Os dois lados da moeda
por Alexandre César
(Originalmente postado em 21/ 11/ 2019)
E Roland Emmerich faz o seu melhor filme
![]() |
Charlton Heston e Henry Fonda entre vários outros no filme de 1976...
|
Em 1970 a 20th Century Fox lançou a superprodução Tora! Tora! Tora! mostrando o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor de
forma realista e humana ao não estereotipar os japoneses como orientais
cruéis e sinistros, típicos dos seriados da matinês de cinema dos anos
30-40 muito disso vindo do fato do filme ter sido dirigido por três
diretores: O americano Richard Fleischer (20.000 Léguas Submarinas) que fêz as cenas do elenco americano, e Kinji Fukasaku (A Batalha Real) e Toshio Masuda (Uchû senkan Yamato) que fizeram as cenas do elenco japonês.

Prólogo: O ataque à Pearl Harbor é mostrado no início de forma mais sucinta e eficaz do que no filme de Michael Bay
Confesso que quando vi o filme pela primeira vez, não era difícil
torcer pela turma do sol nascente, uma vez que a retratação daquele
grupo de aviadores e marinheiros que se irmanavam com um espírito quase
juvenil naquele objetivo comum de vencer o inimigo,com quem
demonstravam uma atitude até respeitosa contrastando com a atitude
severa e circunspecta de seus comandantes que sabiam estar diante de um
desafio monstruoso, gerava mais simpatia do que ver do outro lado, os
ianques naquela tranquilidade de se sentirem senhores de tudo.
Bem mais tarde Michael Bay, com seu estilo “todo próprio” em Pearl Harbor (2001)
reduziu o conflito a um grandioso pano de fundo da disputa de dois
rapazes pelo coração de uma garota, superficializando os fatos
históricos em função de um ritmo narrativo de videogame à lá Star Wars.

Pearl Harbor pegou a frota americana com "as calças na mão". Se os porta-aviões estivessem lá na ocasião, a guerra no Pacífico teria sido vencida ali...
Agora, Roland Emmerich (Independence Day, a versão de Godzilla de 1998, 2012)
vem com um filme de guerra que mescla a fórmula narrativa do primeiro e
ilustra de forma sucinta e eficaz os elementos principais do segundo,
apenas para ilustrar o contexto de sua última obra, um evento crucial na
guerra do pacífico, entre tantos outros.

O bombardeio de Tóquio por Jimmy Doolittle (Aaron Eckhart) também é mostrado, e melhor do que no filme de Michael Bay
Midway - Batalha em Alto Mar (2019) se revela, não o melhor filme de guerra, mas com certeza o melhor filme de Roland Emmerich,
que aqui equilibra bem a narrativa e a direção de atores num bom
espetáculo de ritmo ágil e que dá um bom espaço para os dois lados
mostrarem as suas motivações, embora como todo filme hollywoodiano, ele
não teria sido feito se os americanos não tivessem ganhado a batalha.

O uso do CGI é apurado, equilibrando o realismo e a boa visualização dos elementos da imagem
O conflito já havia rendido um documentário de John Ford (A Batalha de Midway de
1942), que estava na ocasião na base e filmou cenas do ataque japonês
(coisa que o filme mostra de forma genial) que foi narrado por Henry
Fonda, que estrelou junto com Charlton Heston a superprodução Midway (1976)
de Jack Smight, filme morno que tinha em seu elenco, Glenn Ford, Robert
Mitchum, Toshiro Mifune, James Coburn, Robert Wagner, Edward Albert
entre outros, apostando no sistema Sensurround, que na época a Universal usava
como chamariz para atrair o público, com uma suposta imersão do
espectador, mas que aqui, pela péssima qualidade de audio de nossas
salas, virava apenas uma barulheira que não permitia definir os sons do
que se passava na tela.

