Polícia do Tempo à Brasileira.

Qudrinhos através do espaço-tempo.

O Homem da Fronteira

Um homem e seu chapéu de guaxinim.

Um manto sobre o mundo.

Especial Homem-Morcego

Jornada em família.

A Família Robinson no Espaço.

Os primeiros Caça-Fantasmas

Trio de charme mambembe.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Intempol - Agora Vol.2: Viagens no Tempo com Jeitinho Brasileiro

 Intempol – Agora (Vol. 2): Viagens no Tempo com o Jeitinho Brasileiro




Ficção Cientifica em quadrinhos com os maneirismos, os erros e a corrupção típicos do Brasil


Tudo começou com “Eu Matei Paolo Rossi”, um conto de Octavio Aragão para coletânea de ficção-científica “Outras Copas, Outros Mundos”, organizada por Marcello Simão Branco e lançada em 1998. O livro aproveitava a onda em torno da Copa do Mundo realizada na França naquele ano. E o que parecia ser apenas o primeiro trabalho de um escritor se tornou o pontapé inicial para a Intempol: um vasto universo compartilhado de ficção-científica - um dos grandes projetos do gênero no Brasil, tanto pela quantidade de autores envolvidos (de várias partes do país) como pelo seu caráter multimídia: com a produção de contos, romances, blog informativo, redes sociais e quadrinhos. 




E o que a Intempol? É a sigla para Polícia Internacional do Tempo, uma organização multitemporal e multidimensional que existe para proteger, controlar e direcionar as diversas linhas do tempo da realidade. Instituições como essa não são novidades na ficção-científica, mas essa tem um tempero especial: apesar de ter agentes de todas as partes do mundo, a Intempol é criada e gerada por brasileiros, apresentando com isso todas as caraterísticas inerentes de nosso povo e de nossas instituições - para o bem e para o mal. Estejam preparados para o mais recente trabalho do projeto, é o segundo volume de quatro previstos de “Intempol – Agora”, uma série de coletâneas de histórias em quadrinhos que se passam nesse curioso universo. Para quem nunca leu e sequer acompanhou, começar a ler por este volume não fará diferença. O álbum é composto de sete histórias independentes e auto contidas, com personagens distintos - tal como ocorre no primeiro volume da série. As HQs e seu pano de fundo do podem ser compreendidos mesmo por quem nunca ouviu falar da Intempol. 



Este novo álbum traz uma mesma característica do primeiro volume: a diversidade dos criadores participantes. Há veteranos do mundo dos quadrinhos e gente que está batalhando há muito tempo para que seus projetos tenham maior reconhecimento na área. Autores que estão no projeto desde o início e outros que estão chegando. Versões em quadrinhos de contos publicados antes e material totalmente inédito. Autores e autoras, tanto na ilustração como na escrita. E tem profissionais gabaritados e conhecidos em outras áreas da cultura enveredando pela primeira vez nas HQs , trazendo suas experiências e vivências para esse formato artístico.

E essa grande combinação criativa composta por Mig Mendes, Ana Recalde, Lúcio Manfredi, Will Tom, Carlos Hollanda, Alex Mandarino, Hamilton Kabuna, Mariana Queiroz, André Flauzino, Luiz Felipe Vasques, Rubens Ângelo, Luma Rodrigues e Alexandre Soares, além do próprio Octavio Aragão, apresentam sete histórias repletas de drama, humor, criatividade e com nosso jeitinho brasileiro: pelo lado bom, elas têm a nossa reconhecida malandragem e simpatia. Pelo lado ruim tem a fossa da corrupção e uma certa irresponsabilidade e inconsequência. Fechando com chave de ouro temos a capa magnífica ilustrada por Ricardo Leite e pintada por Osmarco Valladão, dois grandes nomes dos quadrinhos brasileiros com material publicado e reconhecido internacionalmente. 






E tudo isso prova que, sim, a ficção-científica tem a sua vertente brasileira, podendo utilizar nosso país e nossa sociedade como cenário sem parecer algo artificial e ainda assim ter um caráter internacional. As histórias do álbum também podem ser apreciadas perfeitamente por quem não conhece nosso jeito de ser. E temos certeza que o povo lá de fora vai gostar. E, para você garantir o seu, o álbum se encontra em pré-venda AQUI



Aliás, o primeiro álbum em quadrinhos contendo uma aventura da Intempol - “The Long Yesterday”, de Osmarco Valladão e Manuel Magalhães - acaba de ser lançado no mercado norte-americano. A conquista do mundo já começou



sábado, 13 de julho de 2024

Hoje é dia de rock!

 


Quem é Bob Geldof?

Por Carlos Vinicius Marins
(Publicado no Facebook em 13 de julho de 2017)

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Agradando à gregos e troianos - Crítica - Filmes: Wonka (2023)

 


Para pais, filhos e agregados

por Alexandre César 

Cativante filme de origem do chocolateiro



Surgido nas páginas do clássico infantil de Roald Dahl A Fantástica Fábrica de Chocolate, Willy Wonka marcou o imaginário do grande público graças à adaptação do livro para o cinema realizada em 1971 por Mel Stuart (Enquanto viverem as ilusões). Gene Wilder (O Jovem Frankenstein) interpretou o excêntrico e genial chocolateiro de forma irônica e lúdica, alternando um certo olhar maníaco. Mas, o filme deixava uma grande lacuna sobre o seu passado.


