Ótimo piloto mas ruim no trato com a nave
A simpática e desigual gênese do mais querido contrabandista da galáxia muito, muito distante
Optando por um desenvolvimento diferente de Rogue One: Uma História Star Wars (2016, de Gareth Edwards), o novo filme da série "Uma História Star Wars", Han Solo (2018, de Ron Howard) segue um caminho diferente do que o termo prequel costuma simbolizar para muitos dos fiéis fãs e devotos de Star Wars (cinéfila também em sua maioria). Ele prova que é possível revisitar o passado daquela conhecida galáxia muito, muito distante de forma criativa e atraente - com narrativas dinâmicas e empolgantes e boa dose de fan service -, mas sem se preocupar demasiadamente com os cânones, que acabam engessando muitas boas idéias.
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L3 (Phoebe-Waller-Bridge) & Lando Calrissian (Donald Gloover): Parceria insólita |
Abraçando um tom mais próximo do farwest, vemos um ambiente onde nunca se deve confiar em ninguém, pois são todos um bando de “ferrados” (para ser educado...), enganando um ao outro na luta pela sobrevivência para garantir mais um dia de vida. Aqui, Han Solo (Alden Ehrenreich surpreendente, recriando pela simplicidade e sutileza um ícone moderno) pode não transpirar inicialmente a malandragem de Harrison Ford (que também era mais um feliz casamento da persona do ator com o perfil do personagem do que um trabalho intenso de criação interpretativa), mas se sai bem ao mostrar a criação do ladrão-contrabandista de bom coração.
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A bela e limpa Millennium Falcon: quando o dono era mais cuidadoso... |
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Chewie, Beckett (Woody Harrelson) e Han: "Aposto que você não mantém essa nave assim, limpinha, moleque!" |
Trabalhando numa situação em menor escala, mais regional, e deixando o Império e suas maquinações meio de lado (só aparecendo para situar o contexto maior), percebemos neste filme um universo mais amplo do que apenas o velho drama familiar dos Skywalkers e a guerra entre Jedis e Siths pelo controle da galáxia. Ele é um sopro de ar fresco numa narrativa que perigava saturar e mostra o valor do universo expandido, sem a obrigação de de apresentar algo épico, grandioso. O roteiro de Lawrence e Jonathan Kasdan vai construindo Han Solo e algumas de suas características de forma simples, que funciona muito bem. A trajetória do personagem apresentada aqui se insere no cânone sem ser algo transgressor ou herético (se bem que os radicais de plantão encontrarão toneladas de justificativas para destilar seu veneno...).
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Dryden Vos (Paul Bettany): "Não sou realmente mau, sou apenas um vilão" |
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Qi´ra (Emilia Clarke): Amor "bandidinho"... |
A música de John Powell reinterpreta em momentos chave os acordes da partitura de John Williams, evocando a saga clássica, mas mantendo uma personalidade própria. A fotografia de Bradford Young remete às imagens do Star Wars Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977, de George Lucas), além de, em alguns momentos chuvosos, lembrar Blade Runner (1982, de Ridley Scott) e até a série Game of Thrones. A edição de Chris Dickens e Pietro Scalia dão o tempo certo às cenas deste western espacial onde o herói atira primeiro (Greedo que se acautele!) pois ele descobre que não há honra entre ladrões.
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A "Corrida de Kessel": e lá se vai mais um pedaço da nave... |
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