quarta-feira, 13 de abril de 2022

E os contratempos se seguem... - Crítica – Filmes: Animais Fantásticos: Os Segredos De Dumbledore (2022)

 


Preparem suas varinhas!

por Alexandre César 

E a escalada terrorista de Grindelwald prossegue...

 


O professor Alvo Dumbledore (Jude Law de O Talentoso Ripley mostrando que nasceu para o personagem) relutantemente vê que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen de Doutor Estranho substituindo o ‘cancelado’ Johnny Depp) está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, devido à um pacto feito na juventude, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne de A Teoria de Tudo caminhando para se tornar o sidekick de Dumbledore) liderar uma intrépida equipe de bruxos, bruxas e um corajoso ‘trouxa’ em uma missão perigosa, missão essa em que eles encontrarão velhos e novos animais fantásticos (afinal tinham que justificar o título) a missão irá joga-los certamente em conflito com a crescente legião de seguidores de Grindelwald. Mas com tantas ameaças, quanto tempo poderá Dumbledore permanecer à margem do embate?
 
 
Alvo Dumbledore (Jude Law) explica a Newt Scamander (Eddie Redmayne) e ao seu irmão, Teseus Scamander (Callum Turner de costas) porque não pode enfrentar Grindelwald diretamente

 

Desde que o ótimo Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016), acompanhamos através da viagem de Newt Scamander aos Estados Unidos como J.K.Rowling expandiu as fronteiras de seu universo narrativo, trazendo novo frescor e “sense of wonder” ao universo de Harry Potter *1. Mas a partir de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (2018) ficou claro um dos fatores que deixou parte dos fãs frustrados, esses fãs esperavam apenas um equivalente do universo de Harry Potter à trilogia prequel de Star Wars. Sentiram-se traídos pela série. Não estão compreendendo que são dois modos narrativos de situar o Mundo da Magia. Enquanto Harry Potter politizava nas relações interpessoais, questões de aceitação, posição de autoridade, classe social, idade e experiência, Animais Fantásticos procura personalizar as questões políticas entre os bruxos desde o 1º filme (2016) fazendo um paralelo com os anos 20, quando começaram a ganhar força questões nacionalistas, conservadoras, reacionárias que no segundo filme ilustrava a ascensão de líderes que abraçariam o fascismo e que agora acabam descambando no nazismo, esse filme dialoga com o momento atual de polarização política em que vivemos.

 

O mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está pondo o seu plano de dominação para funcionar a todo vapor

Credence Barebone (Ezra Miller), se prepara para enfrentar Dumbledore, apesar dos seus problemas latentes de ser um obscurial


Dirigido por David Yates, na sua 7ᵃ incursão no mundo bruxo, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (2022) segue a trama que agora esbarra num ponto crucial: Desde o filme passado fica claro que embora a narrativa tenha Newt Scamander como o personagem principal (que continua parecendo uma paródia mais apagada do Doctor Who de Mat Smith), temos na realidade o real protagonista que é Alvo Dumbledore, e o filme se ressente por não ser ainda desta vez efetivada essa passagem de bastão pois Jude Law está para Animais Fantásticos como o Obi-Wan Kenobi de Ewan McGregor está para Star Wars.
 
 
"Exército Brancaleone": Eulalie Hicks (Jessica Williams); Teseus Scamander (Callum Turner ), irmão de Newt; Alvo Dumbledore; Bunty (Victoria Yeates); Jacob Kowalski (Dan Fogler) e Newt Scamander

 
Refletindo este impasse, o roteiro de J.K. Rowling & Steve Kloves (produtor da série), baseado na história de J.K. Rowling, apresenta várias tramas paralelas, havendo mais desenvolvimentos laterais do que um avanço frontal da narrativa, e por esse conflito de protagonismo, há um prejuízo para o fandom mais aguerrido, pois se na saga do bruxinho de Hogwarts, lhes servia como um avatar do próprio leitor/espectador, e o desenvolvimento da trama de livro/filme para filme/livro, ficando mais adulto, tal qual o seu público consumidor. Aqui, isto é substituído pelas vibes de cada época, das décadas de 1920, 1930 e segue traçando um paralelo entre a historia no mundo trouxa como um espelhamento do que ocorre no mundo bruxo, incluindo o surgimento do ‘culto a personalidade’ (que elege tipos carismáticos apelando às massas ressentidas com o apelo de que irá “mudar tudo isto que está aí” e... aqui vivemos isso desde 2018...).

