Brincando entre conceitos
por Alexandre César
Série se permite caminhar entre formatos de narrativa Em 1977 surgia nos quadrinhos What If...?, série antológica da Marvel Comics que se permitia contar histórias diferentes das tramas canônicas*1 da cronologia normal da editora, na sua maioria com desfechos mais trágicos e darks, permitindo aos autores, sair do terreno seguro e das soluções
fáceis para exercer seus talentos criativos. Este conceito, não é uma exclusividade
da MARVEL, pois a DC Comics além de já ter há mais tempo o seu próprio multiverso, já explorava situações inusitadas para seus títulos (principalmente em sua série Elseworlds, com personagens canônicos apresentados em contextos diversos do oficial.
A série
animada traz o extraterrestre Uatu (Voz de Jeffrey Wright) o Vigia finalmente para o UCM. Ele, como nos quadrinhos, é o narrador das
histórias o Guardião da Tumba nas Histórias
da Cripta do Terror, podendo ser chamado de "o Rod Serling*2 da Marvel". O Vigia observa eventos históricos se
desenrolarem ao longo de diferentes caminhos no Multiverso.
Algo que nas histórias em quadrinhos do título,
costumava se dar ao luxo de não poupar seus protagonistas de finais
às vezes trágicos, às vezes inusitados, premissa que a versão cartoon segue...
What If...?, ao ser adaptada para o formato de série animada, a primeira oficial da Marvel Studios/Disney, (sendo veiculada no Disney+) procurou sedimentar no público casual, consumidor dos filmes mas não leitor dos quadrinhos, o conceito já estabelecido no seriado Loki, mas que ainda precisava de exemplos, servindo o Primeiro episódio "O Que Aconteceria Se... a Capitã Carter Fosse a Primeira Vingadora?" como um tutorial da série, ao substituir Peggy Carter (voz de Hayley Atwell) no lugar de Steve Rogers (voz de Josh Keaton) no experimento do Doutor Abraham Erskine (voz de Stanley Tucci). Muitos criticaram o episódio por seguir demais a linha central de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) de Joe Johnston, e não se focando no impacto que uma super-heroína teria no panorama cultural da época, e no machismo vigente. Seria é claro um episódio melhor, mas talvez fosse muita informação para o espectador casual digerir de uma vez e desviasse o foco da sua atenção para entender o conceito de narrativa variante.
No segundo episódio "O Que Aconteceria Se... T´challa Fosse o Senhor das Estrelas?" a equipe pisou mais no acelerador da ousadia, deixando mais claro as possibilidades do conceito, mostrando o impacto no universo se T´Challa (voz de Chadwick Bozeman, se despedindo do personagem, e da vida), o Príncipe de Wakanda fosse adotado por Yondu (voz de Michael Hooker) e com sua cultura e atitude, dar um novo rumo para os Saqueadores e muitos outros personagens, sendo um dos episódios que mais desviou da linha canônica dos filmes, dando outros desenvolvimentos a personagens da série Guardiões da Galáxia (2014 e 2017) de James Gunn. Eu confesso, que nunca imaginaria T´Challa trocando de lugar com o Zé-Ruela do Peter Quill... e que coisa legal ficou!
O terceiro episódio "O Que Aconteceria Se... O Mundo Perdesse Seus Heróis mais Poderosos" aposta mais na trama de mistério policial, no estilo do jogo Detetive, onde Nick Fury (voz de Samuel L.Jackson) investigando uma série de mortes dos candidatos a formar os Vingadores. Revisitando eventos de Homem de Ferro 2 (2010) de Jon Favreau, O Incrível Hulk (2008) de Louis Leterrier, e Thor (2011) de Kenneth Branagh, vemos Thor, Hulk, Clint Barton, o Gavião Arqueiro e Tony Stark sendo misteriosamente assassinados, e Natasha Romanoff, a Viúva Negra (voz de Lake Bell) é incriminada injustamente; e, para piorar, Fury e Phillip Coulson (voz de Clark Greg) tem de lidar com o surgimento de Loki (voz de Tom Hidlleston) que quer satisfações sobre o assassinato do irmão. A descoberta do responsável mostra a clássica situação de inverter papéis de Herói em Vilão (e vice-versa) de forma funcional, sendo um episódio mediano.
