Design, criação, produção em série
Os responsáveis pela "cara" do Terror da Universal
#TerrorDaUniversal
Falaremos aqui brevemente dos principais diretores de arte dos filmes de horror da Universal e daquela que com duas exceções foi a responsável pelos figurinos de todo o ciclo.
Charles D.Hall
![]() |
Hall, quando mais jovem, e mais tarde, já atuante
|
Nascido Charles Daniel Hall na Inglaterra ( ⭐ 20 de abril de 1888 – ✝ 8 de abril de 1970) foi um diretor de arte anglo-americano e designer de produção. Trabalhou em vários filmes de Charles Chaplin, (a maioria deles não creditado) como The Bond, Vida de Cachorro, Carlitos nas Trincheiras (todos de 1918) Idílio Campestre (1919), O Garoto,Os Clássicos Vadios (ambos de 1921), Dia de Pagamento (1922), Pastor de Almas (1923), Em Busca do Ouro (1925), O Circo (1928), Luzes da Cidade (1931), Tempos Modernos(1936).
![]() |
"O Fantasma da Ópera" (1925). Primórdios do ciclo |
Ele é mais lembrado por seu período na Ele é mais lembrado por seu período na Universal Pictures, onde começou a sua careira durante a era do cinema mudo. Foi o diretor de arte de algumas das mais famosas produções da Universal nos anos de 1920 e 1930, como O Corcunda de Notre Dame (1923 – assistente de direção de arte-não creditado) O Fantasma da Ópera (1925), O Homem que Ri (1927), Nada de Novo no Front (1930), a versão original de original de Drácula com Bela Lugosi (1931), a versão original de Magnífica Obssessão (1935), e My Man Godfrey (1936) e além deles, os onze filmes dirigidos por James Whale, incluindo o Frankenstein original com Boris Karloff (1931), A Casa Sinistra (1932 - designer de interior -não creditado), O Homem Invisível (1933), A Noiva de Frankenstein (1935), e a versão cinematográfica de Magnólia: O Barco das Ilusões (1936), sendo que ele também havia trabalhado na versão parcialmente sonora de 1929, dirigida por Harry A. Pollard.
![]() |
"A Noiva de Frankenstein" (1935). Herança expressionista plena |
Hall deixou a Universal no final da década de 1930 e foi para a United Artists, onde trabalhou para o produtor Hal Roach em filmes como Marido Mal Assombrado (1938) de Norman Z. McLeod, a primeira de duas sequências do filme A Dupla do Outro Mundo (1937), e após este filme trabalhou numa série de filmes “B”.
![]() |
"Drácula" (1931). O castelo sinistro dos castelos sinistros |
Hall posteriormente passou a trabalhar para televisão. Ele terminou a sua carreira como diretor de arte da série de TV pioneira Medic, a ancestral de todas as séries com temática centrada no meio de hospitais como Dr. Kildare, E. R., Chicago Hope, etc...
Ele foi indicado para o Oscar pelos filmes pelos filmes Sua Excelência, O Chofer (1938) e Capitão Fúria (1939). mas em nenhuma delas por algum dos seus filmes mais famosos.
Do final dos anos de 1950 até os 60, Hall ficou conhecido por suas pinturas em aquarela.
Hall comprou a casa que era de John Wayne onde viveu até a sua morte em 8 de abril de 1970, aos 82 anos.
Após a saída de Hall da Universal outros diretores de arte continuaram o padrão estético por ele lançado, sendo aqui relacionados os dois principais:
Jack Otterson
![]() |
Otterson, em plena forma |
Nascido em Pitsburgh, Pennsylvania, John Edward Otterson ( ⭐ 25/ 08/ 1905 - ✝ 22/ 12/ 1991) foi educado em Yale, onde foi o editor da revista de humor do campus The Yale Record com o escritor Geoffrey T. Hellman, o escritor e crítico de cinema Dwight MacDonald e o fotógrafo de Hollywood Jerome Zerbe, dali indo para o cinema. Foi oito vezes indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de arte. Trabalhou em 300 filmes entre os anos de 1934 a 1953. Morreu em Los Angeles, Califórnia aos 86 anos.
![]() |
"O Lobisomem" (1941) Identidade Gótica/ Expressionista |
Seus créditos nos filmes de horror incluem: O Filho de Frankenstein , A Torre de Londres, ambos de 1939 e dirigidos por Rowland V. Lee, A Volta do Homem Invisível, A Casa das Sete Torres, ambos dirigidos por Joe May, A Mão da Múmia de Christy Cabanne, A Mulher Invisível de A. Edward Sutherland (todos de 1940), Ilha dos Horrores, O Lobisomem ambos dirigidos por George Waggner, O Gato Negro de Albert S. Rogell (todos de 1941), Espião Invisível de Edwin L. Marin, A Tumba da Múmia de Harold Young (ambos de 1942).
