Nem James Bond, nem Cine Privê
por Alexandre César
(publicado originalmente em 05/03/2018)
Filme se vende como thriler erótico mas só....
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Noite no Ballet Bolshoi: Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) tem o seu maior momento |
Apesar do trailer vendê-lo como um thriller erótico de espionagem, Operação Red Sparrow (2018, de Francis Lawrence) é um suspense correto e eficiente (sem ser genial), mas lento para quem espera algo mais aventureiro. Nele Jennifer Lawrence se despe (por inteiro, é verdade) para compor a sua personagem: uma ex-bailarina russa recrutada para ser uma sedutora super-espiã que usa o seu corpo para conquistar e roubar segredos de seus alvos. Em alguns momentos ele lembra o tom de alguns filmes da década de 70 como O Telefone (1977, de Don Siegel, estrelado por Charles Bronson). Curiosamente aqui vemos Lawrence, que atuou como a mutante Mística da nova trilogia dos (1977, de Don Siegel, estrelado por Charles Bronson). Curiosamente aqui vemos Lawrence, que atuou como a mutante Mística da nova trilogia dos X-Men, dando vida à uma espiã com gritantes similaridades à uma outra personagem dos quadrinhos da Marvel: a Viúva Negra, dos Vingadores.
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Konstantin (Sergei Polunin) e Dominika brilham, a um passo do desastre... |
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O "tio-espião" Ivan Dimitrevich “Vania” Egorov (Matthias Schoenaerts) |
Em certo momento Dominika é recrutada pelo seu tio Ivan Dimitrevich “Vania” Egorov (Matthias Schoenaerts) para servir ao estado como uma espiã treinada no ofício da conquista e dos jogos psicológicos da sedução. Ela aceita o trabalho por precisar cuidar de sua mãe Nina (Joely Richardson), portadora de doença degenerativa. A tensão entre tio e sobrinha é nítida pois a mãe de Dominika sempre tentou mantê-lo afastado da sua família pela natureza de seu trabalho.
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Dominika é treinada por Matron (Charlotte Rampling) para ser uma espiã |
Ivan encaminha a sobrinha para um centro de formação de espiões dirigido por uma oficial do Exército (Charlotte Rampling, sempre eficiente) que instrui seus alunos de forma didática e procedural em seu ofício de “ler” seus alvos e descobrir as suas fraquezas, desejos e fantasias.
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General Korchnoi (Jeremy Irons): Aliado ou inimigo? |
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Dominika (apesar de seu asco) aprende o ofício de usar a sedução como arma |
O caminho de Dominika cruza com Nash quando ela é enviada para conquistá-lo e descobrir quem é o seu informante. Mas eles se envolvem amorosamente e aí, as reviravoltas, trapaças e planos dentro de planos se sucedem, mostrando o “jogo de gato e rato” que se espera do gênero.
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Natasha Romanova, a Viúva Negra: Semelhanças gritantes |
A direção de Francis Lawrence (que já havia dirigido a atriz em dois filmes da franquia Jogos Vorazes) é segura, mas se o filme fosse uns 10 minutos mais curto ele ganharia mais dinamismo sem prejudicar o seu entendimento. Destaque para a fotografia de Jo Willems que registra bem as paisagens áridas da estepe russa, onde a neve gélida rivaliza com a frieza emocional que seus protagonistas são obrigados a assumir para sobreviver neste jogo, bem sublinhado pela música de James Newton Howard, que funciona de forma discreta, sem chamar atenção para si.
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Contra tudo e todos Dominika se sagra como uma das maiores agentes |
O resultado final é bom, mas o filme agarrar-se a chavões usados demais em relação a Guerra Fria: a imagem da Rússia como uma nação autoritária que controla todos os aspectos da vida de seus cidadãos; os EUA ainda como o baluarte da liberdade (e do consumo); a necessidade de um romance entre os protagonistas para trama acontecer (apesar de felizmente não ser a coisa melosa que dava a impressão que seria...). Com isso a trama não atinge o seu pleno potencial. Mas provavelmente se o filme fosse o trilher erótico de espionagem que se esperava pelo trailer de divulgação, provavelmente os seus personagens teriam um desenvolvimento mais raso... ou não. Tal dúvida creio que nunca terá resposta.
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