Já no quarto episódio "O Que Aconteceria Se... o Doutor Estranho Perdesse seu Coração em Vez de suas Mãos?" aposta com louvores no lado mais dark da série nos quadrinhos que não poupava seus personagens, e aqui vemos Stephen Strange (voz de Benedict Cumberbatch) seguindo os eventos mostrados em Doutor Estranho (2016) de Scott Derrickson só que com o agravante de no acidente de carro que redefiniu a sua vida e o levou à Kamar-Taj, ele não perdeu o uso das mãos mas sim, a vida de Christine Palmer (voz de Rachel McAdams) o que o leva tempos depois a obsessivamente tentar mudar a linha temporal dos eventos que causaram a sua morte, com consequências funestas, sendo o episódio mais Além da Imaginação / Galeria doTerror da série, revelando-se uma fábula sobre perda, apego e a necessidade de seguir adiante, que Rod Serling aprovaria com louvores. É o melhor episódio na minha opinião.
Já o quinto episódio "O Que Anteceria Se...Zumbis?" adapta de forma desigual a idéia central da mini-série Zumbis Marvel, de Robert Kirkman (The Walking Dead) e Sean Phillips e a funde com o início da trama de Vingadores: Guerra Infinita (2018) de Anthony e Joe Russo, onde um Bruce Banner (voz de Mark Rufallo) cai num Sanctum Sanctorun de Nova York vazio, e sai procurando avisar a todos da ameaça de Thanos, mas encontra a Terra tomada por uma infestação zumbi que tornou a maioria dos heróis em mortos-vivos, famintos por carne humana. Contando com a ajuda de um reduzido número de aliados, entre ele o Homem- Aranha (voz de Hudson Thames) que tem um vlog explicando as regras de sobrevivência a a um Apocalipse Zumbi. As duas vertentes do episódio são boas: Uma no melhor estilo Zumbilândia (2009) de Ruben Fleischer com um humor rasgado, e a outra, mais dramática, dark remetendo a Madrugada dos Mortos (2004) de Zack Snyder. O problema é que as duas metades não se encaixam de forma equilibrada, além de a ameaça de Thanos ficar esquecida, mas não deixando de existir...
No sexto episódio "O Que Aconteceria Se... Kilmonger tivesse resagatado Tony Stark?" revisitamos os eventos de Homem de Ferro (2008) de Jon Favreau e de Pantera Negra (2018) de Ryan Coogler, só que o ardiloso Erik Kilmonger (voz de Michael B. Jordan) evita que Tony Stark (voz de Mick Wingert) sofra o acidente que lhe deixou com estilhaços no peito e, seja capturado pela organização Os Dez Anéis, não vindo à se tornar, o Homem de Ferro, abrindo caminho para ele estender a sua influência na Stark Internacional e (mostrando ser um dos grandes estrategistas do Universo Marvel) tomar o trono de Wakanda. O episódio é bom mas se ressente do fato de Kilmonger ser o tipo de personagem que se você dá muito espaço, começam a ficar evidente que suas motivações tem lá as suas razões, pois ele deixa evidente as culpas norte americanas no campo interno e externo.
Já o sétimo episódio "O Que Aconteceria Se... Thor Fosse Filho Único" é uma comédia adolescente rasgada nos moldes de Curtindo a Vida Adoidado (1986) de John Hughes ou de algum personagem de High Scholl Musical (2006) de Kenny Hortega, que diverte pelo tom zoado, mas deve irritar o fã mais ortodoxo dos quadrinhos, pois temos um contexto em que Odin entregou Loki à seu pai Laufey, rei dos Gigantes da Tempestade, e conseguiu uma paz mais vantajosa, e assim, Thor foi criado como filho único (mostrando como a presença de Loki é um elemento que provoca mudanças à sua volta, seja por ação ou por ausência...) tornando ambos os regentes, meninões mimados, e como o Deus do Trovão não provocou a guerra com os gigantes, Odin não colocou o encantamento no Mjolnir de que "apenas quem fosse digno poderia erguê-lo"...e por não ter de enfrentar essa lição para aprender a ser humilde, ele
como tantos herdeiros, sai pela vida seguindo suas vontades, mas sem
noção das consequências de seus atos para todos à sua volta, cabendo à Capitã Marvel (voz de Alexandra Daniels) o papel de "estraga festas" ao trocar socos de alcance continental com o asgardiano. Episódio divertido (porque não?) que termina com o gancho para a conclusão, deixando claro que nesta antologia, os episódios não eram realmente desconectados entre si.