O Almirante Chester W. Nimitz (Wood Harrelson): Boa atuação no tipo de papel que não costumamos associar ao ator

As
semelhanças com "Star Wars" não é casual já que George Lucas se baseou
em filmagens de combates aeronavais como guia para as suas batalhas
espaciais
O
filme em seus minutos iniciais mostra na embaixada americana em Tóquio,
um breve diálogo de despedida entre o adido militar Edwin Lawton
(Patrick Wilson de Watchmen, Invocação do Mal e Aquaman)
e o Almirante Isoroku Yamamoto (Etsushi Toyokawa) deixando claro as
razões que colocaram os dois países em guerra entre si, para logo depois
de maneira rápida, dramática e resumida mostrar o ataque da Marinha
Imperial Japonesa à Pearl Harbor (coisa que poderia ter sido evitada se os superiores de Lawton lhe tivessem dado ouvidos....).

Tensão: Almirante Tamon Yamaguchi (Tadanobu Asano) e o viver sobre o fio da navalha...
Mais adiante mostra a resposta americana do bombardeio à Tóquio comandada por Jimmy Doolittle (Aaron Eckhart de Batman: O Cavaleiro das Trevas) que liderou um esquadrão de bombardeiros do exército americano que decolou do porta aviões Enterprise
tendo apenas as bombas e o combustível suficiente para bombardear a
capital japonesa e voar até acabar o combustível, quando os tripulantes
saltaram de para-quedas sobre a China ocupada. Emmerich consegue de
forma eficiente no bojo de seu filme contar o essencial da história do
filme de Bay, e de forma melhor, mostrando que um bom roteiro acima de
tudo conta uma história, ou mais de uma!

Por uma questão de narrativa visual, os navios aparecem mais próximos uns dos outros para ficar mais ilustrativo do que seria uma batalha

Aviadores: James Murray (Keean Johnson) e o seu superior Dick Best (Ed Skrein)
Outros personagens de destaque são, do lado dos combatentes, o talentoso mas marrento piloto Dick Best (Ed Skrein de Malévola: Dona do Mal),
que tem uma certa birra com o tenente Wade McClusky (Luke Evans) líder
de esquadrão, que mais adiante lhe ensina sobre as responsabilidades de
ter que levar pilotos e tentar trazer o máximo deles de volta numa
missão (e ter de viver com o fato de que nem todos voltarão...) além de
Clarence Dickinson (Luke Kleintank de O Homem do Castelo Alto),
Bruno Gaido (Nick Jonas), Eugene Lindsey (Darren Criss) e James Murray
(Keean Johnson), e do lado do oficiais temos o lendário Almirante
Chester W. Nimitz (Wood Harrelson super contido num papel inesperado), o
Alm. William “Bull”
Halsey (Dennis Quaid) que contra a sua vontade é mandado para o
hospital durante os preparativos (ele pensava estar com urticária, mas
na verdade estava com herpes) e para mostrar o lado das famílias dos
indivíduos envolvidos no conflito temos Ann Best (Mandy Moore) a esposa
de Dick e Dagne Layton (Rachel Perrell Fosket) a esposa de Edwin e Marie
Pearce (Sarah Halford) a viúva de Roy, um amigo dos Best morto em Pearl
Harbor, embora elas tenham pouco tempo em cena para não desacelerar a
narrativa.

Um momento genial (e real) é que durante a operação, o lendário John Ford, estava rodando um documentário na ilha e registrou o ataque (e ganhou um Oscar)...

