Por caminhos diferentes Will Smith se equipara a Robin Williams
A primeira dúvida ou questão que vem a mente, assumir uma implicância seria mais honesto. Seria o questionamento em retomar um clássico da animação para uma filmagem em live action. Parece diminuir todo trabalho de artistas e a cada vez mais rara arte da Animação em 2D. Mas Aladdin surpreende em abordar o clássico cartoon e seguir uma rota diferente, uma abordagem que será própria desse filme em particular. A filmagem recebeu as maiores preocupações e críticas principalmente contra a atriz que iria interpretar a princesa Jasmine, a atriz Naomi Scott (Power Rangers), por ser inglesa e não alguém de origem oriental, mas Naomi é Ugandense por parte de mãe que por sua vez a família veio de Gujarati na Índia (tá bom, né não?). E a participação de Will Smith (Ali) em um papel que iria desenterrar sua conhecida veia cômica e com certeza faze-lo repetir-se; é incrível como a rejeição chega logo em 1º lugar aos nossos ouvidos.
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Sherazade de autoria da pintora franco britânica Sophie Anderson - Séc. XIX |
Os contos das Mil e Uma Noites chegaram até o Ocidente através dos franceses bem no início do séc. XVIII , o registro mais antigo das narrativas de Sherazade é datado do séc IX onde já está ali o Título da Obra. Segundo uma lenda da antiga Pérsia, Sherazade, com sua beleza e inteligência, fascinou o rei ao narrar histórias fantásticas por mil e uma noites. Ele ao final poupou sua vida e lhe jurou eterno amor. O Rei Shariar louco de ódio por ter sido traído descontava sua frustração executando suas noivas no dia seguinte após as núpcias, uma “viúva negra’ masculina. Sherazade ao contrário do que muitos imaginam não era princesa e sim a filha do vizir. Audaciosamente decidiu terminar com a matança. É atribuído ao francês Antoine Galland não só a tradução para seu idioma em 1704 mas toda a história dos 3 contos mais conhecidos das Mil e Uma Noites, que são sobre as 7 Viagens do Marujo Simbad, Ali Babá e os 40 Ladrões e Aladim e sua Lâmpada Maravilhosa. As narrativas contém lendas e mitos de todo Oriente Médio antes do Islamismo, é bom ressaltar isso. Sempre foi um sonho de Walt Disney um desenho baseado em algum desses contos, somente realizado em 1992 com o já clássico Gênio dublado por Robin Williams.
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Objeto de desejo: A Lâmpada Mágica poderia, em mãos erradas, ser uma "arma de destruição em massa"... |
Destacar pontos semelhantes a animação de 1992 seria muito a toa, e essas semelhanças existem, mas nesse remake conseguiram um algo a mais e de muito valor até. Ao longo de todo o filme, encontramos todos os personagens procurando por algo maior. Todos desejam dar à suas vidas um toque melhor para que ela tenha significado e o Gênio inclusive, mesmo Jafar deseja ser grandioso, mais até do que simplesmente ser o Califa no lugar do Califa.
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Por aqui... Não! Por ali... Opa! Por aqui de novo! |
Guy Ritchie (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes) somente dirigiu filmes de ação intensa e violenta e seria a escolha menos provável para um filme Disney quanto mais a refilmagem de um clássico. Entrou direto nas permanentes implicâncias online dando soma a crítica em ter uma Princesa Oriental mas não uma atriz oriental e ao Gênio sem o tom de azul que erradamente permitiram exibir em um curto trailer bem antes de tudo ficar pronto. Guy Ritchie aceitou o desafio pelos filhos, queria provar que poderia realizar um filme em que todas as crianças pudessem acompanhar e conseguiu. Ritchie consegue tirar água da pedra com as interpretações de Aladdin (Masoud Mena de Jack Ryan) e Jafar (Wanzan Kenzari de O Anjo do Mossad), limitações a parte ambos conseguem dar conta do recado auxiliados por um roteiro mais rico, exibir brilho em uma talentosa Naomi Scott, e quanto a Will Smith, esse é experiente suficiente para se harmonizar a qualquer diretor. Roteiro do próprio Guy Ritchie e Jon August (As Panteras e Titan A.E. da FOX). A nova versão do longa traz as canções originais e duas músicas inéditas, com letras do duo Benj Pasek e Justin Paul, de La La La Land. A de maior impacto será comentada no destaque a personagem Jasmine.