 

Queenie Goldstein (Alison Sudol) segue dividida entre abandonar seu amor por Kowalski ao se aliar a Grindelwald

A narrativa é bem amparada pela edição de Mark Day (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald) que dinamiza o encadeamento da trama, a inspirada trilha sonora de James Newton Howard (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald) sublinha e, sabe quando necessário, resgatar os momentos de fanservice, os acordes originais de John Williams.
 
 
No Ministério da Magia na Alemanha ocorre a primeira fase da eleição à Presidência do Mundo Mágico. A direção de arte reflete o nazismo

O Centrão Bruxo: Henrietta Fischer (Valerie Pachner), e seu chefe Anton Vogel (Oliver Masucci) o Ministro da Magia alemão anulam as condenações de Grindelwald
 
 
Continuando a história, Grindelwald resolve conquistar o poder sobre o mundo bruxo através da via eleitoral, arregimentando com seu discurso de ódio, apoiadores para remover seus impedimentos jurídicos e usando de sua Magia das Trevas para ao final fraudar o resultado do pleito. Paralelo à isso Dumbledore convoca Newt e reúne a sua trupe de improváveis defensores: Teseus Scamander (Callum Turner de Assassin´s Creed) irmão de Newt, que tem contas à ajustar com o vilão; Bunty (Victoria Yeates de Chame a Parteira) a fiel ajudante de Newt tem mais destaque, permitindo que fixemos seu personagem na memória finalmente; Eulalie Hicks (Jessica Williams de Love Life) professora de magia, que faz uma boa dupla com Teseus na hora do combate, o misterioso Yusuf Kama (William Nadylam de A Week in Paradise) e Jacob Kowalski (o ótimo Dan Fogler de A Discussão), Floger continua sendo o alívio cômico, seu personagem é tão gente-boa que é difícil não gostar dele, mesmo que a sua presença acabe sendo forçada no roteiro. Como o vilão descobriu uma forma de ver o futuro, Dumbledore propõe ao grupo um método inusitado de ataque, que não deixa de ser uma forma para deixar rolar os desenvolvimentos que no fim acabam por não ocorrer nesse filme e assim serão empurrados para o próximo filme.

 

A bela e letal Vinda Rosier (Poppy Corby-Tuech) a executora de Grindelwald

 

Já do lado de Grindelwald, ele pressiona o problemático Credence Barebone (Ezra Miller de Liga da Justiça de Zack Snyder), que continua com os problemas latentes de ser um obscurial*2, para que este enfrente Dumbledore; Queenie Goldstein (Alison Sudol de Between Us) segue dividida entre abandonar seu amor por Kowalski e deixar de apoiar Grindelwald e temos Credence, num arco de personagem mediano, Vinda Rosier (Poppy Corby-Tuech de Harlots) continua sendo a bela (quase muda) e letal executora de Grindelwald que não hesita em dar Avadas Kadavras em qualquer um que fique em seu caminho...

 

Dumbledore opta por um plano que não possa ser previsto: Não ter plano!!!


Do elenco de apoio ainda temos Anton Vogel (Oliver Masucci de Dark) autoridade que media a primeira fase da eleição à presidência do Mundo Bruxo, na Alemanha, que ao contrário da recomendação de Dumbledore prefere “fazer o que é fácil ao invés de fazer o que é certo”, numa atitude digna de um político do ‘centrão’ ou um certo Procurador Geral da República, sua secretária Henrietta Fischer (Valerie Pachner de King´s Man: AOrigem) é fria, educada e venenosa como toda secretária de burocrata totalitário; Vogel anula as acusações contra Grindelwald, permitindo a sua participação do pleito, deixando claro que as regras deste jogo não serão pautadas pela imparcialidade. Deste lado ainda temos Helmut (Aleksandr Kuznetsov de Bether Than Us) o capanga de Vogel e Grindelwald, que espelha os futuros oficiais da SS que proliferarão na Europa.

 

A ação segue para o local da segunda etapa da eleição...

...o misterioso Butão nas montanhas da Ásia


Do lado dos heróis ainda temos Aberforth Dumbledore (Richard Coyle de O Mundo Sombrio de Sabrina) o irmão de Alvo e detentor de um dos ‘mistérios’ e Ariana (Hebe Beardsall de O Alienista) a falecida irmã caçula dos Dumbledore, vista no quadro da parede da sua casa e numa pequeníssima participação no filme, ainda temos Tina Godstein (Katherine Waterston de Perry Mason) que no final do filme ressurge par acertar as coisas com Newt. 