![]() |
"O Filho de Frankenstein" (1939). Novo enfoque do laboratório |
Foi também diretor de arte de 3 filmes de Sherlock Holmes (fase Basil Rathbone): Sherlock Holmes e a Voz do Terror de John Rawlins, Sherlock Holmes e a Arma Secreta (ambos de 1942) e Sherlock Holmes em Washington (1943) estes dois de Roy William Neal.
Suas 8 Indicações ao Oscar incluem: incluem: O Grande Bruto (1936) de John G. Blystone, (1936), O Amor é uma Delícia (1937) de David Butler, Louca por Música (1938) de Norman Taurog, O Primeiro Amor (1939) de Henry Koster, Os Gregos Eram Assim (1940) de A. Edward Sutherland, Paixão Fatal (1941) de René Clair, As Mil e Uma Noites de John Rawlins, O Indomável de Ray Enright (ambos de 1942).
John B. Goodman
![]() |
"A Casa Drácula" (1945). Tradição expressionista mantida |
John B. Goodman ( ⭐ Denver 15/ 08/ 1901 – ✝ Los Angeles, 30/ 06/ 1991) foi um diretor de arte norte-americano. Venceu o Oscar de melhor direção de arte pela versão de 1943 de O Fantasma da Ópera, ao lado de Alexander Golitzen, Russel A. Gausman e Ira S. Webb. Sua carreira no cinema conta 212 créditos como diretor de arte, tendo morrido aos 90 anos
Seus créditos nos filmes de horror incluem: Frankenstein Encontra o Lobisomem de Roy William Neal, A Mulher Fera de Edward Dytryk, O Fantasma da Ópera (1943) de Arthur Lubin, (Alexander Golitzen dividiu a direção de arte com Goodman, ganhou o Oscar), O Filho de Drácula de Robert Siodmak (Martin Obzina dividiu a direção de arte com Goodman) sendo todos de 1943; A Vingança do Homem Invisível de Ford Beebe, A Sombra da Múmia de Reginald Le Borg, A Mansão de Frankenstein de Erle C. Kenton, A Praga da Múmia de Leslie Goodwins (nos dois últimos Martin Obzina dividiu a direção de arte com Goodman) sendo todos de 1944; A Mulher Gorila de Harold Young (Robert Clatworthy dividiu a direção de arte com Goodman), A Casa de Drácula (ambos de 1945) de Erle C. Kenton, (Martin Obzina dividiu a direção de arte com Goodman).
![]() |
"O Fantasma da Ópera" (1943). Consagração |
Outros créditos significativos incluem: Se Eu Fora Rei (1938) de Frank Lloyd, (indicado ao Oscar), O Indomável (1942) de Ray Enright (indicado ao Oscar), A Sombra de Uma Dúvida (1943) de Alfred Hitchcock, Ali Babá e os Quarenta Ladrões de Arthur Lubin, Climax de George Waggner e indicado ao Oscar (ambos de 1944), Paixão Selvagem (1946) de Jacques Torneur, A Felicidade Bate à Porta (1948) de Leo McCarey, O Terceiro Tiro (1955) de Alfred Hitchcock, A Marca da Forca (1968) de Ted Post.
Vera West
![]() |
Vera West, nos anos 1920 |
Embora o nome Vera West ( ⭐ Nova York 26/ 06/ 1898 – ✝ Los Angeles 29/ 06/ 1947) não seja tão reconhecido quanto o de alguns outros figurinistas de Hollywood, ela foi uma das mais prolíficas de seu tempo, desenhando vestidos para cerca de 400 filmes da Universal Studios durante o período de 1928 a 1946, sendo figurinista e chefe de guarda-roupa da estúdio.
Pouco se sabe sobre os primeiros anos de West; entretanto, ela tinha registros de sua matrícula no Philadelphia Institute of Design. Terminando a sua graduação, West trabalhou num atelier de propriedade da famosa Lucy, Lady Duff-Gordon (que trabalhava sob o nome profissional de “Lucile.”
![]() |
Helen Chandler em "Drácula" (1931) e a lingerie que seria hoje um vestido de noite |
Em algum ponto nos anos de 1920, West saiu de lá, mudando-se de Nova York para a Califórnia. Existem rumores sobre a sua mudança — um crime, um envolvimento ilícito, ou uma criança illegítima — que nunca foram esclarecidos, mas seja lá o que a fêz sair de Nova York foi sério o bastante para ela cobrir os seus rastros pelo resto de sua vida.