No oitavo episódio "O Que Aconteceria Se... Ultron Tivesse Vencido?" retoma os eventos de Vingadores: Era de Ultron (2014) de Joss Whedon, tendo como variante a vitória do robô assassino Ultron (voz de Ross Marquand) sobre os Vingadores, fazendo o download de sua consciência para o corpo de vibranium , tomando o lugar do Visão, e nos presenteando com a quarta morte de Tony Stark (um fetiche da série) devastando a Terra, deixando como únicos sobreviventes Natasha Romanoff e Clint Barton (voz de Jeremy Renner) que procuram entre as ruínas uma arma adequada para revidar. Paralelo a isso Ultron mata Thanos, e toma para si as Jóias do Infinito, atingindo o seu objetivo de destruir toda a vida no universo, mas em meio ao silêncio chega a um novo patamar de consciência, vislumbrando o multiverso... e o Vigia, com quem tem um combate feroz. O Vigia se refugia num universo à parte e forja uma aliança com Stephen Strange (agora o Doutor Estranho Superior) e juntos forjam um plano de retaliação.
A sequência se dá no nono episódio " O Que Aconteceria Se...O Vigia Quebrasse Seu Juramento", que mostra o Vigia reunindo o grupo, composto de Capitã Carter, T´Challa Senhor das Estrelas, Kilmonger, Thor festeiro e Gamora (voz de Cinthia McWilliams), cujo episódio-solo não foi mostrado*3, e liderados pelo Doutor Estranho Superior, o grupo (com um perfil bem RPG, pois tem um mago, um ladrão, um guerreiro, um paladino, etc...) enfrentam o robô genocida. A ação pula por vários mundos, usando inclusive as hordas de zumbis do quinto episódio e terminando o combate na Terra devastada do oitavo episódio, contando com a adesão de Natasha Romanoff que lhe crava uma flecha que lhe hackeia com a consciência de Arnim Zola (voz de Toby Jones) que disputa o controle das Jóias do Infinito com Kilmonger sendo confinados numa micro-dimensão, que Strange se propõe a vigiar por toda a eternidade. Terminando o conflito, todos os integrantes são encaminhados de volta a seus universos de origem, ou a algum que os acolha adequadamente.

Concluindo a sua primeira temporada, What If...? pode ser desigual, por ser basicamente escrita por apenas dois roteiristas (A.C. Bradley e Matthew Chauncey), e dirigida por só um cineasta (Bryan Andrews), o que acaba limitando série a uma só visão sobre o Universo Cinematográfico Marvel, além de simplificar conceitos em função de só trabalhar no que foi estabelecido até agora pelos filmes, como O próprio Vigia, aqui mais com as características do personagem Eternidade*4 do que da raça dos Vigias*5 propriamente dita. Mas apesar desses percalços, a série é suficientemente divertida para cativar o grande público
como um espetáculo visualmente belo Com um ótimo trabalho do designer de produção PaulLasaine e uma ótima animação com tons são intensos e paradoxalmente
suaves, com uma bela palheta de cores, o uso da técnica de
animação chamada Cell Shading, onde a modelagem 3D simula uma arte 2D dando um retrato bem fiel dos atores nos personagens, criando um quadro dinâmico, de movimento fluido.
Esperemos agora que para a próxima temporada possa-se ampliar a equipe de roteiristas e diretores, se forma a dar uma maior variedade de visões Sobre o UCM (coisa que Star Wars Visions ousou com muito maior energia ao inclusive deixar muito do que era considerado canônico de lado). apontando para grandes
desdobramentos, que só dependerão agora, da ousadia de seus autores.
Notas:
*1: Aqui no
Brasil as editoras Abril e RGE publicavam
constantemente esses quadrinhos em suas revistas da linha Marvel (durante um tempo o legado da Casa das Ideias esteve dividido,sendo que a Abril publicava a série traduzida como "O que aconteceria se... ?", e a RGE como "E se...?") até a Abril assumir tudo em 1983.
