quarta-feira, 3 de março de 2021

Escolha o seu Fim do Mundo - Parte 2

 

Resenha: Filmes & Séries Apocalípticas – Parte 2

por Alexandre César
(originalmente publicado em 05/ 04/ 2020

Pragas, pandemias e apocalipses zumbis 
 
 
Como vimos na primeira parte dessa série, nestes tempos de reclusão face à pandemia global do Novo Corona Vírus (COVID-19) com mais de 1 milhão de casos espalhados pelo Mundo, reflito sobre o conceito de “Fim do Mundosejam quais forem os seus nomes (Apocalipse, Ragnarok, Guerra Nuclear, etc...) e listei quantas vezes o cinema, e depois a TV e agora o streaming explorou este tema, refletindo cada qual os temores e fantasmas de sua época e momento econômico-cultural. Esta série não se propõe a esgotar o assunto, até porque obviamente no computo final muita, mas muita coisa mesmo ficou de fora, mas para fins didáticos procurei agrupar os “apocalipses”em temas, embora algumas vezes acabem mesclados, sendo que aqueles que com o sucesso iniciaram franquias, me limitarei a enumerar apenas o primeiro exemplar. Para facilitar coloco o links do verbete referente ao filme no IMDB (Internet Movie Data Base) e o do trailer no You Tube. Então, boa diversão e que superemos todos este momento de provação. 

- Pragas & Pandemias:

Pragas, epidemias, Vírus, doenças e afins são algo recorrente na história da humanidade, tendo esta já enfrentado ao longo da história a peste negra, gripe espanhola, ebola, entre outras. Embora alguns filmes aqui não chegam a mostrar um apocalipse pleno, passam a ideia do que é enfrentar uma situação de contágio. Entre os vários temas, apresentamos aqui as 3 versões do livro seminal de Richard Matheson lançado em 1954 Eu Sou A Lenda que embora originalmente caracterizasse os infectados como vampiros, nas telas nunca foram retratados desta forma, o que leva a crer que um dia ainda veremos uma adaptação-raiz do romance...

 

Mortos que Matam (1964) de Ubaldo B. Ragona, com Vincent Price. Robert Morgan, último homem sadio sobre a terra enfrenta humanos “zumbificados”, filme que inspirou George A. Romero para criar A Noite dos Mortos-Vivos.
 
 


A Última Esperança da Terra (1971) de Boris Sagal, com Charlton Heston e Anthony Zerbe. Rosalind Cash. Robet Neville, cientista militar, imunizado por vacina contra praga mutante, enfrenta o culto fanático de Matthias, mutante anti-ciência. 


 
 
 

 
Eu Sou A Lenda (2007) de Francis Lawrence, com Will Smith e Alice Braga. Numa isolada Manhattan, dominada por mutantes humanos infectados, Robert Neville, outro cientista militar, vive procurando a cura para a epidemia, escondendo-se à noite dos mutantes animalizados.

 

 
Pânico nas Ruas (1950) de Elia Kazan, com Richard Widmark, Barbara Bel Geddes, Paul Douglas. Médico e policial tem 48 horas para localizar um assassino infectado (Jack Palance) e impedir um surto de pneumonia em Nova Orleans. Filme noir dos bons.


 
 
 
A Mais Cruel Batalha (1970) de Cornel Wilde com Nigel Davenport, Jean Wallace, John Hamill. Numa Inglaterra devastada por uma praga que abalou a produção de alimentos, uma família procura sobreviver face ao colapso social, aprendendo a lidar com a lei do mais forte.


 
 

O Enigma de Andrômeda (1971) de Robert Wise com James Olson, Walter Hill, Kate Reid. Um satélite com vírus alienígena cai na terra dizimando pequena cidade, e pesquisadores correm contra o relógio para achar a cura. Drama tenso, preciso, de ritmo lento mas realista, como só Robert Wise é capaz. Efeitos visuais de Douglas Trumbull (2001: Uma Odisséia no Espaço).
 
Gerou uma mini-série (2008) da A&E com Benjamin Bratt, Christa Miller, Louis Ferreira.



 

 
O Guerreiro do Futuro (1975) de Robert Clouse com Yul Brynner, Max Von Sydow, William Smith. Em 2012, numa Nova York arrasada após uma praga dizimar a maior parte da vegetação, um botânico incumbe um guerreiro de proteger de gangue arruaceira as últimas sementes de vegetais comestíveis e a sua filha grávida, enquanto busca um lugar seguro. Detalhe: A recompensa do guerreiro é um estoque vitalício de charutos (Brynner morreria de câncer nos pulmões em 1985)...

 

A Travesssia de Cassandra (1976) de George Pan Cosmatos. Com Richard Harris, Sophia Loren, Burt Lancaster. Cinema-catástrofe produzido por Carlo Ponti em que um terrorista contaminado num laboratório da OTAN se esconde num trem e morre, levando as autoridades a conduzi-lo a uma local de quarentena que passa por uma ponte sem manutenção desde a 2ª Guerra Mundial (a “Cassandra” do título) e os passageiros lutam para desconectar os vagões antes da tragédia iminente. Este filme foi citado na matéria Filmes ambientados em trens.
 