O Alm. William "Bull" Halsey (Dennis Quaid) foi afastado durante os preparativos por questões de saúde
Ainda que de forma econômica, o roteiro de Wes Tooke (Colony, Jean-Claude Van Johnson)
mostra do lado japonês a tensão constante a que Yamamoto estava
submetido, por estar sempre batendo de frente com o Primeiro-Ministro, o
General Tojo (Hiromoto Ida) do Exército Imperial, além de suas
discordâncias na marinha com o Almirante Nagumo (Jun Kunimura) cuja
inflexibilidade impedia seus oficiais de ajudarem-no melhor na batalha.
É particularmente muito boa a cena que mostra o afundamento do porta-avões Hiryū,
quando o Almirante Tamon Yamaguchi (Tadanobu Asano) assume a
responsabilidade pela derrota (e por isso afundará com o navio) e exorta
os seus oficiais a continuarem defendendo o Japão apesar disso, levando
os marujos e jovens oficiais às lágrimas. mas em contraste, o filme
também mostra o outro lado da moeda na forma como o Exercito Imperial
massacrou os chineses durante a sua ocupação, ou na cena em que um
piloto americano capturado pela Marinha Imperial é lançado ao mar
amarrado com uma âncora.

Comparando com o filme de 1976, vemos a vantagem do uso do CGI para recriar os modelos dos aviões e navios envlvidos, coisa que antes dependia do material de arquivo disponível
A produção é impecável, destacando-se a fotografia de , o desenho de produção de Kirk M. Petruccelli (Tempestade: Planeta em Fúria) e a direção de arte de Page Buckner (Django Livre), Carolyne de Bellefeuille (Pays) e Isabelle Guay (O Regresso)
que recriam os espaços funcionais das bases, bares e dos navios de
guerra com seus dormitórios, hospitais galpões, escritórios e salas de
instrução e estratégia; em contraste com os ambientes residenciais de
suas casas, onde tentam viver, nas poucas horas de que dispoem para o
convívio familiar, coisa que o figurino de Mario Davignon (A Chegada)
reflete bem nas fardas de uso cotidiano, que tanto as de oficiais
quanto as de subalternos, têm sutilmente um aspecto gasto e amarrotado,
em contraste com os uniformes de gala, usados nos bailes da USO*, onde a música de Harald Kloser (2012) e Thomas Wanker (O Ataque) resgata em breves momentos o glamour lírico das canções românticas do período.

Nas cenas de ataque vemos o quanto se gastava de munição para cada projétil que acertava o alvo
A fotografia de Robby Baumgartner (Ponto Cego) e a edição de Adam Wolfe (Independence Day: O Retorno) auxiliados pelo trabalho das equipes de efeitos visuais das companhias MELS, Scanline VFX, Zero VFX reconstroem
elementos chaves da narrativa como os navios de ambas as frotas e as
batalhas aéreas, com uma fidelidade ao design de navios, aviões, aliada a
uma qualidade de imagem do CGI que
equilibra bem o realismo e a necessidade de ter imagens nítidas
definidas e, ilustrativas para que a audiência possa acompanhar a
narrativa sem se perder, ficando equilibradamente na linha divisória
entre um Videogame de alta resolução e um filme realista.

O tenente Wade McClusky (Luke Evans) e Dick Best: O experientee ponderado e o "marrento" talentoso
Ao final, esta produção independente de grande porte (U$100 milhões de dólares), dos estúdios Centropolis Entertainment (de Emmerich), AGC Studios, Entertainment One, Street Enterteinment e da Starlight Culture Entertainment Group e RuYi Media (China)
acerta ao procurar mostrar a guerra como algo dramático e grandioso, em
que todos dão o melhor de si, superando as suas próprias limitações,
mas acima de tudo como algo que se deve procurar evitar, pois todas as
promoções e medalhas ganhas em combate não substituem as sequelas, e as
vidas que se perdem neste processo.
E tolo é aquele que pensa o contrário...
Notas: *1: United Service Organizations: Organizações
de suporte do corpo militar americano, que promovem toda a área de
entretenimento das tropas em serviço, promovendo shows, bailes e
espetáculos para manter elevado o moral dos soldados em missão longe de
seus lares.

