segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

O Apocalipse da vez... - Crítica – Filmes: Moonfall: Ameaça Lunar (2022)



Depois da Terra plana...

por Alexandre César


Rolland Emmerich volta à zona de conforto

Obs: Spoilers

 
12 de janeiro de 2011. Durante a última missão do ônibus espacial Endeavour*1 reparando um satélite em órbita, os astronautas Brian Harper (Patrick Wilson de Aquaman) e Alan Marcus (Frank Fiola de La Maison-Bleue) testemunham um evento inusitado que abala o veículo, danificando-o e deixando Jocinda Jo Fower (Halle Berry de John Wick 3: Parabellum) desacordada dentro da cabine. Alan morre e Brian, sendo o único consciente, consegue salvar o veículo e retorna à Terra.
 
 

Roubada cósmica: O astronauta Brian Harper (Patrick Wilson) testemunha algo que ferra a sua missão e não deixa provas de sua existência


Como Harper era o único consciente que testemunhou o evento, sem ter nenhum registro do ocorrido, ele cai em desgraça, sendo dispensado da NASA, pois Jocinda não pôde auxiliá-lo.
 
 

O teórico da conspiração KC Houseman (John Bradley) vislumbra o perigo que se aproxima


 
Tempo presente. KC Houseman (John Bradley de Case Comigo) o desacreditado ‘cientista’ conspiratório fuçando a rede da NASA procura Harper para lhe comunicar suas conclusões aparentemente estapafúrdias, o que ele ignora. Harper, vive uma situação humilhante, pois após perder o emprego (e seu status), seu casamento foi para o ralo, e seu problemático filho Sonny (Charlie Plummer de Quem é Você, Alasca?) foi preso, apesar dos esforços de sua ex-esposa Brenda (Carolina Bartczark de Hall) e seu atual marido Tom Lopez (Michael Peña de A Mula) empresário automobilístico, com quem têm duas filhas: Nikki de 9 anos (Ava Weiss de Y: O Último Homem) e Lauren Lopez de 12 anos (Hazel Nugent). Por sua vez, KC Houseman tem seu drama pessoal por conta de sua mãe Elaine (Kathleen Flee de Blue Hour) que sofre de Alzheimer, e Jocinda tem seus problemas com o ex Doug Davidson (Eme Ikwuakor de Inumanos) militar de alta patente, e seu filho Jimmy (10 anos) (Zayn Maloney de The Boys). Todos enrolados em seus problemas, mas repentinamente, a NASA, descobre que a Lua está mudando sua órbita, confirmando as teorias de Houseman.
 
 

Jocinda Jo Fower (Halle Berry) recruta Harper, que traz Houseman no bojo


 
Dirigido por Roland Emmerich (Midway – Batalha em Alto Mar) Moonfall: Ameaça Lunar (2022) marca o retorno do diretor alemão ao gênero que o consagrou em Hollywood: O da destruição em escala global, tendo ele assinado os agora clássicos Independence Day (1996),O Dia Depois de Amanhã (2004) e 2012 (2009) entre outros, aqui reproduzindo no roteiro, escrito por ele, Harald Kloser (2012) e Spencer Cohen (Extinção) a mesma fórmula consagrada de intercalar um macrocosmo de destruição apocalíptica com um microcosmo de um ou dois núcleos familiares fugindo do caos à sua volta, enquanto se ignora o resto do mundo, dando a entender que todo o globo terrestre se restringe a um segmento ínfimo dos Estados Unidos.
 
 
Com a destruição das naves disponíveis, a solução é tirar a Endeavour do museu


 
Os personagens são bem bidimensionais, sendo salvos pelo carisma de seus protagonistas, auxiliados pelos figurinos de Mario Davignon (Midway – Batalha em Alto Mar) e Harlan Glenn (Road to Marakesh) define os personagens segundo seus estereótipos de forma que fique bem claro o que eles são, como os técnicos da NASA Johansen (Jonathan Maxwell Silver de The Other Worlds) e Mosley (Chris Sandiford de O Que Fazemos nas Sombras); a Sargento Gabriella Auclair (Maxim Roy de Caçadores de Sombras) que resgata os personagens quando necessário; Albert Hutchings, diretor da NASA (Stephen Bogaert de The Umbrella Academy) um burocrata covarde (convenientemente) ou Holdenfield (Donald Sutherland de Ad Astra: Rumo às Estrelas) o guardião do grande segredo que a agência oculta; ou o General Jenkins (Frank Schorpion de Crise) militar de alta patente que planeja um ataque nuclear contra o satélite... 
 
 

A ex de Harper Brenda (Carolina Bartczark de Hall) e seu marido Tom Lopez (Michael Peña) e seus filhos, são o foco familiar do filme


 
A narrativa de Emmerich trabalha na sua “zona de conforto”, com o auxílio da edição de Ryan Stevens Harris (Darc) e Adam Wolfe (Independence Day: O Ressurgimento) que dá um razoável senso de urgência à narrativa, mas embora os elementos de ficção-científica ajudem o filme a ser mais interessante do que apenas mais um filme catástrofe, o conjunto ainda sim é apenas OK, que deverá agradar ao espectador casual, pouco exigente que não repare nas grandes inconsistências da história, com uma lógica de post de tiozão do What´s App de 250 caracteres...
 