 

Populismo: Grindelwald vai ganhando as massas com seus discursos de ódio

 

E é claro que temos que mencionar Vicência Santos (Maria Fernanda Cândido de O Traidor) a representante de Castelobruxo*3 (escola de bruxaria da América Latina e uma das 11 escolas de Magia e Bruxaria espalhadas pelo mundo) e candidata à presidência do mundo bruxo. Embora seja uma participação pequena (acenando para o Brasil, que tem uma imensa fanbase de Harry Potter) com só uma linha de diálogo, tem boa presença, sendo bem definida pelos olhares e gestual da atriz; o outro candidato ao cargo Liu Tao (Dave Wong de A Morte de Stalin) tem menos tempo ainda de cena (deve ter tido todas as suas cenas ficado na mesa de edição)...


Os irmão Scamander têm uma divertida aventura nos calabouços de Berlim

Visualmente riquíssimo o mundo mágico continua sendo um deleite aos olhos, valorizado pela fotografia de George Richmond (Kingsman: O Círculo Dourado); o desenho de produção, de Stuart Craig (das cine séries Harry Potter e Animais Fantásticos que injustamente nunca ganhou um Oscar por seu trabalho neste universo ficcional) e Neil Lamont (Han Solo: Uma História Star Wars e Rogue One: Uma História Star Wars) que além de recriar Hogwarths, trazem a Alemanha dos anos 1930 para a trama e ao final o misterioso Butão (com um “quê” de Shangri-La*4), onde ocorre a etapa final da eleição, que a direção de arte de Martin Foley (Cruella); Alex Baily (Rogue One: Uma História Star Wars); Paul Laugier (Dolittle); Gary Tomkins (Han Solo: Uma História Star Wars); Peter Dorme (Dolittle); Oliver Goodier (Dunkirk); Kate Grimble (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald); Charlotte Malynn (Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw); Elicia Scales (Velozes & Furiosos 9) e James M.Spencer (Mulher-Maravilha 1984) e a decoração de sets de Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste) trás todo o tipo de elementos decorativos regionais e de época, mesclados de forma esperta com Easter-Eggs do universo de Harry Potter, que se mesclam de forma fluida e orgânica.

 

Dentre os candidatos à Presidência, se destaca a personagem Vicência Santos (Maria Fernanda Cândido)

Ao lutar nas ruas da trilha ao monastério Eulalie Hicks e Teseus se revelam uma boa dupla


Os figurinos de Colleen Atwood (Animais Fantásticos e Onde Habitam) trabalha competentemente na definição de seus personagens, enfatizando suas características ou excentricidades, permitindo uma boa leitura de cada grupo, como os modestos aliados de Newt e Dumbledore, e os impessoais e impecáveis aliados de Grindelwald, destacando-se os figurinos de Queenie Goldstein, que a vestem como uma femme fatale noir, mas que contrastam com a tristeza de seu olhar, ou os impecáveis e majestosos trajes de Vicência Santos.  
 
 
Ao final, a tímida Bunty tem papel crucial na trama para deter Grindelwald

 
Complementando essa rica construção de mundo, os efeitos visuais de Digital Domain; Framestore; Image Engine Design; RISE Visual Effetcs Studios; Raynault VFX; Rodeo FX, supervisionados por Cristian Hinz (Expresso do Amanhã) e Christian Manz (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald) cria momentos curiosos como o da luta de Dumledore com Credence (lembrando a ‘dimensão-espelho’ de Doutor Estranho) e ao final com Grindelwald, além de ampliar o universo narrativo, revisitando lugares conhecidos como Hogwarts, e criar seres fantásticos, importantes para a trama (afinal intitular uma série de Animais Fantásticos e não mostrar os tais “Animais Fantásticos” soaria estranho).

 

Ao ser desmascarado Grindelwald mostra à que veio realmente


Ao final Embora Mads Mikelsen crie bem a sua versão de Grindelwald, ela não requer muito do ator, na entrega de um demagogo de retórica envolvente e discurso politicamente tentador cuja voz calma e ameaçadora se revela uma ameaça bem mais terrível do que a do próprio Lord Voldemort*5, e novamente a questão da passagem do bastão do protagonismo é empurrada para o filme seguinte, frustrando a esperança de que a “pentalogia” de Rowling já se desenhasse aqui de forma mais cinematográfica, deixando a visão do filme como se fosse um livro, e assim alçando vôos mais altos. Agora se no quarto filme esta carpintaria dramática não for acertada o risco de se chegar ao quinto poderá ficar comprometido, embora apesar de tudo, o filme seja muito bom em sua totalidade, graças ao seu elenco, e ainda posso afirmar que  a série  Animais Fantásticos tal qual Harry Potter aposta em algo forte em J. K. Rowling, que é a postura anti-heroica, (não anti-heroísmo) daqueles que se apresentam ao público como tendo qualidades heroicas (visando enganar as massas para que as sigam), muito diferente de pessoas que ficam mais na delas como Newt, Dumbledore, ou Jacob, contudo fazem o que é necessário quando uma ação se faz necessária, diferente desses Grindelwalds da vida, que vivem da enganação do outro, coisa que nós brasileiros estamos pagando um preço amargo em vidas e perda de direitos e cidadania.
 

