Collin Firth e Rachel Weisz em drama cativante
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Donald e Clare Crowhurst (Colin Firth e Rachel Weisz): Belo casal, com uma química invejável |
“A História é escrita por aqueles indivíduos que são capazes de superar todo e qualquer desafio, tornando-se assim maiores do que a vida e suas limitações, servindo de exemplo aos demais, iluminando tal qual um farol a nossa capacidade de forjar o nosso próprio destino!!!”
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Pai e filhos: Amizade e cumplicidade |
Mas. como no geral, a sociedade se nutre do mito do vitorioso para continuar funcionando, quem costuma ficar do segundo lugar para trás não angaria muita atenção - a não ser que sua derrota adquira tons épicos ou trágicos.
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o "Chamado da Aventura": O repórter Rodney Hallworth (David Thewlis) ajuda Crowhurst a captar publicidade e recursos para a empreitada |
Dirigido por James Marsh (de A Teoria de Tudo, de 2014), Somente o Mar Sabe (2017), escrito por Scott Z. Burns (Contágio), conta a história real de Donald Crowhurst (Colin Firth, de Mama Mia! , inspiradíssimo numa performance que vai do sonhador ao desesperado com simples mudanças no olhar). empresário e inventor britânico, além de navegante amador. Ele se espelha nos feitos de Sir Francis Chischester (Simon McBurney de Jane Eyre) - pioneiro da aviação e marinheiro amador que circum-navegou sozinho o globo em nove meses e um dia de 1966 a 1967 - e decide investir no seu sonho e transformá-lo num acontecimento histórico. Seu objetivo era se tornar o primeiro homem a dar a volta ao mundo sem paradas, vencendo a Golden Globe Race de 1968 (uma importante competição de vela) e faturar um polpudo prêmio (10.000 libras) capaz de salvar seus negócios.
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Pronto ou não nosso herói se lança à aventura com a fé dos ingênuos e dos despreparados... |
No intuito de se tornar o mais rápido competidor a dar a volta ao mundo, Crowhurst envolve sua família no seu audacioso plano e contata o jornalista e publicitário Rodney Hallworth (David Thewlis de Mulher-Maravilha, sempre competente) no intuito de captar investidores para viabilizar a construção de uma embarcação que possibilite sua rápida travessia pelos seis continentes. Apostando todas as suas fichas ele convence o empresário Stanley Best (Ken Stott da trilogia O Hobbit, perfeito) a financiar o seu projeto, empenhando a sua casa e seu negócio como garantia do investimento.
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Clare: Companheira fiel para o que der e vier |
O projeto demora muito mais do que ele previa e Crowhurst se lança às águas mesmo sem o barco estar plenamente pronto como deveria, pois os outros concorrentes já haviam partido e as cobranças dos investidores e patrocinadores eram intensas.
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A Triste constatação: Só o olhar diz tudo... |
Deixando em terra a mulher Clare (Rachel Weisz da cinesérie A Múmia, bela, sensível e cativante) e três filhos, ele embarca em sua empreitada para circum-navegar o globo enfrentando sozinho as forças da natureza, numa aventura náutica marcada por problemas, inexperiência e desespero.
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Como voltar não era uma opção,Crowhurst resolve "fabricar" o relato de uma jornada heróica |
O tema já havia sido abordado no drama Crowhurst (2017, de Simon Rumley) e de Simon Rumley) e em Deep Water (2006), documentário de Jerry Rothwell e Louise Osmond sobre Crowhurst, a Sunday Times Golden Race de 1968 e o seu destino.
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A família Crowhurst: Esperança na volta de Donald. Elenco mirim impecável |
Aqui, Marsh, auxiliado por um elenco sensacional, se debruça sobre as expectativas comuns a todos nós ao tocar nossos projetos de vida, lidando com os fatores como frustração, desespero por decisões erradas (e encarar as consequências por essas decisões...), insegurança por saber se estamos ou não estamos, “dando um passo maior do que a própria perna”, medo de fracassar e decepcionar aqueles que dependem de nós e outras tantas questões que se impõem a todos nós mortais, sejamos vencedores ou não. E aqui vemos o quanto os fatores solidão e desespero podem levar a resultados catastróficos para os indivíduos. A fotografia de Éric Gautier (Diários de Motocicleta) e a montagem de Jinx Godfrey (A Teoria do Tudo) e Joan Sobel (Direito de Amar) enfatizam a expectativa do que deveria acontecer com belas paisagens solares e o contraste delas com o interior do barco, que vai gradativamente se tornando claustrofóbico na medida que o trajeto avança (ou não) e o belo veículo vai se deteriorando em face às intempéries. Essa gradativa mudança reflete o estado mental de Crowhurst que, embalado pelos acordes de Jóhann Jóhannsson (A Chegada) e Rutger Hoedemaekers, vai percebendo o choque entre o que se planeja e o que acaba de fato conseguindo.
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O verdadeiro Donald Crowhurst: tragédia com tons épicos |
É um filme belo e ao mesmo tempo triste, que nos ajuda a ponderar sobre as decisões cotidianas que muitas vezes tomamos e as suas consequências. Pois, muitas das vezes, a vida se resume a isso: nadar na esperança de não ficar à deriva, ou morrer na praia. Simples e assustador, mesmo que estejamos em terra firme.
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