A Força de uma Personagem
por Ronald Lima
Marvel estreia um título icônico dos quadrinhos

A série recontextualizava histórias e momentos-chave do Universo Marvel
Depois de 24
filmes e várias produções para as mais diversas mídias, o Universo Cinematográfico Marvel dá um passo mais perto de suas raízes,
os quadrinhos, é óbvio. O novo título se chama What If ...?. Estreando
nessa semana na Disney Plus. What If...? Foi um título de
quadrinhos com muitas *1 histórias antológicas (outras nem tanto). O título que
explorava cronogramas divergentes onde eventos que conhecemos sobre os
personagens MARVEL se desenrolam de forma diferente. Aqui no
Brasil as editoras Abril e RGE publicavam
constantemente esses quadrinhos em suas revistas da linha Marvel *2 (durante um tempo o legado da Casa das Ideias esteve dividido até a Abril
assumir tudo em 1983).
O Conceito de
uma narrativa alternativa com personagens de quadrinhos conhecidos não é uma exclusividade
da MARVEL, a DC Comics já explorava situações inusitadas para seus títulos (principalmente em sua série Elseworlds,
onde personagens canônicos eram apresentados em outros contextos).
É Muito
provável que What If ...? irá continuar nesta linha: Episódios
sólidos que poderá lhe atrair dependendo de seu apego a algum personagem
escolhido para determinado capítulo; você pode odiar um episódio e amar outro
facilmente com este formato o que também ocorria nos comics, contudo ao
contrário da proposta do antigo título dos gibis, onde a alternativa trazia
apenas uma história que despertava curiosidade pelo inusitado e essa história não
continuava. Temos hoje uma perspectiva diferente dado o final da temporada de Loki,
pois ali abriu o Multiverso Marvel, logo, não será impossível que este
cartoon sirva como um trampolim para novas versões de personagens fazerem seu
caminho para o UCM, a linha principal. O que já de
algum tempo também ocorreu nos quadrinhos.
What If
...? a série
animada traz o extraterrestre Vigia finalmente para o UCM.
Uatu como ele é conhecido nos quadrinhos de fato era o narrador das
histórias nas revistas, bem no estilo do Guardião da Tumba nas Histórias
da Cripta do Terror. O Vigia observa eventos históricos se
desenrolarem ao longo de diferentes caminhos no multiverso.
Uatu, atento aos eventos da Terra desde Quarteto Fantástico nº 13 de 1963.
O episódio de
abertura "O Que Aconteceria se... A Capitã Carter fosse a Primeira
Vingadora?" causa bom impacto, com o retorno da atriz Hayley Atwell para sua personagem, que se transforma em uma
heroína tão admirável quanto seu homólogo norte americano em uma aventura durante
a 2ª Guerra Mundial. Steve Rogers não fica de fora - seu heroísmo permanece
intacto e algo inusitado o aguarda em relação a outro ícone da Marvel.
A estreia da
série é uma reconstrução de Capitão América: O Primeiro Vingador.
E postula se fosse em Peggy Carter (Atwell) a aplicação do soro do super
soldado e não em Steve Rogers, iniciando com a situação que todos devem lembrar
do 1º filme do Capitão América: Um magro Steve Rogers (Josh
Keaton), cercado por cientistas, chefões militares, Howard Stark (Dominic
Cooper), o pai de Tony Stark e o Dr.
Abraham Erskine (Stanley Tucci); se preparam para ministrar em Rogers o soro
do super soldado simultaneamente a uma rajada de raios vita. Mas
nesta linha do tempo, sua descoberta casual da sabotagem, força Peggy Carter a
tomar uma decisão pessoal em relação ao experimento num momento crítico pois, todos
ali se arriscam a perder o trabalho de Erskine para sempre se outro não se
colocar no lugar de Steve Rogers e salvar todo projeto, surgindo assim, a Capitã
Carter.
Mulherão: Peggy não perde o charme
A animação
segue os passos do 1º filme do Capitão América, sendo esse tipo de
narrativa, o método feito nos quadrinhos lá dos anos 70. Isso para muitos pode
soar como falta de inspiração, mas na época era por falta de tempo mesmo. Ao
escolher esse método, vamos dizer paralelo ao de uma mesma história, transforma-se
as 2 horas do filme em uma animação de 30 minutos, pois você já sabe o que
aconteceria nos intervalos entre as ações, evitando perda de tempo e nos concentrando
no que importa: A ação. Com essa escolha a animação explora outros ângulos e cria
cenas de luta muito boas, lindamente animadas. Cada soco, chute e explosão
salta para fora da tela, e que não são as mesmas do filme, como um
combate aéreo onde Peggy derruba aviões sem sequer estar pilotando um, não deixando
o ritmo cair (não se pode acusar essa aventura de tediosa). Outra sequência de
combate em ritmo de jazz agrada bastante, lembrando os POW! SOC!
e CRASH! do seriado Batman de 1966. No geral, as lutas e
confrontos são impactantes e nada gratuitas.