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É hora do Show! |
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"- Sabe com quem está falando?" |
E vamos as principais diferenças a começar pelo Gênio vivido pelo ator Will Smith. Ao contrário do desenho animado de 1992. O Gênio está presente ao lado de Aladdin quase o tempo todo como um criado dedicado e não escondido com um truque ou algo do tipo, e há vários truques, afinal ele é um Gênio. A razão dessa presença é pelo fato de Will Smith ser o astro do filme, o ator de fato mais conhecido e reconhecido dessa produção e não ficaria só em participações aqui e ali como um Gênio maluquinho. Contudo o bom roteiro justifica essa permanente presença, o Gênio deseja ansiosamente viver, chega a revelar que adora festas e até se apaixona, pela principal dama de companhia de Jasmine Dalia (a ótima Nasim Pedrad de Saturday Nigth Live) que também aspira vôos mais altos, sendo um tanto mais realista em relação aos demais é verdade, cabendo-lhe no roteiro ser mais um ponto de vista feminino ao lado de Jasmine, no cartoon Jasmine é a única presença feminina. Ela e Smith contracenam uma cena de cortejo e início de namoro muito boa. Will Smith volta a interpretar um personagem cômico. Ele faz todas as caras e bocas conhecidas? Sim, faz. Mas faz bem reconheçam, ele parece ter nascido para ser o Gênio, fazendo (quase) esquecer que Robin Williams, outro gigante da comédia, também o foi. E Smith não parece querer esconder isso, tudo lhe parece muito natural. Há inclusive um momento em quem está ali no palácio do Sultão é o próprio Fresh Prince of Bel Air (aqui, a série Um Maluco no Pedaço, veiculada no SBT) e não o Gênio da Lampada exatamente, poderiam ter chamado o Alfonso Ribeiro (o Carlton) e o DJ Jazzy Jeff (o Jazz) para fazerem parte do séquito de Aladdin como Príncipe Ali. Seria perfeito. Dizer que carrega o filme nas costas não é toda a verdade por que Naomi Scott divide bem essa tarefa.
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"- Não é assim tão fácil não garoto." |
Aladdin desejar algo a mais parece muito redundante por que é claro que um garoto que vive nas ruas lutando para sobreviver deseja algo melhor. O que há diferente nesse Aladdin em relação ao desenho de 1992? Ele erra... Mesmo querendo acertar. É de fato um diamante bruto a ser lapidado como é comentado no filme e vários ali o ajudarão nesse crescimento, como explica o Gênio em determinado momento, “eu o mudei por fora mas por dentro você é o mesmo Aladdin”, e aqui outro ponto a mais em relação ao original. O tapete voador também o ajuda inclusive, sim, tem o tapete voador, como disse acima há semelhanças ao original. O Tapete Mágico se torna outro fiel amigo de Aladdin assim como no desenho é tal qual um ser vivo, e o filme nos faz imaginar se não o foi.. A cena ápice é o vôo mágico com Jasmine. Ele e Jasmine se encontram por acaso e por isso ao se apresentar como um príncipe pretendente é logo reconhecido por ela, então ele mente sobre sua origem. Seu fiel amigo Abu está ali a seu lado malandro como ele só. Abu consegue em alguns momentos salvar o dia e em outros estragar tudo tal qual Aladdin. Impressionante transmitir tanta personalidade sem dizer uma palavra.
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Opa! Acho que fiz... |
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"- Compre Batom! Compre Batom! E entregue-o a Mim!!!" |
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"- E agora? Quem poderá me defender? Eu mesma ora pois!" |
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"Jasmin minha filha, Você tem que casar logo senão você daqui a pouco, fará 21 anos e estará velha e não conseguirei um camelo sequer!!!" |
Aprecie, é um filme para toda a família como se espera de um filme Disney mas que lhe fará também todos esses questionamentos e lhe colocara diante de preconceitos, medos e superações, algo muito necessário hoje em dia para que a sociedade não regrida, tudo regado a musicais “Broadway” muito ao gosto dos Estúdios do Mickey mas com muito Rap e Hip Hop, afinal Will Smith está no filme e é um Gênio com poderes cósmicos.
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