*2: Rod Serling (1924 - 1975) - Produtor e roteirista norte americano e criador da famosa série Além da Imaginação (The Twiligth Zone)
entre 1959 e 1964; série televisiva revolucionária em formato de
antologia (histórias independentes entre si) abordando temas de science-fiction, terror, fantasia e suspense, foi o motor para muitas produções sobre esses temas na cultura POP dos anos 60 até os dias atuais. Mais tarde, criaria Galeria do Terror (Night Gallery) entre 1970-1973, outra antologia, mais voltada à histórias de horror. *3: O episódio que mostra Gamora como sobrevivente de Sakaar, e como junto com Tony Stark venceu Thanos, e forjando a Manopla do Infinito numa armadura, não ficou pronto no prazo, sendo reescalado para a temporada seguinte. *4: A Eternidade é uma entidade abstrata, praticamente onipotente,
representando o tempo e a realidade no universo. A entidade é parte de
um pequeno panteão cósmico que representa as três forças fundamentais do
universo, sendo a equidade (representada por Galactus, o Devorador de Mundos), a necessidade (Eternidade, que representa todo o tempo) e a vingança (a Morte, o esquecimento).
Eternidade normalmente só se manifesta quando há uma ameaça iminente para o universo. Seus poderes são a Onipotência. Habilidade ilimitada de manipular o tempo, espaço,
matéria, energia, magia ou realidade para qualquer finalidade;
Encarnação imortal do universo; Capaz de se manifestar fisicamente como qualquer força viva dentro da dimensão da Terra. Fonte: Wiki Marvel: https://marvel.fandom.com/pt-br/wiki/Eternidade_(Terra-616)
*5: O Vigia pertence a uma raça extraterrestre tecnologicamente avançada que à bilhões de anos atrás decidiu que era seu dever ajudar as raças menos avançadas do universo. Em sua primeira experiência, proposta por Ikor, uma delegação de quatro Vigias trouxe conhecimento de energia atômica para o planeta Prosilicus.
Os Prosilicanos aceitaram o presente, mas o usaram para desenvolver
armas nucleares e participaram numa guerra auto-genocida. Envergonhados
de suas ações, os Vigias juraram nunca mais interferir nos assuntos de outras raças.Ikor, criou um código de ética baseado em estrita não-interferência e
observação passiva que era tão estrito que, se outro ser morresse aos
pés de um Vigia, este não ofereceria ajuda. Com seu novo código
estabelecido, os Vigias evacuaram seu mundo de origem e se realocaram
por todas as galáxias, cada Vigia escolhendo um sistema estelar onde
pudessem observar e gravar mentalmente a vida de outras raças com o
objetivo de, eventualmente, compartilhá-la com seus companheiros Vigias. O filho de Ikor, Uatu, escolheu o sistema estelar da Terra como seu novo
lar e se estabeleceu na "Área Azul" da lua da terra, uma instalação
abandonada construído pelo alienígenas Kree, de onde ele observou a Terra por bilhões de anos. Mas, ao longo dos séculos, Uatu ficou tão apaixonado pelas formas de vida
que observava que ele ocasionalmente violava seu voto de não
interferência quando a existência da Terra era ameaçada.
Fonte: Wiki Marvel: Vigia: https://marvel.fandom.com/pt-br/wiki/Uatu_(Terra-616)
Em 1977 surgia nos quadrinhos What If...?, série antológica da Marvel Comics que se permitia contar histórias diferentes das tramas canônicas*1 da cronologia normal da editora, na sua maioria com desfechos mais trágicos e darks, permitindo aos autores, sair do terreno seguro e das soluções fáceis para exercer seus talentos criativos. Este conceito, não é uma exclusividade da MARVEL, pois a DC Comics além de já ter há mais tempo o seu próprio multiverso, já explorava situações inusitadas para seus títulos (principalmente em sua série Elseworlds, com personagens canônicos apresentados em contextos diversos do oficial.
A série
animada traz o extraterrestre Uatu (Voz de Jeffrey Wright) o Vigia finalmente para o UCM. Ele, como nos quadrinhos, é o narrador das
histórias o Guardião da Tumba nas Histórias
da Cripta do Terror, podendo ser chamado de "o Rod Serling*2 da Marvel". O Vigia observa eventos históricos se
desenrolarem ao longo de diferentes caminhos no Multiverso.
Algo que nas histórias em quadrinhos do título, costumava se dar ao luxo de não poupar seus protagonistas de finais às vezes trágicos, às vezes inusitados, premissa que a versão cartoon segue...