"- Alto aí seus nazistas!!"
Bucky Barnes, Capitã Carter e Tymothy "Dum Dum" Dugan do Comando Selvagem.
O roteiro dá
a Peggy Carter um papel relevante, pois ela sabe se divertir com seus poderes
(mais até do que Rogers) e conduz tudo e todos, encarando preconceitos contra
mulheres típicos dos anos 40 (só nos anos 40?), e permite a Steve Rogers uma boa
sequência de texto, um tanto menos a Howard Stark mas esse ao menos mantém a
personalidade marcante dos filmes, porém aos demais personagens, esses ficam
com poucas nuances, não sendo excessivamente intrincados. Eles praticamente se
parecem e agem como suas versões live-action e ficam meio que aguardando
o que fazer, inclusive Bucky Barnes (Sebastian Stan), um tanto quanto perdido, cabe aqui uma observação, é possível uma realidade completamente oposta ao que conhecemos.
Os tons são intensos e paradoxalmente suaves, ficou muito bonita a palheta de cores, o uso da técnica de animação onde a modelagem 3D simula uma arte 2D chamada Cell Shading faz remeter a antiga técnica da rotoscopia*3 muito usada desde os anos 30, deixando um retrato bem fiel dos atores nos personagens.

Hayley Atwell e ao fundo, em retrato fiel, o seu alter ego a Capitã Carter
Tudo é direto
e cinematográfico, modificando a estrutura da história do Capitão América
para introduzir Peggy Carter em um uniforme que lembra em tudo o personagem Union
Jack... Fica aqui de fato uma questão, Peggy sendo inglesa poderia se
intitular Union Jack ou Capitã Britânia a escolha dos roteiristas
ficou mesmo com Capitã Carter para identificar-se melhor com a atriz e a
personagem, mas seria legal ela usar o Titulo Capitã Britânia, afinal
Steve Rogers é chamado por Capitão América sem também deixar de ser o
Capitão Rogers. Talvez a escolha seja pelo fato de o Capitão Britânia
estar nos planos futuros da Marvel Studios, e esta não pretende
usar o nome prematuramente, mas de qualquer forma, por agora ser canônico, fica
aberta a possibilidade de termos o retorno de Peggy Carter à continuidade
narrativa do estúdio, seja nas animações, seja em futuras participações nos
filmes.

"-Tally-hoo!!!"
Notas:
*1: Na edição nº 10 de What If...? imaginaram Jane Foster ter encontrado o Martelo de Thor.
*2: A Abril publicava a série
traduzida como “O que aconteceria se...?”, e a RGE como
“E se...?”.
*3: O rotoscópio é um
aparelho que permitia aos animadores desenhar por cima de cada quadro de
filme. Técnica criada por Max Fleischer, o Estúdio de Fleischer usou essa técnica no desenho animado de Super-Homem de 1941.
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A série recontextualizava histórias e momentos-chave do Universo Marvel |
O Conceito de
uma narrativa alternativa com personagens de quadrinhos conhecidos não é uma exclusividade
da MARVEL, a DC Comics já explorava situações inusitadas para seus títulos (principalmente em sua série Elseworlds,
onde personagens canônicos eram apresentados em outros contextos).
É Muito
provável que What If ...? irá continuar nesta linha: Episódios
sólidos que poderá lhe atrair dependendo de seu apego a algum personagem
escolhido para determinado capítulo; você pode odiar um episódio e amar outro
facilmente com este formato o que também ocorria nos comics, contudo ao
contrário da proposta do antigo título dos gibis, onde a alternativa trazia
apenas uma história que despertava curiosidade pelo inusitado e essa história não
continuava. Temos hoje uma perspectiva diferente dado o final da temporada de Loki,
pois ali abriu o Multiverso Marvel, logo, não será impossível que este
cartoon sirva como um trampolim para novas versões de personagens fazerem seu
caminho para o UCM, a linha principal. O que já de
algum tempo também ocorreu nos quadrinhos.
What If
...? a série
animada traz o extraterrestre Vigia finalmente para o UCM.
Uatu como ele é conhecido nos quadrinhos de fato era o narrador das
histórias nas revistas, bem no estilo do Guardião da Tumba nas Histórias
da Cripta do Terror. O Vigia observa eventos históricos se
desenrolarem ao longo de diferentes caminhos no multiverso.
O episódio de
abertura "O Que Aconteceria se... A Capitã Carter fosse a Primeira
Vingadora?" causa bom impacto, com o retorno da atriz Hayley Atwell para sua personagem, que se transforma em uma
heroína tão admirável quanto seu homólogo norte americano em uma aventura durante
a 2ª Guerra Mundial. Steve Rogers não fica de fora - seu heroísmo permanece
intacto e algo inusitado o aguarda em relação a outro ícone da Marvel.
