criados por diferentes cineastas ao redor do mundo, incluindo animadores da Hungria, França, Canadá e Coreia do Sul, entre outros, em 18 histórias que na sua maioria, não aconselháveis para menores de 18 anos...
 
 
"Era do Gelo"
 
Destaco os episódios “Proteção contra Alienígenas” de Frank Balson, do Blur Studio, baseado numa história de Steven Lewis que nos mostra fazendeiros defendendo suas terras de pragas; “Para Além da Fenda de Áquila” de Leon Bérelle, Dominique Boidin, Rémi Kozyra e Maxime Luère do Unit Image, baseado numa história de Alastair Reynolds, onde a tripulação de uma nave fora de curso procura descobrir o seu paradeiro; “Dia de Pescaria” de Damian Nenow, do Platige Image Studio, baseado numa história de Joe Lansdale, onde após a quebra de seu carro no deserto, dois vendedores têm uma “viagem” surreal; “13, Número da Sorte” de Jerome Chen, do Sony Pictures Imageworks, baseado numa história de Marko Kloos, que num conto de guerra relata a relação entre uma piloto e a sua nave; “Ponto Cego” de Vitaliy Sushhko (baseado numa história de sua autoria), produzido por Elena Volk,onde temos um bando de ciborgues realizando um roubo num cenário tipo Mad Max; “Era do Gelo” de Tim Miller, baseado numa história de Michael Swanwick, temos Topher Grace e Mary Elisabeth Winstead lidando com uma situação doméstica surreal.

Destacam-se como os melhores desta temporada:
 


“Os Três Robôs” de Victor Maldonado e Alfredo Torres, do Blow Studio, baseado numa história de John Scalzi, mostrando a divertida excursão de três amigos cibernéticos ao planeta Terra, lar de uma extinta civilização: A humana. Uma pequena obra-prima do humor satírico;
 
 

 
“Boa caçada” de Oliver Thomas, do Red Dog Culture House baseado numa história de Ken Liu, onde vemos a improvável amizade do filho de um caçador de espíritos com uma criatura mágica numa Hong Kong steampunk, numa pequena obra-prima digna de Katsuhiro Otomo ou Myazaki; 
 
 
 
“Ajudinha” de Jon Yeo, da Axis Studios baseado numa história de Claudine Griggis, onde uma técnica de manutenção de satélites tem um dilema vital. Ficção - Científica espacial claustrofóbica, lógica e concisa; 
 
 

“Zima Blue” de Robert Valley, do Passion Animation Studios, baseado numa história de Alastair Reynolds, onde num estilo gráfico descolado um famoso artista plástico conta à uma repórter sobre as suas origens e o objetivo de seu trabalho e, refletindo questões como a busca do sentido da vida, o “eterno retorno” e o valor da arte;
 

  “A Guerra Secreta” de István Zorkóczy da Digic Pictures, baseado numa história de David W. Amendola, onde um valoroso pelotão do Exército Vermelho combate o avanço das trevas nas florestas siberianas durante a Segunda Guerra Mundial. Se você curte games de guerra, irá adorar.
 
 
"Dia de Pescaria"
 
E é isso. Falar mais de Love, Death & Robots é cair no diletantismo. Assistam e concordem ou discordem desse que vos tecla, pois haverá justificativas para qualquer ponto de vista uma vez que a antologia prima pelo ecletismo. Seja você humorista, fã de ficção - científica, ou gamer de Call of Duty haverá o que o satisfaça. Sirvam-se...
 

 
E que venha a 2ª Temporada!
 

0 comentários:

Postar um comentário