Gene Wilder, na versão de 1971, é o referencial deste prequel


Coube a Tim Burton começar a resgatar na versão de 2005, o lado mais soturno do personagem. Na performance zombeteira de Johnny Depp, descobrimos parte de seu passado, como sua difícil relação com seu pai, um severo dentista viúvo (Christopher Lee) que odiava doces (daí vindo o conflito...). O filme acertou em muitos pontos, mas a caracterização de Wonka foi rotulada como sendo a de um 'Michael Jackson'de cabelo channel'...

Agora, é  a vez de Paul King (As Aventuras de Paddington) com Wonka (2023) nos dar mais um pequeno pedaço de como o jovem Willy (Timothée Chalamet* de Duna, partes I II) se tornou ’Wonka’, num filme que, se por um lado, afasta qualquer alusão ao lado sombrio do personagem, por outro, se mostra um espetáculo cativante, revelando-se o filme-família deste final de ano.


O sonhador Willy Wonka (Timothée Chalamet) busca realizar seus sonhos, inspirado no amor de sua finada mãe (Sally Hawkins)


O roteiro escrito por King e Simon Farnaby (Ghosts) mostra espetacular equilíbrio em dar espaço à vários (e marcantes personagens), em agradar à todas as faixas de público - sem deixar de tratar nenhuma delas com inteligência - e na apresentação de números musicais que, graças à edição de Mark Everson (Johny English 3.0) têm a duração certa para não  ficarem chatos, intercalando humor, emotividade e sutis críticas sociais. A maneira como o chocolate é alternado como alegoria de dinheiro de corrupção, droga viciante (os rivais de Wonka são um cartel) e fator libertário é uma aula de como se escrever um roteiro.

Chalamet funciona,  como um jovem idealista e um tanto ingênuo - prato feito para os oportunistas de plantão. Ele é amparado pelo ótimo, inspirado e cativante  elenco, não importando quão pequeno seja o personagem. Destacam-se  a sempre ótima Olivia Colman (Invasão Secreta) como Mrs.Scrubitt e Tom Davis (The Curse) como Bleacher, uma dupla de Vigaristas, que aprisiona o protagonista, e o explora, junto com a órfã Noodle (Calah Lane de Reunião de Família) entre outros. 


O cartel de fabricantes de chocolate: Fickelgruber (Mathew Baynton), Slugworth (Paterson Joseph) e Prodnose (Matt Lucas) são a pedra maior no sapato de Willy Wonka

Ainda temos os hilários Chefe de Polícia (Keegan-Michael Key de Reboot) o Padre Julius (Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean)  em ótimas interpretações, e do lado da trupe de Willy Wonka temos os explorados Abacus Crunch (Jim Carter de A Grande Mentira), um contador; Piper Benz (Natasha Rothwell de Mulher-Maravilha 1984), uma encanadora; Larry Chucklesworth (Rich Fulcher de Ainda Acordados) um humorista sem graça; e a 'muda' Lottie Bell (Rakhee Thakrar de Sex Education), uma telefonista. Mas o grande destaque mesmo se dá na figura de Hugh Grant (Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes) como Umpa-Lumpa, caracterizado como os homenzinhos da versão de 1971, roubando a cena com ótimo timing cômico, tornando Chalamet mero coadjuvante, quando está em cena.


Mrs.Scrubitt (Olivia Colman) é uma megera trambiqueira digna das animações da Disney


Um dado diferencial neste filme é que se na versão de Burton, a ênfase dada como formadora de caráter do protagonista, era na figura paterna, nesta  se resgata a relação de Willy com a sua mãe (Sally Hawkins de A Forma da Água) sendo um elemento crucial em sua fé nos bons sentimentos.


Com sua fleuma, Oompa Loompa (Hugh Grant) é o grande destaque, graças a seu timing cômico


Visualmente o filme (todo rodado na Inglaterra) é belíssimo, com a fotografia de Chung-hoon Chung (Obi-Wan Kenobi) valorizando os inspirados figurinos de Lindy Hemming ( Mulher-Maravilha 1984) e o belo design de produção de Nathan Crowley (O Rei doShow). Sua direção de arte ( com um ‘pé’ em Charles Dickens) cria (junto com os efeitos visuais) um mundo fabuloso que resgata o lúdico dos grandes clássicos da Disney, como Mary Poppins e 101 Dálmatas. O filme é sublinhado pela inspirada música de Joby Talbot (Alice in Wunderland) que embala bem a trama, de forma que quando rola o clássico tema “Pure imagination” de Leslie Bricusse e Anthony Newley, é difícil não se flcar com os olhos marejados.


A pequena órfã Noodle (Calah Lane) compartilha com Willy sonhos de liberdade. A direção de arte e os efeitos visuais criam um mundo esplendoroso e colorido

 Ao final, Wonka supera as expectativas de ser apenas mais um filme-família de ocasião, e deixa abertas as portas para uma continuação, que deverá mostrar como foi a construção da Fábrica de Chocolate e a consolidação do Império de Willy. Talvez aí,  possamos ver mais facetas de seu protagonista, que aqui  embora cativante, ainda ficou um tanto quanto ‘chapa-branca’...

Esperemos que seja um sucesso, pois a Warner precisa urgentemente...


O universo do filme pode ser chamado de 'comestível' na melhor definição



Notas:




*Tom Holland (Homem-Aranha: Sem volta para Casa) junto com Timothée Chalamet  foram os dois finalistas de uma longa seleção para o papel, sendo Chalamet o vencedor.


"- Agora, quem sabe no próximo filme, eu não possa me mostrar mais malvadinho? "