terça-feira, 12 de outubro de 2021

Brincadeira e curtição! - Crítica - Filmes: Uma Aventura Lego 2 (2019)

 

 

Os tijolinhos mágicos da vida

por Ronald Lima

 (Originalmente postado em 08/ 02/ 2019)

Continuação segue com o espírito do brinquedo tão amado

Cinco anos após restabelecer a ordem em Uma Aventura Lego (2014, de Phil Lord e Christopher Miller), a feliz e pacata cidade imaginária de Bricksburg é invadida por alienígenas - não desses malvados e cruéis e sim brinquedos fofinhos em forma de estrelinhas e coraçõezinhos.
 

Emmet, Lucy (Megaestilo Guerreira), Benny e a Unigata (que se transforma na Ultragata)



 Alguns parecendo bonequinhos de lego bem simples, desses que crianças pequenas criam facilmente. Porém os primeiros contatos feitos por Emmet - o herói do primeiro filme com a mesma voz de Chris Pratt no original - dão errado e aí sim Bricksburg é de fato atacada pelas estranhas criaturinhas, de modo tão avassalador que mal dá tempo de Emmet dar conta, mesmo com seu poder de Mestre Construtor, apresentado no filme original. 
 

"Mas....?! Quem é você?"

 
Dirigido por Mike Mitchell, Uma Aventura Lego 2 (2019) mostra o que acontece em Brickburg quando a Rainha Watevra (Tiffany Haddish), uma nova personagem com o poder de mudar de forma, vem do espaço e sequestra todos os amigos de Emmet. O Roteiro de Christopher Miller e Phil Lord - diretores do primeiro longa da franquia - ainda é focado em Emmet. A base do brinquedo Lego é formada por bloquinhos de construir. Sendo assim, os primeiros bonequinhos daquele mundo são operários da engenharia civil e Emmet, como Mestre Cosntrutor, continua a representar o cidadão comum. Ele continua gentil, bem-humorado e muito alegre. Para Emmet tudo no mundo, até mesmo as coisas negativas, são "incríveis". Esse sentimento é representado pela música  "Everything Is Awesome !!!", sua canção favorita.

"Bom dia! Tudo bem com vocês? E aí? Lindo dia não?" o bom e velho Emmet
 
 
O roteiro desconstrói o primeiro filme de modo inventivo, inclusive com o fato de Emmet ainda ter visões proféticas. O longa-metragem é diversão garantida para todas as idades, embora os extensos e variados diálogos - repletos de referências da cultura pop em cada personagem apresentadas em ritmo acelerado - muitas vezes quebram o entendimento do que acontece e pode deixar o espectador confuso. Um conhecimento prévio do filme anterior seria bom para compreender bem o papel dos personagens na história, mas não é imprescindível. O que ocorreu no filme anterior é comentado - é preciso estar atento para pescar essas citações. 



"Happy! Happy! Joy! Joy!"

 
Emmet e seus amigos - Lucy (voz de Elizabeth Banks) e Batman (Will Arnett, roubando a cena de novo) e Rex Perigoso (também Chris Pratt) - precisam se aventurar pelo espaço novamente para deter uma ameaça iminente: os Legos Duplos. Para quem não conhece o brinquedo, os temidos Legos Duplos são aquelas peças maiores de Lego feitos para crianças pequenas que facilitam a montagem e são mais seguras. Aqui trazem formatos mais arredondados e criações coloridas convencionais.

Há muita exploração de formas abstratas na apresentação das peças Lego, o que, apesar de trazer um conceito interessante sobre como a imaginação infantil funciona, torna a experiência visual bastante irregular. Contrastando, temos Batman, com seu humor paródico - tão marcante que já lhe deu seu próprio spin off da franquia: Lego Batman: O Filme (2017, de Chris McKey) - e Rex Perigoso. 

Ambos tem arcos narrativos que salvam o longa com reviravoltas inesperadas em seu terceiro ato, injetando energia ao filme e dinamizando seu ritmo. Destaque para as diversas piadas envolvendo Rex e os raptores numa referência nem um pouco sutil aos filmes de Jurassic World, estrelados por Pratt.
 

"Não! Não! Não! Nada de Oooooh...!"


Mas, em meio a toda essa aparente brincadeira e ingenuidade na realidade imaginária de Brickburg, vários questionamentos são colocados e esta é a grande saída do roteiro, abordando questões envolvendo a maturidade, romance e o crescimento dos personagens diante das decisões mais difíceis. Isto dialoga com os personagens do mundo real, que agora tem uma importância ainda maior aqui, sendo encaixados na narrativa de modo bastante orgânico. O filme também explora o valor da família, da educação e da amizade, além dos efeitos do desapontamento e da ambição (o que não é pouco...). Neste quesito, Uma Aventura Lego 2 é ainda melhor que o original, nos dando uma nova visão de como o do universo Lego é variado ao abordar gêneros que não pensávamos. 
Como foi dito acima, o filme é salpicado de referências e aqui as de mais força que estão presente nesse roteiro são: 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968, de Stanley Kubrick), Toy Story (1995, de John Lasseter) e Matrix (1999, de Lana e Lilly Wachowski). E podemos destacar em seu início um mundo pós-apocalíptico inspirado em Mad Max: Estrada da Fúria (2015, de George Miller). 

A Lego possui franchising para criar brinquedos de tudo e mais um pouco que existe nos quadrinhos, cinema e música e sabe-se lá o que mais. E isso se reflete no filme. Tudo o que aparece a cada segundo do filme exige do espectador um vasto e ágil background de cultura pop para reconhecer cada referência que surge.
 

Até velociraptors dialogam e questionam em Lego 2

 
O longa tenta equilibrar, de forma desigual, um entretenimento esperto e divertido com mensagens e questionamentos universais, como: “o que você faria para ter a quem ama sempre perto de você?” Ou “o que é necessário para crescer?” Você se desfazer ou manter coisas e sentimentos? Construir ou destruir?Afinal Lego não passa de bloquinhos de construção de brinquedo, não é mesmo?
 
"Ter uma casinha branca de varanda.... Um quintal e uma janela para ver o Sol nascer"
 
 
São várias questões embaladas num colorido pacote. Falar mais do que isso é chover no molhado. Embora seja bastante apressado e atropelado na sucessão de seus eventos, Uma Aventura Lego 2, entre altos e baixos, nos brinda com uma sequência de créditos finais que é genial, arrumando bem o desenlace da história.
 

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