domingo, 4 de julho de 2021

Procurando diversificar - Crítica - Filmes: Bloodshot (2020)

 

Upgrade de game

por Alexandre César

(Originalmente postado em 16/ 03/ 2020)


A busca de Vin Diesel por uma franquia 

 

A desesperada busca por uma nova franquia começa...
 
 
Ray Garrison (Vin Diesel da franquia Velozes & Furiosos fazendo ”Vin Diesel” como sempre) é um bom soldado que após realizar uma missão de resgate no oriente médio e, adicionar mais algumas cicatrizes à sua coleção corporal retorna para casa e para os braços de sua mulher Gina (Talulah Riley de Westworld) tendo uma bela noite de amor, mas posteriormente o casal é capturado por malfeitores a mando de Martin Axe (Toby Kebbell de Rock´nRolla: A Grande Roubada) que após matá-la com requintes de crueldade, o elimina à queima-roupa, mas Garrison desperta num laboratório de última geração comandado pelo Dr. Emil Harting (Guy Pearce de Amnésia e da cinesérie Jack Irish) que conseguiu o seu corpo, doado pelo exército americano (já que não havia ninguém para reclamá-lo) conseguiu num experimento pioneiro reanimá-lo e torná-lo virtualmente invencível ao substituir seu sangue por um fluido composto de nanytes, micro-robôs de aspecto insectóide, cuja única função é reconstruir os seus tecidos corporais a cada dano recebido, dando a chance de Garrison ter a sua vingança e fazer justiça... ou não?
 
 
 
O original dos quadrinhos tinha cabelo, num visual similar ao do colossus dos "X-Men"...
 
 
Dirigido por Dave Wilson (Técnico de efeitos visuais de Vingadores: A Era de Ultron e de vários games fazendo aqui o seu debut) Bloodshot (2020) adapta o personagem exército-de-um-homem-só dos quadrinhos da Valiant Comics criados por Kevin VanHook, Bob Layton e Don Perlin, num estilo que o roteiro de Jeff Wadlow (Kick-Ass 2, e também autor da história) e Eric Heisserer (A Chegada) mescla de forma bastante visível ideias já vistas em Robocop, Soldado Universal, Wolverine,Total Recall e até Amnésia, numa vitamina de referências que não é perfeita, mas diverte, principalmente o espectador ocasional que não se prende a detalhes e quer mais é ver o bombado Diesel turbinar os seus desafetos enquanto se recompõe dos tiros, trombadas e explosões direcionados contra ele, tal qual um mix de Exterminador do Futuro com Walking Dead, graças à eficiência dos efeitos físicos da Weta Workshop e visuais da Method Studios, Image Engine, e Rodeo FX destruindo e reconstruindo o corpo e as feições de seu protagonista num ritmo de videogame, principalmente nos embates com seu antagonista de equipe Jamie Dalton (Sam Heughan de Outlander) quando visualmente tudo descamba para o aspecto “bonecão” pela velocidade das cenas e sua óbvia inverossimilhança.
 
 
Momentos felizes: Ray (Vin Diesel) e Gina (Talulah Riley) 
Garrison:num momento feliz após massacrar inimigos...
 
Garrison vira um "exército de um homem só" após voltar dos mortos...
 
 
Aliás a narrativa une dois veículos de cultura pop ao adotar a narrativa que emula um videogame: Os quadrinhos da Image Comics e o cinema de Michael Bay ambos plenos de uma plasticidade falsa, plena de pirotecnia,músculos, armas de fogo e mulheres poderosas mas objetificadas, parecendo pin-ups ambulantes, sendo Gina e Katie (Eiza Gonzales de Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw) personagens-símbolo dessa tendência: a esposa como “repouso do guerreiro”
 para quem o herói volta pois “já que ele matou, agora tem que transar” e a outra a parceira de igual para igual (ela também é aprimorada, podendo respirar embaixo dágua e em ambientes tóxicos). 
 
 
Katie (Eiza Gonzales) menbro da equipe aprimorada e capaz de respirar embaixo d´água
 
 
A fotografia de Jacques Jouffret (22 Milhas) passa a textura e a iluminação de um game na cena inicial da missão de resgate no apartamento no oriente médio e a edição de Jim May (Rampage: Destruição Total) estrutura com o seus cortes essa sensação, ficando mais evidentes quando Garrison começa a se dar conta de que a sua percepção do mundo e de seu passado pode ter sido manipulada, ficando mais evidente após esse momento para refletir a sua consciência do fato, e até a presença de dois personagens nerds/ hackers como o divertido Wilfred Wigans (Lamorne Morris de A Noite do Jogo), que numa cena homenageia Kobe Bryant, e o T.I. Eric (Siddarth Dhananjay de Undone), que utilizou os códigos abertos de Wigans para escrever a programação de Garrison, enfatiza a noção do soldado robótico... que virou um soldado robótico, com nanytes!
 
 
Martin Axe (Toby Kebbell): O vilão. Ou não???
Os efeitos visuais são eficientes, mas têm nível desigual de cena para cena

 
 
A música de Steve Jablonsky (da cinesérie Transformers) trabalha no seguro no gênero, inserindo hits hoje clássicos como Psycho Killer do Talking Heads e Maybe I´ve Lost You na interpretação de Robert Cuffin entre outras para sublinhar ou realçar um momento mas nada realmente memorável, e da mesma forma o desenho de produção de Tom Brown (Whitechapel) e a direção de arte de Simon Lamont (007: Cassino Royale) Moray McGregor (Maze Runner: A Cura Mortal) e Cristina Serra (Tomb Raider: A Origem) criam ambientes sofisticados e high-techs dignos de James Bond, mas impessoais e genéricos, indo os figurinos descolados de Kimberly A.Tillman (xXx: Reativado) na mesma direção.
 
 
Garrison ao final tem um embate épico com Jamie Dalton (Sam Heughan) digno de XBOX
 
 
Ao final, Bloodshot é um filme-pipoca competente e só, que deve recuperar o seu investimento, se a pandemia do Corona Vírus assim o permitir, e talvez, quem sabe garanta mais uma franquia a Diesel, fã de quadrinhos, e que procura ser algo mais do que Dominic Toretto ou Riddick, o seu melhor personagem...
 
 
"- E agora, pego um carro tunado e saio em disparada ou não? Dúvida cruel!!!"
 

 

 

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