What If...?, ao ser adaptada para o formato de série animada, a primeira oficial da Marvel Studios/Disney, (sendo veiculada no Disney+) procurou sedimentar no público casual, consumidor dos filmes mas não leitor dos quadrinhos, o conceito já estabelecido no seriado Loki, mas que ainda precisava de exemplos, servindo o Primeiro episódio "O Que Aconteceria Se... a Capitã Carter Fosse a Primeira Vingadora?" como um tutorial da série, ao substituir Peggy Carter (voz de Hayley Atwell) no lugar de Steve Rogers (voz de Josh Keaton) no experimento do Doutor Abraham Erskine (voz de Stanley Tucci). Muitos criticaram o episódio por seguir demais a linha central de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) de Joe Johnston, e não se focando no impacto que uma super-heroína teria no panorama cultural da época, e no machismo vigente. Seria é claro um episódio melhor, mas talvez fosse muita informação para o espectador casual digerir de uma vez e desviasse o foco da sua atenção para entender o conceito de narrativa variante.
No segundo episódio "O Que Aconteceria Se... T´challa Fosse o Senhor das Estrelas?" a equipe pisou mais no acelerador da ousadia, deixando mais claro as possibilidades do conceito, mostrando o impacto no universo se T´Challa (voz de Chadwick Bozeman, se despedindo do personagem, e da vida), o Príncipe de Wakanda fosse adotado por Yondu (voz de Michael Hooker) e com sua cultura e atitude, dar um novo rumo para os Saqueadores e muitos outros personagens, sendo um dos episódios que mais desviou da linha canônica dos filmes, dando outros desenvolvimentos a personagens da série Guardiões da Galáxia (2014 e 2017) de James Gunn. Eu confesso, que nunca imaginaria T´Challa trocando de lugar com o Zé-Ruela do Peter Quill... e que coisa legal ficou!
O terceiro episódio "O Que Aconteceria Se... O Mundo Perdesse Seus Heróis mais Poderosos" aposta mais na trama de mistério policial, no estilo do jogo Detetive, onde Nick Fury (voz de Samuel L.Jackson) investigando uma série de mortes dos candidatos a formar os Vingadores. Revisitando eventos de Homem de Ferro 2 (2010) de Jon Favreau, O Incrível Hulk (2008) de Louis Leterrier, e Thor (2011) de Kenneth Branagh, vemos Thor, Hulk, Clint Barton, o Gavião Arqueiro e Tony Stark sendo misteriosamente assassinados, e Natasha Romanoff, a Viúva Negra (voz de Lake Bell) é incriminada injustamente; e, para piorar, Fury e Phillip Coulson (voz de Clark Greg) tem de lidar com o surgimento de Loki (voz de Tom Hidlleston) que quer satisfações sobre o assassinato do irmão. A descoberta do responsável mostra a clássica situação de inverter papéis de Herói em Vilão (e vice-versa) de forma funcional, sendo um episódio mediano.
Já no quarto episódio "O Que Aconteceria Se... o Doutor Estranho Perdesse seu Coração em Vez de suas Mãos?" aposta com louvores no lado mais dark da série nos quadrinhos que não poupava seus personagens, e aqui vemos Stephen Strange (voz de Benedict Cumberbatch) seguindo os eventos mostrados em Doutor Estranho (2016) de Scott Derrickson só que com o agravante de no acidente de carro que redefiniu a sua vida e o levou à Kamar-Taj, ele não perdeu o uso das mãos mas sim, a vida de Christine Palmer (voz de Rachel McAdams) o que o leva tempos depois a obsessivamente tentar mudar a linha temporal dos eventos que causaram a sua morte, com consequências funestas, sendo o episódio mais Além da Imaginação / Galeria doTerror da série, revelando-se uma fábula sobre perda, apego e a necessidade de seguir adiante, que Rod Serling aprovaria com louvores. É o melhor episódio na minha opinião.
Já o quinto episódio "O Que Anteceria Se...Zumbis?" adapta de forma desigual a idéia central da mini-série Zumbis Marvel, de Robert Kirkman (The Walking Dead) e Sean Phillips e a funde com o início da trama de Vingadores: Guerra Infinita (2018) de Anthony e Joe Russo, onde um Bruce Banner (voz de Mark Rufallo) cai num Sanctum Sanctorun de Nova York vazio, e sai procurando avisar a todos da ameaça de Thanos, mas encontra a Terra tomada por uma infestação zumbi que tornou a maioria dos heróis em mortos-vivos, famintos por carne humana. Contando com a ajuda de um reduzido número de aliados, entre ele o Homem- Aranha (voz de Hudson Thames) que tem um vlog explicando as regras de sobrevivência a a um Apocalipse Zumbi. As duas vertentes do episódio são boas: Uma no melhor estilo Zumbilândia (2009) de Ruben Fleischer com um humor rasgado, e a outra, mais dramática, dark remetendo a Madrugada dos Mortos (2004) de Zack Snyder. O problema é que as duas metades não se encaixam de forma equilibrada, além de a ameaça de Thanos ficar esquecida, mas não deixando de existir...