Embora a sua participação seja minúscula, Maria Fernanda Cândido promete ter maior relevância futuramente com sua Vivência Santos

 

 

 
 

Notas:

 




*1: Apesar de ter se baseado numa rala obra original, o tal livro Animais Fantásticos e Onde Habitam, escrito por Newt Scamander, a autora se manteve livre para criar em cima de sua própria criação, já que o livro fictício lançado, se resumia a uma série compilada dos animais do título, sem possuir uma trama que o abrigasse. Rowling assim, ampliou as fronteiras do seu universo mágico estabelecendo os pilares para uma nova série de filmes resultando num sucesso digno da obra original.
 
 

*2: Obscurial: Sabemos que um Obscurus é uma força mágica das trevas parasitária, desenvolvida por um bruxo(a) quando ele(a) tem sua magia suprimida, de forma física ou psicológica. Essa pessoa, então, se torna uma Obscurial. Um Obscurus é desenvolvido em condições muito específicas: trauma associado com o uso de magia, ódio internalizado da própria magia e uma tentativa consciente de suprimi-la. Quando uma criança mágica é forçada a reprimir seu talento através de abuso físico ou psicológico, eles desenvolvem uma força mágica parasitária dentro deles chamado Obscurus, resultante de suas fortes emoções de angústia. Um Obscurial pode perder o controle quando eles atingem seu ponto de ruptura emocional e mental, liberando seu Obscurus como um vento destrutivo invisível (ou quase invisível). Em casos extremos, eles podem se transformar fisicamente em um Obscurus.

Os Dursleys tinham muito medo da magia para reconhecer sua existência a Harry. Os dois, tanto Walter quanto Petúnia tinham uma esperança confusa de que se eles tratassem Harry de modo o mais desagradável possível, isso seria o suficiente para que Harry, e suas estranhas habilidades, de alguma forma evaporariam, mas sem perceber eles nunca o ensinaram a ter vergonha ou medo da magia, apenas a ignoravam. Mesmo quando Harry foi repreendido por 'fazer coisas acontecerem', não houve nenhuma tentativa de suprimir sua verdadeira natureza, apenas usaram o recurso de se esconderem e negarem o fato. 





*3: Castelobruxo: Segundo informações oficiais liberadas pela própria autora, Castelobruxo é uma escola tão antiga quanto a própria Hogwarts, localizada na Amazônia e atende a alunos de toda a América Latina. Possui uma peculiar aparência que, em muito, lembra templos antigos dos povos Maias com suas paredes douradas, forma quadrada e feita de pedras. Levando em consideração que a escola localizada na Escócia foi fundada por volta do século X, é bem provável que Castelobruxo tenha sido fundada pelos povos indígenas, já que a colonização portuguesa só veio a acontecer depois do século XVI.

Castelobruxo é protegida por um feitiço que, similar ao utilizado em Hogwarts, faz com que trouxas indesejados a enxerguem como ruínas se, por um acaso, a encontrem em meio a uma caminhada, sendo seus terrenos repletos de Caiporas (criaturas mágicas pequenas, vermelhas e peludas, conhecidas por serem muito travessas). Elas estão incumbidas da proteção de Castelobruxo e, durante a noite, emergem das florestas para vigiar os alunos e as criaturas que vivem nas proximidades da escola.

Castelobruxo é conhecida mundialmente por formar bruxos especializados no estudo de Herbologia e Magizoologia, oferecendo programa de intercâmbio a alunos das escolas europeias que desejam se aprofundar nos conhecimentos dessas matérias. Nos livros de Harry Potter, é mencionado que Gui Weasley mantinha contato por cartas com uma aluna brasileira de Castelobruxo, e tinha muito interesse no programa de intercâmbio da escola. No entanto, por questões financeiras da família, ele não conseguiu concretizar esse objetivo.

 



*4: Shangri-La é um paradisíaco reino fictício localizado no Himalaia, sua menção para o grande público surgiu no filme Horizonte Perdido (1937) de Frank Capra, com Ronald Colman e Jane Wyatt, filem baseado no livro homônimo de James Hilton, tendo sido refilmado em 1973 por Charles Jarrott com Peter Finch e Liv Ulman.

 

*5: Gridelwald tinha um plano de poder de fato, articulado em idéias, enquanto que Voldemort era uma personalidade mais narcísica, egoísta e produto de traumas pessoais…

 

 

 

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