Acumula 394 créditos como figurinista e 40 créditos como chefe de guarda-roupa. Foi a figurinista de quase todos os filmes do ciclo de horror da Universal tendo feito O Homem que Ri (1928), Drácula (1931 – não creditada), A Múmia (1932 – não creditada), A Noiva de Frankenstein (1935 – não creditada), O Filho de Frankenstein, A Casa Mal-Assombrada (1939), A Volta do Homem Invisível, A Casa das Sete Torres, A Mão da Múmia, A Mulher Invisível (1940), O Gato Negro, O Lobisomem (1941) A Alma de Frankenstein, Espião Invisível (1942), Frankenstein Encontra o Lobisomem, A Mulher Fera, O Fantasma da Ópera, O Filho de Drácula (1943), A Sombra da Múmia, A Mansão de Frankenstein (1944), A Casa de Drácula (1945).
![]() |
O vestido negro drapeado de Ava Gardner em "Os Assassinos" (1946) |
Foi a figurinista de cinco filmes de Sherlock Holmes (ciclo de Basil Rathbone): Sherlock Holmes e a Voz do Terror, Sherlock Holmes e a Arma Secreta (1942), Sherlock Holmes em Washington, Sherlock Holmes Enfrenta a Morte, Sherlock Holmes e a Mulher Aranha (todos de 1943), A Sombra de Uma Dúvida (1943) de Alfred Hitchcock.
Seu último filme na Seu último filme na Universal foi foi A Fera de Londres com June Lockhart e Don Porter em 1946.
Neste ponto West deixou o estúdio e abriu uma boutique no Beverly Wilshire Hotel, para servir à indústria das viúvas e celebridades.
![]() |
Figurino de Vera West para Maria Montez como Tollea em “Mulher Satânica” (1944) |
Em 29 de junho de 1947 (um dia após o seu aniversário de 49 anos), West, vestindo um traje de noite, foi descoberta flutuando na sua piscina diante da sua casa na North Hollywood na 5119 Bluebell Avenue (a casa, foi construída por West e seu marido a menos de 10 anos). A polícia achou dois bilhetes no quarto de West: “Este é o único jeito. Estou cansada de ser chantageada,” e “O vidente me disse que este era o único modo de cessar a chantagem a que tenho pago por 23 anos-morte.” Afinal, um desses bilhetes foi rabiscado nas costas de um cartão de congratulações. Ambos os bilhetes foram endereçadas a “Jack Chandler” e a polícia deduziu que eles referiam-se ao seu marido, Jacques “Jack” C. West. Um vidro vazio de pílulas para dormir foi encontrado na casa, mas tanto Vera quanto Jack habitualmente os usavam.
Logo após, o caso foi arquivado. Jack West, que tinha a posse da casa, a demoliu, junto com todos os edifícios no lote, vendeu o terreno, e desapareceu, não havendo nenhuma informação sobre ele após 1947.
![]() |
Mariia Montez caracterizada como Tollea em "Mulher Satânica" |
Naturalmente, nos dias de hoje, a camisola usada por Helen Chandler em Drácula (uma das mais reconhecíveis criações de Vera West) que consiste numa lingerie de noite com uma montagem elaborada de laços e seda, seria considerada muito bonita para apenas vestí-la em casa, podendo facilmente se ver uma noiva usando um de seus vestidos, como um vestido de casamento.
Não há dúvida de que ela teria sido um grande sucesso como fashion designer
caso tivesse vivido mais. Historiadores de vestuário irão argumentar
que West nunca desenvolveu um estilo próprio, que fosse a sua
assinatura, mas acredito que seus talentos reais fossem melhor expressos
em suas roupas de dormir.
![]() |
Elsa Lanchester como "A Noiva" em seu vestido de gaze e ataduras |
Com toda a informação disponível sobre cada estúdio e sobre cada figurinista do século 20, é desapontador que se encontre tão pouco sobre Vera West. Sua morte foi uma trágica perda para a indústria cinematográfica e ainda permanece um mistério que até hoje não foi realmente resolvido. Os artigos dos jornais de um dia ou dois após a sua morte foram inúmeros, mas depois, tudo parou e não houve mais informação sobre Vera, sobra a sua morte ou sobre a sua vida antes de vir para Hollywood. Um mistério digno das personagens cujos figurinos criou.
![]() |
Vera (ao centro) com Deanna Durbin e Bruce Manning e um figurino de "Sempre Tua" (1943) |
0 comentários:
Postar um comentário