Prólogo: O ataque à Pearl Harbor é mostrado no início de forma mais sucinta e eficaz do que no filme de Michael Bay
Confesso que quando vi o filme pela primeira vez, não era difícil
torcer pela turma do sol nascente, uma vez que a retratação daquele
grupo de aviadores e marinheiros que se irmanavam com um espírito quase
juvenil naquele objetivo comum de vencer o inimigo,com quem
demonstravam uma atitude até respeitosa contrastando com a atitude
severa e circunspecta de seus comandantes que sabiam estar diante de um
desafio monstruoso, gerava mais simpatia do que ver do outro lado, os
ianques naquela tranquilidade de se sentirem senhores de tudo.
Confesso que quando vi o filme pela primeira vez, não era difícil torcer pela turma do sol nascente, uma vez que a retratação daquele grupo de aviadores e marinheiros que se irmanavam com um espírito quase juvenil naquele objetivo comum de vencer o inimigo,com quem demonstravam uma atitude até respeitosa contrastando com a atitude severa e circunspecta de seus comandantes que sabiam estar diante de um desafio monstruoso, gerava mais simpatia do que ver do outro lado, os ianques naquela tranquilidade de se sentirem senhores de tudo.
Bem mais tarde Michael Bay, com seu estilo “todo próprio” em Pearl Harbor (2001)
reduziu o conflito a um grandioso pano de fundo da disputa de dois
rapazes pelo coração de uma garota, superficializando os fatos
históricos em função de um ritmo narrativo de videogame à lá Star Wars.
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Pearl Harbor pegou a frota americana com "as calças na mão". Se os porta-aviões estivessem lá na ocasião, a guerra no Pacífico teria sido vencida ali...
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Agora, Roland Emmerich (Independence Day, a versão de Godzilla de 1998, 2012)
vem com um filme de guerra que mescla a fórmula narrativa do primeiro e
ilustra de forma sucinta e eficaz os elementos principais do segundo,
apenas para ilustrar o contexto de sua última obra, um evento crucial na
guerra do pacífico, entre tantos outros.
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O bombardeio de Tóquio por Jimmy Doolittle (Aaron Eckhart) também é mostrado, e melhor do que no filme de Michael Bay
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Midway - Batalha em Alto Mar (2019) se revela, não o melhor filme de guerra, mas com certeza o melhor filme de Roland Emmerich,
que aqui equilibra bem a narrativa e a direção de atores num bom
espetáculo de ritmo ágil e que dá um bom espaço para os dois lados
mostrarem as suas motivações, embora como todo filme hollywoodiano, ele
não teria sido feito se os americanos não tivessem ganhado a batalha.
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O uso do CGI é apurado, equilibrando o realismo e a boa visualização dos elementos da imagem
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O conflito já havia rendido um documentário de John Ford (A Batalha de Midway de
1942), que estava na ocasião na base e filmou cenas do ataque japonês
(coisa que o filme mostra de forma genial) que foi narrado por Henry
Fonda, que estrelou junto com Charlton Heston a superprodução Midway (1976)
de Jack Smight, filme morno que tinha em seu elenco, Glenn Ford, Robert
Mitchum, Toshiro Mifune, James Coburn, Robert Wagner, Edward Albert
entre outros, apostando no sistema Sensurround, que na época a Universal usava
como chamariz para atrair o público, com uma suposta imersão do
espectador, mas que aqui, pela péssima qualidade de audio de nossas
salas, virava apenas uma barulheira que não permitia definir os sons do
que se passava na tela.
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O Almirante Chester W. Nimitz (Wood Harrelson): Boa atuação no tipo de papel que não costumamos associar ao ator
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As
semelhanças com "Star Wars" não é casual já que George Lucas se baseou
em filmagens de combates aeronavais como guia para as suas batalhas
espaciais