No sexto episódio "O Que Aconteceria Se... Kilmonger tivesse resagatado Tony Stark?" revisitamos os eventos de Homem de Ferro (2008) de Jon Favreau e de Pantera Negra (2018) de Ryan Coogler, só que o ardiloso Erik Kilmonger (voz de Michael B. Jordan) evita que Tony Stark (voz de Mick Wingert) sofra o acidente que lhe deixou com estilhaços no peito e, seja capturado pela organização Os Dez Anéis, não vindo à se tornar, o Homem de Ferro, abrindo caminho para ele estender a sua influência na Stark Internacional e (mostrando ser um dos grandes estrategistas do Universo Marvel) tomar o trono de Wakanda. O episódio é bom mas se ressente do fato de Kilmonger ser o tipo de personagem que se você dá muito espaço, começam a ficar evidente que suas motivações tem lá as suas razões, pois ele deixa evidente as culpas norte americanas no campo interno e externo.
Já o sétimo episódio "O Que Aconteceria Se... Thor Fosse Filho Único" é uma comédia adolescente rasgada nos moldes de Curtindo a Vida Adoidado (1986) de John Hughes ou de algum personagem de High Scholl Musical (2006) de Kenny Hortega, que diverte pelo tom zoado, mas deve irritar o fã mais ortodoxo dos quadrinhos, pois temos um contexto em que Odin entregou Loki à seu pai Laufey, rei dos Gigantes da Tempestade, e conseguiu uma paz mais vantajosa, e assim, Thor foi criado como filho único (mostrando como a presença de Loki é um elemento que provoca mudanças à sua volta, seja por ação ou por ausência...) tornando ambos os regentes, meninões mimados, e como o Deus do Trovão não provocou a guerra com os gigantes, Odin não colocou o encantamento no Mjolnir de que "apenas quem fosse digno poderia erguê-lo"...e por não ter de enfrentar essa lição para aprender a ser humilde, ele como tantos herdeiros, sai pela vida seguindo suas vontades, mas sem noção das consequências de seus atos para todos à sua volta, cabendo à Capitã Marvel (voz de Alexandra Daniels) o papel de "estraga festas" ao trocar socos de alcance continental com o asgardiano. Episódio divertido (porque não?) que termina com o gancho para a conclusão, deixando claro que nesta antologia, os episódios não eram realmente desconectados entre si.
No oitavo episódio "O Que Aconteceria Se... Ultron Tivesse Vencido?" retoma os eventos de Vingadores: Era de Ultron (2014) de Joss Whedon, tendo como variante a vitória do robô assassino Ultron (voz de Ross Marquand) sobre os Vingadores, fazendo o download de sua consciência para o corpo de vibranium , tomando o lugar do Visão, e nos presenteando com a quarta morte de Tony Stark (um fetiche da série) devastando a Terra, deixando como únicos sobreviventes Natasha Romanoff e Clint Barton (voz de Jeremy Renner) que procuram entre as ruínas uma arma adequada para revidar. Paralelo a isso Ultron mata Thanos, e toma para si as Jóias do Infinito, atingindo o seu objetivo de destruir toda a vida no universo, mas em meio ao silêncio chega a um novo patamar de consciência, vislumbrando o multiverso... e o Vigia, com quem tem um combate feroz. O Vigia se refugia num universo à parte e forja uma aliança com Stephen Strange (agora o Doutor Estranho Superior) e juntos forjam um plano de retaliação.
A sequência se dá no nono episódio " O Que Aconteceria Se...O Vigia Quebrasse Seu Juramento", que mostra o Vigia reunindo o grupo, composto de Capitã Carter, T´Challa Senhor das Estrelas, Kilmonger, Thor festeiro e Gamora (voz de Cinthia McWilliams), cujo episódio-solo não foi mostrado*3, e liderados pelo Doutor Estranho Superior, o grupo (com um perfil bem RPG, pois tem um mago, um ladrão, um guerreiro, um paladino, etc...) enfrentam o robô genocida. A ação pula por vários mundos, usando inclusive as hordas de zumbis do quinto episódio e terminando o combate na Terra devastada do oitavo episódio, contando com a adesão de Natasha Romanoff que lhe crava uma flecha que lhe hackeia com a consciência de Arnim Zola (voz de Toby Jones) que disputa o controle das Jóias do Infinito com Kilmonger sendo confinados numa micro-dimensão, que Strange se propõe a vigiar por toda a eternidade. Terminando o conflito, todos os integrantes são encaminhados de volta a seus universos de origem, ou a algum que os acolha adequadamente.