A estreia da série é uma reconstrução de Capitão América: O Primeiro Vingador. E postula se fosse em Peggy Carter (Atwell) a aplicação do soro do super soldado e não em Steve Rogers, iniciando com a situação que todos devem lembrar do 1º filme do Capitão América: Um magro Steve Rogers (Josh Keaton), cercado por cientistas, chefões militares, Howard Stark (Dominic Cooper), o pai de Tony Stark e o Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci); se preparam para ministrar em Rogers o soro do super soldado simultaneamente a uma rajada de raios vita. Mas nesta linha do tempo, sua descoberta casual da sabotagem, força Peggy Carter a tomar uma decisão pessoal em relação ao experimento num momento crítico pois, todos ali se arriscam a perder o trabalho de Erskine para sempre se outro não se colocar no lugar de Steve Rogers e salvar todo projeto, surgindo assim, a Capitã Carter.
A animação
segue os passos do 1º filme do Capitão América, sendo esse tipo de
narrativa, o método feito nos quadrinhos lá dos anos 70. Isso para muitos pode
soar como falta de inspiração, mas na época era por falta de tempo mesmo. Ao
escolher esse método, vamos dizer paralelo ao de uma mesma história, transforma-se
as 2 horas do filme em uma animação de 30 minutos, pois você já sabe o que
aconteceria nos intervalos entre as ações, evitando perda de tempo e nos concentrando
no que importa: A ação. Com essa escolha a animação explora outros ângulos e cria
cenas de luta muito boas, lindamente animadas. Cada soco, chute e explosão
salta para fora da tela, e que não são as mesmas do filme, como um
combate aéreo onde Peggy derruba aviões sem sequer estar pilotando um, não deixando
o ritmo cair (não se pode acusar essa aventura de tediosa). Outra sequência de
combate em ritmo de jazz agrada bastante, lembrando os POW! SOC!
e CRASH! do seriado Batman de 1966. No geral, as lutas e
confrontos são impactantes e nada gratuitas.
Bucky Barnes, Capitã Carter e Tymothy "Dum Dum" Dugan do Comando Selvagem.
O roteiro dá
a Peggy Carter um papel relevante, pois ela sabe se divertir com seus poderes
(mais até do que Rogers) e conduz tudo e todos, encarando preconceitos contra
mulheres típicos dos anos 40 (só nos anos 40?), e permite a Steve Rogers uma boa
sequência de texto, um tanto menos a Howard Stark mas esse ao menos mantém a
personalidade marcante dos filmes, porém aos demais personagens, esses ficam
com poucas nuances, não sendo excessivamente intrincados. Eles praticamente se
parecem e agem como suas versões live-action e ficam meio que aguardando
o que fazer, inclusive Bucky Barnes (Sebastian Stan), um tanto quanto perdido, cabe aqui uma observação, é possível uma realidade completamente oposta ao que conhecemos.
Os tons são intensos e paradoxalmente suaves, ficou muito bonita a palheta de cores, o uso da técnica de animação onde a modelagem 3D simula uma arte 2D chamada Cell Shading faz remeter a antiga técnica da rotoscopia*3 muito usada desde os anos 30, deixando um retrato bem fiel dos atores nos personagens.
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Hayley Atwell e ao fundo, em retrato fiel, o seu alter ego a Capitã Carter |
Tudo é direto e cinematográfico, modificando a estrutura da história do Capitão América para introduzir Peggy Carter em um uniforme que lembra em tudo o personagem Union Jack... Fica aqui de fato uma questão, Peggy sendo inglesa poderia se intitular Union Jack ou Capitã Britânia a escolha dos roteiristas ficou mesmo com Capitã Carter para identificar-se melhor com a atriz e a personagem, mas seria legal ela usar o Titulo Capitã Britânia, afinal Steve Rogers é chamado por Capitão América sem também deixar de ser o Capitão Rogers. Talvez a escolha seja pelo fato de o Capitão Britânia estar nos planos futuros da Marvel Studios, e esta não pretende usar o nome prematuramente, mas de qualquer forma, por agora ser canônico, fica aberta a possibilidade de termos o retorno de Peggy Carter à continuidade narrativa do estúdio, seja nas animações, seja em futuras participações nos filmes.
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Notas:
*1: Na edição nº 10 de What If...? imaginaram Jane Foster ter encontrado o Martelo de Thor.
*2: A Abril publicava a série traduzida como “O que aconteceria se...?”, e a RGE como “E se...?”.
*3: O rotoscópio é um aparelho que permitia aos animadores desenhar por cima de cada quadro de filme. Técnica criada por Max Fleischer, o Estúdio de Fleischer usou essa técnica no desenho animado de Super-Homem de 1941.
A técnica de animação se chama Cell Shading. Onde modelagem 3D simula a estética 2D.
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