As
semelhanças com "Star Wars" não é casual já que George Lucas se baseou
em filmagens de combates aeronavais como guia para as suas batalhas
espaciais
O
filme em seus minutos iniciais mostra na embaixada americana em Tóquio,
um breve diálogo de despedida entre o adido militar Edwin Lawton
(Patrick Wilson de Watchmen, Invocação do Mal e Aquaman)
e o Almirante Isoroku Yamamoto (Etsushi Toyokawa) deixando claro as
razões que colocaram os dois países em guerra entre si, para logo depois
de maneira rápida, dramática e resumida mostrar o ataque da Marinha
Imperial Japonesa à Pearl Harbor (coisa que poderia ter sido evitada se os superiores de Lawton lhe tivessem dado ouvidos....).
Ainda que de forma econômica, o roteiro de Wes Tooke (Colony, Jean-Claude Van Johnson)
mostra do lado japonês a tensão constante a que Yamamoto estava
submetido, por estar sempre batendo de frente com o Primeiro-Ministro, o
General Tojo (Hiromoto Ida) do Exército Imperial, além de suas
discordâncias na marinha com o Almirante Nagumo (Jun Kunimura) cuja
inflexibilidade impedia seus oficiais de ajudarem-no melhor na batalha.
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Tensão: Almirante Tamon Yamaguchi (Tadanobu Asano) e o viver sobre o fio da navalha...
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Mais adiante mostra a resposta americana do bombardeio à Tóquio comandada por Jimmy Doolittle (Aaron Eckhart de Batman: O Cavaleiro das Trevas) que liderou um esquadrão de bombardeiros do exército americano que decolou do porta aviões Enterprise
tendo apenas as bombas e o combustível suficiente para bombardear a
capital japonesa e voar até acabar o combustível, quando os tripulantes
saltaram de para-quedas sobre a China ocupada. Emmerich consegue de
forma eficiente no bojo de seu filme contar o essencial da história do
filme de Bay, e de forma melhor, mostrando que um bom roteiro acima de
tudo conta uma história, ou mais de uma!
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Por uma questão de narrativa visual, os navios aparecem mais próximos uns dos outros para ficar mais ilustrativo do que seria uma batalha
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Aviadores: James Murray (Keean Johnson) e o seu superior Dick Best (Ed Skrein)