Concluindo a sua primeira temporada, What If...? pode ser desigual, por ser basicamente escrita por apenas dois roteiristas (A.C. Bradley e Matthew Chauncey), e dirigida por só um cineasta (Bryan Andrews), o que acaba limitando série a uma só visão sobre o Universo Cinematográfico Marvel, além de simplificar conceitos em função de só trabalhar no que foi estabelecido até agora pelos filmes, como O próprio Vigia, aqui mais com as características do personagem Eternidade*4 do que da raça dos Vigias*5 propriamente dita. Mas apesar desses percalços, a série é suficientemente divertida para cativar o grande público como um espetáculo visualmente belo Com um ótimo trabalho do designer de produção PaulLasaine e uma ótima animação com tons são intensos e paradoxalmente suaves, com uma bela palheta de cores, o uso da técnica de animação chamada Cell Shading, onde a modelagem 3D simula uma arte 2D dando um retrato bem fiel dos atores nos personagens, criando um quadro dinâmico, de movimento fluido.
Esperemos agora que para a próxima temporada possa-se ampliar a equipe de roteiristas e diretores, se forma a dar uma maior variedade de visões Sobre o UCM (coisa que Star Wars Visions ousou com muito maior energia ao inclusive deixar muito do que era considerado canônico de lado). apontando para grandes desdobramentos, que só dependerão agora, da ousadia de seus autores.
Notas:
*1: Aqui no
Brasil as editoras Abril e RGE publicavam
constantemente esses quadrinhos em suas revistas da linha Marvel (durante um tempo o legado da Casa das Ideias esteve dividido,sendo que a Abril publicava a série traduzida como "O que aconteceria se... ?", e a RGE como "E se...?") até a Abril assumir tudo em 1983.
*2: Rod Serling (1924 - 1975) - Produtor e roteirista norte americano e criador da famosa série Além da Imaginação (The Twiligth Zone)
entre 1959 e 1964; série televisiva revolucionária em formato de
antologia (histórias independentes entre si) abordando temas de science-fiction, terror, fantasia e suspense, foi o motor para muitas produções sobre esses temas na cultura POP dos anos 60 até os dias atuais. Mais tarde, criaria Galeria do Terror (Night Gallery) entre 1970-1973, outra antologia, mais voltada à histórias de horror. *3: O episódio que mostra Gamora como sobrevivente de Sakaar, e como junto com Tony Stark venceu Thanos, e forjando a Manopla do Infinito numa armadura, não ficou pronto no prazo, sendo reescalado para a temporada seguinte. *4: A Eternidade é uma entidade abstrata, praticamente onipotente,
representando o tempo e a realidade no universo. A entidade é parte de
um pequeno panteão cósmico que representa as três forças fundamentais do
universo, sendo a equidade (representada por Galactus, o Devorador de Mundos), a necessidade (Eternidade, que representa todo o tempo) e a vingança (a Morte, o esquecimento).
Eternidade normalmente só se manifesta quando há uma ameaça iminente para o universo. Seus poderes são a Onipotência. Habilidade ilimitada de manipular o tempo, espaço,
matéria, energia, magia ou realidade para qualquer finalidade;
Encarnação imortal do universo; Capaz de se manifestar fisicamente como qualquer força viva dentro da dimensão da Terra. Fonte: Wiki Marvel: https://marvel.fandom.com/pt-br/wiki/Eternidade_(Terra-616)
*5: O Vigia pertence a uma raça extraterrestre tecnologicamente avançada que à bilhões de anos atrás decidiu que era seu dever ajudar as raças menos avançadas do universo. Em sua primeira experiência, proposta por Ikor, uma delegação de quatro Vigias trouxe conhecimento de energia atômica para o planeta Prosilicus.