Epidemia (1995) de Wolfgang Petersen com Dustin Hoffman, Renné Russo e Morgan Freeman. A possibilidade de uma epidemia se alastrar nos EUA mostra o choque entre pesquisadores e militares nas suas visões e formas de lidar com a questão.


 
 


Os 12 Macacos (1995) de Terry Gillian, com Bruce Willis, Brad Pitt, Madeleine Stowe. Epidemia, viagem no tempo e Síndrome de Cassandra se mesclam como só Gillian é capaz de fazer...



 

Gerou uma série no SyFy (2015 -2018) com 4 temporadas com Aaron Stanford, Amanda Schull, Noah Bean e um telefilme em 2016.



Contágio (2011) de Steven Soberbergh com Mat Damon, Gwineth Paltrow. Soderbergh acompanha alternadamente de forma documental a disseminação de uma epidemia e a luta de médicos, enfermeiros e cientistas para evitar o seu avanço.




A Batalha dos Mortos (2007) de Griff Furst com Mark Dacascos, Geoff Meed, Jennifer Lee Wiggins. Produção trash da Asylum, produtora famosa por fazer filmes “genéricos” de grandes sucessos, aqui, “baseado” em Eu Sou A Lenda, mesclando mutantes e artes marciais.


 
 

Ensaio Sobre a Cegueira (2008) de Fernando Meirelles, com Juliane Moore, Mark Rufallo Danny Glover. Fábula baseada em obra de José de Saramago, onde uma epidemia que deixa a todos cegos, sendo que a degradação física e moral de seus personagens reflete o colapso da civilização.



Vírus (2009) de Aashiq Abu, com Parvathy Thiruvothu, Tovino Thomas, Madonna Sebastian. Aclamado thriller médico indiano (falado em malaio) retratando os bastidores de uma epidemia real ocorrida em 2008 no estado indiano do Querala, balneário paradisíaco. Cenas fortes que fazem pensar.






Vírus (2009) de David & Alex Pastor com Chris Pine, Piper Perabo, Lou Taylor Pucci. Uma epidemia mortal leva os indivíduos à atitudes cruéis e egoístas pelo medo do contágio. Indicado para aqueles que acham que os pobres, os miseráveis e os idosos devem ser deixados para trás em nome da economia e do “Bem Maior”...



 
A Epidemia (2010) de Breck Eisner com Radha Mitchel, Timothy Olyphant, Danielle Panabaker. Refilmagem de um clássico de Romero (O Exército do Extermínio de 1973) Após um acidente de avião liberar um vírus tóxico que infecta uma comunidade rural com uma febre que torna as pessoas homicidas, um casal à luta pela sobrevivência no meio da quarentena.
 

 
A Gripe (2013) de Sung-su Kim, com Hyuk Jang, Soo Ae, Roxanne Aparicio. Filme sul coreano para lá de contundente, onde uma cidade-satélite de Seul é tomada por uma epidemia, sendo sitiada pelo governo para conter o contágio, num final chocante.
 

 
 
 

 
Ao Cair da Noite (2017) de Trey Edward Schults. Com Joel Edgerton, Christopher Abbott, Carmen Ejogo. Terror psicológico regado a isolamento, claustrofobia, falta de privacidade e o medo do desconhecido numa situação-limite onde duas famílias dividem o mesmo espaço numa casa isolada nas montanhas, depois que uma pandemia desconhecida começou a devastar o mundo.




TV:
 

Helix (2014-2015) série do SyFy em 2 temporadas criada por Cameron Porsandeh, com Billy Campbell, Kyra Zagorsky, Mark Ghanimé. Atrama se passa no Ártico, numa base de pesquisas científicas da ILARIA, envia um pedido de socorro e cientistas do CDC (Centro de Controle de Doenças), são convocados para conter um surto causado por um vírus destruidor até então desconhecido. Isolados no meio do nada, cercados de gelo e em quarentena, os sobreviventes são obrigados a colaborar entre si, para permanecer vivos, emergindo segredos que podem mudar a vida de todos, enquanto mortes e conflitos internos entre os personagens se estabelecem em um clima de tensão.
 

 

- Apocalipses Zumbis:

"- Moço, tem pão duro ou cérebro aí???"
 

Aqui temos a maior quantidade de produções, tendo havido um crescimento do número de filmes desde a crise econômica de 2008, sendo os mortos-vivos a perfeita materialização do medo que a sociedade de consumo neoliberal, tem das classes mais pobres, pois ao virar zumbi, o indivíduo passa a só se preocupar com a sua fome insaciável e só, e como zumbis são uma perfeita alegoria sobre o fim da civilização, da ordem social, de tudo, pois zumbis são feios, maltrapilhos, sujos, não têm liderança ou hierarquia, atropelando tudo pela frente sem se importar com classe social, ou seja: O maior horror para o capitalismo é empobrecer!