Aviadores: James Murray (Keean Johnson) e o seu superior Dick Best (Ed Skrein)
Outros personagens de destaque são, do lado dos combatentes, o talentoso mas marrento piloto Dick Best (Ed Skrein de Malévola: Dona do Mal),
que tem uma certa birra com o tenente Wade McClusky (Luke Evans) líder
de esquadrão, que mais adiante lhe ensina sobre as responsabilidades de
ter que levar pilotos e tentar trazer o máximo deles de volta numa
missão (e ter de viver com o fato de que nem todos voltarão...) além de
Clarence Dickinson (Luke Kleintank de O Homem do Castelo Alto),
Bruno Gaido (Nick Jonas), Eugene Lindsey (Darren Criss) e James Murray
(Keean Johnson), e do lado do oficiais temos o lendário Almirante
Chester W. Nimitz (Wood Harrelson super contido num papel inesperado), o
Alm. William “Bull”
Halsey (Dennis Quaid) que contra a sua vontade é mandado para o
hospital durante os preparativos (ele pensava estar com urticária, mas
na verdade estava com herpes) e para mostrar o lado das famílias dos
indivíduos envolvidos no conflito temos Ann Best (Mandy Moore) a esposa
de Dick e Dagne Layton (Rachel Perrell Fosket) a esposa de Edwin e Marie
Pearce (Sarah Halford) a viúva de Roy, um amigo dos Best morto em Pearl
Harbor, embora elas tenham pouco tempo em cena para não desacelerar a
narrativa.
![]() |
Um momento genial (e real) é que durante a operação, o lendário John Ford, estava rodando um documentário na ilha e registrou o ataque (e ganhou um Oscar)...
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O Alm. William "Bull" Halsey (Dennis Quaid) foi afastado durante os preparativos por questões de saúde
Ainda que de forma econômica, o roteiro de Wes Tooke (Colony, Jean-Claude Van Johnson)
mostra do lado japonês a tensão constante a que Yamamoto estava
submetido, por estar sempre batendo de frente com o Primeiro-Ministro, o
General Tojo (Hiromoto Ida) do Exército Imperial, além de suas
discordâncias na marinha com o Almirante Nagumo (Jun Kunimura) cuja
inflexibilidade impedia seus oficiais de ajudarem-no melhor na batalha. 
O Alm. William "Bull" Halsey (Dennis Quaid) foi afastado durante os preparativos por questões de saúde
É particularmente muito boa a cena que mostra o afundamento do porta-avões Hiryū,
quando o Almirante Tamon Yamaguchi (Tadanobu Asano) assume a
responsabilidade pela derrota (e por isso afundará com o navio) e exorta
os seus oficiais a continuarem defendendo o Japão apesar disso, levando
os marujos e jovens oficiais às lágrimas. mas em contraste, o filme
também mostra o outro lado da moeda na forma como o Exercito Imperial
massacrou os chineses durante a sua ocupação, ou na cena em que um
piloto americano capturado pela Marinha Imperial é lançado ao mar
amarrado com uma âncora.
![]() |
Comparando com o filme de 1976, vemos a vantagem do uso do CGI para recriar os modelos dos aviões e navios envlvidos, coisa que antes dependia do material de arquivo disponível
|
A produção é impecável, destacando-se a fotografia de , o desenho de produção de Kirk M. Petruccelli (Tempestade: Planeta em Fúria) e a direção de arte de Page Buckner (Django Livre), Carolyne de Bellefeuille (Pays) e Isabelle Guay (O Regresso)
que recriam os espaços funcionais das bases, bares e dos navios de
guerra com seus dormitórios, hospitais galpões, escritórios e salas de
instrução e estratégia; em contraste com os ambientes residenciais de
suas casas, onde tentam viver, nas poucas horas de que dispoem para o
convívio familiar, coisa que o figurino de Mario Davignon (A Chegada)
reflete bem nas fardas de uso cotidiano, que tanto as de oficiais
quanto as de subalternos, têm sutilmente um aspecto gasto e amarrotado,
em contraste com os uniformes de gala, usados nos bailes da USO*, onde a música de Harald Kloser (2012) e Thomas Wanker (O Ataque) resgata em breves momentos o glamour lírico das canções românticas do período.
![]() |
Nas cenas de ataque vemos o quanto se gastava de munição para cada projétil que acertava o alvo
|
A fotografia de Robby Baumgartner (Ponto Cego) e a edição de Adam Wolfe (Independence Day: O Retorno) auxiliados pelo trabalho das equipes de efeitos visuais das companhias MELS, Scanline VFX, Zero VFX reconstroem
elementos chaves da narrativa como os navios de ambas as frotas e as
batalhas aéreas, com uma fidelidade ao design de navios, aviões, aliada a
uma qualidade de imagem do CGI que
equilibra bem o realismo e a necessidade de ter imagens nítidas
definidas e, ilustrativas para que a audiência possa acompanhar a
narrativa sem se perder, ficando equilibradamente na linha divisória
entre um Videogame de alta resolução e um filme realista.
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O tenente Wade McClusky (Luke Evans) e Dick Best: O experientee ponderado e o "marrento" talentoso
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Ao final, esta produção independente de grande porte (U$100 milhões de dólares), dos estúdios Centropolis Entertainment (de Emmerich), AGC Studios, Entertainment One, Street Enterteinment e da Starlight Culture Entertainment Group e RuYi Media (China)
acerta ao procurar mostrar a guerra como algo dramático e grandioso, em
que todos dão o melhor de si, superando as suas próprias limitações,
mas acima de tudo como algo que se deve procurar evitar, pois todas as
promoções e medalhas ganhas em combate não substituem as sequelas, e as
vidas que se perdem neste processo.
E tolo é aquele que pensa o contrário...
Notas:
*1: United Service Organizations: Organizações
de suporte do corpo militar americano, que promovem toda a área de
entretenimento das tropas em serviço, promovendo shows, bailes e
espetáculos para manter elevado o moral dos soldados em missão longe de
seus lares.
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