Os Prosilicanos aceitaram o presente, mas o usaram para desenvolver
armas nucleares e participaram numa guerra auto-genocida. Envergonhados
de suas ações, os Vigias juraram nunca mais interferir nos assuntos de outras raças.Ikor, criou um código de ética baseado em estrita não-interferência e
observação passiva que era tão estrito que, se outro ser morresse aos
pés de um Vigia, este não ofereceria ajuda. Com seu novo código
estabelecido, os Vigias evacuaram seu mundo de origem e se realocaram
por todas as galáxias, cada Vigia escolhendo um sistema estelar onde
pudessem observar e gravar mentalmente a vida de outras raças com o
objetivo de, eventualmente, compartilhá-la com seus companheiros Vigias. O filho de Ikor, Uatu, escolheu o sistema estelar da Terra como seu novo
lar e se estabeleceu na "Área Azul" da lua da terra, uma instalação
abandonada construído pelo alienígenas Kree, de onde ele observou a Terra por bilhões de anos. Mas, ao longo dos séculos, Uatu ficou tão apaixonado pelas formas de vida
que observava que ele ocasionalmente violava seu voto de não
interferência quando a existência da Terra era ameaçada.
Fonte: Wiki Marvel: Vigia: https://marvel.fandom.com/pt-br/wiki/Uatu_(Terra-616)
Notas:
Notas:
*2: Rod Serling (1924 - 1975) - Produtor e roteirista norte americano e criador da famosa série Além da Imaginação (The Twiligth Zone)
entre 1959 e 1964; série televisiva revolucionária em formato de
antologia (histórias independentes entre si) abordando temas de science-fiction, terror, fantasia e suspense, foi o motor para muitas produções sobre esses temas na cultura POP dos anos 60 até os dias atuais. Mais tarde, criaria Galeria do Terror (Night Gallery) entre 1970-1973, outra antologia, mais voltada à histórias de horror.
*3: O episódio que mostra Gamora como sobrevivente de Sakaar, e como junto com Tony Stark venceu Thanos, e forjando a Manopla do Infinito numa armadura, não ficou pronto no prazo, sendo reescalado para a temporada seguinte.
*4: A Eternidade é uma entidade abstrata, praticamente onipotente,
representando o tempo e a realidade no universo. A entidade é parte de
um pequeno panteão cósmico que representa as três forças fundamentais do
universo, sendo a equidade (representada por Galactus, o Devorador de Mundos), a necessidade (Eternidade, que representa todo o tempo) e a vingança (a Morte, o esquecimento).
Eternidade normalmente só se manifesta quando há uma ameaça iminente para o universo. Seus poderes são a Onipotência. Habilidade ilimitada de manipular o tempo, espaço,
matéria, energia, magia ou realidade para qualquer finalidade;
Encarnação imortal do universo; Capaz de se manifestar fisicamente como qualquer força viva dentro da dimensão da Terra.
Fonte: Wiki Marvel: https://marvel.fandom.com/pt-br/wiki/Eternidade_(Terra-616)
*5: O Vigia pertence a uma raça extraterrestre tecnologicamente avançada que à bilhões de anos atrás decidiu que era seu dever ajudar as raças menos avançadas do universo. Em sua primeira experiência, proposta por Ikor, uma delegação de quatro Vigias trouxe conhecimento de energia atômica para o planeta Prosilicus.
Os Prosilicanos aceitaram o presente, mas o usaram para desenvolver
armas nucleares e participaram numa guerra auto-genocida. Envergonhados
de suas ações, os Vigias juraram nunca mais interferir nos assuntos de outras raças.Ikor, criou um código de ética baseado em estrita não-interferência e
observação passiva que era tão estrito que, se outro ser morresse aos
pés de um Vigia, este não ofereceria ajuda. Com seu novo código
estabelecido, os Vigias evacuaram seu mundo de origem e se realocaram
por todas as galáxias, cada Vigia escolhendo um sistema estelar onde
pudessem observar e gravar mentalmente a vida de outras raças com o
objetivo de, eventualmente, compartilhá-la com seus companheiros Vigias. O filho de Ikor, Uatu, escolheu o sistema estelar da Terra como seu novo
lar e se estabeleceu na "Área Azul" da lua da terra, uma instalação
abandonada construído pelo alienígenas Kree, de onde ele observou a Terra por bilhões de anos. Mas, ao longo dos séculos, Uatu ficou tão apaixonado pelas formas de vida
que observava que ele ocasionalmente violava seu voto de não
interferência quando a existência da Terra era ameaçada.
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