 

A Noite dos Mortos-Vivos (1968) de George A. Romero com Duane Jones. Judith O´Dea, Karl Hardman. Grupo heterogêneo se fecha numa casa, tentando evitar o avanço dos zumbis. Claustrofóbico debut de Romero que como ninguém soube enxergar os zumbis como metáfora da sociedade, reformulando o gênero, discutindo, abuso, racismo e xenofobia. Esse filme é o 1º que desliga totalmente os zumbis de sua origem no imaginário popular, antes desse filme zumbis eram criados por magia, uma pessoa em transe profundo, passando a ser algo associado à pragas.
 

 
 
 

 
A Volta dos Mortos-Vivos (1985) de Dan O´Bannon com Clu Gulager, James Karen, Don Calfa. O´Bannon homenageia o clássico de Romero, com momentos hilários e escatológicos. Imperdível.

 Resident Evil: O Hóspede Maldito (2002) de Paul W.S.Anderson com Mila Jovovich, Michelle Rodriguez, Ryan McCluskey. Inaugurou uma franquia lucrativa (até o momento 6 filmes, fora os derivados) baseado no famoso videogame, criando uma fórmula muito copiada, tornando Mila Jojovich, como a invencível Alice no ícone de uma geração, e de fato ela é.

 
Extermínio (2002) de Danny Boyle com Cillian Murphy. Naomi Harris, Brendan Gleeson. Ativistas ecológicos ao invadirem laboratório, se infectam com as cobaias de variante do vírus da raiva, disseminando a pandemia sobre a Inglaterra e além, e salve-se quem puder...


 



Madrugada dos Mortos (2004) de Zack Snyder com Sara Polley, Ving Rhames, Mekhi Phifer. Snyder refilma Despertar dos Mortos (1978) de Romero em grande estilo, onde sobreviventes se fecham num shopping center durante um apocalipse zumbi, lidando com os desafios da sobrevivência. 

 

 
Guerra Mundial Z (2013) de Marc Foster com Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz. Especialista da ONU corre pelo mundo (e contra o tempo) para encontrar um modo de conter a virulenta praga de zumbis que aqui agem como formigas, fazendo ondas de ataque e pontes com os próprios corpos. Uma sequência está programada para ser realizada, apesar dos problemas de bastidores e orçamentários, embora os problemas decorrentes da pandemia de COVID-19 deve atrazar e muito este e outros projetos cinematográficos, que estão migrando para o streaming.
 

 Invasão Zumbi (2016) de Sang-ho Yeon , com Yoo Gong, Yu-mi Jung, Dong-seok Ma. Um trem-bala vai de Seoul a Busan quando explode um apocalipse zumbi, levando os passageiros à uma luta desesperada pela sobrevivência enquanto toda a civilização vai ruindo numa viagem de horror sem escalas. Ação vertiginosa e violência gráfica aliada ao exagero dramatúrgico típico da filmografia sul-coreana. Impactante. Uma continuação ambientada no mesmo universo ficcional foi lançada em 2020, mas sem o mesmo impacto.





A Noite Devorou o Mundo (2018) de Dominique Rocher, com Anders Danielsen Lie, Golshifteh Farahani, Denis Lavant. No dia seguinte a uma festa, um jovem acorda e se dá conta de que Paris foi invadida por zumbis e o mundo virou de ponta cabeça. Uma alegoria sobre a solidão e a inadequação social dos indivíduos.

 

 
The Walking Dead (2010 até agora) 10 temporadas. Série da AMC criada por Frank Darabont e Angela Kang com Andrew Lincoln, Norman Reedus, Melissa McBride. Crônica de sobrevivência de um grupo num mundo decadente, infestado por mortos-vivos, onde os homens são o perigo real e imediato.

 
Fear the Walking Dead (2015 até agora) 6 temporadas. Série criada por Dave Erickson e Robert Kirkman com Cliff Curtis, Kim Dickens, Lennie James. Derivado de The Walking Dead em que acompanhamos um núcleo familiar liandando com o declínio da civilização face ao avanço dos zumbis.




Kingdon (2019 até agora) 2 temporadas Série sul-coreana criada por Kim Eun-Hee e dirigida por Kim Seong-Hun para a Netflix, com Ji-Hoon Ju, Doona Bae, Kim Sungkyu. Durante a dinastia Joseon (1392-1897) acompanhamos os desafios do príncipe Lee Chang, durante uma epidemia que devasta o reino, pondo a sua capacidade à prova. Visual elaboradíssimo, artes marciais, luta de classes e intrigas políticas dignas de Game of Thrones, como só os coreanos sabem fazer.

  
E então leitor, gostou da resenha? Aguarde o próximo capítulo quando daremos sequência a outras formas de Fins do Mundo. Cuidem de vocês e dos seus enquanto isso. Até, pois viver é preciso...

 

"- Circulando cidadãos, circulando..."



 

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