 
Jocinda e equipe correm contra o relógio para recuperar o veículo espacial

 
 
A música de Harald Kloser (2012) e Thomas Wanker (Midway – Batalha em Alto Mar) sublinha de forma funcional os momentos de maior tensão, alternados com momentos mais intimistas, mas não se destaca realmente, da mesma forma que a fotografia de Robby Baumgartner (Midway – Batalha em Alto Mar) trabalha muito bem na parte espacial do filme, dando em alguns momentos um tom realista, sendo mais exagerada na parte que cobre a catástrofe decorrente da aproximação da Lua sobre a superfície terrestre.
 
 
A viagem é complicada pelo rastro de fragamentos que a Lua vai deixando em sua órbita

 
O competente desenho de produção de Kirk M. Petruccelli (Tempestade: Planeta em Fúria) junto com a direção de arte de Félix Larivière-Charron (X-Men: Fênix Negra), Vincent Aird (Quantico), Renaud Chamberland, Carolyne de Bellefeuille (Mundo em Caos), Marie-Soleil Dénommé (Observadores), Mathieu Giguère (Cemitério Maldito) e Sophi Grahan (Float) e a decoração de sets de Suzanne Cloutier (Barksins), Philippe Lord (Acorda, Nicole) e Ann Smart (Jack Ryan) contrastam bem os cenários de filme desastre com os de aventura de ficção-científica, que os efeitos visuais das empresas Double Negative (DNEG), Proof, Scanline VFX e Scroggins Aviation (mockup de helicópteros) supervisionados por Peter Travers (Midway – Batalha em Alto Mar) dando um maior interesse à trama ao ilustrar a ideia de a Lua na realidade ser uma construção artificial tal qual uma Esfera de Dyson*2 criada por alienígenas.
 
 
Houseman, Harper e Jocinda ao confrontarem a força misteriosa, fazem uma descoberta


 
Ao final, Moonfall: Ameaça Lunar é até divertido se você usar o velho expediente de “desligar o cérebro”, e até deverá fazer sucesso futuramente quando chegar à TV ou ao streaming, quando talvez graças ao gancho de sua cena final, que é até interessante, que abriria boas possibilidades narrativas, desde que acompanhada de um bom roteiro, coisa difícil desta equipe aqui fornecer...
 

Eles encontram uma estrutura de origem alienígena relacionada às origens do homem






Notas:
 
 

*1: O Endeavour foi o quinto e mais recente ônibus espacial construído pela NASA. A sua construção começou em 1987 com o objetivo de substituir o Challenger, destruído durante um acidente em 1986. Peças sobressalentes das estruturas do Discovery e do Atlantis foram usadas na sua construção. A decisão de construir o Endeavour foi preferida à alternativa de reaparelhar o Enterprise porque o custo era menor. 
 
Seu primeiro voo (STS-49) foi entre 7 de maio de 1992 - 16 de maio de 1992, e o seu último (STS -14) foi entre 16 de maio de 2011 - 01 de junho de 2011 perfazendo um total de 25 missões. Atualmente encontra-se em exposição no California Space Center, em Los Angeles. 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Endeavour_(%C3%B4nibus_espacial)
 
 
 

 
*2: Esfera de Dyson: Megaestrutura hipotética originalmente descrita pelo físico e matemático inglês Freeman Dyson (1923 - 2020), a qual orbitaria uma estrela de modo a rodeá-la completamente, capturando toda ou maior parte de sua energia emitida. Dyson especulou que tal estrutura seria a consequência lógica da sobrevivência e da escalar necessidade de energia de uma civilização avançada tecnologicamente, e propôs que a busca de evidências de tal estrutura poderia levar à detecção de vida extraterrestre com inteligência avançada.
 
A maioria das descrições ficcionais são de uma casca sólida de matéria encobrindo a estrela, que é considerada a variante menos plausível da ideia. Desde que o conceito desta megaestrutura foi inicialmente idealizado, a engenharia espacial tem apresentado diferentes propostas para a construção de uma estrutura artificial, ou de uma série de estruturas, com intuito de rodear uma estrela para capturar sua energia, porém as dificuldades técnicas para a execução deste projeto relegaram a Esfera de Dyson à arena da ficção-científica. No ano de 2015, entretanto, após o telescópio espacial Kepler analisar a enorme oscilação da luminosidade da estrela KIC 8462852, da constelação de Cisne, astrônomos renomados passaram a considerar a hipótese de que uma megaestrutura similar à Esfera de Dyson pudesse estar causando o fenômeno. 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Esfera_de_Dyson


"- Bom, é o Crysler. Então acho que estou em Nova York..."

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